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O contato visual

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O Contato Visual se trata de uma habilidade social, por isso é importante lembrar que
como critério para diagnóstico, considera-se no DSM-V um prejuízo significativo em
competências sociais, sendo dividida em várias habilidades, dentre elas o contato visual,
aspecto que muitas pessoas com TEA apresentam prejuízos. Sendo assim, é comum, mas
não regra, que pessoas com autismo possuam baixo contato visual.

O exame Eye Tracking busca rastrear a direção do olhar e, consequentemente, a


atenção das pessoas com TEA, sobretudo daquelas que apresentam baixo contato para
rostos humanos, porém considerando que o contato visual se trata de uma habilidade
aprendida e, portanto, possível de ser ensinada.

É indispensável que compreendamos que não se trata de uma mera exigência advinda de
um constructo cultural. Por meio do contato visual, aprendemos a reconhecer emoções e
interpretar expressões, aumentamos a atenção ao outro e ao que está sendo apresentado
por ele, somos capazes de compreender comunicações não-verbais (palavras escritas, por
exemplo), aumentar o interesse por partes, no caso de pessoas com Autismo, diminuir a
ecolalia, imitar o comportamento do outro, dentre tantas outras habilidades necessárias
para um bom desenvolvimento.

Como todo ensino, é necessário sempre avaliar os pré-requisitos necessários para


desempenhar determinadas habilidades. O contato visual se encaixa em um conjunto que
chamamos de Habilidades Básicas, as quais envolvem a Atenção, Imitação e
Comunicação. Posteriormente, temos o conjunto de Habilidades Pré-Acadêmicas, as
quais envolvem o pareamento, o uso da tesoura e do Lápis, e por fim, o conjunto de
Habilidades Acadêmicas e Pedagógicas para cada faixa etária.

Como pré-requisitos para o contato visual, temos a habilidade de sentar, em que é


necessário que o avaliador mensure o tempo atual em que o aprendiz se mantém sentado
e aumente de maneira gradativa até que chegue no tempo esperado para cada tarefa. É
fundamental também que o aprendiz possua a habilidade de Esperar bem estabelecida,
pois olhar para o outro requer tempo, concentração e paciência para aguardar que ele
acabe de falar ou apresentar algo, além do ensino do Esperar, que ocorre da maneira
semelhante ao Sentar, avaliando o tempo atual e aumentando de maneira gradativa.
Tendo adquirido os pré-requisitos, iniciamos o ensino da habilidade de Contato Visual,
sendo subdividida em mini passos que aumentam de complexidade gradativamente:

1. Próximo bloqueando item;


2. Próximo enquanto brinca;
3. À distância;
4. À distância enquanto brinca;
5. Mais de uma pessoa.

Importante que o contato visual não ocorra apenas nos momentos em que seja necessário
que o aprendiz observe algo para desempenhar uma tarefa, mas também como forma de
ter acesso a algo de seu interesse, como olhar para receber uma cosquinha, o suco que
ele pediu, entre outros.

Tendo estabelecido todas as etapas do contato visual, iniciamos o ensino de Habilidades


de Imitação, Habilidades Receptivas e Expressivas envolvendo vocabulário de como

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identificar pessoas da família, animais, alimentos, vestimentas, cores, formas, organizar e
contar sequências lógicas, entre outras mais complexas.

Desta forma, é fundamental enfatizar que o contato visual não é uma mera construção
cultural, uma vez que por meio dele enriquecemos consideravelmente nosso repertório de
habilidades.

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Referências
DUARTE, Cíntia Perez et al. DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO PRECOCE NO
TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO: relato de um caso. In: CAMINHA, Vera
Lúcia et al. AUTISMO: vivências e caminhos. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2016. Cap.
4. p. 45-56.

MICCAS, Camila; VITAL, Andréa Aparecida Francisco; D’ANTINO, Maria Eloisa Famá.
Avaliação de funcionalidade em atividades e participação de alunos com transtornos do
espectro do autismo. Revista Psicopedagogia, [S.I], v. 94, n. 31, p. 3-10, dez. 2014.

TIUSSI, Carolina Cardoso; KUPFER, Maria Cristina Machado. No avesso do divã: do não
olhar ao olhar na clínica do autismo. Transformações em Psicologia, São Paulo, v. 1, n.
1, p. 8-24, dez. 2008.

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