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Tribunal de Justiça
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ESPECIAL
07/06/2020 06:55
Ele explicou que, no Brasil, o foro por prerrogativa de função está presente no
ordenamento jurídico desde a Constituição do Império, de 1824, segundo a qual
competia ao então denominado Supremo Tribunal de Justiça o julgamento dos "seus
ministros, os das relações, os empregados no corpo diplomático e os presidentes das
províncias".
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Em maio de 2018, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em questão de
ordem na Ação Penal 937, restringiu o foro por prerrogativa de função às hipóteses
de crimes praticados no exercício da função ou em razão dela.
O STF estabeleceu ainda que, após o fim da instrução processual, com a publicação
do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para
processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público
vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.
Com base nesse entendimento, em junho de 2018, a Corte Especial do STJ decidiu,
na questão de ordem na APn 857, que o foro no caso de governadores e conselheiros
de tribunais de contas ficaria restrito a fatos ocorridos durante o exercício do cargo e
em razão deste.
Para ele, a existência do foro por prerrogativa de função é uma exceção ao princípio
republicano. "Foi originalmente pensado para assegurar a independência de órgãos,
ou seja, para garantir o livre exercício de cargos constitucionalmente relevantes.
Portanto, trata-se de uma diferença que encontra suporte na função exercida no
âmbito administrativo ou político", disse.
Contemporaneidade
Resguardar a imparcialidade
No entanto, em algumas situações, ainda que o crime imputado não tenha relação
com a atividade do cargo, não se aplica a restrição ao foro. Em questão de ordem na
APn 878, a Corte Especial estabeleceu que crimes comuns e de responsabilidade
cometidos por desembargadores – mesmo que não tenham sido praticados em razão
do cargo – poderão ser julgados pelo STJ.
A Corte Especial entendeu que o precedente do STF não se aplica a todos os casos –
apenas àqueles em que o juiz (julgador) e o desembargador (julgado) não estejam
vinculados ao mesmo tribunal.
Independência na investigação
Em março de 2020, a Quinta Turma decidiu que o foro privilegiado não impõe
condições à atuação do Ministério Público ou da polícia na atividade de investigação.
O relator do recurso no STJ, ministro Ribeiro Dantas, explicou que, "nas hipóteses de
haver previsão de foro por prerrogativa de função, pretende-se apenas que a
autoridade, em razão da importância da função que exerce, seja processada e julgada
perante foro mais restrito, formado por julgadores mais experientes, evitando-se
persecuções penais infundadas".
Quando o processo penal envolve acusados com e sem foro por prerrogativa de
função, o seu desmembramento deve ser pautado por critérios de conveniência e
oportunidade, estabelecidos pelo juízo da causa – no caso, o de maior graduação –,
não se tratando de direito subjetivo do investigado.
O mesmo pedido já havia sido negado pelo tribunal estadual ao fundamento de que
um corréu ainda detinha a prerrogativa de foro, pois foi reeleito deputado estadual.
Diante da praticidade para a instrução probatória, foi mantida a competência do
Tribunal de Justiça para julgar o processo, sem desmembramento.
"Em suma, a separação dos processos constitui faculdade do juízo processante e tem
em vista a conveniência da instrução criminal", disse.
APn 857
APn 874
APn 878
RHC 104471
HC 347944
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