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FACULDADE CNEC SANTO ÂNGELO

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I


CURSO: CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – DIREITO – 2º PERÍODO
PROFESSOR: ADRIANO NEDEL DOS SANTOS.

PONTO 4 – EFEITOS DA CONSTITUIÇÃO

Com a entrada em vigor de uma nova constituição, ou de uma emenda, ocorrem efeitos em relação às
normas infraconstitucionais existentes. A Constituição, por ficção jurídica, é um diploma anterior e a base de
validade de todos os atos normativos existentes. No entanto, não se pode olvidar que antes da promulgação da
constituição de 1988 já existiam leis anteriores em pleno vigor. Para superar este obstáculo jurídico, devemos
examinar teorias a respeito:

1) TEORIA DA REVOGAÇÃO: Ocorre este fenômeno quando o dispositivo infraconstitucional contraria a


norma constitucional. Isto é, quando o dispositivo preexistente entra em conflito com a norma prevista na
constituição. Fala-se que esse dispositivo infraconstitucional fora revogado e não se fala em
inconstitucionalidade. O STF não adota o fenômeno da inconstitucionalidade superveniente.

2) TEORIA DA RECEPÇÃO: Consiste em fazer integrar (continuar integrando) o novo ordenamento jurídico
às leis e aos atos normativos produzidos sob a égide da constituição revogada. As leis anteriores à C.F. que
estiverem de acordo com a Carta se integram a essa. O mesmo vale para Emendas à Constituição. Leis
anteriores que estiverem de acordo com a EC se integram a essa. Contudo, para ocorrer tal fenômeno, o STF
exige alguns requisitos:

- compatibilidade material perante a nova constituição (ou EC)


- compatibilidade formal e material perante a Constituição sub cuja regência foi editada.

3) TEORIA DA REPRISTINAÇÃO: Esse fenômeno é previsto no artigo 2º, §3º da Lei de Introdução ao
Código Civil, que consiste em revigorar uma lei revogada, revogando a lei revogadora.

ART. 2º, §3º LINDB: “SALVO DISPOSIÇÃO EM CONTRÁRIO, A LEI REVOGADA NÃO SE RESTAURA
POR TER A LEI REVOGADORA PERDIDO A VIGÊNCIA.”

“No prisma constitucional, ela significa a revalidação de norma revogada pela Constituição anterior, mas que
viesse a apresentar compatibilidade com a atual. Figure-se a hipótese de uma norma editada sob a égide da
Constituição de 1946, que tenha sido revogada, por incompatibilidade, pela Constituição de 1967. Admitir a
repristinação significaria que, caso essa norma fosse compatível com a atual Constituição, ela estaria
automaticamente revalidada, o que, como se disse, não é possível, pois essa norma já desapareceu, não
podendo, assim, ser ressuscitada sem previsão expressa”. (DAVID ARAÚJO, Luiz Alberto; NUNES JÚNIOR,
Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. São Paulo : Saraiva, 2005, p. 17 e 18)

4) TEORIA DA DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO: “É a recepção pelo novo texto constitucional, como leis


ordinárias, dos antigos preceitos constitucionais, que não são objeto da nova Carta”. (DINIZ, Maria Helena.
Norma Constitucional e seus Efeitos. São Paulo : Saraiva, 1989, p. 46)

“Tal afirmativa não é correta, diante do nosso sistema constitucional, pois o primeiro e mais forte efeito de uma
nova Constituição é revogar a anterior, revogação que ocorre de forma integral. Assim, todas as normas
constitucionais anteriores seriam revogadas pela nova Constituição”. (DAVID ARAÚJO, Luiz Alberto;
NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. São Paulo : Saraiva, 2005, p. 18)

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