Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
ABSTRACT
Anhanguera Educacional S.A. Keywords: new constitution advetion; repeal; reception; unconstitutionality
Correspondência/Contato
surviving; direct action of constitutionality.
Alameda Maria Tereza, 2000
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
rc.ipade@unianhanguera.edu.br
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original
Recebido em: 17/7/2009
Avaliado em: 28/7/2009
Publicação: 31 de março de 2010 7
8 Efeitos de uma nova constituição no ordenamento infraconstitucional: revogação, inconstitucionalidade superveniente e recepção
1. INTRODUÇÃO
E o problema é ainda maior, pois, verifica-se que, mesmo após ter passado mais
de 20 (vinte) anos da edição da Constituição de 19887, a doutrina e a jurisprudência
controvertem-se a respeito da recepção ou revogação de alguns dispositivos ordinários.
Delimitado a proposta deste artigo, cabe assentar que, por se tratar de um texto
de teoria jurídica, no âmbito do Direito Constitucional; sob a perspectiva metodológica, a
pesquisa realizada foi apenas teórica, com finalidade exploratória, e catalogação
bibliográfica.
1
No conflito entre interpretações possíveis, prefere-se a que seja compatível com a Constituição. Expresso na
frase de Cooley “The Court, if possible, must give the statute such a construction as will enable it to have
effect” (apud MENDES, 1998, p. 268).
2
Bem por isso, “os tribunais só declaram a inconstitucionalidade de leis quando esta é evidente, não deixa
margem a séria objeção em contrário” (MAXIMILIANO, 1997, p.308).
3. O PRINCÍPIO DA RECEPÇÃO
Com efeito, a norma anterior recebida pelo ordenamento, passa a ter novo
fundamento de validade e, conseqüentemente, leituras e interpretações diversas, visto
5
Princípio Lógico de compatibilidade: duas normas contraditórias não podem ser ambas válidas.
pelas regras de direito intertemporal – lex posterior derrogat priori – desta forma, a
legislação preexistente e incompatível seria revogada pelo advento da Carta
Constitucional.
José Afonso da Silva e J.J. Gomes Canotilho adotam uma posição intermediária, a
revogação é conseqüência da inconstitucionalidade, cabendo ao Poder Judiciário declarar
a inconstitucionalidade da norma anterior que atrite com a nova ordem constitucional, a
fim de reconhecer sua revogação.
6
A eficácia é aptidão para incidir sobre a situação de fato, que fora descrita abstratamente na correspondente
hipótese de incidência, eficácia, pois, é incidibilidade (DUARTE, 1998, p. 10).
Com efeito, embora o conflito analisado neste artigo diga respeito à norma
posterior e superior –Constituição – e norma inferior e anterior – ordenamento
infraconstitucional preexistente - é cabível o ensinamento delineado por Bobbio: qualquer
que seja o caso “o critério hierárquico prevalece sobre o cronológico, o que tem por efeito
eliminar tanto a norma inferior como a posterior” (traduzi livremente) (1992 : 203).
Em outras palavras, pode-se dizer que o princípio lex posterior derogat priori não é
aplicável quando a lex posterior é hierarquicamente inferior a lex priori.
Note-se, porém, que no controle concentrado, a decisão que exclui a norma tem
eficácia “erga omnes”, universal – é afastada a incidência da norma para qualquer caso –
enquanto que, a decisão proferida incidentalmente, no controle difuso, tem eficácia “inter
partes” – somente é afastada a incidência da norma para aquele caso concreto.
É certo que deve haver conexão íntima entre a Constituição Material e o Direito
Constitucional Processual, a fim de se garantir que seus comandos sejam concretizados,
através de instrumentos constitucionalmente previstos, in casu, este juízo de
compatibilidade entre norma anterior e Constituição superveniente deve ser apreciado
através da Ação Direta de Inconstitucionalidade, sob pena de descompasso entre a
garantia constitucional – segurança jurídica de suas decisões, acesso ao Judiciário – e o
próprio instrumento processual.
6. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. 1. ed. São Paulo, Editora
Saraiva, 1996.
______. O Direito Constitucional e a efetividade de suas normas. 4. ed., ampliada e atualizada.
Rio de Janeiro: Editora Renovar, 2000.
BOBBIO, Noberto. Teoría General del Derecho (traduzido por Jorge Guerrero R.). 2. ed. Santa Fé
de Bogotá: Editorial Temis, 1992.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 7. ed., revista, atualizada e ampliada. São
Paulo: Editora Malheiros, 1997.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 1. ed.
Coimbra: Editora Almedina, 1998.
CONSTITUIÇÃO da República Portuguesa e Legislação Complementar (introdução por Marcelo
Rebelo de Sousa). Lisboa: Editorial Notícias, 1992.
DINIZ, Márcio Augusto de Vasconcelos. Controle de Constitucionalidade e Teoria da Recepção.
1. ed. São Paulo: Editora Malheiros, 1995.
DINIZ, Maria Helena. Norma Constitucional e seus efeitos. 4. ed., atualizada. São Paulo: Editora
Saraiva, 1998.
DUARTE, Paulo de Tarso Barbosa. Apostilas curso de Direito Civil – parte geral. Campinas,
publicação interna PUCCAMP, 1998.
HÄBERLE, Peter. Hermenêutica Constitucional – A sociedade aberta dos intérpretes da
Constituição: contribuição para interpretação pluralista e “procedimental” da Constituição
(traduzido por Gilmar Ferreira Mendes). 1. ed. Porto Alegre: Sergio Fabris, 1997.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito (traduzido por João Batista Machado). 3. ed. São Paulo:
Editora Martim Fontes, 1991.
RAÓ, Vicente. O Direito e a vida dos direitos. 3. ed., anotada e atualizada por Ovídio R. Barros
Sandoval, v. I. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1991.
SILVA, José Afonso. Aplicabilidade das normas constitucionais. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 1968.
______. Aplicabilidade das normas constitucionais. 3. ed. 3. tiragem, revista, ampliada e
atualizada. São Paulo: Editora Malheiros, 1999.
______. Normas Constitucionais. In: FERRAZ, Sérgio (Coord.). A norma jurídica. Rio de Janeiro:
Biblioteca Freitas Bastos, 1980.