Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LIMA, Venício À. de. Mídia: teoria e política. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo,
2001.
LOZANO, José Carlos. Hacia la reconsideración del análisis de contenido enla investigacion
de los mensajes comunicacionales. In: RUIZ, Enrique Sanchez; BARBA, Cecilia Cervantes
(Org.). Investigar la comunicación: propuestas iberoamericanas. Guadalajara: Universidad
de Guadalajara/Alaic, 1994. p. 135-157. Análise do discurso
MARQUES DE MELO, José. Estudos de jornalismo comparado. São Paulo: Pioneira, 1972. Eduardo Manhães
MEDITSCH, Eduardo. Ciespal trouxe progresso... e o problema insolúvel do comunicólogo.
In: MARQUES DE MELO, José; GOBBI, Maria Cristina (Org.). Gênese do pensamento
comunicacional latinoamericano: o protagonismo das instituições pioneiras Ciespal, Icinform,
Ininco. Anais da Escola Latino-americana de Comunicação, 3. São Bernardo do Campo,
Universidade Metodista de São Paulo, Cáredra Unesco de Comunicação para o Desenvolvi-
mento Regional, 1999.
MORIN, Violette. Aplicação de um método de análise da imprensa. São Paulo: ECA/USP 1970.
(Mimeo.) 1 Discurso = linguagem em curso
PENN, Gemma. Análise semiótica de imagens paradas. In: BAUER, Martin W.; GASKELL,
George (Org.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 319- Discurso significa “em curso”, em movimento. Assim, a discursividade Hu
342. plica a compreensão de que a mensagem é construída no interior de uma con
versa é é a concretização de um ato. A linguagem é um instrumento de comuni
ROHMANN, Chris. O livro das idéias: pensadores, teorias e conceitos que formam nossa cação que está sempre em atividade, seja nas relações cotidianas, coloquiais, seja
visão de mundo. Rio de Janeiro: Campus, 2000. nas interações institucionais, formais.
A noção de discurso é uma consegiência da premissa hermenêutica de que
a interpretação do sentido deve levar em conta que à significação é construida
no interior da fala de um determinado sujeito; quando um emissor tenta mos
trar o mundo para um interlocutor, numa determinada situação, a partir de seu
ponto de vista, movido por uma intenção.
Discurso, enfim, é a apropriação da linguagem (código, formal, abstrato é
impessoal) por um emissor, o que confere a este um papel ativo, que O constittl
em sujeito da ação social. Aquele que:
* classifica, ordena e organiza, enfim, significa o mundo mostrado;
bigodes a utiliza e respeitar as regras e os mecanismos linguísticos e a se Portanto, a análise de discurso inglesa, como dissemos, é a identificação
pebaetomatoni cui codigos e falas já instituídas. São sujeitos assujeitados.
da pessoa que conduz a narrativa dos acontecimentos ou que constrói pro-
posições para os interlocutores, mediante a compreensão das regras e dos
mecanismos lingiísticos que utiliza para alcançar seus objetivos.
1 A análise de discurso As regras e mecanismos que o emissor necessita dominar para expressar
sua voz e construir seu discurso podem ser classificadas em três instâncias: a
Voliimada análise de discurso francesa caracteriza-se pela ênfase no conversacional, a indexical e a acional.
peujoitamento do emissor, que se expressaria mediante a incorporação de dis-
boo sociais já instituídos: O religioso, o científico, o filosófico, o mitológico, o
poetico
otro jornalístico, o publicitário, o corporativo etc. 4 A conversação
Veliimada análise de discurso inglesa caracteriza-se pela ênfase no pa-
polativo do sujeito, daquele que utiliza pragmaticamente as palavras para fa-
A instância conversacional determina que a mensagem seja inteligível pe-
picas, cimbora cla não descarte o fato de o sujeito estar obrigado a obedecer los interlocutores, pelo emissor e também pelo receptor, para que haja informa-
dlmporativos lingiiísticos, O que implica um relativo assujeitamento. Entretan- ção ou persuasão.
to e sujeito e movido por uma razão que visa a fins específicos em situações
peethicas, datadas e determinadas. Para a consecução desses fins, apropria-se - Por isso, embora o discurso indique a presença de um sujeito que fala, de
pedtentemento da linguagem, de suas regras e procedimentos, e emite atos uma subjetividade, a significação construída deve ser intersubjetiva, deve fazer
OR sentido na situação e no contexto social, por isso obedece a regras e procedi-
mentos linguísticos e toma como referência proposições e significados que fa-
Gemma cmalisar significa dividir, a análise de discurso é, na verdade, a zem sentido para a consciência coletiva, os implícitos e os pressupostos.
construção do texto em discursos, ou seja, em vozes. À técnica consiste em
desinontar para perceber como foi montado.
lo», 111 análise de discurso francesa, resulta na identificação dos discur- 4.1 Os pressupostos
Wi tistitiidos — como o da publicidade ou o da medicina -, que foram incor- Os pressupostos são relações de sentido consagradas por determinados gru-
pocos pelo sujeito. E, na análise de discurso inglesa, resulta na identificação pos sociais que se incorporam em sua linguagem e se tornam elementos
Be pesso que conduz a narrativa dos acontecimentos e das proposições constitutivos da significação. Eles estão presentes nas falas do grupo, seja como
que
fomato pura os interlocutores: pedidos ou ordens, por exemplo. parte do conteúdo semântico, seja como premissa ou condição necessária
para seu emprego. As gírias e os neologismos costumam ser bons exemplos de
pressupostos.
1 A analise de discurso inglesa Vejamos a conversa entre dois surfistas, ao se encontrarem na praia.
- Beleza? ...
Hque cliumamos de análise de discurso inglesa é um campo dos estudos de
— Irado.
onto tdo aque confere primazia ao domínio da pragmática (daquilo que se
dbjetiva aloançar na vida cotidiana quando se conversa com alguém) sobre a Inicialmente, está pressuposto que a memória coletiva do grupo significa a
Pati Ca sintaxe, expressão interrogativa “Beleza?...” como cumprimento e a palavra “irado” como
Hhietimo pragmática está historicamente relacionado às condições de fabri- a qualificação positiva de um objeto, de uma situação ou de um estado de espírito.
DM in quitação de objetos ou assuntos com o intuito de obter uma determi-
Hada tetiibuição, Assim, é a eficácia na obtenção da finalidade que constitui a 4.2 Os implícitos
içdo praginática, o que implica, em comunicação, a subordinação da semântica e
HM abntaMo gos efeitos do sentido: à interação, à ação, à persuasão e ao convenci- Os implícitos são processos interlocutivos, instrumentos que viabi-
teia lizam a interação, consagrados por determinados grupos sociais que se in-
"
BIA Alim] toseno es do peesquisa em comunicação
Análise do discurso 307
ÃÉMEEÃdEEMEEMTEÃãÃãE|]ã]ÃrPFPYÃÃÇÃÇFFTFFrrrx
belgas a utilizar e respeitar as regras e os mecanismos linguísticos e a se Portanto, a análise de discurso inglesa, como dissemos, é a identificação
pebictomanona com codigos e falas já instituídas. São sujeitos assujeitados. da pessoa que conduz a narrativa dos acontecimentos ou que constrói pro-
posições para os interlocutores, mediante a compreensão das regras e dos
mecanismos lingiiísticos que utiliza para alcançar seus objetivos.
Yamnálisoe de discurso As regras e mecanismos que o emissor necessita dominar para expressar
sua voz e construir seu discurso podem ser classificadas em três instâncias: a
Voliimada análise de discurso francesa caracteriza-se pela ênfase no conversacional, a indexical e a acional.
pejoltamento do emissor, que se expressaria mediante a incorporação de dis-
Hpsos socio já instituídos: o religioso, o científico, o filosófico, o mitológico, o
poetico, Oto jornalístico, o publicitário, o corporativo etc. 4 A conversação
Voliintada análise de discurso inglesa caracteriza-se pela ênfase no pa-
pelitivo do sujeito, daquele que utiliza pragmaticamente as palavras para fa-
A instância conversacional determina que a mensagem seja inteligível pe-
Pi obuis, cimbora ela não descarte o fato de o sujeito estar obrigado a obedecer
los interlocutores, pelo emissor e também pelo receptor, para que haja informa-
pmpenativos lingitísticos, o que implica um relativo assujeitamento. Entretan- ção ou persuasão.
to trsujetto é movido por uma razão que visa a fins específicos em situações
protlicas, datadas e determinadas. Para a consecução desses fins, apropria-se Por isso, embora o discurso indique a presença de um sujeito que fala, de
cobetentemento da linguagem, de suas regras e procedimentos, e emite atos uma subjetividade, a significação construída deve ser intersubjetiva, deve fazer
do tala sentido na situação e no contexto social, por isso obedece a regras e procedi-
mentos lingúísticos e toma como referência proposições e significados que fa-
Cienno analisar significa dividir, a análise de discurso é, na verdade,
a zem sentido para a consciência coletiva, os implícitos e os pressupostos.
lesconmsttução do texto em discursos, ou seja, em vozes. A técnica consiste em
testontar pura perceber como foi montado.
tono, ta análise de discurso francesa, resulta na identificação dos discur- 4.1 Os pressupostos
va pá institundos — como o da publicidade ou o da medicina —, que foram incor- Os pressupostos são relações de sentido consagradas por determinados gru-
potados pelo sujeito. E, na análise de discurso inglesa, resulta na identificação pos sociais que se incorporam em sua linguagem e se tornam elementos
bi pesso aque conduz a narrativa dos acontecimentos e das proposições que constitutivos da significação. Eles estão presentes nas falas do grupo, seja como
ftmula pari os interlocutores: pedidos ou ordens, por exemplo. parte do conteúdo semântico, seja como premissa ou condição necessária
para seu emprego. As gírias e os neologismos costumam ser bons exemplos de
pressupostos.
1 A analise de discurso inglesa Vejamos a conversa entre dois surfistas, ao se encontrarem na praia.
- Beleza? ...
Oque clutinamos de análise de discurso inglesa é um campo dos estudos de
- Irado.
utio ação que confere primazia ao domínio da pragmática (daquilo que se
bjettoa aloançar na vida cotidiana quando se conversa com alguém) sobre a Inicialmente, está pressuposto q que a memória coletiva do 8grupo significa a
Eitedtildon e a sintaxe, expressão interrogativa “Beleza?...” como cumprimento c a palavra “irado” como
a qualificação positiva de um objeto, de uma situação ou de um estado de espírito.
Ehtunimo pragmática está historicamente relacionado às condições de fabri-
em dim quinação de objetos ou assuntos com o intuito de obter uma determi-
Hunta toteibinção, Assim, é a eficácia na obtenção da finalidade que constitui a 4.2 Os implícitos
lodo pragiática, O que implica, em comunicação, a subordinação da semântica e
da abuse aos eleitos do sentido: à interação, à ação, à persuasão e ao convenci- Os implícitos são processos interlocutivos, instrumentos que viabi-
PM
teto lizam a interação, consagrados por determinados grupos sociais que se in-
'08 Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação
Análise do diseuiso HO '
corporam em sua linguagem e se tornam elementos constitutivos da signifi-
é
5.1 Indicadores de pessoa
cação em determinadas situações sem que sejam explicitamente colocados. '
Eles fazem parte do cenário conversacional composto pelo grupo para O pronome pessoal “eu” indica a pessoa que se apropriou da linguagem é
uma determinada situação. Sua presença pode ser percebida implicitamen- para construir um discurso, assumindo a posição de locutor. Ele se coloca na
te em alguns gestos, silêncios, reticências ou ênfases, por exemplo. posição de dono da voz que conta as ocorrências e mostra o mundo para um 6
Ou na
troca de perguntas e respostas supostamente sem sentido, se interpretadas determinado interlocutor, para o “tu”, aquele a quem a mensagem está sendo '
literalmente. As gírias e os neologismos costumam ser bons exemplos de explicitamente dirigida.
€
implícitos. “Eu” e “tu” são funções ou posições decorrentes do ato de apropriação da
Retomemos a conversa entre dois surfistas, ao se encontrarem na praia. linguagem. O “eu” não é necessariamente nem o indivíduo físico, biológico, 0 ç
— Beleza? ... autor do texto, nem o sujeito do ponto de vista gramatical. E a pessoa que 6
assume a posição de sujeito do discurso no texto. ç
— Irado.
Analisemos a letra de “A Subida do Morro”, de Moreira da Silva e Ribeiro
A situação do encontro “na praia” é determinante. Por isso, quando o pri- Cunha.
6
meiro surfista usa a expressão “Beleza”, em que se pressupõe perguntar como
“Na subida do morro, me contaram que você bateu na minha nega.
ç
vai a pessoa e qual seu estado de espírito, o segundo surfista responde dizendo
que o mar está “irado”. É o contexto que nos permite perceber que a resposta Isto não é direito,
'
remete a qualificação para o mar e não para a pessoa. bater numa mulher que não é sua... ç
A importância das circunstâncias para a interpretação dos sentidos nos re- deixou a nega quase crua, no meio da rua. '
mete para a segunda instância da análise de discursos, a indexical. 6
A nega quase que virou presunto, eu não gostei daquele assunto,
Hoje, venho resolvido, vou lhe mandar para a cidade de pé junto... '
5 As marcas do discurso: os indicadores
vou lhe tornar em um defunto.” ç
A estrofe reproduz a fala de um personagem, “o eu”, que diz para o outro, "
“o tu”, que o contaram que este bateu em sua nega. Ele é o dono da voz, o
A crença positivista numa percepção neutra e objetiva do real fez com que
locutor. Aquele que se apropriou da linguagem e ocupou a posição de sujeito no
6
os estudos de comunicação e também o senso comum privilegiassem a relação
do signo ou dos enunciados com o mundo representado. discurso. '
Essa crença reduzia a linguagem à função de designar objetos e situações Entretanto, do ponto de vista gramatical, o sujeito da primeira frase, qui 6
está na terceira pessoa do plural, é um “eles”, oculto, e não o pronome “ct
existentes no mundo material, que deveria passar pelo crivo dos critérios de '
verificação de verdade. Assim como o dono da fala é o personagem locutor e não os autores da letra
Aliás, o pronome “eu” somente aparece também como sujeito do ponto de
'
Entretanto, a presença de um sujeito que se apropria da linguagem para
mostrar o mundo a partir de seu ponto de vista e em situações específicas vista gramatical no sétimo verso: “eu não gostei daquele assunto”. À passagem '
demonstra que sujeitos sociais diferentes designam os objetos de modos distin- da terceira pessoa do plural para a primeira do singular não implica mudança do '
locutor, do “eu” e tampouco do “tu”, do interlocutor, do ponto de vista do dis
tos. E que, muitas vezes, um mesmo sujeito social o faz de modo diverso, tendo
curso. 6
em vista a situação em que se encontra.
A pessoa que diz que o contaram que o interlocutor bateu em sua nega (1! '
A instância indexical determina que para designar o mundo o sujeito deixa
marcas. Ou seja, ao se apropriar da linguagem e construir um discurso, o sujei-
frase), que não acha direito alguém bater na mulher que não é sua (2º frase) é '
que assegura que vai mandar o interlocutor para a cidade de pé junto (3º frase),
to deixa pegadas que nos permitem identificar sua presença e o modo como
é a mesma. É essa pessoa que se apropria da linguagem para mostrar, explicar,
'
foi construindo o enunciado: os indicadores de pessoa, de lugar e de tempo,
Ota voz ativa e passiva, por exemplo. ordenar e persuadir que o mundo é da seguinte forma: toma-se satisfação diante '
da grave ofensa que é alguém bater na mulher que não é sua 6
'
RE ! | tecno posdo presas em comunicação Análise do discurso 311
propondo pool “ele” é indicativo da utilização pelo “eu” da voz de O tempo passado é aquele em que contaram que seu interlocutor bateu
Eeeedido pesmoas para construir a sua locução (aquilo que diz). Ou seja, o “ele” em sua nega.
perca ques do ponto de vista gramatical, chamamos de discurso indireto — b) No meio da letra:
poudeco doc utors como uso de aspas ou de travessão, recorta e reproduz a fala
le tonidtoi fuma
O tempo presente é o da descrição da tomada de satisfação.
“Aí, meti-lhe o aço, hum! Quando ele ia caindo disse: Morenguera, você me
Bless mentais letra, adiante, quando o locutor está descrevendo a tomada de
feriu. Eu então disse-lhe: É claro, você me desrespeitou, mexeu com a minha
ittotação, bi une “ole”. Diz a letra:
nega. Você sabe que em casa de vagabundo malandro não pede emprego. Como
Motmetta mato lá na duana, na peixeira, é porque eu sou de Pernambuco, é que você vem com xavecada? Está armado? Eu quero é ver gordura que a
budo poquena, porém decente. Peguei o Vargolino pelo abdome, desci pelo banha está cara... Aí, meti a mão lá na duana, na peixeira, é porque eu sou de
tocudeno, vestenda biliar e fiz-lhe uma tubagem. Ele caiu, bum, todo ensangiien- Pernambuco, cidade pequena, porém decente. Peguei o Vargolino pelo abdome,
ÃMoãÃÕÃÕÃÕÇÇÃãÃÃM
pato Doe senhoras. como sempre nervosas: - Meu Deus, esse homem morre, desci pelo duodeno, vesícula biliar e fiz-lhe uma tubagem. Ele caiu, bum, todo
toco! Coltado, olha aí, está se esvaindo em sangue.” ensangiientado. E as senhoras... como sempre nervosas: - Meu Deus, esse ho-
venho são o “ele”. À voz de terceiras pessoas utilizadas pelo “eu” para mem morre, moço! Coitado, olha aí, está se esvaindo em sangue. Ora, minha
atente vororeinilhança, sensação e elogiiência ao discurso. senhora, dê-lhe óleo canforado, penicilina, estreptomicina crebiosa, engrazida e
até vacina Salk.”
, lidicadores de tempo e de espaço O tempo passado é o da tomada de satisfação, que culmina com o assassi-
NET
nato do interlocutor.
Babe os inelicadores de tempo e espaço não têm necessariamente apenas o
eetido quamatical dos advérbios. As noções discursivas de tempo podem não
5.2.2 Quanto ao Espaço
EEE
Pd Quito do tempo supor que “a subida do morro” não é um “acidente geográfico”. É o espaço
A
O Ma primeira estrofe:
Ou seja, se contaram é porque sabem, se contaram na subida do morro é
=
Ei tempo presente é o da tomada de satisfação. “Agora” é o momento em porque todo mundo sabe. Daí a necessidade e a urgência da tomada de satisfa-
a
ape doctor dis para o interlocutor que vai mandá-lo para a “cidade de pés ção e do resgate da honra imediatos e públicos. E, por fim, de que também
jttit ponei contaram que este batera em sua “nega”. seja contado com requintes de crueldade e em detalhes, na subida do morro, que
a
Baal do morro, me contaram que você bateu na minha nega. houve a forra.
a
e...
de seu ponto de vista para interlocutores em conversas que acontecem em deter- sos e de narrativas datadas, emitidas por um determinado sujeito, que vivencha
minadas situações, que, por sua vez, possuem indicações de tempo e espaço. uma situação específica. Consegientemente, ao expressar o ato locutório, à
enunciador agrega à estrutura lógica expressões que dão a dimensão de temp
A desconstrução leva-nos, assim, a identificar a pessoa que ocupa a posição
ou-de espaço, ênfase, emoção e pessoalidade à interlocução, como aclvii blus
de sujeito da ação. Quem fala? Que posição ocupa diante do interlocutor?
pronomes, vocativos. Esses elementos transcendem a articulação da locução
Pragmaticamente, o que objetiva? Está pedindo ou está ordenando? O que ele
são ilocutórios. Enfim, no mundo empírico, o ato de fala é também um nu
está fazendo com as palavras?
ilocutório:
Vejamos:
* ordens;
* pedidos;
Atos de Fala
e etc.
Para expressar sua voz, O sujeito interage com o locutor por meio de propo-
sições lingiiísticas e sociais, de frases com as quais realiza suas intenções
Atos Perlocutórios
imediatas. ;
* ordens; Ato perlocutório é o domínio do ato de fala articulado à performance, ou suja
* pedidos; a atuação ou representação de um papel social.
* etc... Se os atos locutórios acontecem sempre em situações sociais concrets dd
Mas, como já sabemos, essas proposições associam o domínio lingúístico a interação do locutor/receptor é uma ação simbólica e social, a emissão de uma
uma outra dimensão, social e política.
proposição lingiiística tem o sentido semântico interfaciado por intenções polft
cas, ideológicas, religiosas e pessoais. Porque se comunica, o sujeito
concomitantemente, realiza uma performance, representa papéis sociais, renliza
Atos Locutórios atos perlocutórios.
Essas frases, a princípio, são apenas estruturas lógicas universais. São pro- Vamos analisar a primeira estrofe da letra de “Conversa de Botequim”, di
posições que obedecem a regras lógicas que permitem a conversação por faze- Noel Rosa:
rem sentido em qualquer situação. São os atos locutórios, aquilo que viabiliza às
“Seu garçom, faça o favor
pessoas articularem locuções. Estruturas lógicas em curso, no interior de ações,
constituindo intenções: de me trazer depressa uma boa média
* afirmativas; que não seja requentada,
—
tuindo intenções. Em curso. Isso nos leva ao passo seguinte. que eu não estou disposto a ficar exposto do sol,"
BLA Mrinil t vo elo puemegualsa ema ccamunicação
Análise do discurso 375
pdeteo copiadas o ato de fala de um freguês com um garçom. O evocativo guês habitual, do botequim, que apela para suas afinidades interpessoais e, sem |
HE nrço phicta que o ato se dá no bolo de uma conversação, mas, a dinheiro, mas com fineza, “dá um jeitinho” de conseguir o que precisa € aparen-
potmetpio do ponto de vista locutório, trata-se de uma afirmativa: “façao favor tar nobreza.
be mo teor depressa uma boa média que não seja requentada...”
Pdimenmão ilocutória? Afinal, que posição ocupa o sujeito diante do
entenhos tono uma ordem, na qual a expressão “faça o favor” é um eufemismo e 7. Principais contribuições
ve tende dor de distância, de solenidade? Ou é um pedido, no qual o vocativo é
vem doendo de intimidade? Como se vê, é a interpretação dos ilocutórios que
No que se refere à dimensão pragmática da comunicação, os principais au-
definia à posição do sujeito diante do interlocutor e a natureza do ato. O
tores são o pai da semiótica Carl Sanders Peirce, o interacionista simbólico George
focus cama frepuos habitual, íntimo e gozador, ou um chato? A sucessão de
Mead e o linguista Charles Morris.
fetiçoes detalhadas é uma troça ou uma exacerbação, um autoritarismo?
Quanto à análise de discurso inglesa a contribuição clássica é de John Austin,
valesconstrução permitiu a localização dos elementos ilocutórios e a per-
em seu How to do things with words. Devem ser destacados ainda os trabalhos de
pote que interpretá-los é decisivo para a compreensão da ação social e sim-
John Searle, Oswald Ducrot, Emile Benvenist e Norman Fairclough.
Banho di cris
Para iniciantes, recomenda-se a leitura de As dimensões da pragmática na co-
Mu, para isso, É imprescindível relacioná-los com o domínio perlocutório
municação, de Adriano Duarte Rodrigues (1995), que tomamos como fonte pri-
feto fala Quais Os papéis e que relações sociais foram retratadas pelo letrista?
í vilegiada para a elaboração deste capítulo.
titulo cdi música e o fato de ser um samba já contextualizam a situação. E
sima “conversa de botequim” e não um ato formal de prestação de serviço. Veja-
Hit tl ciltito estrofe:
Referências bibliográficas |
“Vá dizer ao charuteiro que me empreste umas AUSTIN, John. How to do things with words. Oxford: Clarendon Press, 1962.
revistas, RODRIGUES, Adriano Duarte. As dimensões da pragmática na comunicação. Rio de Janeiro:
mn isqueiro e um cinzeiro. Diadorim, 1995.
telefone ao menos uma vez, para 34-4333
v ordene ao seu Osório
que me mande um guarda-chuva
aqui pro nosso escritório.
Seu garçom, me empresta algum dinheiro,
que eu deixei o meu com o bicheiro.
Vá dizer ao seu gerente .
que pendure esta despesa no cabide ali em frente.”
A expressão “aqui pro nosso escritório” é um indicador de lugar conotativo.
demite nos mostrar onde o ato de fala acontece, aponta para a intimidade do
repuds como “botequim”. Ao final, o dinheiro emprestado e a determinação
pe pendure esta despesa no cabide ali em frente” nos permite interpretar os
Hentitórios da primeira estrofe e compreender que aquele ato de fala era um
podidoe não vma ordem.
A Intes protação dos ilocutórios é orientada pela compreensão de que o sujei-
fede ato de fala apropriou-se da linguagem para representar o malandro, fre-