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2007 CADERNOS DE EXCELÊNCIA

INFORMAÇÕES E
CONHECIMENTO
SÉRIE CADERNOS DE EXCELÊNCIA ©

RESPONSABILIDADE COLABORAÇÃO
C. Adriano Silva
Antônio Tadeu Pagliuso - Superintendente Geral
Christiane Rodrigues Correia
Sérgio Queiroz Bezerra - Gerente Técnico
PROJETO E PRODUÇÃO GRÁFICA
Inah de Paula Comunicações
REDAÇÃO
COORDENAÇÃO GERAL AGRADECIMENTOS
Paulo Sergio Duarte de Almeida Valladares A equipe de redação agradece a Ana Maria Iten pelas
críticas e sugestões ao Caderno Informações e
EQUIPE Conhecimento.
Caio Márcio Becker Soares
Carlos Amadeu Schauff São Paulo, janeiro de 2007
Cesarino Carvalho Júnior
Francisco Paulo Uras
© DIREITOS RESERVADOS
Joaquim Emanuel Santini
Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação
Jorge Emanuel Reis Cajazeira
sem o prévio consentimento, por escrito, da FNQ.
Mauro Sergio Sguerra Paganotti
Odair Mesquita Quintella
Publicado por
Ricardo Motta
Rodolfo Cardoso
Ronaldo Darwich Camilo
REVISÃO ORTOGRÁFICA E GRAMATICAL
Fernando Pachi
Odair Mesquita Quintella

MISSÃO VISÃO
Disseminar os fundamentos da excelência em Ser um dos principais centros mundiais de
gestão para o aumento de competitividade das estudo, debate e irradiação de conhecimento
organizações e do Brasil. sobre a excelência em gestão.

Fundação Nacional da Qualidade


Cadernos de Excelência: Informações e Conhecimento / Fundação Nacional da Qualidade. - São Paulo : Fundação Nacional da
Qualidade, 2007. - (Série Cadernos de Excelência, n. 5.)

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-60362-33-2

1.Critérios de Excelência. 2. Fundação Nacional da Qualidade. 3. Gestão da Qualidade Total. 4. Excelência empresarial.
5. Informação. 6. Conhecimento
CDD 658.562
APRESENTAÇÃO

Este Caderno compõe a série Cadernos de Excelência, que tem por finalidade divulgar o Modelo de Excelência da
Gestão® (MEG) da FNQ - Fundação Nacional da Qualidade. Destina-se a esclarecer as dúvidas de seus usuários sobre
o Modelo e a satisfazer aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre seu conteúdo. É uma valiosa
ferramenta para quem pretende aperfeiçoar-se como membro da Banca Examinadora, aprimorar a gestão de sua
organização ou preparar uma candidatura ao Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ).

O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) está apresentado na publicação Critérios de Excelência, editada, anualmen-
te, pela FNQ. Para uma leitura mais eficaz dos Cadernos desta série, recomenda-se que seja efetuada em conjunto
com os Critérios de Excelência.

Os Cadernos de Excelência são publicados na forma de “fascículos”, de modo a tornar a leitura mais agradável e a
facilitar seu manuseio. A série está organizada em dez volumes:

• Introdução ao Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) • Informações e Conhecimento


• Liderança • Pessoas
• Estratégias e Planos • Processos
• Clientes • Resultados
• Sociedade • Auto-avaliação e Gestão de Melhorias

Escritos em linguagem acessível, os Cadernos de Excelência descrevem como os requisitos dos Critérios de Excelência
podem ser implementados a partir de soluções práticas, sem caráter prescritivo. Como ilustração, são apresentados
exemplos de empresas finalistas ou vencedoras do PNQ, revelando o quanto podem ser proativas, refinadas ou
inovadoras as abordagens adotadas. No caso da sua utilização por organizações públicas, alguns conceitos como
cliente, mercado e concorrência precisam ser adaptados.

Espera-se que o leitor seja estimulado a consultar os Cadernos sempre que necessário e que se beneficie com os
exemplos apresentados. A série está disponível também em meio eletrônico - www.fnq.org.br.

Equipe de Redação

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 3


INFORMAÇÕES E
CONHECIMENTO

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................ 3

INTRODUÇÃO ................................................................................. 5

O CRITÉRIO INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO ............................. 6

Informações da organização ................................................................ 7

Informações comparativas ................................................................. 19

Ativos intangíveis .............................................................................. 30

BIBLIOGRAFIA ............................................................................. 38

4 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


INTRODUÇÃO

A velocidade das mudanças que ocorrem nos mercados,


nas necessidades dos clientes, na sociedade e nas opera-
ções internas tem exigido o tratamento de uma crescente
quantidade de dados, gerando informações necessárias à
gestão de uma organização. Essas informações são armaze-
nadas e disponibilizadas sistematicamente aos usuários
internos e externos da organização e alimentam processos
de comunicação cada vez mais intensos e velozes. Para
alcançar a excelência é primordial que as pessoas estejam
plenamente informadas e que analisem continuamente as
informações, transformado-as em conhecimento, a fim de
poder compartilhá-lo, desenvolvendo permanentemente
os ativos de conhecimento da organização.

As informações e o conhecimento são os principais


insumos para o planejamento estratégico e para a exce-
lência da gestão. Promovem também a atividade criadora
efetiva e um ambiente apropriado, que leva à autono-
mia, à melhora à inovação, à proatividade e ao
aprendizado organizacional. cessos. Por meio delas a organização passa a conhecer o
grau de competitividade e excelência ao comparar seu
Parte dessas informações é utilizada para apoiar as opera- desempenho; elas promovem o aprendizado por apre-
ções diárias, para acompanhar o progresso dos planos de sentarem novas formas de conduzir processos e de
ação que implementam as estratégias e para subsidiar a desenvolver e gerenciar produtos.
tomada de decisões, em todos os níveis e setores da orga-
nização. A gestão das informações requer a identificação A comparação com os resultados de outras organizações
de suas necessidades e a implementação de sistemas para propicia a avaliação do nível de desempenho alcança-
assegurar acesso e agilidade na análise das situações de do, identificando-se diferenciais favoráveis, a serem
interesse, assim como a atualização tecnológica dos siste- mantidos, ou desfavoráveis, a serem tratados, além de
mas desenvolvidos, a disponibilização plena aos usuários viabilizar a definição de metas desafiadoras baseadas
e a segurança das informações. em fatos. A comparação da configuração e do desempe-
nho de produtos e processos, incluindo-se os de gestão
Para balizar a busca da excelência e o aumento de (práticas de gestão), com os de finalidade similar de ou-
competitividade, são necessárias informações compara- tras organizações propicia a descoberta de novos insights,
tivas que sirvam como referencial de mercado e como induzindo o aprendizado e a inovação, e aumentando o
fonte de inspiração para a melhoria de produtos e pro- diferencial competitivo.

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 5


As formas de aprendizado altamente consumidoras de
informação e conhecimento desvendam conhecimen- O CRITÉRIO
tos que acabam por compor os ativos intangíveis. Para a
organização poder tratar esses ativos de forma objetiva INFORMAÇÕES E
e prática, com foco em resultados, em vez de adotar uma
abordagem apenas conceitual e passiva, é essencial con- CONHECIMENTO
siderar quatro processos gerenciais importantes:
identificação; desenvolvimento; manutenção e prote-
ção; e desenvolvimento e compartilhamento do O Critério Informações e Conhecimento traduz, primordialmen-
conhecimento crítico de sustentação desses ativos in- te, o fundamento da excelência Orientação por Processos e
tangíveis. Informações, pois determina a tomada de decisões na orga-
nização com base em medições e análise do seu
desempenho e de outros fatos e dados dos ambientes inter-
no e externo. A organização deve dispor de sistemas de
informação adequados para essa finalidade e usar sistema-
ticamente informações comparativas. Os seus diferenciais
favoráveis, identificados em relação a essas informações,
expressam o potencial de seus ativos intangíveis em agre-
gar valor ao negócio e gerar diferencial competitivo.

O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) destaca a in-


formação e o conhecimento em um critério específico, em
decorrência da importância desses temas para a excelência
na gestão das organizações. Na figura do Modelo, o Critério
Informações e Conhecimento aparece como elemento de liga-
ção entre os demais, representado na área de cor branca,
pelo fato de permear todo o sistema de gestão.

Os requisitos deste critério têm forte interação com todos os


demais Critérios. Os itens que o compõem - 5.1 Informa-
ções da organização, 5.2 Informações comparativas e
5.3 Ativos intangíveis - são separados didaticamente em
decorrência da finalidade específica de cada um para apoiar
a gestão da organização Classe Mundial.

Outros fundamentos da excelência são fortemente evi-


denciados ao longo dos três itens.

Em 5.1 Informações da organização:


• As práticas de gestão das informações para acompa-
nhar os planos de ação decorrem, principalmente, do

6 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


fundamento Liderança e constância de propósitos, pois INFORMAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO
o êxito na implementação das estratégias é signifi-
cativamente influenciado pelo acompanhamento dos As organizações tratam, sistematicamente, uma enorme
planos de ação conduzidos pelas lideranças. quantidade de dados, gerando informações, que são armaze-
nadas e disponibilizadas, sistematicamente aos usuários
• As práticas de gestão das informações para apoiar as ope- internos e externos por meio de sistemas de informação.
rações enfatizam o fundamento Orientação por processos e Parte dessas informações é utilizada para apoiar as opera-
informações, pois os envolvidos nos processos são usuári- ções diárias, para acompanhar o progresso dos planos de ação,
os dos sistemas de informação, que devem abastecer que implementam as estratégias, e para subsidiar a tomada
ágil e sistematicamente a organização com dados gera- de decisões em todos os níveis e áreas da organização.
dos ao longo dos processos. Devem permitir também
que, uma vez tratados, esses dados possam ser armazena- O item 5.1 Informações da organização abrange cinco
dos e conservados com segurança em registros de processos gerenciais importantes utilizados na gestão des-
arquivos organizados e, depois, extraídos com rapidez sas informações:
na forma de informações para apoiar os usuários. 1) identificação das necessidades das informações;
2) implementação de sistemas de informação que as
Em 5.2 Informações comparativas: atendam;
• As práticas de gestão aparecem evidenciando os 3) atualização tecnológica dos sistemas desenvolvidos;
fundamentos Orientação por processos e informações,
4) disponibilização das informações aos usuários; e
Geração de Valor e Aprendizado organizacional, visto
que as informações comparativas são relevantes para 5) segurança das informações.
compreender resultados alcançados e estabelecer Antes de ser abordado o teor dos requisitos dessas prá-
resultados desejados, ou metas, bem como para pro- ticas, é necessário conceituar algumas expressões
mover melhorias de produtos e processos, adotadas neste item.
alcançando um novo nível de conhecimento pela
prática regular do benchmarking. • SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Em 5.3 Ativos intangíveis: É um sistema, automatizado ou manual, que compreende


pessoas, máquinas e métodos organizados para coletar,
• As práticas evidenciam a presença dos fundamen- processar, transmitir e disseminar dados que representam
tos Conhecimento sobre o cliente e o mercado e Orientação informações de usuários. Particularmente, um sistema
por processos e informações, quando visam à identifi- de informação para gerenciamento é aquele conjunto
cação metodológica, ao desenvolvimento e à organizado de recursos e procedimentos requeridos para
proteção do diferencial competitivo agregados por coletar, processar e distribuir dados para uso na tomada
tais ativos. As práticas requeridas neste item tam- de decisão.
bém evidenciam o fundamento Aprendizado
organizacional ao tratar do compartilhamento do co- Em geral, os sistemas de informação são implementados
nhecimento na organização, potencializando, por por meio de aplicativos informatizados¹. No entanto, po-
meio do aumento do conhecimento dos profissio- dem existir dentro das organizações importantes sistemas
nais, a melhoria dos processos e produtos. de informação para apoiar as operações, acompanhar os
planos de ação ou tomar decisões que não utilizam ne-
1. Aplicativos informatizados: conjunto de programas de computador utilizados para captar e tratar dados, e gerar e disponibilizar informações organizadas segundo padrões específicos.
Podem abranger desde um simples sistema de registro de visitantes até um complexo sistema ERP (do inglês, Planejamento de Recursos Empresariais), com seus diversos módulos.

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cessariamente soluções informatizadas em decorrência do e ágil requer um sistema de informação eficiente e que per-
perfil da organização, do baixo nível de complexidade para mita a pronta intervenção da Direção no caso de desvios de
geração e tratamento dos dados e da simplicidade da orçamento, atrasos de projetos, falta de recursos ou qualquer
disponibilização e acesso às informações. Como exemplo, outra razão que coloque em risco o êxito das estratégias.
podemos citar os sistemas de informação visuais de gestão à
vista na indústria, sistemas de sinalização de produção puxada • INFORMAÇÕES PARA TOMADA DE DECISÃO
(kanban), sistemas de pesquisas de opinião de mercado ou da
As informações para a tomada de decisão são fornecidas por
força de trabalho, utilizados nos processos de marketing e RH,
sistemas de informação para promover as avaliações de de-
sistemas de administração de prontuários de pacientes em
sempenho de que a organização necessita. São as avaliações
instituições de saúde, sistemas de padrões de procedimentos
do êxito de sua missão, de suas estratégias e de seus proces-
de operação, sistema de painel de indicadores e outros que,
sos e produtos que permitem decidir, em todos os níveis de
pela simplicidade e economia, atendam às necessidades dos
gerenciamento, sobre as direções a serem dadas aos seus
usuários e da organização a um custo competitivo e que, pela
planos. Os níveis de gerenciamento podem abranger não só
sua importância, necessitam ser gerenciados.
o sistema de liderança como também a própria operação,
• INFORMAÇÕES PARA APOIAR AS quando se delega o gerenciamento e a tomada de decisão
OPERAÇÕES DIÁRIAS aos níveis operacionais (empowerment). Esses sistemas de in-
formação podem ser implementados por meio de sofisticados
As informações para apoiar as operações diárias são produzi- aplicativos informatizados de EIS (do inglês, Sistema de
das por sistemas de informação para organizar as informações Informações Executivas), como também de sistemas sim-
exigidas na execução da rotina diária pelos profissionais ples de planilhas e gráficos de controle atualizados
envolvidos nos processos da organização. Esses usuários, regularmente, conforme o perfil da organização e as exigên-
em geral, fazem parte da força de trabalho, mas podem tam- cias dos usuários das instâncias tomadoras de decisão.
bém incluir clientes atuais e potenciais, fornecedores,
parceiros e outras partes interessadas que abasteçam ou são Os sistemas de informação para a tomada de decisões com-
abastecidas pelos sistemas de informação. A inclusão desses pilam dados de diversas instâncias de processos da
últimos como usuários a serem ouvidos e atendidos é cada organização e produzem informações quantitativas e qua-
vez mais enfatizada pelos recursos e facilidades de comuni- litativas para avaliar a evolução de resultados e o alcance
cação crescentes decorrentes da evolução da internet. de metas no âmbito da análise do desempenho da orga-
nização e do gerenciamento dos processos na organização.
• INFORMAÇÕES PARA ACOMPANHAR O A integração desses sistemas com os de busca de informa-
PROGRESSO DOS PLANOS ções comparativas de resultados, incluídos em 5.2, propicia
As informações para acompanhar o progresso dos planos a avaliação dos níveis de desempenho competitivos alcan-
de ação são geradas sistematicamente para permitir o çados. Além dos sistemas de indicadores de desempenho
acompanhamento, pela Direção e demais lideranças, do (informações que indicam, quantitativamente, a evolução
status dos projetos e ações estratégicas desdobrados das e o nível de desempenho), são utilizados, freqüentemente,
estratégias formuladas. sistemas de informação que produzem informações quali-
tativas para avaliação de desempenho e tomada de decisão,
Como as estratégias podem ser desdobradas em dezenas de como relatórios de auditoria, pareceres e avaliações
projetos e ações que as sustentam, compostos de diversas especializadas, laudos técnicos e pesquisas de opinião e
etapas, nos diversos setores da organização, com diferentes de monitoramento. O que caracteriza tais sistemas, portan-
responsáveis, o acompanhamento do seu status de forma pronta to, é o seu emprego para a tomada de decisão.

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Quadro 1: Principais inter-relacionamentos do item 5.1

Fonte: FNQ, 2007

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 9


A) IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES

Segundo os requisitos do Critério Informações e Conhecimento, para esta prática, a


configuração e otimização dos sistemas de informação devem partir da identi-
ficação regular de necessidades de informação de três tipos principais:
• de apoio às operações diárias;
• de acompanhamento do progresso dos planos de ação; e
• de subsídio ao processo de tomada de decisões.

Por mais simples que seja a organização, a informatização adquire um papel


importante na configuração da maioria dos seus sistemas de informação quan-
do ela é Classe Mundial, pois promove a produtividade do processo e a
integração e qualidade da informação, na sua produção e entrega.

Por isso, um plano de informatização, ou similar, é elaborado, mantido atualiza-


do e implementado periodicamente, considerando as necessidades dos usuários,
que são consultados regularmente para expressarem suas necessidades. Para
isso são utilizados canais de comunicação entre os usuários e os supridores dos
sistemas de informação, como pesquisas, reuniões ou entrevistas.

Esse plano também é mantido alinhado às estratégias da organização, incor-


porando projetos de sistemas de informação necessários à sustentação e
desdobramento dessas estratégias. Tais projetos podem contemplar, por
exemplo, novas necessidades emergentes do próprio modelo de negócio,
necessidades de novos produtos, novos tipos de relacionamento com merca-
do, clientes e fornecedores, melhoria da produtividade, reorganização do
sistema de trabalho, aprimoramento do controle, gerenciamento de riscos e
qualquer outra que exija o desenvolvimento ou reconfiguração dos sistemas
de informação. Por isso, a atualização desse plano costuma ser realizada em
harmonia com a atualização das estratégias da organização para que o empre-
go da tecnologia de informação, que representa investimentos significativos,
esteja a serviço das estratégias e não seja um fim em si mesmo.

No preparo do plano, a tecnologia de informação tem papel destacado (o


gerenciamento de sua atualização será tratado, em destaque, mais adiante). O acom-
panhamento da evolução dessa tecnologia e sua incorporação contínua nos
sistemas de informação requerem um gerenciamento adequado, em razão
dos investimentos, dos prazos para incorporação, das alterações nos processos
e das mudanças comportamentais exigidas. Esse gerenciamento, conforme o

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perfil da organização, pode requerer
desde processos menos complexos,
com um plano de atualização de
tecnologia de hardware, software e te- No Escritório de Engenharia
lecomunicações, até abrangentes Joal Teitelbaum (PNQ
processos de governança de 2003), a prática de definição e
tecnologia de informação. desenvolvimento dos siste-
mas de informação ocorre no
O levantamento de necessidades para ciclo anual de formulação das
os sistemas de informação não estratégias. São revisados pelo
informatizados deve seguir a mesma Conselho de Excelência por
lógica. Os responsáveis consultam os meio de reuniões quinzenais
usuários e analisam se as estratégias ou mensais, as quais contro-
demandam ações para ajustamento lam os indicadores de
do sistema e se a incorporação de desempenho e planos de ação.
tecnologia de informação atualizada
pode trazer ganhos para o sistema.
Por exemplo, o sistema de gestão à
vista em murais, cujas características
seriam projetadas por um comitê da
A Petroquímica União
qualidade, considerando-se as de-
(PQU) (PNQ 2005), por meio
mandas dos usuários e as estratégias
da Equipe de Aprendizagem
de pessoal, de processo e de produto,
das Práticas de Gestão de
pode passar para plataformas de
Informações, avalia anual-
tecnologia de informação quando sis-
mente, após a revisão do
temas de monitores eletrônicos se
planejamento estratégico, as
tornassem economicamente viáveis.
necessidades de novas infor-
mações e dados, assim como
O Departamento de Tecnologia a revisão das atuais. As no-
da Informação (DTI) da Dana vas informações necessárias
Albarus - Divisão de Cardans são analisadas e priorizadas,
(PNQ 2003), por meio do formu- em face dos recursos e
lário eletrônico “Justificativa de tecnologias disponíveis, e, na
Desenvolvimento”, identifica seqüência, são definidos os
as necessidades de informação métodos de obtenção e
dos usuários, considerando-se, disponibilização aos usuári-
também, as modificações que os pelos meios existentes.
os processos e o planejamen-
to sofrem.

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 11


Quadro 2: Estruturação dos sistemas de informação

B) ESTRUTURAÇÃO DE
SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO

Em razão da complexidade e dos al-


tos custos envolvidos no processo de
definição, desenvolvimento, im-
plantação e atualização dos
sistemas de informação, o emprego
de mecanismos gerenciais assume
um papel importante para evitar
desperdícios a atender às necessi-
dades da organização com sucesso.
Existem aspectos críticos que po-
dem, e devem, ser considerados para
o sucesso de cada uma dessas ativi-
dades, conforme o porte do sistema,
como indicado no quadro 2.

A estruturação dos sistemas de informa-


ção (quadro 2) precisa ser gerenciada para
atender plenamente às necessidades le-
vantadas. Os métodos especializados
de desenvolvimento e manutenção de
sistemas de informação em aplicativos
informatizados, em geral, abrangem,
com seus elementos, o processo de de-
senvolvimento, implantação e
atualização. Entre as ferramentas
gerenciais relacionadas à estruturação
desses sistemas, podemos citar as prá-
ticas proativas cobertas pelas normas
ISO, relacionadas a software, bem como
padrões mais detalhados para desen-
volvimento e operação de sistemas,
como o Capability Maturity Model
Integration (CMMI) do Software
Engeneering Institute da Carnegie Mellon.

Fonte: FNQ, 2007

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Muitas vezes, esse processo é C) ATUALIZAÇÃO
gerenciado em conjunto com fornece- Na Petroquímica União TECNOLÓGICA
dores externos especializados em (PQU) (PNQ 2005) as infor-
serviços de informática, que, pela natu- mações e os dados estão Nos dias de hoje, a indústria de
reza de seu negócio, adota na gestão de estruturados. Os documentos tecnologia de informação, muito com-
seu processo de produção de soluções são classificados em: políticas petitiva, evolui muito rapidamente, a
esse tipo de metodologia. De qualquer e diretrizes; processos; instru- fim de proporcionar soluções cada vez
maneira, os métodos utilizados devem ções e documentos de apoio, melhores para o gerenciamento da in-
assegurar o atendimento das necessida- por meio do Gerenciamento formação nas organizações, tornando-se
des levantadas na organização cliente. Eletrônico de Documentos difícil gerenciar a atualização
(GED). As informações são tecnológica dos sistemas de informação,
Para o desenvolvimento e manuten- classificadas como: estratégi- não só em razão da complexidade da
ção dos sistemas de informação não cas, gerenciais ou operacionais, tecnologia e velocidade do desenvol-
informatizados as práticas podem segundo suas características e vimento, mas, principalmente, por
variar, mas também devem abran- finalidades, gerenciadas pela causa da dificuldade de avaliar as
ger as atividades de definição, matriz de informações cadas- tecnologias necessárias para sustentar as
desenvolvimento, implantação e trada na intranet. estratégias e produzir diferenciais com-
atualização dos sistemas, de forma petitivos para a organização.
a garantir o atendimento pleno das
necessidades levantadas. Para essa A organização Classe Mundial incorpo-
finalidade, podem ser empregados ra práticas para monitorar a tecnologia
métodos menos sofisticados de ges- de informação emergente e avaliar e
tão de projetos, de melhoria selecionar aquelas que lhes serão úteis,
contínua, de controle da qualidade a fim de assegurar a sua atualização. Para
A Politeno (PNQ 2002) segue
e de tratamento de anomalias que isso, recorre a especialistas internos ou
padrão de desenvolvimento
incorporem, de uma forma ou de externos, que acompanham, sistemati-
de sistemas de informações
outra, os conceitos do PDCL. camente, o estado da arte da tecnologia
específico, caso não encontre
disponível no mercado um de informação em publicações
sistema com as características especializadas, feiras e congressos; ana-
funcionais e técnicas desejadas. lisam experiências de outras
Na Belgo Juiz de Fora Neste caso, o sistema é desen- organizações, dentro ou fora do ramo; e
(PNQ 2004) o Sistema de In- volvido por equipe formada estudam os benefícios que esses acele-
formações Estratégicas por usuários líderes e radores tecnológicos podem adicionar
(SIE) foi desenvolvido para desenvolvedores contratados às estratégias da organização para que
monitorar os indicadores e de empresas previamente tenham êxito, recomendando soluções
planos de ação, permitindo-se selecionadas, com coordena- e compatibilizando com o nível de in-
aos gestores acesso rápido e ção do órgão de tecnologia de vestimentos em tecnologia de
on-line. informação. informação. Esse monitoramento deve
ser considerado, portanto, nos ciclos de
formulação das estratégias, para assegu-

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 13


rar que possam ser definidas as estratégias para os sistemas acompanhamento dos planos de ação e na tomada de de-
de informação. cisões em todos os níveis. Os usuários internos e externos,
clientes desse serviço, podem, em muitos casos, até para-
lisar suas atividades em razão dessas deficiências.

Para garantir a introdução de novas tecnologias, a Por essa razão, a organização Classe Mundial gerencia
Serasa (PNQ 2005) mantém parcerias com as os recursos necessários ao serviço de informações aos
melhores universidades do Brasil e do Exterior e seus usuários, projetando, implementando, avaliando e
permanente intercâmbio de experiências e co- assegurando o pleno funcionamento da infra-estrutura
nhecimento com os mais respeitados centros de necessária à geração e disponibilização de informações.
referência em crédito do mundo. O parque de hardware, software e de comunicação de
dados é administrado tal que os canais - redes ou dispo-
sitivos de entrada, armazenamento e saída de dados -
sejam compatíveis com as demandas e estejam disponí-
veis e acessíveis para responder, ágil e prontamente, às
necessidades dos usuários.

A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) Essa administração, quase sempre terceirizada, em ra-
(PNQ 2005) utiliza sua plataforma tecnológica para zão da especialização necessária, incorpora,
desenvolver tecnologias próprias, integradas ao freqüentemente, mecanismos proativos, como para
sistema de gerenciamento, por exemplo, o Siste- monitorar a disponibilidade dos sistemas e do tempo de
ma Supervisório do Centro de Operações do acesso e resposta ao usuário, e o estabelecimento de
Sistema (COS), que foi desenvolvido integralmen- acordos de nível de serviço entre áreas provedoras e
te na empresa, e o sistema Gerenciamento áreas usuárias, incluindo serviços regulares de suporte e
Integrado do Sistema de Distribuição (GISD), o resposta a problemas - help desk.
qual representou um grande salto tecnológico na
gestão operacional, automatizando-se processos e E) SEGURANÇA DAS INFORMAÇÕES
criando-se plataformas integradas.
A gestão da segurança das informações abrange os as-
pectos necessários para garantir a atualização e
preservação da confidencialidade, a integridade e dis-
ponibilidade das informações. A organização Classe
D) DISPONIBILIZAÇÃO DAS Mundial estabelece políticas de segurança das informa-
INFORMAÇÕES ções; avalia e trata os riscos relativos a essa segurança;
estabelece responsabilidades e estruturas para viabilizar
A disponibilização das informações aos usuários tem a a política; define níveis de classificação, acesso e propri-
característica de uma prestação de serviço, cuja comple- edade das informações; e implementa ferramentas de
xidade varia de acordo com o perfil da organização. proteção de instalações e de bancos de dados, além de
Eventuais deficiências nesse serviço podem gerar im- mecanismos que assegurem a continuidade dos servi-
pactos adversos generalizados nas operações diárias, no ços de informação em situações emergenciais.

14 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


A inexistência da prática do gerenciamento da segurança
das informações pode expor a organização a situações A norma ISO IEC/NBR 17799 (nova ISO 27000),
adversas, como: relativa à segurança de informações, foi adotada
• criação de gargalos ou problemas operacionais para pela Serasa (PNQ 2005), a fim de estabelecer os
clientes e outras partes interessadas em razão de atra- padrões ideais de segurança de informações.
sos ou descompassos nos ciclos de atualização de
suas informações;
• perdas de competitividade ou de ativos resultantes
• ATUALIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES
de ocorrência de roubo ou fraudes de informações
em decorrência da proteção inadequada de suas in- O nível de atualização das informações pode variar de
formações em relação à confidencialidade; acordo com a necessidade dos usuários: informações para
• descontinuidade operacional causada por perda apoiar os processos; acompanhamento dos planos de ação
irreversível de suas informações, incluindo bibliotecas de ou tomada de decisões, atualizadas em tempo-real ou em
aplicativos de software, em conseqüência de desastres; e uma freqüência maior, conforme o processo. Por outro
lado, podem existir limites técnicos ou financeiros, de
• interrupções de acesso às informações decorrentes áreas abastecedoras de dados ou de áreas geradoras de
de falhas de infra-estrutura e do serviço de geração e informações para poder atender às necessidades de atua-
de comunicação de dados. lização na freqüência ideal. Sabe-se, por exemplo, que
atualizações de dados e recuperação de informações de
forma on-line consomem mais recursos computacionais
Na Dana Albarus - Divisão de Cardans (PNQ para assegurar bom tempo de resposta ao usuário do que
2003), os sistemas que tornam disponíveis as in- se forem efetuadas em pacotes (batch), que consome me-
formações corporativas e locais são suportados por nos recursos e em compensação aumenta esse tempo.
tecnologias e rotinas que asseguram a sua dispo-
nibilidade, continuidade, integridade e Freqüentemente, uma área abastecedora de dados não
rastreabilidade, podendo os dados ser atualizados possui recursos suficientes para alimentar os sistemas de
automaticamente, independentemente das pes- informação em tempo real para atender às necessidades
soas responsáveis pelas informações. de usuários da informação gerada com esses dados.

A organização deve gerenciar o nível de atualização


requerida vis-à-vis os investimentos necessários para que
A Bahia Sul Celulose (PNQ 2001), por meio de isso seja possível, minimizando os impactos decorrentes
sistema de backup de cópias de segurança, garante a do não- atendimento a essas necessidades. Por meio do
segurança das informações e o armazenamento de planejamento da integração dos sistemas de informação,
toda a documentação. Para a documentação física com envolvimento dos usuários das diversas áreas, o ní-
(papel) oficial da empresa, o arquivamento da fábri- vel de atualização requerida e as prioridades devem, para
ca e dos recursos naturais é gerenciado conforme o isso, ser estabelecidas proativamente, em tempo de pro-
procedimento específico “Arquivo Central”, da área jeto dos sistemas, visando-se harmonizar os interesses e
de Recursos Humanos. minimizar impactos da não-atualização sistemática de
informações críticas de acordo com o requerido.

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 15


A disponibilização de acesso aos sistemas de informação
a clientes e fornecedores promove a utilização de infor- O sistema corporativo ERP da Politeno (PNQ
mações atualizadas, evitando-se atrasos e filas, decorrentes 2002) garante a integridade das informações,
da reentrada de dados. A adoção de sistemas de informa- mesmo em caso de falhas graves em um servi-
ção integrados com bancos de dados também integrados dor ou de eventual falta de energia elétrica. O
proporciona agilidade na atualização das informações sistema integra os processos de aquisição e
entre os diversos sistemas da organização. pagamento, vendas e recebimento, controle
corporativo, produção e cadeia de produção.
A distribuição da informação e o acesso aos
sistemas, assim como seus níveis de responsa-
Em seu site, a Politeno (PNQ 2002) disponibiliza,
bilidade no ERP e sua competência para
além das informações institucionais, de cadastro,
aprovação de documentos, são controlados por
apresentações técnicas, catálogo de produtos e
meio de senhas individuais, que identificam
descrição dos serviços, o Politeno Fastline, um
cada usuário.
serviço pioneiro no setor petroquímico de infor-
mações a clientes, que permite, até mesmo, a
solicitação de pedidos pela Internet, que são au-
tomaticamente enviados à gestão de pedidos do
ERP² corporativo.
A Gerdau Aços Finos Piratini (PNQ 2002) utiliza
sistema ERP na coleta, armazenamento e
gerenciamento de informações - distribuídas nos
módulos: Pedidos - preços, clientes, crédito e recla-
mações; programação, formatação, carregamento,
A Suzano Petroquímica (PNQ 2005) disponibiliza entrega e expedição de produtos prontos; Ensaios -
aos clientes senha de acesso a um link de inspeções e não-conformidades e certificado de qua-
rastreamento que permite o acompanhamento de lidade dos produtos; Lançamento da produção obtida
sua carga, desde a saída de sua empresa. e perdas; Registro dos roteiros - listas de materiais e
centros de trabalho; Geração das ordens de produção
e emissão/ajustes nos programas de produção; In-
vestimentos com controle de overrun - previsto/
realizado dos gastos de curto, médio e longo prazos;
Plano de manutenção e notificações - gerando-se
ordens de manutenção e histórico; Cadastro - controle
de estoques e compras de materiais, insumos e peças
de reposição; Contas a pagar e receber - caixa e
contabilidade geral; Contabilidade por centro de
custos - análise de rentabilidade, custo de produtos
e contabilidade por centro de lucro; e Rotinas de
Recursos Humanos.
2. ERP: do inglês Planeamento de Recursos empresariais

16 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


• CONFIDENCIALIDADE DAS INFORMAÇÕES

O gerenciamento da confidencialidade das informações Na Belgo Juiz de Fora (PNQ 2004), a integrida-
da organização abrange o estabelecimento e a de lógica das informações é garantida por recursos
implementação de políticas de controle do acesso auto- tecnológicos, tais como: sistema de detecção de
rizado aos seus sistemas de informação, o que inclui intrusão, link dedicado, controle de tráfego,
também as informações impressas em documentos. firewalls, proxy e antivírus, senhas para acesso aos
bancos de dados, geração de logs, e senhas indivi-
O controle de acesso autorizado aos sistemas e bancos duais e de perfis de acesso nas aplicações que
de dados inclui regras de uso de senhas e outros disposi- garantem tráfego seguro e distinto às informações
tivos de reconhecimento do usuário autorizado, bem necessárias à realização do trabalho.
como de atualização sistemática de ferramentas de pro-
teção do acervo de informações contra apropriação
indébita de documentos ou fraude eletrônica.

A administração de acesso a documentos impressos in-


clui regras de classificação no ato da geração, manuseio
e cópias desses documentos, bem como de mecanismos • INTEGRIDADE DAS INFORMAÇÕES
de controle de posse de documentos classificados por
meio de inspeções regulares - por exemplo, por audito- A organização Classe Mundial possui mecanismos para
rias de segurança. assegurar o uso de informações corretas e confiáveis que
buscam a salvaguarda da exatidão e integridade da infor-
A classificação de documentos pode incluir categorias di- mação e dos métodos de processamento.
ferenciadas, como, “somente uso interno”, “confidencial”,
“confidencial restrito” ou “confidencial registrado”, de Essas salvaguardas são implementadas na forma de me-
acordo com o tipo de informação e do perfil da organiza- canismos de:
ção, e permite estabelecer salvaguardas para defesa jurídica
• verificação de autenticidade de documentos de en-
contra eventuais vazamentos não-autorizados.
trada e saída, eletrônicos ou impressos;
Na organização Classe Mundial, é comum as regras de • checagem de consistência, integridade e a exatidão
confidencialidade serem incorporadas em códigos de de dados de entrada no sistema de informação;
conduta de sua força de trabalho, em cláusulas de • controle de arquivos armazenados, magnéticos ou não;
confidencialidade de contratos com fornecedores, par-
ceiros e clientes, e, eventualmente, conforme o perfil • controle de modificações e de autoria de registros;
da organização, até na forma de codificação e exibição • inspeção de qualidade de relatórios, controle de ver-
de informações, interna ou externamente, por exemplo, sões e licenças dos aplicativos informatizados e de
das formulações secretas de componentes de seus pro- qualquer outra ferramenta que promova a garantia da
dutos, de acordo com condições previstas nas políticas. qualidade da informação.

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 17


A Serasa (PNQ 2005), por meio de uma estrutura A Bahia Sul Celulose (PNQ 2001) assegura a
de Movimento Internet Segura (MIS), em todos disponibilização das informações pela total
os focos organizacionais, valida e assegura a integração da rede de computadores mediante os
confiabilidade, a integridade e o adequado uso das seguintes meios: e-mail, internet (que permite
informações e, ainda, garante a qualidade do pro- aos usuários da rede corporativa acesso à rede
cesso de seleção, gerenciamento e disseminação mundial de computadores) e intranet (que divul-
destas informações. Sua Rede de Informação para ga dados corporativos, tais como normas,
Gestão incorpora os quinze sistemas da empresa, procedimentos, listas, jornal interno, indicadores
uma hierarquia estratégica dos indicadores de de- de desempenho, notícias do setor, newspaper etc).
sempenho e os principais processos produtivos, de
negócio, da gestão e dos fornecedores.

• DISPONIBILIDADE DAS INFORMAÇÕES A Gerdau Aços Finos Piratini (PNQ 2002), por
O gerenciamento da disponibilidade visa garantir que meio da prática da Gestão com Foco no Operador
os usuários autorizados obtenham acesso à informação e (GFO), proporciona aos operadores das células
aos ativos correspondentes sempre que necessário. Isso operacionais um sistema de itens de controle (IC)
é promovido por meio de mecanismos que assegurem que demonstra continuamente a performance em
pronto acesso às informações desejadas, como o empre- relação às suas metas de qualidade e produtivida-
go de sistemas on-line, canais de acesso via internet, de por célula em que os próprios integrantes,
disponibilização de computadores e dispositivos de aces- gerenciando sua rotina, utilizam para monitorar seu
so remoto para os usuários, proteção física de instalações desempenho e tomar decisões sobre correção de
de hardware e utilização de sistemas redundantes, além desvios. Os supervisores das células, por sua vez,
dos mecanismos que propiciem o pronto encarregam-se da análise mais abrangente e inte-
restabelecimento do acesso e a continuidade do serviço grada do desempenho, para promover melhorias
de informações no caso de perdas de informações ou de do processo e dos produtos da célula.
desastres, como ocorre nas sistemáticas de manutenção
de cópias de segurança dos registros vitais e nos proce-
dimentos e ensaios de recuperação de desastre.
A Dana Albarus - Divisão Cardans (PNQ 2003), utili-
za o Sistema Integrador de Dados e Informações
O Centro de Documentação e Informação (CDI) (SIDI 2.0), que dispõe dos módulos “mapa das estra-
da Cetrel (PNQ 1999) abriga o acervo de informa- tégias”, “revisão de desempenho”e “sistemas de
ções que supre as demandas da empresa, composto análise crítica”, em Notes, que é utilizado para arma-
por biblioteca, arquivo técnico, mapoteca, setor zenar o planejamento estratégico, bem como para
de informática, internet, intranet e sala de leitura, gerenciar o sistema de indicadores, planos de ação e
e representa um espaço de aquisição de conheci- tarefas. Possui acesso por meio da rede ou intranet,
mentos e informações sobre as mais modernas com senha, e também é utilizado como roteiro para
tecnologias ambientais existentes no mundo. os eventos de revisão de desempenho da divisão.

18 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


As informações da Belgo Juiz de Fora (PNQ 2004) estão estruturadas nos
sistemas de informação departamentais, sistemas de informações estraté-
gicas, planejamento da produção, vendas e distribuição, contabilidade
financeira, disponíveis para acesso 24 horas por dia, durante toda
semana.Treinamentos são ministrados para garantir a plena utilização dos
dados e informações disponíveis. Por meio das Salas de Gestão à Vista,
permite-se que todas as pessoas da organização tenham acesso às informa-
ções sobre produção, custos, vendas, faturamento e caixa operacional. Ao
acompanhar a evolução dos indicadores do painel de bordo, setoriais e
operacionais, é possível à força de trabalho identificar o impacto da atua-
ção individual ou em grupo no conjunto dos resultados da empresa e
contribuir para o atendimento da estratégia.

A disseminação de toda base de conhecimento da Companhia Paulista


de Força e Luz (CPFL) (PNQ 2005), via rede de computadores, per-
mite a certificação dos processos, já que os documentos estão
disponíveis para todas as instalações em suas últimas versões, garan-
tindo-se a disseminação e o padrão de qualidade nas operações.

INFORMAÇÕES COMPARATIVAS
Não é possível falar em excelência e em aumento de competitividade sem tratar das
informações comparativas. São essas informações que permitem à organização co-
nhecer o seu grau de competitividade e de excelência, a partir da comparação externa
de seus resultados financeiros e não-financeiros; identificar diferenciais favoráveis e
desfavoráveis a serem tratados; e possibilitar o estabelecimento de metas baseadas
em fatos. Permitem também encontrar, por meio da prática do benchmarking, novos
insights na configuração de seus produtos e processos, operacionais e gerenciais,
potencializando o aprendizado e a inovação. Isso significa que, para alcançar níveis
de excelência e aumentar a competitividade, não basta assegurar a melhoria contí-
nua dos resultados, produtos e processos, é preciso olhar com atenção para o mercado
e realizar comparações para conhecer o nível de excelência ou de competitividade
alcançado e para evidenciar oportunidades de melhoria.
A figura 1 exemplifica, didaticamente, um ciclo de busca e uso de informações
comparativas de resultados associados a um ciclo de benchmarking para melhoria de
produtos e processos. Primeiro, os resultados críticos das estratégias e dos processos
são comparados externamente; depois, para os resultados desfavoráveis, dispara-se o
ciclo de benchmarking, que também funciona independentemente.

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 19


As informações comparativas buscadas pela organização 3) identificação de fontes, obtenção e atualização das
pressupõem, portanto, uma origem externa. Elas são pro- informações comparativas; e
venientes de fontes diversas, coerentes com as estratégias
4) utilização efetiva das informações comparativas.
de produtos e processos, incluindo-se os de gestão.

O livro Benchmarking: Relatório do Comitê Temático, da • COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO


FNQ, apresenta uma metodologia genérica para a práti-
ca do benchmarking, a qual destaca as principais etapas As organizações necessitam de informações externas
para a realização de um benchmarking completo. quantitativas para comparação com os seus resultados
a fim de possibilitar a avaliação do nível de desempe-
A metodologia, apresentada no quadro 3, e as demais con- nho alcançado. Tais informações servem como
clusões do Comitê Temático responsável pela elaboração parâmetros quantitativos que, quando comparados com
do livro foram utilizadas como base para a definição dos os principais resultados da organização e de seus pro-
requisitos do item 5.2 Informações comparativas, que cessos, habilitam a organização a saber onde se
abrange quatro processos gerenciais importantes utiliza- posiciona em relação aos competidores e aos melhores
dos na gestão das informações comparativas: da classe, identificando-se diferenciais competitivos
1) definição das necessidades das informações compa- favoráveis e desfavoráveis.
rativas;
Esse tipo de informação comparativa tem grande impor-
2) identificação de organizações consideradas tância no âmbito dos Critérios de Excelência, em razão de
referenciais; no Critério Resultados exigir-se a avaliação do desempe-
nho da organização de forma comparada. Dessa forma, a

Figura 1: Processo de benchmarking


Fonte: FGV-EAESP: Gestão para Excelência do Desempenho, 2006

20 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


organização viabiliza uma avaliação, com base em fatos, da eficácia de seus
processos e do desempenho dos seus produtos, em termos de excelência e
competitividade. Os resultados econômico-financeiros, os relativos aos clien-
tes e ao mercado, à sociedade, às pessoas, aos processos principais e de apoio e
aos fornecedores, quando analisados à luz de informações comparativas possi-
bilitam o conhecimento sobre níveis de desempenho alcançado. Os diferenciais
desfavoráveis encontrados evidenciam as prioridades para buscar melhor de-
sempenho e os favoráveis quantificam o diferencial competitivo.

As informações comparativas de desempenho mais utilizadas pelas organiza-


ções Classe Mundial são provenientes de competidores e de organizações que,
embora não sejam competidores, são consideradas referenciais de excelência
dentro ou fora do setor de atuação, nacional ou internacionalmente, e que pos-
suem produtos ou processos produtivos ou de apoio com finalidade similar.

Também podem ser consideradas informações comparativas para avali-


ar o nível de excelência do desempenho os referenciais de excelência
absolutos emanados de conceitos consagrados associados à gestão da
qualidade, como o zero-erro e o 6-sigma, normalmente exigidos para ava-
liar produtos e processos críticos em que o nível de excelência requerido
é absoluto.

Quadro 3: Metodologia genérica de benchmarking

Fonte: FNQ: Benchmarking: Relatório do Comitê Temático, 2005

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 21


Outro tipo de informação comparativa externa que detalhes de características e diferenças entre eles.
também permite avaliar o nível de desempenho de A comparação pode ser feita pela própria organização
alguns resultados em termos de competitividade são ou por organizações independentes, como as contrata-
os parâmetros definidos com base no cenário econô- das para essa finalidade ou como as organizações
mico-financeiro. Incluem-se, por exemplo, índices especializadas em publicações para consumidores.
econômico-financeiros de desempenho da economia,
Os produtos alvos da comparação podem ser adquiridos
como crescimento do PIB, índice de inflação, taxa de
no mercado ou intercambiados com a concorrência, para
juros e rentabilidade de aplicações.
reduzir os custos operacionais de benchmarking.
É importante notar que os parâmetros de desempe- Tais produtos podem abranger tanto aqueles adquiridos
nho definidos com base em necessidades das partes pelos clientes como aqueles produzidos para apoiar ou
interessadas permitem avaliar o nível de desempe- viabilizar o produto principal. Por exemplo, pode-se
nho, mas não o grau de competitividade ou excelência pesquisar, além das informações sobre características e
da organização. É o caso de requisitos e expectativas performance dos produtos principais da concorrência, o
de clientes, retornos financeiros aos acionistas e perfil de serviços associados fornecidos por ela aos seus
parâmetros regulamentares da sociedade. clientes e ao mercado, como os serviços de marketing,
venda, pós-venda, faturamento, cobrança e financeiros.
Algumas dessas informações quantitativas utilizadas para É importante notar que as informações comparativas quan-
comparar resultados também se prestam para a organiza- titativas sobre o desempenho de produtos no mercado
ção balizar a definição de metas para seus processos. (vendas, defeitos, devoluções, recompra, renovação de
contrato, nível de preço etc.) estão enquadradas na cate-
• COMPARAÇÃO PARA MELHORIA DE goria de informações comparativas para avaliar o nível de
PRODUTOS desempenho da organização, vista anteriormente.
As informações comparativas para melhorar produtos
advêm da pesquisa de características e do desempenho
de produtos (ou soluções) existentes no mercado, ou seja,
eficiência, velocidade, peso, tamanho, consumo de ener-
gia e custo, entre outras, que tenham a mesma finalidade
que os produtos, atuais ou em projeto, da organização. A Caterpillar Brasil (PNQ 1999) realiza estu-
dos comparativos regulares de características e
Essas informações são levantadas estudando-se os pro-
de desempenho de seus produtos em relação
dutos da concorrência ou de organizações que atuam em
aos produtos da concorrência, apoiados por
outros mercados ou em outros ramos em que haja produ-
metodologia específica.
tos ou serviços com finalidade similar àqueles com que
se deseja comparar, por meio de processos de análise de

22 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


A Dana Albarus - Divisão de Cardans (PNQ 2003), O acesso direto é geralmente efetivado por mecanis-
utiliza informações comparativas de produtos mos formais de consultas, visitas e intercâmbio de
como dados de entrada no Advanced Product informações, como fóruns de benchmarking, geralmente
Quality Planning (APQP) nas melhorias dos pro- regidos por código de conduta, ou por meio da contratação
cessos, como dados para definição de novas de transferência de tecnologia. O acesso indireto costu-
aplicações de produtos. As ferramentas utilizadas ma ser realizado por meio da contratação de consultorias
para isso são engenharia reversa e testes de de- especializadas, que acumulam conhecimento de mer-
sempenho com produtos de concorrentes. cado em tecnologias do processo estudado, ou por
intermédio da aquisição de publicações especializadas
no tema tratado e que trazem informações sobre experi-
• COMPARAÇÃO PARA MELHORIA DE ências bem-sucedidas.
PROCESSOS

As informações comparativas para melhorar os proces-


sos e as práticas de gestão são provenientes da pesquisa Na Serasa (PNQ 2005), o benchmarking é expres-
das características e do desempenho da operação dos so em um modelo de cinco fases - Planejamento,
processos e práticas de gestão de outras organizações Análise, Integração, Execução e Amadurecimen-
que tenham a mesma finalidade que os processos e prá- to -, que foi incorporado ao sistema de gestão e se
ticas da organização. Os processos podem abranger tanto aplica tanto à referenciação de processos quanto
os principais do negócio como os de apoio. Para facilitar à de resultados. Com base nessas informações e
e evitar repetições desnecessárias, as práticas de gestão, no processo de comparação com a concorrência,
que, na verdade, são processos gerenciais, serão consi- obtém-se uma visão do mercado que permite
deradas na categoria de processos. verificar o abrangente portifólio de produtos no
seu segmento de atuação.
A comparação sistemática do desempenho de processos
com finalidade similar em outras organizações permite O próprio processo de incorporação da prática de
descobrir desempenhos superiores, projetar com elas os benchmarking ao sistema de gestão da Serasa foi fru-
ganhos de uma eventual operação em níveis de to de benchmarking com empresas Classe Mundial.
performance similar ao encontrado e investigar as carac-
terísticas do processo da outra organização, incorporando
novas idéias encontradas.

Essas informações são levantadas obtendo-se acesso di-


reto ou indireto aos processos utilizados por outras
organizações, concorrentes ou não. Essas organizações
devem possuir processos com finalidade similar àque-
les com que se deseja comparar.

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 23


Quadro 4: Principais inter-relacionamentos do item 5.2

Fonte: FNQ, 2007

A) IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES


DAS INFORMAÇÕES COMPARATIVAS

As informações comparativas se dividem em dois gru- metas, apoiando a tomada de decisões - “onde estamos”,
pos distintos: relativas a resultados; e relativas a “qual o nosso diferencial” e “aonde queremos chegar”. As
características de produtos ou processos, inclusive qualitativas são relativas à busca de novos insights para
gerenciais. As quantitativas estão relacionadas à avalia- melhorar os produtos e processos, intensificando o apren-
ção do nível de desempenho e ao estabelecimento de dizado organizacional.

24 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


• NECESSIDADES DE INFORMAÇÕES COMPARATIVAS DE
RESULTADOS

As informações comparativas necessárias para avaliar a consecução das estra-


tégias e dos principais processos e para estabelecer metas de competitividade
e excelência costumam ser definidas durante o ciclo de planejamento, duran-
te a configuração dos indicadores de desempenho (item 2.2), para serem
utilizadas no processo de estabelecimento de metas (item 2.2) e na análise
de desempenho da organização (item 1.3), apoiando a tomada de decisão.

Primeiramente, os indicadores de desempenho dos processos críticos e indi-


cadores estratégicos podem ser selecionados e definidos para terem seus
resultados comparados e terem metas fixadas com base em referenciais. Como
nem todos os processos são críticos e nem todos os resultados de indicadores
de cada processo necessitam ser comparados isso pode implicar a existência
de algum tipo de critério que oriente os gestores dos processos na seleção dos
mais importantes a serem comparados bem como daqueles que devem ter
metas fixadas com base em comparações. Exemplo de critério pode ser a
necessidade de se ter informação comparativa para todos os indicadores tipo
outcomes do BSC da organização.

Em segundo lugar, depois de definir os indicadores cujos resultados devem


ser comparados, serão definidas as informações comparativas ideais e a estra-
tégia de comparação. A própria viabilidade de comparação é um aspecto a ser
considerado na definição de indicadores (item 2.2).

A Caterpillar Brasil (PNQ 1999) adota mecanismos de referenciação


externa de seus resultados, processos e produtos, com o fim de estabe-
lecer metas desafiadoras e acelerar seu aprendizado, baseado nos índices
de Retorno sobre Ativos (ROA), de Classe Mundial. Também compara
seus resultados com outras unidades corporativas, empresas locais e
concorrentes. Seus processos são comparados com os níveis recomen-
dados no Guia para Excelência Operacional, da Oliver Wight, o qual registra
os patamares alcançados nos últimos 25 anos pelas melhores empre-
sas, inclusive as ganhadoras do Prêmio Malcolm Baldrige. Seus produtos
são comparados por meio de estudos de satisfação de clientes em rela-
ção aos vários equipamentos à disposição no mercado.

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 25


do organizacional de uma empresa qualquer denomi-
Para o estabelecimento de metas, a Gerdau nado “Produtividade sempre” exige busca constante
Aços Finos Piratini (PNQ 2002) adota a seguinte de novas abordagens pelos gerentes, para os seus pro-
seqüência de critérios, dois dos quais referem-se cessos. Um determinado objetivo estratégico de uma
a benchmarking: alvo compulsório; limites financeiros; organização, denominado “recuperação de participação
benchmarking com a concorrência; benchmarking com do mercado X” demanda forte atuação no monitoramento
outros referenciais comparativos; alvo teórico; de- dos produtos e lançamentos da concorrência.
safio incremental; projeção histórica e conseqüência
3) Como conseqüência da observação de diferencial de
de metas relacionadas.
competitividade desfavorável em medição compa-
rada de desempenho. Por exemplo, o produto do
concorrente está vendendo mais ou o processo de
O complexo hospitalar da Santa Casa de Misericór-
logística de uma organização referencial apresenta
dia de Porto Alegre (PNQ 2002) dispõe de indicadores
giro de estoques muito superior.
estratégicos cujas metas são definidas com base no
desempenho histórico, nos referenciais pertinentes,
A existência de regras ou procedimentos para a definição
nos desafios necessários ao crescimento e na melhoria
de estudos comparativos a serem conduzidos, compatíveis
contínua da organização.
com as estratégias, pode orientar os gestores na definição
das informações a serem buscadas, em termos de qual pro-
duto ou processo, e de quais aspectos de desempenho e
• NECESSIDADES DE INFORMAÇÕES
características específicas a serem comparadas. Dessa for-
COMPARATIVAS PARA MELHORAR
ma, os gestores podem manter seu plano de informações
PRODUTOS E PROCESSOS
comparativas sempre atualizado assim como o fazem para
o plano de treinamento de sua área.
Essas informações são definidas para direcionar as atividades
de estudos de características de produtos e processos com
No caso de produtos da organização e de seus serviços
finalidade similar, de concorrentes e de outras organizações
associados, foca-se principalmente, no levantamento de
referenciais - também chamado de processo de benchmarking.
informações de produtos ou soluções com finalidade equi-
valente da concorrência. Não se exclui também a busca de
A definição de necessidades de benchmarking de produtos e
informações de produtos e serviços associados, fora do ramo
de processos pode originar-se em três principais momentos:
da organização para explorar novos insights para o desenho
1) Como conseqüência de necessidade de tratamento de produtos e serviços associados. No caso de serviços de
de problemas identificados em produtos ou em pro- apoio, da mesma forma, a pesquisa e investigação de solu-
cessos. Por exemplo, a necessidade de encontrar ções de outras organizações de qualquer outro setor ou
soluções alternativas para reduzir a variabilidade na ramo de atividade também estimulam a sua melhoria.
produção ou de reduzir custos e melhorar a qualida-
de do processo de avaliação da satisfação dos clientes. Assim, além da investigação dos produtos e soluções
2) Em razão da busca constante de novos insights para pro- de concorrentes diretos, por meio da realização de es-
dutos e processos, estimulada pela cultura do tudos comparativos de seu desempenho e de suas
aprendizado ou pelas estratégias. Por exemplo, um cre- características promotoras, a organização pode fazer o
mesmo em relação a componentes específicos de um

26 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


produto. Por exemplo, as embalagens, a documenta-
ção, o serviço de marketing e venda, suporte, garantia, A política de benchmarking da Gerdau Aços Finos
faturamento, cobrança e atendimento, bem como dos Piratini (PNQ 2002) estabelece critérios, respon-
serviços de apoio financeiros, relativos aos recursos sabilidades e prioridades para a busca de
humanos, compras, informação e outros, podem me- informações relacionadas ao mercado, aos produ-
lhorar por meio da inspiração de produtos e soluções tos, aos processos e aos resultados, por meio do
de organizações não concorrentes. Padrão de Gerenciamento de Benchmarking. Este
padrão estabelece o fluxo de aplicação, que per-
O estudo das informações sobre desempenho de pro- mite a internalização nas áreas, as quais elaboram
cessos com finalidade similar em outras organizações, planos de benchmarking.
incluindo-se concorrentes, quando possível, promove a
explicitação de diferenças de desempenho que podem
ser utilizadas para avaliar impactos positivos, financeiros Na Politeno (PNQ 2001), a decisão de seleção
e não-financeiros, caso não existissem. Por exemplo, de práticas e padrões a serem melhorados em seu
respondendo à questão “Quanto poderíamos ganhar ou processo de aprendizado considera visitas, parti-
economizar se nosso desempenho fosse similar?”, os gestores cipação em feiras, consultoria, análise de relatórios
podem selecionar os processos a serem investigados de gestão, MBAs, benchmarking e conclusões de
com maior profundidade para, num segundo momento, grupos de benchmarking.
investigar as características que promovem a diferença
de desempenho, a fim de incorporá-las, seletivamente,
reduzindo-se as diferenças de desempenho. B) IDENTIFICAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES
CONSIDERADAS REFERENCIAIS
A definição de informações que devem ser buscadas para
promover a melhoria das práticas de gestão não se limita A identificação das organizações consideradas como um
aos processos gerenciais de outras organizações. Inclui referencial comparativo pertinente para se levantar as infor-
a definição de normas, guias ou publicações de boas prá- mações comparativas deve respeitar critérios que assegurem
ticas, bem como a captação de conhecimento acumulado que esse esforço de busca de informações traga informações
sobre boas práticas em consultorias especializadas. Quando também pertinentes para alcançar o propósito da comparação
comparadas com as práticas utilizadas pela organiza- de forma coerente com as estratégias de aumento da
ção, essas informações podem indicar oportunidades competitividade e busca da excelência da organização.
de aperfeiçoamento.
Portanto, tais critérios devem proporcionar parâmetros para
A manutenção de um plano de comparações e orientar os gestores a selecionar as organizações elegí-
benchmarking para cada gestor, estabelecendo o tipo de veis, de acordo com o tipo de informação comparativa
informação a ser captada - observando parâmetros de almejada. Assim, o gestor pode direcionar o foco de sua
pertinência -, a finalidade, a forma de obtenção, a fonte - pesquisa para a concorrência ou para organizações com
selecionada de acordo com critérios claros -, responsáveis produtos e soluções em outros mercados ou processos de
e prazos, pode ajudar na disseminação da prática na finalidade similar, dentro ou fora do ramo, que possuam
organização. alguma reputação de competitividade ou de excelência.
Pode ainda direcionar sua busca para instituições ou enti-

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 27


dades reconhecidas pelo mercado que pesquisam e pu- mento sobre organizações referenciais de várias manei-
blicam informações do macroambiente, como fatos sobre ras - promovendo prêmios, coletando dados e fazendo
competitividade, desempenho da economia, desempe- pesquisas, e divulgando as informações para o mercado.
nho setorial ou excelência empresarial. Tratam-se de revistas e jornais especializados, entidades
promotoras de reconhecimento, associações de classe,
Tais critérios, que podem ser genéricos ou específicos, associações de grupos de usuários e outras. A identifica-
conforme destacado no livro de benchmarking do Comitê ção de fontes desse tipo, com base em critérios de
Temático da FNQ, devem estabelecer claramente quais credibilidade, pode simplificar grandemente o processo
os pré-requisitos para considerar uma organização com de obtenção de informações comparativas, já que tais
reputação suficiente para ser consultada. Exemplos de entidades têm como um dos seus focos de atuação o levan-
critérios genéricos incluem: ter reconhecimento público tamento sistemático, processamento e disseminação de
ou do mercado, ter premiações ou certificações indepen- informações comparativas no mercado.
dentes, ser líder em seu mercado, estar em determinada
região e não ser concorrente, entre outras. Exemplos de A estratégia de comparação, por sua vez, deve estabele-
critérios específicos para, por exemplo, um processo de cer critérios para definir a forma como cada tipo de
treinamento poderia incluir: ter universidade corporativa, informação comparativa pode ser obtida - levantada pela
utilizar instrutores internos, ter sistema informatizado para própria organização em outras organizações, obtida ou
registro e acesso de conhecimento e utilizar a gestão de adquirida em instituições, pesquisada no mercado,
competências, entre outros. intercambiada com a concorrência ou intercambiada em
fóruns de benckmarking. Esses critérios podem conside-
rar a dificuldade de acesso à informação (localização de
O benchmarking é prática consolidada na Belgo Juiz fonte, complexidade de obtenção, custos de levantamento
de Fora (PNQ 2004), cujo Plano de Benchmarking e outras razões) e estabelecer parâmetros de licitude da
utiliza os seguintes critérios para garantir a atividade de coleta.
pertinência das informações comparativas: infor-
mações e dados; impacto com relação aos A atuação da própria organização na sua comunidade
resultados do negócio; possibilidade de acesso às setorial pode ajudar a implementar mecanismos de in-
melhores práticas; confiabilidade da informação; tercâmbio de informações sobre competitividade e
similaridade dos processos comparados; escalas de divulgá-as no setor para incentivar e simplificar o pro-
produção dos processos comparados; localização cesso de busca de informações comparativas.
geográfica e referencial comparativo obtido.
As estratégias de obtenção válidas e lícitas para cada tipo
de informação comparativa também devem fazer parte do
C) IDENTIFICAÇÃO DE FONTES, padrão gerencial de obtenção das informações. Algumas
OBTENÇÃO E ATUALIZAÇÃO DAS das atividades de obtenção, como intercâmbio entre orga-
INFORMAÇÕES COMPARATIVAS nizações, podem ser protegidas por códigos de conduta,
termos de confidencialidade e estratégias de tabulação de
Muitas vezes, a fonte de uma informação comparativa dados sem identificação da fonte. O livro de benchmarking
não é a própria organização identificada como do Comitê Temático da FNQ apresenta um exemplo de
referencial. São organizações que acumulam conheci- Código de Conduta para a prática do benchmarking.

28 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
(PNQ 2002) identifica referenciais comparativos
por meio de critérios, destacando-se: a capacidade
de disponibilizar as informações com qualidade
e prazo adequados; possuir mesmo perfil empre-
sarial; participar do mesmo grupo estratégico;
possuir semelhante complexidade de atendimen-
to; e ser referencial de mercado. O processo de
utilização das informações comparativas contem-
pla etapas de disponibilização interna, de análise
das informações durante a prática do
Gerenciamento da Rotina ou Gerenciamento das
Diretrizes e Planejamento Estratégico, e da uti-
lização das informações comparativas para o
estabelecimento de metas.
.

Figura 2: Mecanismos de obtenção de informações comparativas D) USO EFETIVO DAS INFORMAÇÕES


Fonte: FNQ: Benchmarking: Relatório do Comitê Temático, 2005
COMPARATIVAS
A figura 2 exemplifica, considerando-se os aspectos de O uso efetivo de informações comparativas levantadas
efetividade e custo, os diversos mecanismos adotados requer dos gestores das organizações disciplina e méto-
pelas empresas Classe Mundial para obter informações do. O uso pode ser fomentado por valores e princípios
comparativas, conforme o livro de benchmarking do Co- organizacionais que incentivem o uso da referenciação
mitê Temático da FNQ. externa de resultados e o benchmarking de produtos e
processos. Pode ser estimulado, ainda, incorporando-se
A continuidade do processo de busca e atualização de em seus padrões gerenciais os requisitos relativos ao
informações comparativas está assegurada à medida que emprego de informações comparativas e, também,
os padrões gerenciais passem incorporar essa atividade implementando-se o reconhecimento pelo uso e desen-
em momentos específicos, momentos como: anteceden- volvimento de melhorias advindas dessas práticas.
do a análise do desempenho e o estabelecimento de
metas, nas avaliações de competitividade de produtos e Aspecto essencial do benchmarking, entre outros destaca-
durante o estudo de melhorias em produtos e processos. dos no livro de benchmarking do Comitê Temático da
FNQ, é a necessidade de adaptação das informações
A manutenção do plano de comparações e de comparativas obtidas externamente à realidade e à cul-
benchmarking mencionado pode ajudar a organização a tura da organização. A adaptação abrange processos de
assegurar que seus gestores atualizem as informações adequação das informações à realidade da organização,
necessárias continuamente, em alinhamento ao ciclo o compartilhamento com as partes envolvidas no
de planejamento e controle da empresa. benchmarking e a definição de metas e planos de melhoria.

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 29


As práticas e os resultados de outras organizações, na maioria das vezes, não são
diretamente transferíveis à organização sem que antes seja feito um exame
detalhado das diferenças, até mesmo culturais, existentes, requerendo, muitas
vezes, tratamento e normalização. O livro destaca as atividades de verificação
da validade dos resultados utilizados para comparação, a análise da
comparabilidade, a necessidade de normalização dos dados, o estudo dos dife-
renciais encontrados, a determinação das causas desses diferenciais com
emprego de ferramentas de análise, a projeção de desempenho futuro da orga-
nização fonte e outros aspectos importantes na utilização das informações
levantadas para que o benchmarking promova ganhos efetivos de desempenho.

A Gerdau Aços Finos Piratini (PNQ 2002), por meio da prática de


benchmarking, promove a captação sistemática de informações sobre a
gestão de outras unidades (por meio das reuniões trimestrais dos comi-
tês de gestores) e de outras empresas, e a participação em congressos
anuais, que traz oportunidades para melhorias e inovações, as quais
são incorporadas no Padrão de Gerenciamento dos Sistemas de Infor-
mação e no Plano de Informática. As ações de melhoria são
implementadas por meio de planos de ação, nos quais são nomeados
responsáveis e definidos prazos. A verificação do cumprimento do
plano é realizada por meio de auditorias do sistema de gestão, às quais
está subordinado o procedimento.

ATIVOS INTANGÍVEIS
A importância do tema para potencializar a geração de diferencial competiti-
vo nas organizações Classe Mundial tem merecido nos últimos anos um item
especial nos Critérios de Excelência.
Os ativos intangíveis que geram diferenciais competitivos, também denomi-
nados “capital intelectual”, necessitam de um foco gerencial específico para
a organização poder tratar a questão de forma objetiva e prática, com foco em
resultados, em vez de adotar uma abordagem conceitual e filosófica, que
pode levar a projetos ambiciosos demais e direcionados apenas para a gestão
do conhecimento, esquecendo-se do desenvolvimento de outros ativos, que
podem, conforme o perfil do negócio, ser até mais importantes e mais fáceis
de serem tratados.

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O item 5.3 Ativos intangíveis aborda o tema de forma objetiva, por meio de
quatro processos gerenciais importantes:
a) identificação dos ativos intangíveis geradores de diferenciais competitivos;
b) desenvolvimento dos ativos;
c) manutenção e proteção de ativos; e
d) desenvolvimento e manutenção do conhecimento.

Quadro 5: Principais inter-relacionamentos do item 5.3

Fonte: FNQ, 2007

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 31


A) IDENTIFICAÇÃO DOS ATIVOS organização, não apenas para anular o diferencial que exis-
INTANGÍVEIS te em favor da concorrência, mas também para reverter
uma percepção do mercado.
Os ativos intangíveis que agregam valor ao negócio e
que geram um diferencial competitivo necessitam ser Por meio da identificação desses ativos, a organiza-
identificados para poderem ser tratados, promovendo o ção pode chegar àqueles encontrados na literatura: de
aumento da competitividade. mercado, humanos, de propriedade intelectual e de infra-
estrutura, ou outros, ainda, que devem ser
A identificação desses ativos costuma ser realizada no desenvolvidos e protegidos.
ciclo de planejamento estratégico da organização Classe
Mundial, a fim de permitir o estabelecimento de estra- Em ambiente de não-concorrência direta ou explícita,
tégias de aumento de competitividade, quando a origem os ativos intangíveis expressam a robustez e
das principais forças propulsoras internas é analisada. Essa confiabilidade da organização, influindo na sua imagem
identificação é resultado do tratamento de várias infor- percebida por clientes e pela sociedade.
mações sobre o negócio e sobre seu desempenho
competitivo. • AVALIAÇÃO DOS ATIVOS

Dentre as informações que alimentam o processo de plane- Uma vez identificados esses ativos, é preciso avaliar, com
jamento estratégico, estão as avaliações dos ativos base em fatos, a sua expansão, já que a sua tradução em ativos
intangíveis, que incluem a análise das áreas do conheci- financeiramente contabilizáveis não é possível (são intangí-
mento e do conhecimento crítico que sustentam e sustentarão veis). É necessário existir mecanismos que permitam avaliar,
a organização e que orientam o seu desenvolvimento. direta ou indiretamente, se esses ativos estão sendo desen-
volvidos de acordo com a natureza dos mesmos.
Como o diferencial competitivo é, na prática, percebido
e avaliado pelo mercado e pelos clientes, gerando-se a Por exemplo, o ativo identificado como gerador de di-
preferência pelos produtos da organização, a identifica- ferencial reputação da marca pode ser medido por meio
ção de parte importante dos ativos intangíveis pode ser das pesquisas de recall no mercado-alvo; o ativo modelo
realizada ouvindo-se a voz dos clientes. Os mecanismos de atendimento, pelo nível de investimento em treina-
de avaliação da satisfação, fidelidade e insatisfação em mento de atendimento; o ativo flexibilidade comercial,
relação aos clientes dos concorrentes (item 3.2) podem pela taxa de fechamento de contratos de determinado
proporcionar elementos para essa identificação. Pesqui- porte; e o ativo produtos inovadores, por meio da taxa de
sas de valor percebido pelos clientes-alvo também inovações incorporadas.
podem auxiliar na identificação desses ativos. Pode-se
ficar sabendo, por exemplo, se os clientes valorizam a A avaliação, de forma integrada, dos ativos intangíveis pode
marca, o sistema de atendimento, determinada caracte- ser realizada pela análise dos diferenciais, em relação à con-
rística dos produtos, a flexibilidade comercial ou corrência, nos resultados financeiros, de clientes e mercado e
qualquer outro diferencial. de produtos. A existência de diferenciais favoráveis crescen-
tes na lucratividade, market-share, valor percebido, satisfação
É importante ressaltar que os ativos intangíveis percebi- de clientes, vendas no segmento e outros evidenciam a ex-
dos pelo mercado na concorrência também podem ser pansão dos ativos em relação à concorrência. Diferenciais
levados em consideração para serem desenvolvidos pela desfavoráveis ou decrescentes demonstram o contrário.

32 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


No Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum (PNQ 2003), a avalia-
ção dos ativos componentes do Capital Intelectual é realizada por
meio das práticas: aplicação de pesquisas para medir a evolução das
competências da Alta Direção e da engenharia (principal processo);
medição da capacidade de criação e inovação por meio do DCA - Dia
do Colaborador Atuante; medição da eficácia dos treinamentos; medi-
ção dos processos de qualidade e tecnologia, técnicas especiais e/ou
equipamentos criados pelos colaboradores; e relatórios e bancos de
dados de benchmarking.

O capital intelectual da Belgo Juiz de Fora (PNQ 2004) está subdivi-


dido em: ativos estruturais, que compreendem os sistemas de
informação; ativos humanos, relacionados aos especialistas em pro-
cessos, em tecnologia da informação e em atendimento ao cliente;
ativos tecnológicos, que compreendem os processos e produtos paten-
teados pela empresa; e os ativos mercadológicos, referentes à marca
dos produtos da empresa. Sua estruturação é encadeada focalizando-se
o cliente e o mercado.

A Petroquímica União (PQU) (PNQ 2005), por meio da prática Gestão


do Capital Intelectual, sistematiza os ativos intangíveis em três tipos:
capital humano, representado pela capacidade, conhecimento, habili-
dade e experiência dos colaboradores da empresa; capital estrutural,
que suporta o desenvolvimento e a aplicação do capital humano e os
processos; e capital de relacionamento, constituído pelos contatos com
as partes interessadas.

B) DESENVOLVIMENTO DOS ATIVOS

Os mecanismos para o desenvolvimento dos ativos identificados são adotados


conforme a natureza de cada um. Entre esses mecanismos, incluem-se: práti-
cas de benchmarking, de pesquisa e desenvolvimento, de busca e incorporação
de novas tecnologias e de qualquer outro que promova o aumento da agrega-
ção de valor e do diferencial competitivo.

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 33


A identificação, o desenvolvimento e a incorporação de novas tecnologias
favorecem a inovação, um dos principais elementos geradores de diferenci-
ais de mercado. A organização pode implementar práticas que estimulem
esse fator, tais como programas de fomento da experimentação em todas as
áreas por meio de modelos, protótipos ou simulações que testem economi-
camente a adoção de novos ou variações de produtos e soluções pelos clientes
e usuários; programas de coleta, análise e reconhecimento de sugestões de
usuários e colaboradores; emprego de laboratórios de pesquisa e ensaios;
promoção de convênios com universidades e incubadoras; monitoramento
de tecnologias emergentes (participação em feiras e congressos, leitura de
publicações técnicas, realização de missões de estudos, contratação de
consultorias especializadas); e contratos de transferência de tecnologia.

O Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum (PNQ 2003), por meio da


prática Dia do Colaborador Atuante (DCA), incentiva a produção de
conhecimento e o desenvolvimento do pensamento criativo e inova-
dor. Novas idéias e sugestões implementadas são premiadas e fazem
parte do sistema de remuneração variável.

C) MANUTENÇÃO E PROTEÇÃO DE ATIVOS

Os mecanismos de manutenção e proteção são implementados de acordo


com o ativo identificado, com a finalidade de protegê-los quanto ao risco de
perda de diferenciais conquistados. Por exemplo, uma política de segurança
de informações que demanda a classificação de informações, impressas ou
eletrônicas, e o controle de acesso a elas, conforme o nível de
confidencialidade dos ativos de conhecimento, tais como formulação de pro-
dutos, métodos de fabricação, política de preços e dados de clientes, pelo
emissor ou proprietário.

O conhecimento dos especialistas vinculados aos ativos intangíveis identifica-


dos pode ser mantido e protegido com políticas de incentivo para a atração e
retenção dos melhores profissionais do mercado, bem como por meio do registro
desse conhecimento nos bancos de dados da organização. Por exemplo, organi-
zações que identificam o seu sistema de vendas e sua equipe de vendedores
como um de seus principais ativos geradores de diferencial, mantêm políticas
específicas de remuneração e reconhecimento desses profissionais e exigem
registros atualizados das atividades de vendas em bancos de dados de marketing.

34 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


O mesmo ocorre quando o ativo intangível promotor de diferencial competi-
tivo reside no sistema de gestão da organização. Ela protege os seus padrões
de gerenciamento críticos e desenvolve-os continuamente, bem como busca
talentos gerenciais no mercado e os retém, por meio de programas especiais
de bonificação, benefícios e reconhecimento, considerando-se que são os
especialistas em seu sistema de gestão e que sua perda pode representar risco
de redução de diferenciais.

Na Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) (PNQ 2005), os proje-


tos de pesquisa e desenvolvimento gerados são garantidos por meio
de patentes e registros de propriedade.

Os ativos tecnológicos da Belgo Juiz de Fora (PNQ 2004) são protegi-


dos pelo patenteamento de produtos e equipamentos, e o segredo
industrial é mantido com mecanismos de restrição de acesso a áreas e
processos produtivos.

A retenção do capital humano na Gerdau Aços Finos Piratini (PNQ


2002) ocorre por meio de política de remuneração fixa e variável,
oportunidades de carreira, avaliação do desempenho, capacitação e
política de benefícios.

D) DESENVOLVIMENTO E PRESERVAÇÃO DO
CONHECIMENTO

Os ativos intangíveis identificados como geradores de diferenciais competi-


tivos estão fundamentados em um conjunto de conhecimentos desenvolvidos
e mantidos na organização.

Em primeiro lugar, a organização deve identificar e reconhecer claramente


qual é o acervo de conhecimentos críticos associado a cada ativo identifica-
do, a fim de possibilitar um foco especial no seu desenvolvimento. Isso pode
ser realizado pela análise crítica consensual dos gestores e especialistas
seniores envolvidos com o ativo, utilizando, por exemplo, ferramentas como
brainstorming, análise de Pareto e diagramas de espinha-de-peixe.

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 35


Figura 3: Identificação dos ativos intangíveis e do conhecimento crítico
Fonte: FGV-EAESP: Gestão para Excelência do Desempenho, 2006

A figura 3 exemplifica o resultado da identificação, por meio desses métodos,


dos três principais conhecimentos promotores do ativo intangível Reputação
da marca, que, por sua vez, foi identificado por meio de pesquisa de valor
percebido.

Uma vez identificado esse acervo de conhecimento crítico, a organização pode


focar o seu tratamento e seu compartilhamento de forma mais eficiente. No
exemplo da figura 3, significa que os conhecimentos associados à Capacidade de
inovar, Seleção de Mídia e a Seleção de projetos sociais devem ser continuamente
desenvolvidos e, depois, compartilhados entre os especialistas das equipes res-
ponsáveis, a fim de incorporá-lo ao capital intelectual da organização.

Os métodos de desenvolvimento podem incluir práticas de contratação e formação


de especialistas, incentivo à sua formação acadêmica em 4º grau, aquisição de
tecnologia, pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos, estudos compa-
rativos de benchmarking e outras práticas que ampliem o acervo de conhecimento.

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Os mecanismos de compartilhamento do conhecimento na organização abran-
gem práticas como o intercâmbio de experiência entre os profissionais por
meio de edição de novos padrões de trabalho, instrutoria interna, boletins
técnicos, seminários com especialistas, grupos de usuários, concursos de idéi-
as bem-sucedidas, bancos de dados de conhecimento e outras práticas
utilizadas para disseminar conhecimento adquirido na organização.

O Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum (PNQ 2003), por inter-


médio de Relatórios de Benchmarking, internalizados em rede e
distribuídos às partes interessadas, compartilha entre os colaborado-
res, diretos e terceiros, os conhecimentos adquiridos externamente.

A Dana Albarus - Divisão de Cardans (PNQ 2003), possui as seguintes


práticas para disseminação e compartilhamento do conhecimento: de-
senvolvimento de projetos em equipe; padrões de trabalho
documentados e padronizados; sistemas de gestão e sistemas de infor-
mação armazenados em rede; programa seis sigma; equipe autônoma;
Solução de Problemas em Equipe (SOPE); Programa de idéias e seu
banco de dados armazenado em meio eletrônico; times de melhoria;
Congresso Dana de Tecnologia (Brasil); Dana Mercusur Engineering
Award; Comitê de Tecnologia da TTSMT; Congressos e Seminários
de Engenharia da Dana Mundial; Seminários de Melhores Práticas do
DQLP e Congressos de entidades tipo SAE.

Informações e Conhecimento | Cadernos de Excelência . FNQ | 37


BIBLIOGRAFIA 8. McGEE, James; PRUSAK, Laurence.
Gerenciamento estratégico da informação. Rio de
Janeiro: Campus, 1994.

1. BEUREN, Ilse Maria. Gerenciamento da Informação: 9. ROSSINI, Alessandro. Administração de sistema


um recurso estratégico na gestão empresarial. 2.ed. São de informação e gestão do conhecimento. São Pau-
Paulo: Atlas, 2000. lo: Pioneira, 2003.

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Campus, 1997.
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durar: práticas bem sucedidas de empresas visionárias.
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4. DAVENPORT, Thomas H.; PRUSAK, Laurence.


Ecologia da Informação: porque só a tecnologia não
basta para o sucesso na era da informação. São Paulo:
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5. FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE.


Benchmarking: Relatório do Comitê Temático. Rio
de Janeiro: Qualitymark Editora, 2005.

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tão dos intangíveis. Relatório do Comitê Temático.
São Paulo: Fundação Nacional da Qualidade, 2005.

7. FUNDAÇÃO PARA O PRÊMIO NACIONAL DA


QUALIDADE. Planejamento do Sistema de Medição
do Desempenho: Relatório do Comitê Temático. São
Paulo: Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade,
2002.

38 | Cadernos de Excelência . FNQ | Informações e Conhecimento


SÉRIE CADERNOS DE EXCELÊNCIA
INTRODUÇÃO AO CADERNOS LIDERANÇA; ESTRATÉGIAS E PLANOS; CADERNO
MODELO DE CLIENTES; SOCIEDADE; INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO; AUTO-AVALIAÇÃO E
EXCELÊNCIA DA PESSOAS; PROCESSOS; E RESULTADOS GESTÃO DE
GESTÃO® MELHORIAS

OBJETIVO OBJETIVO
Promover uma visão Estabelecer um processo
global do Modelo, de auto-avaliação da
seus fundamentos e gestão, contemplando as
sua aplicação diferentes metodologias e
práticas de planejamento,
PÚBLICO-ALVO controle e gerenciamento
Todos que tenham das melhorias
interesse em utilizar
o Modelo, tanto para PÚBLICO-ALVO
implementação na Todas as organizações
sua organização que pretendam realizar
quanto para uma uma auto-avaliação
avaliação visando melhorar a
sua gestão

OBJETIVO
Explicar detalhadamente o Modelo, seus
requisitos e suas inter-relações

PÚBLICO-ALVO
Todos que estão implementando o Modelo,
utilizando-o para avaliação de uma organização
Realização

Av. das Nações Unidas, 11.857, 6º andar, conj. 62


Brooklin Novo 04578-000 São Paulo SP Brasil
Tel. 55 11 5509-7700 Fax 55 11 5509-7730
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FNQ 165/07 - Rev. 0 - jan.07


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