Você está na página 1de 1

A inovação no estudo antropológico, limitando-se em pesquisar sobre as leis que governavam

o desenvolvimento da sociedade e fundamentada na observação de que os mesmos


fenômenos étnicos ocorreriam entre os mais diversos povos, fez surgir um crescente interesse
público na Antropologia. Anterior a esse novo método de pesquisa acreditava-se que a
antropologia não poderia fazer mais do que registros de costumes e crenças de povos
estranhos. Segundo Boas, antes desse novo método, identidades ou similaridades culturais
eram consideradas provas incontroversas de conexão histórica ou mesmo de origem comum, a
nova concepção de pesquisa se recusou a considera-las como tal, interpretando-as como
resultado uniforme da mente humana. Em relação às ideias universais das diferentes
sociedades, o autor diz que sua descoberta é apenas o início do trabalho antropológico e
propõe a indagação de duas questões: quais são suas origens? Como elas se afirmaram em
várias culturas? Em relação à segunda questão, Boas afirma que ideias não existem de forma
idêntica por toda parte, pois elas variam. Para ele as causas dessas variações são externas,
baseiam-se no ambiente em seu sentido mais amplo e internas fundadas sobre condições
psicológicas. Em relação à primeira questão, Boas enfatiza a dificuldade de tratar sobre as
causas que levaram à formação de ideias que se desenvolveram em diferentes lugares
habitados pelo homem. A dificuldade de explicar esse fenômeno levou ao surgimento da
concepção de que os mesmos fenômenos etnológicos se devem sempre as mesmas causas.
Para Boas “quando se compara fenômenos culturais similares de várias partes do mundo, a fim
de descobrir a história uniforme de seu desenvolvimento, a pesquisa antropológica supõe que
o mesmo fenômeno etnológico se tenha desenvolvido em todos os lugares da mesma maneira.
” O autor critica esse método comparativo e diz que “Até o exame mais superficial mostra que
os mesmos fenômenos podem se desenvolver por uma multiplicidade de caminhos. ” O autor
fundamenta a sua crítica através dos exemplos das organizações totêmicas da sociedade, da
arte primitiva e do uso de máscaras como sendo características comuns a diversos povos, mas
que não se originaram pelos mesmos fatores. Para Boas, o mesmo fenômeno étnico pode se
desenvolver a partir de diferentes fontes. Descobrir os processos pelos quais certos estágios
culturais se desenvolveram é um dos objetivos principais da pesquisa antropológica na
concepção de Boas. O autor nos diz que os defensores do método comparativo não
consideram as diferenças entre o uso indiscriminado de similaridades culturais para provar
uma conexão histórica e o estudo detalhado dos fenômenos locais.

Boas criticaa a similaridade cultural através do ambiente geográfico. Para ele o meio ambiente
exerce um efeito limitado sobre a cultura humana e não encontra fatos que sustentem que o
meio seja o modelador primário da cultura. Argumenta que muitos dos povos mais diversos
em termos de cultura e linguagem vivem sob as mesmas condições geográficas. Para o autor a
comparação histórica de desenvolvimento é muito mais segura do que o método comparativo
que estava sendo utilizado, pois esse último baseava-se em deduções primícias.

O autor finaliza enfatizando que o método comparativo somente atingirá seus objetivos
quando basear suas investigações nos resultados históricos de pesquisas dedicadas a
esclarecer as complexas relações de cada cultura individual. Boas afirma que o método de
pesquisa não terá resultados significativos enquanto não renunciar ao propósito de construir
uma história sistemática uniforme da evolução da cultura e enquanto não começar a fazer as
comparações sobre bases mais amplas e sólidas, que ele se aventurou a esboçar.

Você também pode gostar