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Inteligência

Competitiva
Inteligência
Competitiva

SUMÁRIO
Entendendo Inteligência ........................... 5 As Leis Inteligentes...................................53

Conceitos de Inteligência e Inteligência x Inteligência ....................... 63


Contra-Inteligência................................. 13
Produzindo Inteligência........................... 71
A Contra-Inteligência ............................. 21
Nasce a Inteligência ............................... 79
A História da Inteligência
Competitiva .......................................... 29 “Dissecando” a Inteligência .................... 87

A Ética Inteligente ................................. 37 Revisão geral ........................................ 97

Pessoas Inteligentes .............................. 45


REITORIA
Reitor
Prof. Fernando de Melo Nogueira
Vice-Reitor e Pró-Reitor de Graduação
Prof. Guilherme Guazzi Rodrigues
Pró-Reitor de Planejamento e Administração
Prof. Márcio Dario da Silva
Pró-Reitora de Pós-Graduação,
Pesquisa e Extensão
Profª. Drª. Maria Lectícia Firpe Penna

FACULDADE DE CIÊNCIAS
EMPRESARIAIS (FACE)
Diretor-Geral
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Diretora de Ensino
Profª. Renata de Sousa da Silva Tolentino

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS,


SOCIAIS E DA SAÚDE (FCH)
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Diretor de Ensino
Prof. João Batista de Mendonça Filho

FACULDADE DE ENGENHARIA
E ARQUITETURA (FEA)
Diretor-Geral
Prof. Eduardo Georges Mesquita
Diretora de Ensino
Profª. Maria Silvia Santos Fiuza

BELO HORIZONTE
2017
Inteligência
Competitiva

Entendendo
Inteligência

Os conceitos básicos que estão envolvidos


em inteligência competitiva
Noções básicas de contra-inteligência,
sabendo distingui-la da inteligência competitiva
Os diversos fatores que influenciam uma
organização, sabendo distinguir estes fatores
ENTENDENDO INTELIGÊNCIA
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a). Estamos iniciando a
disciplina Inteligência Competitiva, do Curso
Superior de Tecnologia em Gestão da
Segurança Privada. Estou à sua disposição
para solucionar qulquer dúvida que tenha.
Não hesite em questionar! Desejo que você
alcance um aprendizado satisfatorio e
significativo ao longo de nossa disciplina.
Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Neste módulo você vai ter o primeiro contato com a disciplina e aprenderá alguns concei-
tos básicos, tais como: inteligência, contra-inteligência, inteligência competitiva, ambien-
te empresarial, dentre outros.

Verá, também, que existem diversos fatores que podem influenciar uma organização,
determinando como será seu funcionamento e suas relações com o mercado.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desse módulo você deverá ser capaz de:

• Conhecer os conceitos básicos que estão envolvidos em inteligência competitiva.


• Ter noções básicas de contra-inteligência, sabendo distingui-la da inteligência
competitiva.
• Saber que existem diversos fatores que influenciam uma organização, sabendo
distinguir estes fatores.

6 Entendendo Inteligência
Introdução
Mas, afinal, o que é inteligência?

Para entendermos o conceito, faremos, antes, uma pequena introdução, para que possa-
mos entender o contexto histórico atual, a importância da inteligência nas organizações
e como podemos participar do processo de construção e manipulação da inteligência.

Ao final deste primeiro módulo espera-se que você esteja fami-


liarizado com alguns conceitos que serão tratados ao longo da
disciplina e tenha motivos para acreditar que inteligência é um
processo contínuo de construção de conhecimento.

Todos aqueles que viveram a década de 70 devem se lembrar


bem das opções de compras de veículos que tínhamos: os
populares fusca, brasília e Chevette e, para os que podiam,
o opala. Se compararmos com os anos 90 e a atual déca-
da, veremos que a abertura comercial que se iniciou no
governo Collor e a avassaladora globalização ocorrida nos
últimos anos nos trouxe tantas opções que hoje fica difícil
escolher: Peugeot? Citroen? Kia? Sem falar nos tradicionais:
Volkswagen? Chevrolet? Ford?

Hoje compramos produto da China na loja da esquina. E daí?


Em que isso me afeta?

Afeta, e muito. Façamos uma nova viagem no tempo, retor-


nando à década de 70 e vamos nos lembrar dos meios de comuni-
cação, mais especificamente, do telefone. Aquele discado.

Pois bem. Esta era a “opção” (ou falta de opção?) que tínhamos,
no início dos anos 70. Mas, o tempo passa, o mundo gira e a
tecnologia avança, surgindo a telefonia celular, com os modernís-
simos aparelhos portáteis, que foram ficando cada dia menores.

E agregando cada vez mais funções.

Entendendo Inteligência 7
Esses dois exemplos servem para ilustrar o avassalador avanço tecnológico ocorrido, prin-
cipalmente, nas últimas cinco décadas. Avanços tecnológicos são conseguidos com uso
de pesquisas científicas, ou seja, Inteligência.

REFLITA
Por outro lado, imagine se a Apple, fabricante do Iphone, não tivesse tomado os cuidados
necessários para proteger seu produto, na fase de desenvolvimento do mesmo. Imagine se
a Nokia, Samsung ou LG tivesse tido acesso aos planos do Iphone e, concomitantemente,
lançassem produtos similares. Será que o Iphone poderia, hoje, ser vendido por R$ 2.000,00?

Com a concorrência apresentando modelos similares, dificilmente.

E, porque saber de tudo isso? Isto serve para mostrar a importância de se manter um
eficaz sistema de segurança nas organizações, principalmente naquelas que trabalham
com produtos que utilizam tecnologia de ponta, como eletro-eletrônicos. E serve, prin-
cipalmente, para que possamos começar a vislumbrar os conceitos de Inteligência e de
Contra-inteligência.

Se a sua organização (ou empresa) pratica e trabalha a inteligência, será que a empresa
de seu concorrente também não pratica? E se assim for, não seria interessante que você
soubesse o que seu concorrente anda fazendo? E se você gostaria de saber o que ele
faz, será que ele não gostaria de saber o que você está fazendo? E o que você faz para
proteger as suas novas tecnologias?

O século XXI trouxe grandes transformações ao mundo, tanto na área tecnológica quanto
nas áreas política, econômica e social. A globalização deixou de ser uma tendência para
se tornar uma realidade irreversível. Não existe mais espaço para a separação do mundo
em “capitalistas” e “socialistas”, entre “desenvolvidos” e “sub-desenvolvidos”.

Se, há quarenta anos, você sabia que “quem fabrica brinquedos


é a Estrela” e “quem fabrica carros é a Volkswagen”, hoje, com
uma visita às “feiras de importados” existentes em toda grande
cidade, pode-se adquirir brinquedos de qualquer parte do mundo
(principalmente da China). Qualquer cidade, mesmo de tamanho
médio, oferece veículos dos mais variados fabricantes.

A consequência disto é que, mesmo a “lojinha” da esquina, que


antes não se preocupava com seus concorrentes, hoje precisa prestar bastante atenção,
não só aos seus clientes, mas também a seus concorrentes, pois, se a globalização trou-
xe ao consumidor uma maior oferta de produtos, trouxe, também, às organizações uma
grande preocupação com a competitividade.

Hoje há a necessidade de se produzir com maior qualidade e com um custo reduzido.


Kotler1, citado por Elisabeth Gomes, já dizia que

“Devido à competitividade dos mercados, já não basta compreender os clientes.


As empresas precisam começar a prestar muita atenção a seus concorrentes.
Empresas bem-sucedidas projetam e operam sistemas para obter informações
contínuas sobre seus concorrentes.”
(GOMES, 2004, P. 17).

Por isto a necessidade de se ter um bom sistema de contra-inteligência, ou seja, um siste-


ma de proteção e segurança dos novos projetos de sua organização, contra as investidas
de seus concorrentes.

1 Phillip Kotler

8 Entendendo Inteligência
Por tudo o que vimos até o momento, percebe-se que, nos dias atuais, as
organizações têm preocupações que vão além de se faturar mais do que
se gasta. Hoje, para que as organizações se mantenham competitivas, há
a necessidade de se preocuparem com seus bens de produção (matérias
primas, empregados, capital intelectual, etc.), mas, também, precisam
preocupar com o ocorre em sua volta.

Os fatores de influência em uma organização


O que meu concorrente anda fazendo? Meu produto é melhor ou pior? Eu tenho condi-
ções de melhorar? Meu parque industrial é suficiente para produzir melhor? Existe
margem para que eu possa baixar os meus custos, e assim fazer um preço mais compe-
titivo? Todas estas questões mostram que as organizações, face a irreversível tendência
de globalização, hoje precisam se preocupar não apenas “com seu próprio quintal”, mas
com todo um ambiente, interno e externo, que pode influenciar em sua competitividade,
conforme se pode observar pela figura a seguir.

FATORES DE INFLUÊNCIA EM UMA ORGANIZAÇÃO

Observe que na figura anterior o “Ambiente Externo” foi, propositadamente, deixado sem
linhas limítrofes, para mostrar que, atualmente, dada a facilidade de se adquirir produtos
de outros países, mediante a utilização da rede mundial de computadores e, também,
a facilidade de se vender para outros países, utilizando-se de métodos simplificados de
exportação, até via correios, a preocupação dos gestores com os concorrentes não pode
se limitar às empresas do bairro, do estado ou apenas às empresas brasileiras.

Como se pode deduzir, os fatores internos à organização são mais facilmente controláveis
pelos gestores, ao passo que os fatores que se localizam no ambiente externo à organi-
zação, em sua maioria, dependerão de negociação dos gestores (fornecedores, clientes,
etc.), ou estão fora de seu controle direto, como o Governo, a concorrência, etc.

ATENÇÃO
É importante salientar, no entanto, que todos os fatores que influenciam o funcionamento de
uma determinada organização, sejam eles internos ou externos, estarão, sempre, represen-
tando, algumas vezes uma ameaça à organização, outras vezes uma oportunidade.

Entendendo Inteligência 9
Conceitos
De acordo com Aurélio, inteligência é “Faculdade ou capacidade de aprender, Aurélio
compreender ou adaptar-se facilmente; intelecto, intelectualidade. Destreza Aurélio Buarque de Holanda
Ferreira - Miniaurélio Eletrônico
mental; agudeza, perspicácia. Pessoa inteligente.” E “competitiva” é definida
versão 5.12, 2004, Positivo.
como “Relativo a competição. Competidora”.

Portanto, se fossemos considerar a definição literal, “inteligência competitiva” seria consi-


derado como uma espécie de torneio para se saber quem é mais inteligente. Mas, sabe-
mos que, no contexto que nos interessa, não é esta a definição.

Em um bem humorado artigo publicado na rede mundial de computadores, Proença assim


se manifesta sobre o conceito de inteligência competitiva:

“Se eu fosse definir em duas palavras, seriam: saber antes.Essa história começou
em 1979 com Michael Porter, um teórico da administração, que apontou cinco
forças como sendo as responsáveis pela maior ou menor competitividade em uma
indústria. São elas: a concorrência, a capacidade de negociação dos fornece-
dores, o poder de barganha dos clientes, a ameaça de novos concorrentes e a
entrada de produtos substitutos. O grande lance da inteligência competitiva é
apresentar as tendências e apontar caminhos para que empresas e instituições
possam se adiantar à concorrência e demais forças presentes no ambiente.”
(PROENÇA, 2009)

Analisando cada uma das partes da definição de Proença, poderíamos, ainda, concluir
por um “torneio de inteligências”, pois “saber antes” poderia ser entendido como “saber
primeiro”. Porém, ao continuarmos a leitura nos deparamos com “cinco forças como sendo
as responsáveis pela maior ou menor competitividade em uma indústria” e, continuando,
o autor aponta: a concorrência, a capacidade de negociação dos fornecedores, o poder de
barganha dos clientes, a ameaça de novos concorrentes e a entrada de produtos substitutos.

Como se observa, as cinco forças mencionadas se situam no ambiente externo à empresa,


portanto, sujeitas a um menor grau de influência dos gestores. Cabe a estes (os tomadores
de decisão da empresa) enxergarem as oportunidades existentes, não apenas as ameaças.

Continuando, o autor afirma que inteligência competitiva é “apresentar as tendências e


apontar caminhos para que empresas e instituições possam se adiantar à concorrência”.
Mas, como apresentar tendências? Como apontar caminhos e se adiantar à concorrência,
sem parecer que se está tentando “adivinhar” o futuro?

10 Entendendo Inteligência
Se ainda não foi possível perceber, vamos ao conceito: Inteligência Competitiva é a capa-
cidade da organização de coletar dados e, a partir deles, produzir informações que, devi-
damente trabalhadas, sejam úteis ao processo decisório.

Em seu artigo sobre inteligência competitiva, Bessa2 afirma que:

“A essência da Inteligência Competitiva é coletar dados e deles extrair infor-


mações úteis. Um aspecto fundamental no mundo dos negócios é conhecer
o mercado e o concorrente. Neste sentido a utilização da Inteligência permite
às empresas, de forma legal e eticamente, identificar os componentes-chaves
e as estratégias do seu competidor. Ao mesmo tempo, a Contra-Inteligência-
segmento da atividade de Inteligência voltada para a segurança- pode auxiliar
a salvaguardar os segredos comerciais e demais dados considerados sigilosos.
O foco principal da IC é analisar as características e atividades do concorren-
te no mercado, focalizando-se nas informações que nos dizem onde e como
desenvolver estratégias de ataque ou defesa, objetivo fundamental e vital para
o sucesso nos negócios no mundo globalizado. Além disso, cabe à IC reali-
zar estudos para antecipar possíveis mudanças no mercado, descobrir novos e
potenciais concorrentes e se manter atualizado sobre novas tecnologias, produ-
tos e processos, bem como mudanças políticas, legislativas e regulatórias que
possam afetar os negócios da empresa.”
(BESSA, 2009)

Sabemos, portanto, que Inteligência Competitiva está diretamente relacionada à capaci-


dade da organização de produzir informação que seja útil ao processo decisório, ou seja,
que auxilie o gestor no processo de tomada de decisão. E como produzir informação?
Através do processamento e interpretação de dados coletados nas mais diversas fontes
disponíveis, como, por exemplo, na rede mundial de computadores (internet).

Apenas para entender os conceitos de dados, informação e tomada de decisão, vamos


ver um exemplo de fácil entendimento, na área médica: em uma consulta preliminar, o
médico mede a temperatura, pressão, pulsação, etc. Estes são os dados. Comparando-se
os números obtidos com padrões e, baseado nos seus conhecimentos técnicos, o profis-
sional transforma estes dados em informação: tem febre e está com hipertensão, por
exemplo e, de posse desta informação, o médico toma a decisão de internar o paciente,
encaminhá-lo a um especialista, ou, simplesmente, informar ao mesmo que está tudo Ok.

2 Jorge da Silva Bessa

Entendendo Inteligência 11
Síntese
Este primeiro módulo foi importante para que começássemos a tomar conhecimento da
disciplina. Vimos que o final do século XX foi pródigo em desenvolvimento de novas
tecnologias, causando um grande avanço nos meio de comunicação e de transporte.

Vimos, também, que a globalização trouxe novas preocupações às empresas. Atualmente,


as organizações precisam se preocupar em produzir mais e mais barato, pois seu concor-
rente já não está apenas em sua cidade, mas em toda a “aldeia global”, podendo aparecer
na China, Estados Unidos ou Japão.

Vimos, por fim, que a “Inteligência Competitiva” pode ser entendida como a capacidade de
antecipar-se a seu concorrente, mediante a utilização de informação produzida por meio da
transformação de dados coletados em diversas fontes, como jornais, revistas e, principalmen-
te, rede mundial de computadores, fonte inesgotável e dinâmica de dados e informações.

No próximo módulo, Conceitos de Inteligência e Contra-Inteligência, você irá rever alguns


conceitos, estudando com mais profundidade o conceito de Inteligência competitiva e
verificando a diferença entre dado, informação e inteligência.

Até lá!

Referências
BESSA, Jorge da Silva. Inteligência Competitiva: uma necessidade no mundo globali-
zado. Disponível em Link: www.caarq.com.br/textos/InteligenciaCompetitivaNecessidade
MundoGlobalizado. Acesso em 04 de maio de 2009.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo,
2004.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


cio lucrativo. 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.


Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

PROENÇA, Giancarlo - Inteligência competitiva? Vou levar dois quilos. Disponível em Link:
http://imasters.uol.com.br/artigo/11314/tendencias/inteligencia_competitiva_vou_levar_
dois_quilos/. Acesso em 18 de maio de 2009.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
COORDENAÇÃO
Rodrigo Tito M. Valadares
Prof.ª Simone Grace de Paula
Design Multimídia AUTORIA
Gestão Pedagógica
Alan J. Galego Bernini
Coordenação Prof. Lúcio Pinto Moreira
Gabriel Lopes Barbosa
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica
Editoração 2013
Karina Gomes de Souza
Dennis Henrique Dias Peçanha

BELO HORIZONTE - 2009

12
Inteligência
Competitiva

Conceitos de
Inteligência e
Contra-Inteligência
CONCEITOS DE
INTELIGÊNCIA E
CONTRA-INTELIGÊNCIA
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Caro(a) aluno(a),
Estamos iniciando o segundo módulo da disciplina
Inteligência Competitiva. Agora que já sabemos do
que estamos falando, podemos trabalhar com mais
profundidade os conceitos de Inteligência e Contra-
Inteligência, verificar o que dizem os vários autores
que tratam do assunto e tirarmos nossas próprias
conclusões.
Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Neste módulo você vai aprofundar seus conhecimentos nos conceitos de inteligência
competitiva e de contra-inteligência. Terá oportunidade de conhecer as definições propos-
tas por diversos estudiosos do assunto. Verá ainda alguns exemplos de aplicação de inte-
ligência e contra-inteligência que, espero, possa facilitar o entendimento dos conceitos.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desse módulo você deverá ser capaz de:

• Conhecer com profundidade os conceitos de inteligência competitiva e contra-


-inteligência.
• Saber as definições apresentadas pelos principais tratadistas do assunto e saber
quem são eles.
• Firmar seu próprio conceito, ou se identificar com o que lhe pareca mais adequado.

14 Conceitos de Inteligência e Contra-Inteligência


Introdução
Como vimos no módulo “Entendendo Inteligência”, inteligência pode, também, ser defi-
nida como a informação produzida através da manipulação de dados coletados. A inteli-
gência, portanto, faz parte de um sistema maior, no qual estão envolvidos, além da inte-
ligência, propriamente dita, a informação e os dados. Elisabeth Gomes, citando Shaker,
apresenta a figura representativa do sistema de inteligência, conforme mostrado a seguir.

Figura I - Sistema de Inteligência


Fonte: Adaptado de GOMES, Elisabeth, Inteligência Competitiva.
Como transformar informação em um negócio lucrativo, 2004, pag. 24.

Observe que os dados formam a base da pirâmide e aparecem em maior quantidade, pois
estão disponíveis em vários locais, como visto no módulo “Entendendo Inteligência”,
(revistas, jornais, internet, etc). Já as informações se constituem de dados que já recebe-
ram tratamento, agregando conhecimento de especialistas e a inteligência é a informação
que possibilita ao gestor tomar decisões com um certo grau de previsibilidade.

Alguns autores entendem que, assim como no século XX o poder era determinado por quem
possuia petróleo, o século XXI será dominado por quem souber trabalhar e utilizar-se da
inteligência, ou seja, quem souber produzir informação que traga conhecimento de si próprio
(ambiente interno) e de seus concorrentes, clientes, governo, etc (ambinete externo).

Em sua obra, Gomes já propõe uma mudança na abordagem do processo de tomada de


decisão, de maneira tal que a inteligência seja determinante no mesmo, conforme mostra
a figura dois.

Figura II - Mudança na abordagem do processo decisório.


Fonte: Adaptado de GOMES, Elisabeth, Inteligência Competitiva.
Como transformar informação em um negócio lucrativo.

Como se observa, a proposta é de que as decisões baseadas em inteligência, que atual-


mente representam apenas 5%, passem a ser a maioria, com 55%. Observe que a
proposta não é uma coleta menor de dados, que são a matéria prima da informação e,
consequentemente, da inteligência, mas, que a mesma quantidade de dados coletados,
que antes representava 80% de todo o processo, passe a representar apenas 20%.

Conceitos de Inteligência e Contra-Inteligência 15


Veja que não é para se diminuir a coleta de dados, mas para
aumentar a produção de informação e de inteligência.

Diversas são as definições de Inteligência Competitiva, conforme o autor: Fuld


Leonard M. Fuld, fundador e
Para Gomes, Inteligência Competitiva é um processo ético de identificação, presidente da Fuld & Company, é líder
coleta, tratamento, análise e disseminação da informação estratégica para a na área de inteligência competitiva
organização, viabilizando o seu uso no processo decisório. e criador de muitas das técnicas
comumente usadas pelas empresas
ao redor do mundo. Seus artigos
Fuld entende Inteligência Competitiva como sendo a informação analisada
aparecem em relevantes publicações
que fornece insights e vantagem competitiva à organização. de negócios, incluindo Wall Street
Journal, Harvard Business Review,
Para Neto, é a atividade permanente e especializada de obtenção de dados, Pharmaceutical Executive e Journal of
produção e difusão metódica de conhecimentos, a fim de assessorar um Business Strategy. Possui várias obras
decisor na tomada de uma decisão, com o resguardo do sigilo, columidade publicadas na área de Inteligência
Competitiva e tem feito palestras em
da instituição ou do grupo de pessoas a que serve. Nesta definição de Neto
várias corporações ao redor do mundo.
já se observa uma abordagem nova, que é o sigilo.
Neto
Ao tocar na parte sigilosa da atividade de inteligência, Neto afirma que, Wilson Rocha de Almeida Neto, é
em sentido amplo, ela abrange, ainda, a prevenção, detecção, obstrução Procurador da República no Estado
e neutralização das ameaças internas e externas às informações, áreas, de Minas Gerais, especialista em
inteligência de estado e inteligência
instalações, meios, pessoas e interesses da organização, ou seja, o autor já de segurança pública com direitos
tangencia a contra-inteligência. humanos, Conselheiro Científico do
Instituto Brasileiro de Inteligência
Criminal (INTECRIM) e Coordenador
ATENÇÃO do Núcleo Criminal da Procuradoria
da República em Minas Gerais.
De qualquer forma, parece ter ficado claro que Inteligência
Competitiva é quase que sinônimo de Informação útil para a Sun Tzu
Sun Tzu foi um general chinês
tomada de decisão. Mas, que tipo de informação pode interes-
que viveu no século IV AC e que
sar ao processo decisório? Literalmente, todo tipo de informa- no comando do exército real de
ção. Seja a respeito de sua própria organização, seja a respeito Wu acumulou inúmeras vitórias,
de seus concorrentes. derrotando exércitos inimigos e
capturando seus comandantes.
Foi um profundo conhecedor das
manobras militares e escreveu A Arte
da Guerra, ensinando estratégias de
combate e táticas de guerra. Uma
das histórias mais repetidas sobre
Sun Tzu descreve o modo pelo qual
ele empregava as “concubinas”
para demonstrar, no palácio, ao rei,
exemplos de manobras de combate
e deslocamentos de tropas.

Já há mais de dois mil e quinhentos anos, o General Sun Tzu, escrevia, em sua obra inti-
tulada A Arte da Guerra:

“aquele que conhece o inimigo e a si mesmo, lutará cem batalhas sem


perigo de derrota; para aquele que não conhece o inimigo, mas conhe-
ce a si mesmo, as chances para a vitória ou para a derrota serão iguais;
aquele que não conhece nem o inimigo e nem a si próprio, será derrotado em
todas as batalhas.”
(SUN TZU, Sec. IV AC)

16 Conceitos de Inteligência e Contra-Inteligência


Obviamente que o mundo dos negócios não é o
mesmo que uma guerra e seu concorrente não é
seu inimigo. Mas a aplicabilidade do ensinamento
do General Sun Tzu é, ainda, bastante atual, pois,
a inteligência competitiva é exatamente isto: conhe-
cer bem ao seu concorrente e a si mesmo.

O texto acima, nos dias atuais, poderia ser escrito


da seguinte maneira: “aquele que não conhece o seu
concorrente e nem o seu próprio negócio,...” ou: “aque-
le que não possui informações sobre seu concorrente ou
sobre seu próprio negócio,...” ou, ainda: “aquele que não
pratica inteligência competitiva, está fora do mercado”.

Ao conceituar Inteligência Competitiva, Brasiliano se manifesta no sentido de que:

“A Inteligência Competitiva não pode ser composta de um único conjunto de


conceitos, mas o que há de comum entre todas as abordagens hoje existentes
entre os variados autores, é a sua agregação de valor à informação.”
(BRASILIANO, 2002 p. 61)

E, citando Larry Kahaner, o autor concorda que a Inteligência Competitiva Kahaner, Larry (1997)
não é uma função, mas sim um processo e que deve estar ligado à área Competitive Intelligence. New
estratégica das empresas e instituições porque a informação é factual. York, Simon & Schuster, p.16.

Mas, afinal, o que vem a ser esta tal de informação?

Informação, no sentido literal, é o ato ou efeito de informar(-se). Sobre algo ou sobre


alguém, sobre um produto ou sobre uma organização, que pode ser um concorrente, um
fornecedor ou um cliente.

Em ambientes onde a competitividade é praticada de maneira mais aberta podemos perce-


ber, mais claramente o valor da informação. Recentemente ocorreu um caso que teve
grande cobertura da imprensa especializada.

Aqueles que gostam e acompanham


certamente irão se lembrar do caso
envolvendo as equipes McLaren e Ferrari,
no camponato mundial de fórmula 1 de
2007. O caso teve início com uma denún-
cia de espionagem feita pela Ferrari,
que demitiu um de seus engenheiros
por divulgar informações confidenciais.
Ele teria cedido a um ex-integrante da
McLaren um relatório com informações
técnicas sigilosas sobre a equipe italiana.
De acordo com um relatório elaborado
pelo Tribunal de Modena, na Itália, “(...)
o engenheiro da Ferrari e o funcionário da McLaren teriam trocado várias ligações telefô-
nicas e estão sendo julgados em um processo independente”.

Aqui deu-se o nome de espionagem. No entanto, como veremos mais adiante, Inteligência
Competitiva não se confunde com espionagem. Uma coisa, entretanto, ficou bem clara:
tudo gira em torno de informação, informação sigilosa, informação técnica, etc. Este foi
um caso que, conforme mencionei anteriormente, foi amplamente divulgado nos princi-
pais telejornais.

Conceitos de Inteligência e Contra-Inteligência 17


ATENÇÃO
No entanto, inúmeros outros casos, de menor repercussão, ocorrem cotidianamente em todo
o mundo e também no Brasil. Às vezes, por não ter uma divulgação tão acintosa como no
exemplo mencionado, temos a tendência de duvidar da existência da chamada “espionagem
industrial” (inteligência competitiva), porém, parafraseando um antigo ditado popular, “pode-
mos não acreditar na inteligência competitiva, mas aquela existe, existe.”

18 Conceitos de Inteligência e Contra-Inteligência


Síntese
Neste módulo tivemos a oportunidade de firmarmos mais o conceito de Inteligência
Competitiva, vimos um exemplo de como uma falha na segurança de uma organização,
no caso, a equipe de fórmula um Ferrari, permitiu o “vazamento” de informações técnicas
sigilosas para uma equipe concorrente (McLaren), o que quase comprometeu todo um
trabalho de inteligência da organização.

Vimos que, no sistema de inteligência das organizaçães, atualmente, a inteligência repre-


senta apenas 5% do sistema, contra 80% dos dados e que o ideal seria que tal situação
se invertesse, não com a redução da coleta de dados, mas elevando o nível de utilização
da inteligência a, pelo ao menos, 55% de todo o sistema.

Tivemos oportunidade de verificar que a aplicabilidade da inteligência competitiva não é


nova, pois remonta ha mais de dois mil e quinhentos anos, conforme se comprova pela
clássica obra do general Sun Tzu denominada A Arte da Guerra, datada de, aproximada-
mente, 500 Antes de Cristo.

Pudemos ainda perceber, mais claramente, que os dados são a matéria prima da informa-
ção e esta, por sua vez, é a matéria prima da inteligência.

No próximo módulo, A Contra-Inteligência, você irá estudar o conceito de contra-inteli-


gência e verificar o porque da necessidade de sua existencia nas organizações.

Até lá!

Referências
BESSA, Jorge da Silva - Inteligência Competitiva: uma necessidade no mundo
globalizado. Disponível em: [Link: www.caarq.com.br/textos/Inteligencia
CompetitivaNecessidadeMundoGlobalizado]. Acesso em 04/05/2009.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro – A (In)Segurança nas redes Empresariais: A Inteligência


Competitiva e a Fuga Involuntária das Informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.

Deontologia Jurídica para Exame da OAB. Disponível em [Link: http://profmor gado33.


blogspot.com/2008/08/simulada-36-177-sigilo.html]. Acesso em 18/06/2009.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo,
2004.

FIA já decidiu caso de espionagem. Disponível em [Link: http://www.fiatclube.com.br/


fiat/viewtopic.php?f=29&t=966]. Acesso em 14/06/2009.

Fronhas para guerra de travesseiro. Disponível em [Link: http://colunistas.ig. com.br/


trecos/2009/03/30/fronhas-para-guerra-de-travesseiro/] Acesso em 18/06/2009.

FULD, Leonard M. – Inteligência Competitiva: Como se manter à frente dos movimentos


da concorrência e do mercado. Tradução: Janaína Ruffoni, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


cio lucrativo. 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

Minority Report (filme). Disponível em Link: [http://pt.wikipedia.org/wiki/Minority_Report_


(filme)]. Acesso em 18/06/2009.

Conceitos de Inteligência e Contra-Inteligência 19


NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.
Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.


São Paulo: LCTE, 2005.

PROENÇA, Giancarlo - Inteligência competitiva? Vou levar dois quilos. Disponível em


[Link:<http://gestaodepessoasrh.wordpress.com/2009/01/26/>]. Acesso em em
18/05/2009.

TZU, Sun. A arte da guerra. Disponivel em Link:[http://www.suntzu.com.br/cap0c.htm>]


Acesso em 04/06/2009.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
COORDENAÇÃO
Rodrigo Tito M. Valadares
Prof.ª Simone Grace de Paula
Design Multimídia AUTORIA
Gestão Pedagógica
Alan J. Galego Bernini
Coordenação Prof. Lúcio Pinto Moreira
Gabriel Lopes Barbosa
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica
Editoração 2013
Karina Gomes de Souza
Dennis Henrique Dias Peçanha

BELO HORIZONTE - 2009

20
Inteligência
Competitiva

A CONTRA-INTELIGÊNCIA
O que é inteligência e contra-inteligência
As variáveis envolvidas nestes conceitos
Como a ética pode influenciar o
desenvolvimento dos trabalhos de
inteligência e contra-inteligência
A CONTRA-INTELIGÊNCIA
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Boas Vindas

Caro(a) aluno(a), nos módulos anteriores


tivemos oportunidade de firmar bem os
conceitos de Inteligência Competitiva,
informação e dado. Agora vem a pergunta
inevitável: Eu estou protegido? Se o
meu concorrente pratica a inteligência
competitiva, que tipo de informação ele
tem a respeito de minha empresa? A
Contra-Inteligência, que estudaremos
neste terceiro módulo, pode responder a
tais questões. Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Neste módulo veremos o conceito e aplicação da contra-inteligência. Como proteger as
informações relevantes sobre minha organização e o que, a respeito de minha empresa,
pode interessar aos concorrentes. Veremos, também, como a ética pode influenciar o
desenvolvimento dos trabalhos de inteligência e contra-inteligência, na nossa organização
e nos concorrentes.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:
• Identificar o que é inteligência e contra-inteligência;
• Saber quais são as variáveis envolvidas nestes conceitos; e
• Saber como a ética pode influenciar o desenvolvimento dos trabalhos de inteligên-
cia e contra-inteligência.

22 A Contra-Inteligência
Introdução
Para Neto (2009) a tônica da contra-inteligência é a salvaguarda do conhecimento sensí-
vel, ou seja, das informações que, caso se tornem conhecidas de terceiros, especialmente
do concorrente, colocarão em risco a incolumidade ou a própria existência da organiza-
ção, de pessoas ou de bens que a informação se destina a preservar.

A “fuga” ou perda da informação pode se dar por várias maneiras. Apenas a título de exem-
plificação, a informação pode se perder caso algum documento seja roubado ou perdido,
caso um computador seja invadido, caso um funcionário da organização decida vendê-la a
um concorrente ou, ainda, por comentáriso feitos em casa, com esposa ou parentes.

Portanto, a contra-inteligência precisa se preocupar com todas


e cada uma das possíveis formas de perda de informação. Para
tanto, se sub divide em segurança orgânica, que é a parte da
contra-inteligência que se preocupa com as medidas de cunho
defensivo, destinadas à prevenção e obstrução de ameaças
de qualquer natureza, que possam incidir sobre os recursos
humanos, áreas, instalações físicas, documentos, materiais,
sistemas e operações da organização e segurança ativa, que
envolve medidas e ações destinadas a detectar, identificar,
avaliar, explorar e neutralizar as ameaças à organização.

Alguns autores, principalmente na área de inteligência de esta-


do, costumam substituir a sub-divisão segurança ativa por
Contra-Espionagem, que é o conjunto de medidas destinadas a detecção e neutraliza-
ção de ações adversas de busca e inutilização de conhecimento de dados sigilosos e
Contraterrorismo, que que são as medidas destinadas a detecção e neutralização de
ações adversas de natureza política, que possam ser perpetradas por mecanismos violen-
tos, contra pessoas ou instalações que possuem ligação com a organização.

A atividade de inteligência se classifica em inteligência, propriamente dita, que está volta-


da para a produção de conhecimento e contra-inteligência, voltada para a proteção do
conhecimento. Entretanto, não são raros os autores que concordam que contra-inteli-
gência não se limita a proteger o conhecimento, mas também produz conhecimento. E,
este conhecimento produzido pela contra-inteligência não é apenas sobre as ameças ou
inteligências adversas. Há, ainda, uma produção de conhecimento que versa sobre as
próprias vulnerabilidades.

Observe que “vulnerabilidade” se diferencia de “ameaça” na medida em que na ameaça


existe alguém com intenção de praticar ato hostil, contrário aos interesses da organiza-
ção, enquanto que a vulnerabilidade apenas representa uma fragilidade da organização,
que pode vir a ser explorada por inteligência adversa.

Temos, portanto, até o momento a seguinte situação:

A Contra-Inteligência 23
Como vimos anteriormente, a segurança orgânica é o conjunto de medidas destinadas à
prevenção e obstrução de ameaças de qualquer natureza, que possam incidir sobre os
recursos humanos, áreas, instalações físicas, documentos, materiais, sistemas e opera-
ções da organização.

Existe, portanto, uma diversidade de áreas abrangidas pela segurança orgâ- Orgânica
Recursos humanos, instalações
nica. Assim o estudo poderá ser facilitado, se for dividido conforme a seguir:
físicas, documentos, etc.
Segurança orgânica:

1. Segurança do pessoal;
2. Segurança das áreas e instalações;
3. Segurança de documentos e material;
4. Segurança de sistemas;
5. Segurança de operações.

Segurança do pessoal
A segurança de pessoal envolve a área de Recursos Humanos e compõe-se, basicamente,
de três etapas, que são: a contratação, o desempenho das atribuições e o desligamento
de funcionários da organização.

Só para relembrar, no início de nossa disciplina vimos


que Inteligência Competitiva é o mesmo que informação
útil à tomada de decisão. E a informação somente será
útil se for disponibilizada ao tomador de decisão que,
mesmo sendo, normalmente, do alto escalão da empresa,
é um funcionário.

Como você pode perceber, a segurança de pessoal não envolve apenas a segurança do
pessoal, presente nas medidas de controle e proteção dos funcionários mas, também,
nas medidas adotadas para se evitar a infiltração de inteligência adversária em nossa
organização, o que pode ser conseguido por meio de um criterioso processo de seleção
de pessoal para admissão.

24 A Contra-Inteligência
Outro fator importante a ser observado, no que tange à segurança de pessoal, é a quem
as informações relevantes e importantes serão disponibilizadas. Ou seja, quem, no desem-
penho de suas atribuições, necessita ter conhecimento daquela informação, para que a
mesma não seja disponibilizada para um número maior que o necessário de servidores. Uma
medida que pode ser adotada aqui é a estratificação da informação, para que cada nível
hierárquico tenha apenas o conhecimento necessário ao desempenho de suas atribuições.

Finalmente, uma parte da segurança de pessoal a que a maioria das organizações não dá
muita importância, mas que pode ser um canal de fuga de informação, demonstrando uma
vulnerabilidade da organização é o ex-funcionário. É altamente recomendável, até mesmo
necessário, que a empresa tenha uma política de desligamento de funcionário, composta,
no mínimo, de uma entrevista final e, dependendo do nível do cargo que o funcionário tenha
ocupado na empresa, até mesmo um programa de acompanhamento do ex-servidor.

Segurança das áreas e instalações


A segurança das áreas e instalações é outra preocupação da
contra-inteligência, quando se fala em segurança orgânica.
Consiste na demarcação das áreas, não só no plano macro, como
a área ocupada pela empresa, mas também nas áreas sensíveis
da empresa, implantação de barreiras, até mesmo físicas, com
objetivo de restringir o acesso apenas ao pessoal autorizado e
plano de prevenção a acidentes naturais, tais como alagamentos
e incêndios, dentre outros.

Aqui a preocupação é com a proteção das edificações e instala-


ções físicas da empresa, com a delimitação de perímetro e limita-
ção e (ou) restrição de acesso, demarcação de área de guarda de
informação sensível, acesso a tais informações e locais de guarda
de backup (cópia de segurança).

A inteligência estratégica, através de seu setor de contra-inteli-


gência, precisa, ainda, se preocupar com os acidentes naturais.
Um alagamento, um incênciao, natural ou provocado, pode fazer com que a empresa
retroceda anos em sua caminhada, caso a mesma não esteja adequadamente preparada
para tal, na medida em que tais acidentes podem destruir informações que demandaram
longo tempo para serem adquiridas.

Segurança de documentos e material


A segurança de documentos e material se constitui na medida adotada para proteger
aqueles que são os mais comums dos suportes para o conhecimento e informações que
tramitam pela empresa ou organização.

As medidas de segurança nesta área precisam prever a segurança documen-


tal, desde sua produção até a destruição ou arquivamento do mesmo, com Manuseio
Quem está autorizado.
previsão de manuseio, classificação ou atribuição de grau de sigilo, controle
de reprodução, numeração de páginas, para se evitar a perda, seleção de
documentos a serem arquivados ou destruidos, tempo e local de arquiva-
mento ou forma de destruição (se será incinerado, triturado, etc.).

A Contra-Inteligência 25
Segurança de sistemas
Outro item que merece atenção especial do sistema de contra-inteligência é a segurança
do sistema de informática utilizado pela organização. O grande avanço tecnológico atual,
como vimos, fez com que atualmente todas as informações de uma empresa ou organi-
zação, fossem armazenadas em computadores.

Nesta área, as medidas de segurança precisam prever, desde a forma de utilização de


máquinas, com restrições via senhas, que prevejam níveis de acesso, de acordo com o
posicionamento hierárquico do usuário, até controle de acesso às instalações físicas da
empresa, controle eletrônico de frequencia de servidores, dentre outros.

Segurança de operações
Por fim, a área operacional, ou produtiva, da organização necessita de uma atenção espe-
cial da contra-inteligência, por ser aquela para onde todas as outras convergem. Todas
as medidas, pessoal, documentação, material, sistemas e áreas e instalações, existem,
principalmente, em função da área operacional.

26 A Contra-Inteligência
Síntese
Este terceiro módulo da disciplina Inteligência Competitiva se dedicou ao tema Contra-
Inteligência. Vimos que a contra-inteligência é definida como a atividade de inteligência
destinada a proteger os dados, informações e conhecimentos sensíveis da organização,
o que é feito por meio da prevenção, detecção, obstrução e neutralização de ações da
inteligência adversa.

Vimos ainda que a fuga de informações de uma organização pode se dar por várias
formas, seja por fatores humanos (pessoal ligado à empresa), conjuntural ou estrutural
(áreas e instalações, sistemas, etc.).

E, também, vimos que o avanço tecnológico trouxe, além de benefícios, uma certa inse-
guranças das informações. Passos, citando matéria publicada na Revista Amanhã, edição
nº 217, de janeiro/fevereiro/2006, apresenta um exemplo prático da importância da segu-
rança de informação, ao mencionar:

“E-mails curiosos ou provocativos espalham nas empresas o spyware – um


programa que rouba informações sigilosas e até senhas de banco. E você
confiando no antivírus...”.
(Alfredo Passos, 2007 – P. 74).

No próximo módulo, em continuidade ao tema, veremos um pouco da história da inte-


ligência competitiva e como a ética se insere na inteligência competitiva e contra-inteli-
gência e o que difere a contra-inteligência da contra-espionagem. Bons estudos e até lá!

Referências
Academia Nacional de Polícia, Departamento de Polícia Federal – Inteligência Policial –
Caderno Didático. Brasília: ANP, 2006.

BESSA, Jorge da Silva - Inteligência Competitiva: uma necessida-


de no mundo globalizado. Disponível em [Link: <www.caarq.com.br/textos/
InteligenciaCompetitivaNecessidadeMundoGlobalizado]. Acesso em 04 de maio de 2009.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro – A (In) Segurança nas redes Empresariais: A Inteligência
Competitiva e a Fuga Involuntária das Informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.

DEP - DIPLOMACIA ESTRATÉGIA POLÍTICA. Ano 1, nº 1 – Projeto Raúl Prebisch – Brasília,


2004.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


cio lucrativo. 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.


Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.


São Paulo: LCTE, 2005.

______________ – Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: Como


superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa. São
Paulo: LCTE, 2007.

A Contra-Inteligência 27
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo,
2004.

FULD, Leonard M. – Inteligência Competitiva: Como se manter à frente dos movimentos


da concorrência e do mercado. Tradução: Janaína Ruffoni, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

SEGURANÇA E DESENVOLVIMENTO. Revista da ADESG nº 221 – Rio de Janeiro – 1996.

Fuga de informação. Disponível em [Link: images.google.com.br <http://globpt.com/


wp-content/uploads/2007/12/man.jpg] . Disponível em 16 de julho de 2009.

Seleção de pessoal - Recrutamento – Disponível em [Link: images.google.com.br <http://


www.vidaclinica.com.br/imagens/]. Acesso em 16 de julho de 2009.

Restrição de acesso. Disponível em [Link: images.google.com.br http://www.gta.ufrj.br/


grad/07_2/vinicios/images/] Acesso em 16 de julho de 2009.

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BELO HORIZONTE - 2009

28
Inteligência
Competitiva

A História da
Inteligência
Competitiva
Como surgiu a
inteligência competitiva
Os antecedentes históricos
da inteligência competitiva
A história da atividade de
inteligência no Brasil
A HISTÓRIA DA
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Caro(a) aluno(a),
Nos módulos anteriores vimos, com certa
profundidade os conceitos de inteligência
competitiva e de contra-inteligência.
Entretanto, para que possamos entender
bem qualquer conceito, é importante que
tenhamos conhecimento da história do objeto
conceituado. Isto é o que veremos neste
módulo. Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Neste módulo veremos um pouco da história da inteligência competitiva, como surgiu,
seus antecedentes históricos, a contra-inteligência e, também, noções de como surgiu a
atividade de inteligência no Brasil, tanto no âmbito institucional (inteligência de estado),
como no âmbito empresarial.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:
• Entender como surgiu a inteligência competitiva;
• Conhecer os antecedentes históricos da inteligência competitiva; e
• Saber a história da atividade de inteligência no Brasil.

30 A História da Inteligência Competitiva


Introdução
Você, assim como a esmagadora maioria das pessoas, certamente, utiliza ou já
utilizou tecnologia militar. Esta afirmação pode ser feita com cem por cento
de certeza de estarmos corretos, uma vez que a grande maio-
ria das tecnologias modernas surgiu nos meios militares,
conforme exemplificado a seguir.

Creio que o principal exemplo de tecnologia mili-


tar com uso largamente difundido no meio civil é a
rede mundial de computadores, conhecida de todos
por seu nome em inglês: internet. A Internet surgiu
a partir de pesquisas militares ocorridas no período da
“Guerra Fria”, designação dada ao período da história de dispu-
tas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a
União Soviética, compreendendo o período entre o final da Segunda
Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991).

Nos anos sessenta, período em que o mundo era dividido em dois blocos políticos e
ideológicos, liderados, respectivamente, por Estados Unidos e União Soviética, o governo
dos EEUU (Estados Unidos da América) temiam um ataque russo às suas bases milita-
res, assim, foi idealizado um modo de trocar, compartilhar, descentralizar e armazenar
informações, surgindo, inicialmente a ARPANET, criada pela ARPA - Advanced Research
Projects Agency.

Com o fim da guerra fria, já a partir da década de setenta do século passado, o governo
americano abriu a pesquisadores a possibilidade de desenvolvimento da internet e, em
apenas quatro anos, o novo meio de comunicação conseguiria atingir cerca de 50 milhões
de pessoas, graças a pesquisas desenvolvidas, inicialmente no Instituto Tecnológico de
Massachusetts (MIT) e na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA).

Outro exemplo bastante atual do emprego civil de


tecnologia militar é o GPS, sigla do inglês
Global Positioning System, ou Sistema de
Posicionamento Global, em português. O
GPS nada mais é do que um receptor de
sinais de rádio, enviados por um conjunto
de satélites e, por meio de triangulação de
tais sinais, fornece a posição do mesmo,
em relação às coordenadas terrestres.

O uso dos sinais de satélites, origi-


nalmente exclusivo militar, foi aber-
to ao público civil em 1983 quando
um avião Soviético abateu um avião
civil em seu espaço aéreo, matando
todos a bordo. Tal fato ocorreu, pois
a aeronave civil estava fora de sua
rota e poderia ter sido evitado caso
a mesma pudesse utilizar o GPS.
O presidente americano, então,
anunciou que em breve disponibi-
lizaria o GPS a todos.

A História da Inteligência Competitiva 31


Atualmente, o uso de sinais de satélites encontra-se largamente difundido no meio civil.
Entretanto, como o sistema de GPS é controlado pelo Departamento de Defesa dos
Estados Unidos da América e, embora nos dias atuais, encontre-se aberto para uso civil
gratuito, existe o temor de que, em tempos de guerra, o governo americano venha a
restringir seu uso, tornando-o exclusivamente militar.

VOCÊ SABIA
Por conta disso, existem diferentes sistemas sendo desenvolvidos, como o Glonass, pelos
russos, o Galileo, pelos europeus e o Compass, pelos chineses.

Os exemplos ilustram bem as tecnologias atuais que tiveram origem no uso militar. Com
a inteligência competitiva não foi diferente. Sabemos que a parte visível da guerra, as
mortes que causa, esposas sem maridos, filhos sem pais, é capaz de horrorizar qualquer
ser humano moderno. No entanto, alguns dos maiores avanços da humanidade foram
conseguidos em função das mesmas, como vimos no exemplo da internet.

Com o fim da segunda guerra mundial, em meados da década de quarenta, os Estados


Unidos da América (EEUU) e a União das Repúblicas Socialistas Soviética (URSS), passa-
ram a disputar a hegemonia política, econômica e militar no mundo. Esse período, que se
estendeu até o início dos anos noventa, ficou conhecido como o período da “Guerra Fria”,
também chamado por diversos autores de “paz armada”.

A União Soviética, com seu sistema socialista, baseado em um único partido políti-
co (Partido Comunista) e os Estados Unidos, com o sistema capitalista, travaram
uma disputa grande no que se refere à corrida espacial, pois acreditavam que
quem dominasse o espaço poderia dominar o mundo e teriam maior possi-
bilidade de defesa.

Neste contexto é fácil imaginar a importância da informação


acerca dos planos do inimigo.

Os Estados Unidos com sua agência de inteligência (CIA) e a União Soviética


com a sua (KGB), cada um procurando coletar informações sobre o adversário,
bem como sobre os aliados do adversário.

Com o fim da guerra fria, no início da década de noventa, vários espiões, de ambos os
lados, ficaram “desempregados” e perceberam que suas habilidades, usadas de forma
ética e legal, poderiam dar às organizações uma grande vantagem competitiva. Surgiam
aí os primeiros profissionais da inteligência competitiva.

32 A História da Inteligência Competitiva


Lógico que estamos falando da inteligência institucionalizada. Sabemos porém que a
inteligência não é privilégio de alguns poucos e nem é privilégio do mundo moderno. No
módulo “Conceitos de Inteligência e Contra-Inteligência” tivemos oportunidade de verifi-
car que, já no século IV aC, o General Sun Tzu já mencionava que:

“aquele que conhece o inimigo e a si mesmo, lutará cem batalhas


sem perigo de derrota;
para aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo,
as chances para a vitória ou para a derrota serão iguais;
aquele que não conhece nem o inimigo e nem a si próprio, será
derrotado em todas as batalhas.
(...)Se um soberano iluminado e seu comandante obtêm a vitória sempre que
entram em ação e alcançam feitos extraordinários, é porque eles detêm o
conhecimento prévio e podem antever o desenrolar de uma guerra.
Este conhecimento prévio, no entanto, não pode ser obtido por meio de
fantasmas e de espíritos, nem pode ser obtido com base em experiências
análogas, muito menos ser deduzido com base em cálculos das posições do
sol e da lua. Deve ser obtido das pessoas que, claramente, conhecem as situa-
ções do inimigo.”
(SUN TZU, Sec. IV AC).

Neto menciona, também, exemplos bíblicos citados por Gelio Fregapani, ao Gelio Fregapani
FREGAPANI, Gelio. Segredos da
abordar as origens da inteligência, nos seguintes termos: espionagem: a influência dos serviços
secretos nas decisões estratégicas.
“... falou o Senhor a Moisés, dizendo: ‘envia homens que espiem a Brasília: Thesaurus, 2001. P. 13-14.
terra de Canaã, que Eu hei de dar aos filhos de Israel’
Enviou-os pois Moisés a espiar a tera de Canaã; e disse-lhes: ‘subi por
aqui para a banda do sul, e subi a montanha; e vede que terra é, e o povo que
nela habita; se é boa ou má e como são suas cidades, se arraiais ou fortalezas’
Retornando da missão, as pessoas dela incumbidas passaram a relatar os
dados obtidos:
E contaram-lhe e disseram: ‘fomos à terra que nos enviastes; e verdadeiramen-
te mana leite e mel, e este é o fruto. O povo porém que habita a terra é pode-
roso a as cidades fortes e mui grandes. Vimos ali os filhos de Enaque’
Esta foi a primeira ‘ordem de busca’ de que temos registro. Na verdade, a
Bíblia traz mais de uma centena de referências a informações e espionagem.
Certamente houveram muitas ações de espionagem anteriores, de povos ainda

A História da Inteligência Competitiva 33


mais antigos, mas é certo que os que não colheram as informações corretas
tiveram menos chances de tomar as decisões adequadas, e que isto frequente-
mente lhes custou a sobrevivência.”
(NETO, 2009 p. 28-29).

Podemos perceber, pelas citações acima, dois aspectos: o primeiro é que a inteligência
(ou, o uso da inteligência) remonta à épocas antiquíssimas, permitindo concluir que o uso
da mesma sempre existiu e o segundo aspecto é que o uso da inteligência, originalmente,
se dava em ambientes de hostilidades ou guerras.

A segunda constatação fica mais evidente quando verificamos o significado de um termo


que está intimamente ligado à inteligência, que é estratégia, que, de acordo com Aurélio
(2004), significa:

1. Arte militar de planejar e executar movimento e operações de tropas, navios e/ou


aviões para alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos favoráveis
a futuras ações táticas.
2. Arte de aplicar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis com vista a
objetivos específicos.

No Brasil, a atividade de inteligência existe desde 1927, quando o presidente Washington


Luís instituiu o Conselho de Defesa Nacional, com o objetivo de suprir o Poder Executivo
de informações estratégicas. A partir daí, vários órgãos foram criados e extintos, de
acordo com a conjuntura, valendo mencionar: o Serviço Federal de Informações e Contra-
Informações – SFICI, criado em 1946, no pós-guerra que, com o advento da ditadura
militar, foi substituído pelo SNI – Serviço Nacional de Informações, extinto em 1990 pelo
governo Collor de Melo.

A partir de 1990, a atividade de inteligência no Brasil ficou a cargo da Casa Militar, até
que, em 1999, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a lei nº 9883 de 07
de dezembro instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e foi criada a Agência
Brasileira de Inteligência (ABIN).

Mas, como se percebe, tudo isto se refere à inteligência institucionalizada, ou à chamada


inteligência de estado. A inteligência competitiva aplicada às organizações em geral teve
início com a abertura do mercado brasileiro às empresas estrangeiras, na década de 1990.
As empresas nacionais, acostumadas com as constantes intervenções e ocasionais prote-
cionismos do governo, passaram a sofrer com a concorrência internacional.

Ainda hoje, na iniciativa privada, apesar do constante crescimento, são poucas as empre-
sas que aplicam a inteligência competitiva. Gomes, entre outras, cita, como exemplos
mais relevantes: a Accenture e a Ernst & Young, na área de consultoria; a IBM, Unisys
e a Microsoft, na área de tecnologia da informação; a Natura, como pioneira na área de
beleza e, a área de telecomunicações, a Telemar e a CTBC Telecom.

Por tudo o que já vimos, fica fácil perceber, no entanto, que a tendência de uso desta
ferramenta (Inteligência Competitiva) cresce a cada dia, sendo irreversível a necessidade
de uso da mesma. Parafraseando Sun Tzu (com as devidas adaptações), “aquela que
conhece a si mesmo e ao seu concorrente, se manterá no mercado. Aquele que não
conhece a si mesmo e nem ao seu concorrente, está fadado à falência.”

34 A História da Inteligência Competitiva


Síntese
Neste módulo vimos que as origens da Inteligência Competitiva remontam a épocas ante-
riores de Cristo. Vimos registros datados do século IV aC, e, também, registros bíblicos.

Vimos ainda que as guerras, apesar de todos os horrores que trazem, propiciam o surgi-
mento e desenvolvimento da novas tecnologias, como no caso da internet, do sistema
de posicionamento global – GPS e, também, no caso da inteligência competitiva, todos
oriundos do meio militar.

E, também, vimos que o fim da guerra fria entre os Estados Unidos e a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas propiciou o surgimento da Inteligência Competitiva de forma institu-
cionalizada, ética e legal, na medida em que causou um grande “desemprego” de espiões.

Por fim, pudemos verificar um breve relato da história da inteligência no Brasil, tanto a
inteligência de estado (institucionalizada), como da inteligência empresarial.

No próximo módulo, A Ética Inteligente, veremos como a ética se insere na inteligência


competitiva e contra-inteligência e o que difere a contra-inteligência da contra-espionagem.

Bons estudos e até lá!

Referências
Academia Nacional de Polícia, Departamento de Polícia Federal – Inteligência Policial –
Caderno Didático. Brasília: ANP, 2006.

ALMEIDA, Luiz Augusto Reis – Comportamento.com.br, Disponível em images.google.


com.br <http://nem1e99.wordpress.com/2009/04/> Consulta realizada em 06/08/2009.

BESSA, Jorge da Silva - Inteligência Competitiva: uma necessidade no mundo globaliza-


do. Disponível em [Link: www.caarq.com.br/textos/InteligenciaCompetitivaNecessidade
MundoGlobalizado]. Acesso em 04 de maio de 2009.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro – A (In)Segurança nas redes Empresariais: A Inteligência


Competitiva e a Fuga Involuntária das Informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo, 2004.

FULD, Leonard M. – Inteligência Competitiva: Como se manter à frente dos movimentos


da concorrência e do mercado. Tradução: Janaína Ruffoni, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


cio lucrativo. 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.


Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.


São Paulo: LCTE, 2005.

PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: Como


superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa. São
Paulo: LCTE, 2007.

A História da Inteligência Competitiva 35


Thomson, Robert - História do GPS (Global Positioning System). Disponível em [Link: http://
www.muitoartigo.com/Hist%C3%B3ria-do-GPS-Global-Positioning-System_64299/].
Acesso em 06/08/2009.

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36
Inteligência
Competitiva

A Ética Inteligente
O conceito de ética, aplicável
ao ramo de inteligência
A aplicação a ética em todos os
ramos de suas atividades
é mais...
A ÉTICA INTELIGENTE
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Caro(a) aluno(a),
Como já vimos, a disciplia Inteligência
Competitiva teve origem na espionagem, sendo
os seus primeiros profissionais os espiões
“desempregados” da guerra fria. Entretanto,
como veremos em módulos futuros, a
inteligência não se confunde com espionagem.
E uma das principais diferenças existentes
entre ambas é a Ética envolvida em cada
uma (inteligência e espionagem). Isto é o que
veremos neste módulo. Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Neste módulo veremos a importância de se agir com ética, em qualquer atividade humana
e, principalmente, na inteligência competitiva, uma vez que a falta de ética no ramo da
inteligência pode, muitas vezes, representar crime.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:
• Conhecer o conceito de ética, aplicável ao ramo de inteligência.
• Saber distinguir ética de crime.
• Saber aplicar a ética em todos os ramos de suas atividades.

38 A Ética Inteligente
Introdução

A ética é objeto de estudos há milênios, porém, nunca se falou tanto em ética como nas
últimas décadas, tornando-se assim um dos principais requisitos quando da escolha do
profissional para qualquer área de atuação. O fato de enfatizar esta ciência, deve-se à
necessidade dos seres humanos agirem de acordo com uma consciência pura, livre de
dogmas, preconceitos, è a formação moral desejável.

MAS, AFINAL, O QUE VEM A SER ESSA TAL DE ÉTICA?


Aurélio define ética como:“1.Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta huma-
na, do ponto de vista do bem e do mal. 2.Conjunto de normas e princípios que norteiam
a boa conduta do ser humano.” Se olharmos a etimologia da palavra, ou seja, a origem
da palavra, ética vem do grego Ethos, que significa “costume”, referindo-se aos usos e
costumes de um determinado grupo social.

Já quando colocado com a entonação Éthos (com acento), o termo pode ser entendido
como domicílio, moradia, morada habitual, passando a designar a maneira de ser habitual
de alguém. Do termo grego surgiu a variante latina mos ou mores (no plural), que significa
costumes e de onde derivou o termo “moral”.

Portanto, ética, moral e hábito de ser bom ou hábito de ser mau, são conceitos que estão
intimamente ligados, com a ética podendo ser definida como “um conjunto de valores
morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade”.

A Ética Inteligente 39
Apesar dos conceitos com origens idênticas, alguns autores entendem que ética e moral
não se confundem, defendendo que ética nada mais é que agir direito, proceder bem,
sem prejudicar os outros, enquanto que moral tem a ver com normas, ou seja, a moral
estabelece regras para garantir a ordem. Um exemplo pode facilitar o entendimento.
Após um jogo de futebol em que o Cruzeiro foi
derrotado pelo Atlético, o goleiro Fábio deu entre-
vista criticando os colegas da defesa, dizendo que
o time não possuía elenco para substituir os titu-
lares, quando estes estavam impedidos de jogar.
Não existe nenhuma norma que o proíba de falar o
que falou, portanto,o goleiro agiu de forma correta,
moralmente falando. Entretanto, pode-se entender
que ele faltou com a Ética ao criticar publicamente
seus colegas de profissão.

Tipos De Ética
Existe, no entanto, uma corrente que defende que não existe diferença entre os dois concei-
tos mas sim duas diferentes éticas, sendo que moral pode, também, ser definida como
sendo a ética legal, ou seja, “eu sou ético porque existe uma norma que me obriga a ser
bom”, em contraponto com “eu sou ético porque eu sou bom, ou, tenho uma boa índole”.

Em seu artigo publicado na rede mundial de computadores, Dias enumera cinco caracte-
rísticas do profissional ético e afirma que :

“ser um profissional ético nada mais é do que ser profissional mesmo nos
momentos mais inoportunos. Para ser uma pessoa ética, devemos seguir um
conjunto de valores. Ser ético é proceder sem prejudicar os outros. Algumas
das características básicas de como ser um profissional ético é ser bom, corre-
to, justo e adequado. Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por
trás valores fundamentais. Eis algumas das principais:
1. Ser honesto em qualquer situação - é a virtude dos negócios.
2. Ter coragem para assumir as decisões - mesmo que seja contra a
opinião alheia.
3. Ser tolerante e flexível - deve-se conhecer para depois julgar as pessoas.
4. Ser íntegro - agir de acordo com seus princípios.
5. Ser humilde - só assim conseguimos reconhecer o sucesso
individual.”
(DIAS, Bruno - O que é ser ético entre outros. Disponível em Link:http://www.jornalexpress.
com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=16452&id_noticia=5. Acesso em 20/08/2009.)

Como se percebe, Dias fala do “profissional ético”. E quem não é


profissional, será que também pode ser ou não ético? Claro que
sim. Pode-se dizer que existem vários tipos de éticas, como a ética
profissional (citada por Dias), a ética social, ética pessoal, só para
mencionar algumas.

40 A Ética Inteligente
Hoje, cada profissão regulamentada (e até aquelas que ainda não têm regulamentação),
possuem seu próprio código de ética: Código de Ética do Contabilista, Código de Ética
Médica, etc. E, aproveitando o exemplo médico, temos, também, um exemplo de ética
social: em algumas sociedades pode ser considerado falta de ética usar animais como
cobaia em pesquisas científicas, enquanto que em outra sociedade tal fato pode ser enca-
rado com naturalidade.

Atualmente fala-se muito em pesquisas com células tronco, uso de


embriões humanos congelados, etc. Para alguns é perfeitamente plausí-
vel. Para outros é anti-ético. E, nestes casos, quando envolve conflitos e
controvérsias morais implicados pelas práticas no âmbito das Ciências
da Vida e da Saúde, é chamado de bioética.

Mas, afinal, qual é a importância da ética na vida do ser humano?


Porque ser ético? Para Coelho e Benincá:

“a ética assume um papel fundamental para o desenvolvimento


da sociedade: é ela que determina e “bem agir “.A vida política
e social de uma determinada comunidade é influenciada pela ética.”
(COELHO, Aline M. e BENINCÁ, Paulo, 2006, p.13)

Como se vê, o termo ética está intimamente ligado a termos como “bem”, “mau”, “bem agir”,
dentre outros.

São várias as pessoas que comungam com o pensamento do filósofo grego Aristóteles,
o qual afirmava que o homem somente alcançaria a felicidade plena na medida em que
exercesse a prática do bem e da moral, ou seja, na medida em que fosse ético. Estas
pessoas formam uma corrente que entende que o homem somente alcança a felicidade
com a prática permanente da moral. É a ética do ponto de vista filosófico.

A partir da segunda metade do século passado o mundo passou a viver uma verdadeira
revolução, com a chamada “globalização”, que poderia também ser chamada de “mundia-
lização”. Neste novo contexto temos de pensar em “novas éticas”, já que diversas empre-
sas estrangeiras se instalaram no território nacional, com empregados locais e, ainda,
empresas nacionais se instalaram no exterior.

No caso da inteligência competitiva, como já vimos, por ser uma atividade que se origi-
nou do “desemprego dos espiões” da guerra fria, é uma atividade de origens tipicamen-
te estrangeiras, extremamente nova no Brasil. Por este motivo não possui, ainda, um
“código de ética nacional” e, portanto, a atividade adota, no dia-a-dia, o Código de Ética
desenvolvido pela Society of Competitive Intelligence Professionals ( SCIP) ou Sociedade
dos Profissionais de Inteligência Competitiva, conforme mencionado por Passos:

“- Continuar aumentando o reconhecimento e o respeito da profissão.


- Obedecer às leis aplicáveis no âmbito nacional e internacional.
- Identificar-se, e à organização, antes da revelação de informações importantes
por outras partes envolvidas.
- Respeitar todos os pedidos de confidencialidade das informações.
- Evitar conflitos de interesse no cumprimento do dever.
- Prover recomendações e conclusões honestas e realistas na execução do dever.
- Promover este código de ética internamente na organização, com os contrata-
dos, e em toda profissão.
- Aderir fielmente à política, objetivos e diretrizes da organização.”
(Passos, 2007, p. 69).

A Ética Inteligente 41
Como se vê, a ética não é única, uma só. Existem vários tipos de éticas, de acordo com o
momento ou o local no qual estamos inseridos. Só para mencionar algumas, temos a ética
social, a ética global, a ética profissional, a ética pessoal, etc. De qualquer forma, um
conceito parece ser comum a todas elas: o bem agir, o agir com decência ou, utilizando
uma terminologia mais popular: não fazer aos outros aquilo que não gostaria que fizessem
a você. Em qualquer campo da vida, seja proffisional, pessoal, religioso, etc.

42 A Ética Inteligente
Síntese
Neste módulo tivemos oportunidade de conhecer o conceito de ética, os vários tipos
de éticas existentes e como a ética se encontra inserida em nossas vidas, influenciando
nossa maneira de ser e de agir.

Vimos ainda que a ética tem um papel de importância capital no desenvolvimento das
sociedades, de maneira geral, na medida em que ela pode determinar o “bem agir”, quan-
do observada pelas pessoas que compõem determinado grupo social..

E, também, vimos que por ser uma atividade ainda incipiente (ou iniciante) no Brasil, a inte-
ligência competitiva não possui seu próprio código de ética nacional, adotando, por conse-
guinte, o código americano, da Sociedade dos Profissionais de Inteligência Competitiva.

Por fim, pudemos verificar que a ética é algo dinâmico, que tende a mudar de acordo com o
momento histórico vivenciado, como se pode observar com o ocorrido com o mundo após
o fenômeno da globalização, o que fez com que as pessoas passassem a se relacionar com
outras com as quais não imaginavam, seja pessoalmente, na medida em que as diversas
organizações passaram a se espalhar pelo planeta, seja através de meio de comunicação
muito mais difundidos e baratos, como a rede mundial de computadores (internet).

No próximo módulo, Pessoas Inteligentes, veremos o perfil do profissional de inteligência


competitiva, uma proposta de carreira, enfim, quais os recursos humanos envolvidos em
um sistema de inteligência competitiva. Até lá! Bons estudos e boa aprendizagem!

Referências
Academia Nacional de Polícia, Departamento de Polícia Federal – Inteligência Policial –
Caderno Didático. Brasília: ANP, 2006.

ALMEIDA, Luiz Augusto Reis – Comportamento.com.br, Disponível em Link:images.


google.com.br http://nem1e99.wordpress.com/2009/04/. Acesso em 06/08/2009.

BESSA, Jorge da Silva - Inteligência Competitiva: uma necessidade no mundo globa-


lizado – disponível em Link: <www.caarq.com.br/textos/InteligenciaCompetitiva
NecessidadeMundoGlobalizado>. Acesso em 04 de maio de 2009.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro – A (In)Segurança nas redes Empresariais: A Inteligência


Competitiva e a Fuga Involuntária das Informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.

Breve Histórico da Atividade de Inteligência no Brasil – Disponível em Link: http://www.


abin.gov.br/modules/mastop_publish/?tac=Atividade_de_Intelig%EAncia. Acesso em
07/08/2009.

CFC - Abordagens Éticas para o Profissional Contábil – Disponível em Link: http://www.


cfc.org.br/uparq/livro_abord_etica-pdf.pdf. Acesso em 28/08/2009.

COELHO, Aline M. e BENINCÁ, Paulo – Ética na Função Pública – Caderno Didático.


Palmas, TO: UNITINS, 2006.

DIAS, Bruno - O que é ser ético entre outros – Disponível em Link: http://www.jornalexpress.
com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=16452&id_noticia=5. Acesso em 20/08/2009.

Ética: valores morais e princípios sociais – Disponível em Link: http://www.suapesquisa.


com/o_que_e/etica_conceito.htm. Acesso em 20/08/2009.

A Ética Inteligente 43
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo,
2004.

FULD, Leonard M. – Inteligência Competitiva: Como se manter à frente dos movimentos


da concorrência e do mercado. Tradução: Janaína Ruffoni, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


cio lucrativo. 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.


Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

OAB - Código de Ética e Disciplina da OAB – Disponível em Link:http://www.oab.org.br/


CodEticaDisciplina.pdf. Acesso em 28/08/2009.

O que é bioética e o que ela tem a ver com o meio ambiente? – Disponível em Link:
http://henriquenazareth.blogspot.com/2009/01/o-que-biotica-e-o-que-ela-tem-ver-com.
html. Acesso em 28/08/2009.

PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.


São Paulo: LCTE, 2005.

______________ – Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: Como


superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa. São
Paulo: LCTE, 2007.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
COORDENAÇÃO
Rodrigo Tito M. Valadares
Prof.ª Simone Grace de Paula
Design Multimídia AUTORIA
Gestão Pedagógica
Alan J. Galego Bernini
Coordenação Prof. Lúcio Pinto Moreira
Gabriel Lopes Barbosa
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica
Editoração 2013
Karina Gomes de Souza
Dennis Henrique Dias Peçanha

BELO HORIZONTE - 2009

44
Inteligência
Competitiva

Pessoas
Inteligentes
O perfil do profissional que se
dedica à Inteligência Competitiva
Como construir um
organograma básico
Reconhecendo um
profissional que
melhor se adapte à
área de inteligência
PESSOAS INTELIGENTES
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Por se tratar de uma disciplina ainda


nova, existem mais questionamentos que
respostas, na Inteligência competitiva. E,
certamente, uma das áreas que mais dúvidas
suscitam é a área de recursos humanos.
Será que para trabalhar com inteligência
competitiva é necessário que se possua
o perfil clássico do “espião”, estilo James
Bond? Por ser uma área que trabalha com
informação, é necessário que se seja curioso?
Precisa ser questionador? Isto é o que
veremos neste módulo.
Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Neste módulo veremos qual o perfil do profissional de inteligência competitiva, quais as
habilidades são necessárias, o envolvimento na organização, uma proposta de carreira, o
esboço de um organograma, enfim, quais os recursos humanos envolvidos em um siste-
ma de inteligência competitiva.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:
• Conhecer o perfil do profissional que se dedica à Inteligência Competitiva.
• Saber construir um organograma básico.
• Saber reconhecer um profissional que melhor se adapte à área de inteligência.

46 Pessoas Inteligentes
Introdução
Quando se fala em Recursos Humanos, sempre nos vem à mente algumas premissas básicas:
todo cargo deve ter um nome, como, por exemplo, Gerente de Recursos Humanos. Todo
cargo necessita ter atribuições definidas, como, cuidar da análise de habilidades dos candida-
tos a trabalharem na organização, cuidar das contratações da empresa, gerenciar e controlar
os funcionários da organização, cuidar de aposentadorias e, se necessários, demissões.

Assim, ao falarmos de Inteligência Competitiva,


de recursos humanos da inteligência, perfil
profissional, etc., logo imaginamos o nome que
é dado ao cargo do profissional de inteligên-
cia competitiva e as atribuições deste cargo.
Como já foi mencionado anteriormente, a inte-
ligência competitiva é extremamente nova no
Brasil, portanto, a literatura especializada não
menciona exemplos de empresas nacionais,
uma vez que a maioria delas não possui um
“Departamento de Inteligência Competitiva”.

Um sistema de inteligência competitiva complexo envolveria um grande número de profis-


sionais, com as mais variadas habilidades. Entretanto, uma empresa bem estruturada e
comprometida com a instalação do sistema, pode reduzir consideravelmente a quantidade
de profissionais envolvidos, mediante o aproveitamento de mão-de-obra e habilidades. Por
exemplo, o gerente de vendas pode ser o responsável pela coleta de dados.
Gomes
Outra solução apresentada por Gomes é a terceirização ou a contratação de
Elisabeth Gomes e Fabiane
profissionais por somente meio período ou, ainda, a contratação de profis- Braga – Inteligência Competitiva
sionais de fora do quadro da organização, como o profissional liberal. Tais Como transformar informação
soluções poderiam ser empregadas em tarefas básicas, como coleta de dados em um negócio lucrativo – 2ª
edição – Elsevier, 2004. P.83.
e tratamento primário dos mesmos. No entanto, existem profissionais que
são imprescindíveis em alguns pontos do sistema, seja para identificar as
necessidades do usuário, seja para proteger as informações obtidas.

Habilidades necessárias ao profissional de


Inteligência Competitiva
O profissional de inteligência competitiva precisa ocupar um cargo
elevado dentro da organização, sendo necessário que goze
da mais estrita confiança do Presidente, visto que mani-
pulará informações que serão necessárias à tomada
de decisão. Precisa ter poder de persuasão, para
convencer aos diretores da organização que as
informações que detém são úteis e precisa ter
um ótimo relacionamento interpessoal.

Passos, em sua obra intitulada “Inteligência


Competitiva como fazer IC acontecer na sua
empresa”, menciona várias competências
e habilidades em inteligência competitiva,
dentre as quais destacamos algumas, apre-
sentadas a seguir.

Pessoas Inteligentes 47
TECNOLOGIA DE COLETA DE
DADOS E DE INTELIGÊNCIA
Conhecimento e experiência em materiais de
referência, sejam on line (tempo real), seja em
tecnologia de negócios, por meio de publicações
específicas, organização de pesquisas, bancos
de dados, etc. Habilidade de formar redes de
trabalho e estabelecimento de fontes de infor-
mação, seja interna, seja externa.

GERENCIAMENTO DE
PROJETOS E HABILIDADES
ANALÍTICAS
É necessário que o profissional de Inteligência Competitiva
possua a habilidade de gerenciar projetos e tarefas concomi-
tantes, ainda que com recursos limitados, de forma eficaz.

CONSTRUÇÃO DE RELAÇÕES EFICAZES


Habilidade de iniciar, construir e manter relações pessoais eficazes, com o maior número
possível de indivíduos, seja internamente à organização, para que possa ter suas sugestões
implementadas, seja externamente, para que consiga levantar o maior número possível de
dados e informações que possam vir a ser úteis à empresa. Um bom exemplo da importân-
cia de tal habilidade está no fato de que o profissional de IC (Inteligência Competitiva) preci-
sa ter total conhecimento dos processos da organização e, eventualmente, alguma chefia
intermediária poderia se sentir vulnerável, caso lhe passasse informação ou implantasse
algo no setor que houvesse sido sugerido pelo profissional de IC (Inteligência Competitiva)

COMUNICAÇÃO VERBAL E ESCRITA


Parece ser uma habilidade óbvia no profissional de
Inteligência Competitiva, já que ele precisa saber
comunicar suas idéias de forma clara e eficiente,
seja de forma verbal, seja por meio de relatórios
escritos. Daí a importância da fluência verbal, tanto
quanto saber redigir um relatório, que seja facilmen-
te inteligível e em português compreensível.

Estas estão entre as principais habilidades neces-


sárias ao profissional de Inteligência Competitiva,
mencionadas por Passos. Entretanto, algumas outras
habilidades e competências são fundamentais ao
bom profissional, em qualquer nível, conforme reco-
nhece o próprio autor, ao mencionar: conhecimento
de marketing e mercado, conhecimento técnico (não apenas de IC, mas de produtos,
dentro de seu respectivo mercado), conhecimento de pesquisas (estatística, inclusive),
estabelecimento de confiabilidade, credibilidade, objetividade, confidencialidade, habilida-
de de influenciar, dentre outras.

48 Pessoas Inteligentes
HABILIDADE ÉTICA
Mesmo sendo a última a ser mencionada, não é, em hipótese alguma, a menos importan-
te. O profissional de Inteligência Competitiva precisa ser ético, na coleta de inteligência
e precisa saber promover a ética na organização, entre as pessoas com quem trabalha e
com quem interage na persecução de seus objetivos.

Cargo e função

Como disse anteriormente, um sistema de


inteligência competitiva complexo envolveria um
grande número de profissionais, com as mais
variadas habilidades. No entanto, vimos também
algumas soluções que poderiam ser adotadas
para a implantação do sistema sem que haja
uma grande alocação de recursos humanos.
Claro que as soluções propostas são válidas,
mas não podemos nos iludir achando que se
pode colocar em funcionamento todo um
sistema, tão complexo quanto o de inteligência
competitiva, sem que a empresa contrate um
número mínimo de especialistas.

Elisabeth Gomes (2004, p.85 e 86) aponta dois fatores que irão influenciar no sucesso do
sistema, quais sejam: o Fator Quantitativo, ou seja, o número de profissionais a ser aloca-
do. A inteligência competitiva está diretamente relacionado à volatilidade do setor em que
a empresa atua, significando que, quanto mais instável for o setor em que a empresa atua,
maior o número de profissionais demandados, pois as informações precisam ser analisadas
com maior frequência; quantidade de usuários do sistema, ou seja, quanto mais usuários,
maior o número de profissionais dedicados à inteligência e, obviamente o orçamento dispo-
nível e o Fator Qualitativo, ou seja, a qualidade dos profissionais que irão atuar no sistema.

Diante disto, a autora Elisabeth Gomes propõe uma estrutura bem enxuta, com o mínimo
estritamente necessário, com apenas três cargos e apresenta as características de cada
cargo, conforme mostraremos a seguir. Lógico que a existência de três cargos não pres-
supõe que o sistema irá funcionar apenas com estes, mas significa que outros profissio-
nais, da empresa ou terceirizados, teriam que desempenhar algumas atribuições típicas
de inteligência competitiva.

Os cargos propostos são:


GERENTE DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA

Profissional que coordenará o sistema. Precisa ter acesso aos principais executivos da
empresa para identificar suas necessidades de informação. As principais responsabilida-
des do gerente, conforme Gomes são:

Pessoas Inteligentes 49
“• Manter a qualidade das informações geradas pelo sistema.
• Coordenar a equipe e o processo.
• Entender continuamente a necessidade dos usuários do sistema em rela-
ção à Inteligência Competitiva.
• Criar procedimentos de coleta de informações e análise de dados.
• Interagir com o tomador de decisão na organização, alimentando-os de
informações úteis para a tomada de decisão.
• Sensibilizar continuamente a organização sobre a importância do Sistema
de Inteligência Competitiva, seja com palestras, seja pela publicação
de resultados obtidos por meio das informações geradas ou divulgando
depoimentos de usuários do sistema.”
(Elisabeth Gomes, Elsevier, 2004, p.86 a 88)

ANALISTA DE INFORMAÇÃO

Este é o profissional responsável pela análise dos dados e informações coletados, bem
como pela elaboração dos relatórios finais. A autora cita algumas características dese-
jáveis no Analista, dentre as quais temos: facilidade de relacionamento interpessoal,
comportamento ético, criatividade, determinação, aptidões para entrevistar, boa redação
e, principalmente, habilidade de identificar o que é importante, por que é importante e
quando é importante, dentro do universo de informações com que trabalha.

COLETOR OU PESQUISADOR

Será o responsável pela coleta de dados e/ou informações, sendo necessários que possua
aptidão para entrevistar, conhecimento na área de atuação da empresa e habilidade em
métodos de busca de informação.

Já Alfredo Passos (2005, p. 115) apresenta algumas configurações um pouco mais


complexas, sendo que na mais enxuta delas o autor propõe cinco níveis para uma área
ou divisão de inteligência competitiva, sendo os mesmos três propostos por Gomes,
Gerente, Analista e o autor substitui o Pesquisador de Gomes pelo Especialista em
Inteligência Competitiva, entretanto, com as mesmas habilidades e atribuições. Acima
destes Passos, apresenta mais dois níveis que são o Diretor de Inteligência Competitiva e
o Vice-Presidente de Inteligência Competitiva.

ATENÇÃO
De qualquer forma, como vimos, é possível a implantação de um bom sistema de inteligência
competitiva com um grupo relativamente pequeno de profissionais, desde que estes sejam
especialistas em inteligência competitiva, que haja um comprometimento de toda organiza-
ção e apoio dos altos executivos.

50 Pessoas Inteligentes
Síntese
Neste módulo tivemos oportunidade de conhecer alguns modelos de estruturação de um
Sistema de Inteligência Competitiva, tendo sido mostrado que um bom sistema pode ser
adequadamente estruturado sem, necessáriamente, ter que se aplicar um grande número
de profissionais.

Vimos ainda que o Brasil está, ainda, “engatinhando” quando se fala em Inteligência
competitiva, sendo raras as empresas nacionais que possuem um Sistema de Inteligência
Competitiva estruturado como tal.

E, também, vimos as principais habilidades requeridas de um bom profissional em


Inteligência Competitiva, a descrição dos principais cargos dentro de um sistema, com as
atribuições e responsabilidades necessárias aos mesmos.

Por fim, pudemos verificar que é possível implantar um bom sistema de inteligência
competitiva com um número reduzido de profissionais especialistas, quando há um
comprometimento de toda a organização e apoio da cúpula.

No próximo módulo, As Leis Inteligentes, veremos a legislação brasileira aplicável à inte-


ligência competitiva, sendo apresentado a legislação pura, com alguns comentários a
respeito dos artigos mais relevantes.

Bons estudos, e até lá!

Referências
Academia Nacional de Polícia, Departamento de Polícia Federal – Inteligência Policial –
Caderno Didático. Brasília: ANP, 2006.

ALMEIDA, Luiz Augusto Reis – Comportamento.com.br. Disponível em Link: images.


google.com.br http://nem1e99.wordpress.com/2009/04/. Acesso em 06/08/2009.

BESSA, Jorge da Silva - Inteligência Competitiva: uma necessidade no mundo globa-


lizado – disponível em <www.caarq.com.br/textos/InteligenciaCompetitivaNecessidade
MundoGlobalizado>, consulta realizada em 04 de maio de 2009.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro – A (In)Segurança nas redes Empresariais: A Inteligência


Competitiva e a Fuga Involuntária das Informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.

Breve Histórico da Atividade de Inteligência no Brasil – Disponível em Link:<http://www.


abin.gov.br/modules/mastop_publish/?tac=Atividade_de_Intelig%EAncia>, Acesso em
07/08/2009.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo,
2004.

FULD, Leonard M. – Inteligência Competitiva: Como se manter à frente dos movimentos


da concorrência e do mercado. Tradução: Janaína Ruffoni, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


cio lucrativo. 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.


Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

Pessoas Inteligentes 51
PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.
São Paulo: LCTE, 2005.

______________ – Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: Como


superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa. São
Paulo: LCTE, 2007.

Pescaria – Disponível em Link: <http://www.osvigaristas.com.br/imagens/charges/


pescaria-2247.html>. Acesso em 31/08/2009.

Terapia da fala para crianças – Disponível em Link: http://pequenada.com/artigos/terapia-


-fala-para-criancas. Acesso em 31/08/2009.

The real Sherlock Holmes – Disponível em Link: <http://www.cosmosmagazine.com/


node/1890>. Acesso em 31/08/2009.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
COORDENAÇÃO
Rodrigo Tito M. Valadares
Prof.ª Simone Grace de Paula
Design Multimídia AUTORIA
Gestão Pedagógica
Alan J. Galego Bernini
Coordenação Prof. Lúcio Pinto Moreira
Gabriel Lopes Barbosa
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica
Editoração 2013
Karina Gomes de Souza
Dennis Henrique Dias Peçanha

BELO HORIZONTE - 2009

52
Inteligência
Competitiva

AS LEIS
INTELIGENTES
A legislação que regula a atividade
de inteligência no Brasil
Artigos da lei atual que são aplicáveis à
inteligência empresarial
e mais...
AS LEIS INTELIGENTES
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Olá!
Conforme foi exaustivamente falado,
a inteligência competitiva é muito nova
no meio empresarial. Entretanto, ela
já existe, institucionalmente, no meio
governamental, tendo sido, ao longo
das última décadas, praticada por vários
órgãos governamentais diferentes. Isto é
o que veremos neste módulo.
Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Neste módulo veremos a legislação que trata da inteligência competitiva no Brasil. Devido
à sua “tenra idade” no meio empresarial, veremos, basicamente, a regulamentação da
atividade de inteligência no âmbito governamental.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:
• Conhecer a legislação que regula a atividade de inteligência no Brasil.
• Saber construir uma linha do tempo que identifique os diversos órgão que já foram
responsáveis pela atividade.
• Saber reconhecer os artigos da lei atual que são aplicáveis à inteligência empresarial.

54 As Leis Inteligentes
Introdução

Como já vimos reiteradas vezes, a prática da atividade


de inteligência competitiva é ainda extremamente inci-
piente no Brasil, quando pensamos na área empresa-
rial, ou privada. Entretando, a inteligencia governamen-
tal remonta ao século passado, tendo sido instituciona-
lizada em 1927, com a criação do Conselho de Defesa
Nacional (CDN).

O Conselho de Defesa Nacional (CDN) perdurou até


1946. Após o término da Segunda Guerra Mundial, o
então Presidente da República, General Eurico Gaspar
Dutra fracionou a estrutura da Secretaria-Geral do
Conselho de Segurança Nacional em três seções
encarregadas de “organizar
organizar os Planos Industrial e
Comercial, Político Interno e Econômico relativos
ao Plano de Guerra”.

Uma destas Seções, mais precisamente a


segunda, foi encarregada de organizar e dirigir
o Sistema Federal de Informações e Contra-
Informações (SFICI), o qual passou a constituir
o principal instrumento de informações no Brasil
e perdurou até 1964, ano em que foi criado o
Serviço Nacional de Informações - SNI, por
meio da Lei nº 4.341, de 13 de junho.

Com a posse do Presidente Fernando


Collor de Melo, em 1990, o SNI foi
extinto, ficando as atividades de
Informações a cargo da recém criada
Secretaria de Assuntos Estratégicos
– SAE, a qual foi substituída pela
Subsecretaria de Inteligência – SSI,
no governo Itamar.

Em 1999, o então Presidente


Fernando Henrique Cardoso sancionou
a Lei nº 9.883, que instituiu o Sistema
Brasileiro de Inteligência - Sisbin e regu-
lamentou a criação da Agência Brasileira
de Inteligência – Abin, órgão de assesso-
ramento direto ao Presidente da República e
órgão central do Sisbin. Esta é a Lei Federal que
se encontra em vigor atualmente, e que iremos ver
em seguida.

As Leis Inteligentes 55
A Lei

“LEI 9883/1999, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1999.

Institui o Sistema Brasileiro de Inteligência, cria a Agência Brasileira de Inteligência -


ABIN, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica instituído o Sistema Brasileiro de Inteligência, que integra as ações de


planejamento e execução das atividades de inteligência do País, com a finalidade de
fornecer subsídios ao Presidente da República nos assuntos de interesse nacional.

§ 1º O Sistema Brasileiro de Inteligência tem como fundamentos a preservação


da soberania nacional, a defesa do Estado Democrático de Direito e a dignidade
da pessoa humana, devendo ainda cumprir e preservar os direitos e garantias
individuais e demais dispositivos da Constituição Federal, os tratados, convenções,
acordos e ajustes internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte
ou signatário, e a legislação ordinária.
§ 2º Para os efeitos de aplicação desta Lei, entende-se como inteligência a atividade
que objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do
território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre
o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança
da sociedade e do Estado.

§ 3º Entende-se como contra-inteligência a atividade que objetiva neutralizar a


inteligência adversa.

Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal que, direta ou


indiretamente, possam produzir conhecimentos de interesse das atividades de
inteligência, em especial aqueles responsáveis pela defesa externa, segurança interna
e relações exteriores, constituirão o Sistema Brasileiro de Inteligência, na forma de ato
do Presidente da República.

§ 1º O Sistema Brasileiro de Inteligência é responsável pelo processo de obtenção,


análise e disseminação da informação necessária ao processo decisório do Poder
Executivo, bem como pela salvaguarda da informação contra o acesso de pessoas
ou órgãos não autorizados.

§ 2º Mediante ajustes específicos e convênios, ouvido o competente órgão de controle


externo da atividade de inteligência, as Unidades da Federação poderão compor o
Sistema Brasileiro de Inteligência.

Art. 3º Fica criada a Agência Brasileira de Inteligência - ABIN, órgão de assessoramento


direto ao Presidente da República, que, na posição de órgão central do Sistema Brasileiro
de Inteligência, terá a seu cargo planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar
as atividades de inteligência do País, obedecidas a política e as diretrizes superiormente
traçadas nos termos desta Lei. (Vide Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

Parágrafo único. As atividades de inteligência serão desenvolvidas, no que se refere aos


limites de sua extensão e ao uso de técnicas e meios sigilosos, com irrestrita observância
dos direitos e garantias individuais, fidelidade às instituições e aos princípios éticos que
regem os interesses e a segurança do Estado.

56 As Leis Inteligentes
Art. 4º À ABIN, além do que lhe prescreve o artigo anterior, compete:

I - planejar e executar ações, inclusive sigilosas, relativas à obtenção e análise de


dados para a produção de conhecimentos destinados a assessorar o Presidente da
República;

II - planejar e executar a proteção de conhecimentos sensíveis, relativos aos


interesses e à segurança do Estado e da sociedade;

III - avaliar as ameaças, internas e externas, à ordem constitucional;

IV - promover o desenvolvimento de recursos humanos e da doutrina de inteligência,


e realizar estudos e pesquisas para o exercício e aprimoramento da atividade de
inteligência.

Parágrafo único. Os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência


fornecerão à ABIN, nos termos e condições a serem aprovados mediante ato presidencial,
para fins de integração, dados e conhecimentos específicos relacionados com a defesa
das instituições e dos interesses nacionais.

Art. 5º A execução da Política Nacional de Inteligência, fixada pelo Presidente da


República, será levada a efeito pela ABIN, sob a supervisão da Câmara de Relações
Exteriores e Defesa Nacional do Conselho de Governo.

Parágrafo único. Antes de ser fixada pelo Presidente da República, a Política Nacional
de Inteligência será remetida ao exame e sugestões do competente órgão de controle
externo da atividade de inteligência.

Art. 6º O controle e fiscalização externos da atividade de inteligência serão exercidos


pelo Poder Legislativo na forma a ser estabelecida em ato do Congresso Nacional.

§ 1º Integrarão o órgão de controle externo da atividade de inteligência os líderes


da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, assim
como os Presidentes das Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

§ 2º O ato a que se refere o caput deste artigo definirá o funcionamento do órgão de


controle e a forma de desenvolvimento dos seus trabalhos com vistas ao controle e
fiscalização dos atos decorrentes da execução da Política Nacional de Inteligência.

Art. 7º A ABIN, observada a legislação e normas pertinentes, e objetivando o desempenho


de suas atribuições, poderá firmar convênios, acordos, contratos e quaisquer outros ajustes.

Art. 8º A ABIN será dirigida por um Diretor-Geral, cujas funções serão estabelecidas no
decreto que aprovar a sua estrutura organizacional.

§ 1º O regimento interno da ABIN disporá sobre a competência e o funcionamento de


suas unidades, assim como as atribuições dos titulares e demais integrantes destas.

§ 2º A elaboração e edição do regimento interno da ABIN serão de responsabilidade


de seu Diretor-Geral, que o submeterá à aprovação do Presidente da República.

Art. 9º Os atos da ABIN, cuja publicidade possa comprometer o êxito de suas atividades
sigilosas, deverão ser publicados em extrato.

§ 1º Incluem-se entre os atos objeto deste artigo os referentes ao seu peculiar


funcionamento, como às atribuições, à atuação e às especificações dos respectivos
cargos, e à movimentação dos seus titulares.

As Leis Inteligentes 57
§ 2º A obrigatoriedade de publicação dos atos em extrato independe de serem de
caráter ostensivo ou sigiloso os recursos utilizados, em cada caso.

Art. 9º A - (Vide Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

Art. 10º A ABIN somente poderá comunicar-se com os demais órgãos da administração
pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, com o conhecimento prévio da autoridade
competente de maior hierarquia do respectivo órgão, ou um seu delegado.

Art. 11º Ficam criados os cargos de Diretor-Geral e de Diretor-Adjunto da ABIN, de


natureza especial, e os em comissão, de que trata o Anexo a esta Lei.

Parágrafo único. São privativas do Presidente da República a escolha e a nomeação do


Diretor-Geral da ABIN, após aprovação de seu nome pelo Senado Federal.

Art. 12º A unidade técnica encarregada das ações de inteligência, hoje vinculada à Casa
Militar da Presidência da República, fica absorvida pela ABIN.

§ 1º Fica o Poder Executivo autorizado a transferir para a ABIN, mediante alteração


de denominação e especificação, os cargos e funções de confiança do Grupo-
Direção e Assessoramento Superiores, as Funções Gratificadas e as Gratificações
de Representação, da unidade técnica encarregada das ações de inteligência,
alocados na Casa Militar da Presidência da República.

§ 2º O Poder Executivo disporá sobre a transferência, para a ABIN, do acervo


patrimonial alocado à unidade técnica encarregada das ações de inteligência.

§ 3º Fica o Poder Executivo autorizado a remanejar ou transferir para a ABIN os


saldos das dotações orçamentárias consignadas para as atividades de inteligência
nos orçamentos da Secretaria de Assuntos Estratégicos e do Gabinete da Presidência
da República.

Art. 13º As despesas decorrentes desta Lei correrão à conta das dotações orçamentárias
próprias.

Parágrafo único. O Orçamento Geral da União contemplará, anualmente, em rubrica


específica, os recursos necessários ao desenvolvimento das ações de caráter sigiloso a
cargo da ABIN.

Art. 14º As atividades de controle interno da ABIN, inclusive as de contabilidade analítica,


serão exercidas pela Secretaria de Controle Interno da Presidência da República.

Art. 15º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 7 de dezembro de 1999; 178º da Independência e 111º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Amaury Guilherme Bier

Martus Tavares

Alberto Mendes Cardoso”

58 As Leis Inteligentes
BREVE ANÁLISE DA LEI
Se observarmos bem, logo no segundo parágrafo do artigo primeiro, temos as definições
de inteligência, como sendo “a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação
de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imedia-
ta ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a
salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.” Se substituirmos os termos “da
sociedade e do Estado” por “da organização” ou “da empresa”, temos a definição de
inteligência, no âmbito empresarial.

Podemos até imaginar que para a maioria das empresas nacionais fica demasiado exagerado
se falar em “dentro e fora do território nacional”, pois as empresas nacionais, em sua maio-
ria, são pequenas ou micro empresas. No entanto, conforme já vimos em módulos anterio-
res, face a globalização, atualmente qualquer empresa precisa se preocupar com
empresas localizadas em qualquer parte do mundo, principalmente com
aquelas localizadas nos países denominados “Tigres Asiáticos”.

Lógico que não haverá necessidade de enviar funcionários


ou pesquisadores à China ou Japão, com objetivo de cole-
tar informações sobre os concorrentes, fornecedores
ou clientes, pois, se a globalização trouxe uma maior
concorrência, trouxe também maiores facilidades de
comunicação e pesquisa por diversos meios, prin-
cipalmente com uso da rede mundial de computa-
dores (internet).

De qualquer forma, o legislador foi bastante feliz


ao conceituar inteligência, quando colocou que
inteligência é obtenção, análise e Disseminação
de conhecimento. Atualmente ainda é comum
dentro das organizações aqueles funcionários que
ocupam um cargo de certa relevância e que, seja
por medo de perder o cargo, seja por não saber como
transmitir, ainda retêm conhecimento, achando que isto
os perpetuará no cargo.

Lógico que a disseminação do conhecimento haverá


que ser entre as pessoas certas, até para que haja
uma adequada Análise dos mesmos para que sejam
úteis ao processo decisório.

As Leis Inteligentes 59
Já, no terceiro parágrafo do mesmo artigo primeiro temos a definição de contra-inteli-
gência, “§ 3º Entende-se como contra-inteligência a atividade que objetiva neutralizar a
inteligência adversa.” Traduzindo-se “neutralização da inteligência adversa” como sendo
a proteção dos dados relativos à minha empresa, uma vez que se pode entender como
objetivo da “inteligência adversa” a busca de informações sobre o concorrente de outras
empresas, que, no caso, seria a minha empresa.

No artigo segundo, parágrafo primeiro temos que: “o Sistema Brasileiro de Inteligência é


responsável pelo processo de obtenção, análise e disseminação da informação necessária
ao processo decisório do Poder Executivo”. Quando rememoramos tudo o que vimos,
podemos perceber uma perfeita sintonia com os conceitos propostos de inteligência
competitiva, “processo de obtenção de dados, tratamento destes e conversão em infor-
mação útil à tomada de decisão.”

Assim como o “Poder Executivo” pode ser


visto como a mais alta instância decisória
do país, a Presidência ou Diretoria de uma
organização é a mais alta instância decisória
dentro da mesma. Há que se entender,
portanto, que o resultado do trabalho da
inteligência competitiva destina-se, no âmbito
empresarial, à mais alta instância decisória da
organização, ou seja, à Presidência.

No parágrafo único do artigo terceiro podemos perceber a clara preocupação do legisla-


dor com a ética, quando diz que as atividades de inteligência serão desenvolvidas com
Irrestrita Observância dos direitos e garantias individuais e aos Princípios Éticos.

Como já vimos no módulo “A Ética Inteligente”, ética é um conjunto de valores morais e


princípios que norteiam a conduta humana na sociedade e, embora não possa ser confun-
dida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. Que não nos ouçam
os políticos, mas, face aos inúmeros escândalos surgidos nesta área, quase podemos
entender que o conteúdo deste artigo da lei se destina à iniciativa privada, ou, ao âmbito
empresarial, aplicável à inteligência competitiva.

Os demais artigos da lei tratam, basicamente, da organização,


atribuições e estruturação da Agência Brasileira de Inteligência
(ABIN). De qualquer forma, como vimos, trata-se de uma lei
que trás algumas definições importantes, assim como a obri-
gatoriedade de observação da ética no trato com informação.

Talvez a grande preocupação do legislador ao enfatizar a ética,


tenha sido o risco que se corria de confundir inteligência com
espionagem. Não que na área de espionagem não houvesse ética,
mas, conforme veremos no próximo módulo, Inteligência X Espionagem, estes dois
conceitos não se confundem e, logicamente, a ética envolvida em inteligência competiti-
va, difere, totalmente, da ética envolvida com o conceito de espionagem.

60 As Leis Inteligentes
Síntese
Neste módulo tivemos oportunidade de conhecer um pouco da história da inteligência
insitucionalizada (ou governamental) no Brasil, desde suas primeiras manifestações, no
início do século passado.

Vimos ainda um breve histórico dos diversos órgãos que cuidaram da inteligência institu-
cionalizada, ao longo de sua história, desde o início do século passado.

E, também, vimos a lei em vigor que normatiza a atividade de inteligência no Brasil, a qual
é, também, responsável pela criação do órgão atualmente responsável pela atividade, a
Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).

Por fim, pudemos verificar que, apesar da inteligência empresarial não possuir uma legis-
lação nacional própria, a Lei nº 9883/99, que trata no assunto no âmbito governamental,
traz inúmeros conceitos aplicáveis à iniciativa privada.

No próximo módulo, Inteligência X Espionagem, veremos que a atividade de inteligência,


ou inteligência competitiva, não se confunde com a atividade de espionagem. Veremos
alguns conceitos na área de espionagem e as principais diferenças entre as duas ativida-
des. Até lá!

Bons estudos e boa aprendizagem!

Referências
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gov.br/modules/mastop_publish/?tac=80_anos_da_Atividade_de_Intelig%EAncia_no_
Brasil#sni. Acesso em 10/09/2009.

Academia Nacional de Polícia, Departamento de Polícia Federal – Inteligência Policial –


Caderno Didático. Brasília: ANP, 2006.

ALMEIDA, Luiz Augusto Reis – Comportamento.com.br. Disponível em Link: images.


google.com.br <http://nem1e99.wordpress.com/2009/04/>,. Acesso em 06/08/2009.

Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Disponível em Link:http://www.tecsi.fea.usp.br/


eventos/contecsi2008/imagens/LOGO%20ABIN.jpg. Acesso em 15/09/2009.

Bairro do Catete - Os Presidentes no Palácio - Eurico Dutra. – Disponível em <http://


www.bairrodocatete.com.br/euricodutra.jpg >, consulta realizada em 15/09/2009.

BESSA, Jorge da Silva - Inteligência Competitiva: uma necessidade no mundo globaliza-


do. Disponível em Link:<www.caarq.com.br/textos/InteligenciaCompetitivaNecessidade
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BRASIL, Lei 9883/1999, de 7 de dezembro de 1999. Disponível em Link: http://www.


abin.gov.br/modules/mastop_publish/?tac=Lei_9883_de_07%2F12%2F1999. Acesso
em 03/09/2009.

BRASIL, Lei nº 4.341, de 13 de junho de 1964. Disponível em Link:http://www.soleis.


adv.br/serviconacionalinformacoes.htm. Acesso em 04/09/2009.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro – A (In)Segurança nas redes Empresariais: A Inteligência


Competitiva e a Fuga Involuntária das Informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.

As Leis Inteligentes 61
Breve Histórico da Atividade de Inteligência no Brasil. Disponível em Link:http://www.
abin.gov.br/modules/mastop_publish/?tac=Atividade_de_Intelig%EAncia. Acesso em
07/08/2009.

DEP - DIPLOMACIA ESTRATÉGIA POLÍTICA. Ano 1, nº 1 – Projeto Raúl Prebisch – Brasília,


2004.

Fernando Collor de Mello: Perfil . Disponível em Link:<http://www.revistacitta.com.


br/?p=227>, . Acesso em 15/09/2009.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo,
2004.

FULD, Leonard M. – Inteligência Competitiva: Como se manter à frente dos movimentos


da concorrência e do mercado. Tradução: Janaína Ruffoni, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


cio lucrativo. 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

Governo Fernando Henrique Cardoso. Disponível em Link:<http://www.brasilescola.com/


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Modelos para o Brasil: Tigres asiáticos?. Disponível em Link:http://discutapolitica.blogs-


pot.com/2008/05/modelos-para-o-brasil-tigres-asiticos.html. Acesso em 15/09/2009.

NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.


Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

Imagem de alta resolução: Blindagem cautela cobras Foto. Disponível em Link:http://


imagens.n3po.com/Fotos/Blindagem-cautela-cobras.jpg.html?p=*full-image. Acesso em
15/09/2009.

PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.


São Paulo: LCTE, 2005.
______________ – Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: Como
superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa. São
Paulo: LCTE, 2007.

Saiba o que é ética, definição, conceito de ética e links relacionados. Disponível em


Link:http://www.suapesquisa.com/o_que_e/etica_conceito.htm. Acesso em 15/09/2009.

SEGURANÇA E DESENVOLVIMENTO. Revista da ADESG nº 221 – Rio de Janeiro – 1996.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
COORDENAÇÃO
Rodrigo Tito M. Valadares
Prof.ª Simone Grace de Paula
Design Multimídia AUTORIA
Gestão Pedagógica
Alan J. Galego Bernini
Coordenação Prof. Lúcio Pinto Moreira
Gabriel Lopes Barbosa
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica
Editoração 2013
Karina Gomes de Souza
Dennis Henrique Dias Peçanha

BELO HORIZONTE - 2009

62
Inteligência
Competitiva

INTELIGÊNCIA X
INTELIGÊNCIA
INTELIGÊNCIA X ESPIONAGEM
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Boas Vindas
No início de nossa disciplina vimos que a atividade
de inteligência competitiva nasceu, basicamento,
com o fim da guerra fria entre Estados Unidos e
União Soviética, face ao expressivo “desemprego
de espiões”. Agora que já conhecemos melhor a
atividade de inteligência competitiva, a legislação
que trata do assunto e, principalmente, a ética
envolvida na atividade, veremos, neste módulo
que, apesar disto, a atividade de inteligência, ou
inteligência competitiva, não se confunde com a
atividade de espionagem.
Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Neste módulo veremos algumas definições de espionagem e alguns conceitos envolvidos
na área, alguns espiões famosos, seja da ficção, seja da realidade, além de um comparati-
vo da atividade com a inteligência competitiva, tanto no desenvolvimento das atribuições,
quanto na ética envolvida.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:
• Saber o que é espionagem.
• Ter uma clara noção de que a atividade de inteligência competitiva nada tem a ver
com a atividade de espionagem.
• Conhecer alguns espiões famosos, no Brasil, no mundo, real e na ficção.
• Saber diferenciar a ética envolvida em cada uma das atividades.

64 Inteligência x Espionagem
Introdução
Quando se fala em espionagem, de imediato,
alguns nomes e siglas nos vêm à memória:
Mata Hari, famosa espiã holandesa, cujo
nome real era Margaretha Geertruida
Zelle, Jason Bourne, agente americano da
ficção, criado para concorrer com o
britânico James Bond (observem
inclusive a coincidência de iniciais),
Ethan Hunt e, ainda na ficção, os
cômicos Agente 86 e o Inspetor
Clouseau, CIA, agência de inteligên-
cia americana, KGB, agência soviética e
Mossad, agência israelense, dentre outros.

Talvez a melhor forma de se saber o que


é espionagem não seja apresentando
o conceito do termo, mas sim apre-
sentando um exemplo que seja facil-
mente entendível por todos. Quando
o escritor Ian Fleming escreveu seus
romances sobre o agente secreto 007,
provavelmente não imaginasse que James
Bond seria o estrondoso sucesso que é,
sendo, provavelmente, a mais cara das
franquias mundiais.

Ian Fleming nasceu em 1908 e fale-


ceu em 1964. Trabalhou na
Agência Secreta Britânica,
o SIS - Secret Intelligence
Service (Serviço Secreto
de Inteligência), também
conhecido como MI6 (de
“military intelligence”), e
escreveu quatorze livros sobre
o agente 007, assim chamado
por ser um agente que tem licen-
ça para matar (caracterizado pela
designação “00”) e ser o sétimo
agente com esta designação.

Este é o melhor exemplo que me ocor-


re de um espião. Mas, o que isto tem
a ver com o conceito de espionagem?
Tem que o espião é aquele que pratica
a atividade de espionagem.

Agora sim, cabe a pergunta: o que é


espionagem? É a atividade que tem
por objetivo a obtenção de infor-
mações de caráter secreto ou
sigiloso de inimigos, sem a auto-
rização destes.

Inteligência x Espionagem 65
A Espionagem e o Espião
O termo espião é utilizado para designar o agente praticante da atividade de espionagem,
assim chamado por ser aquele que espia. Aurélio define espionar como “1.Espreitar ou
investigar como espião. 2.Espiar”, e o termo espia como “1.Pessoa que às escondidas
espreita as ações de alguém. 2.Sentinela, vigia. 3.Espião”.

Esta prática, normalmente, visa a obtenção de uma vantagem militar, política ou econô-
mica, sendo mais comum no meio governamental (militar ou política) e, normalmente,
quando envolve a área econômica é chamada de “espionagem industrial”.

Observe que a inteligência competitiva visa a obtenção de informação sobre os concor-


rentes, no entanto, neste caso as informações são disponibilizadas pelos próprios concor-
rentes, sob a forma de dados. Só para relembrar, os dados são trabalhados e convertidos
em informações que, por sua vez, se transformam em inteligência (competitiva).

Uma observação interessante sobre o tema é que nenhum governo admite que prati-
que espionagem, todos os órgãos responsáveis pela atividade possuem nomes respeitá-
veis, como Serviço Secreto de Inteligência (MI6 - military intelligence, inglês), Agência
Central de Inteligência (CIA americana), Comitê de Segurança do Estado (KGB - Komitet
Gosudarstveno Bezopasnosti, na antiga União Soviética), o Instituto para Inteligência e
Operações Especiais (Mossad israelense), dentre outras.

Observe que nenhum dos nomes possui o termo “espionagem”. Entretanto, todos os
governos admitem que praticam a contra-espionagem, ou seja, “eu não espiono ninguém,
mas o meu inimigo me espiona. Portanto, preciso tomar medidas para proteger minhas
informações secretas”.

66 Inteligência x Espionagem
E, porque esta preocupação dos governos em
passarem a imagem de que não espionam? Vamos
relembrar o conceito: espionar é obter informações
de caráter secreto ou sigiloso de inimigos, sem
a autorização destes. E, para isto vale qualquer
negócio: a ficção copia a realidade, o “00” do agente
007 significa que ele tem “licença para matar” no
desempenho de suas atribuições.

Não é raro que as atividades de espionagem envolvessem o sequestro e assassinatos de


pessoas que eram consideradas como ameaça ao país. A atividade frequentemente envol-
ve interesses que não podem ser admitidos publicamente, motivo pelo qual não se vê
uma “Agência Americana de Espionagem” ou “Comitê Russo de Espionagem”. Afinal, qual
governo gostaria de admitir que sequestra pessoas ou pratica assassinatos, ainda que “em
nome da pátria”?

O desmantelamento da União Soviética e o rápido declínio do comunismo levaram ao


consequente final da guerra fria e, como já vimos, a um “desemprego em massa de espi-
ões”. Entretanto, a atividade de espionagem não cessou no mundo. Atualmente os servi-
ços de informações e de espionagem se preocupam, principalmente, com organizações
terroristas e com o tráfico de drogas.

Pode-se dizer, portanto, que as atividades de espionagem e de inteligência competitiva


“tiveram a mesma raiz”, entretanto, transformaram-se em “ramificações diferentes” da
mesma árvore. Ou seja, ambas têm como finalidade a coleta de informações, diferencian-
do-se nos métodos utilizados para tal.

Enquanto que a espionagem utiliza-se de métodos muitas vezes escusos, para coletar
informações do inimigo (e, algumas vezes, até dos “amigos”) sem autorização destes, a
inteligência competitiva coleta dados que são disponibilizados (publicados) pelos concor-
rentes, faz um tratamento destes dados e os transforma em informação.

PARA REFLETIR
Logicamente que a ética envolvida em ambas as atividades não poderia ser a mesma, pois,
como sabemos, ser ético é “Ser honesto em qualquer situação - é a virtude dos negócios”.
Por tudo que já vimos, não parece ser um pouco difícil que um espião que tenha “licença para
matar” possa ser ético?

Mas a realidade é que mesmo o espião tem sua ética própria. O mesmo autor da citação
acima também disse que “ser um profissional ético nada mais é do que ser profissional
mesmo nos momentos mais inoportunos.” (DIAS, Bruno). Portanto os profissionais da
espionagem também possuem sua ética, só que ela difere da ética do profissional de
inteligência competitiva aplicada ao meio empresarial, como já vimos no módulo “A Ética
Inteligente”.

Inteligência x Espionagem 67
Ser ou não ser (Ético)?
Logicamente, se nenhum governo admite praticar a espionagem, como vimos, parece
óbvio que não encontraremos, em nenhum lugar um “Código de Ética dos Espiões”. Pois
se os espiões nem ao menos existem. No máximo, o que poderia haver seria um “Código
de Ética dos Contra-Espiões”, já que a atividade de contra-espionagem é admitida pela
maioria dos governos.

De qualquer forma, dada a ausência mencionada, tudo o que podemos fazer é usar a
imaginação para fazer um paralelo entre a ética da inteligência competitiva (que já vimos
no módulo “A Ética Inteligente”) e uma provável ética da espionagem.

Desta forma, elaboramos o quadro a seguir, com objetivo de tentar formular um compa-
rativo entre as duas atividades.

Ética da Inteligência Competitiva Ética da Atividade de Espionagem


(Segundo Passos) (Suposição)

Se nenhum governo admite praticar a espio-


Continuar aumentando o reconhecimento e o nagem, a profissão “não existe”. Logo, não
respeito da profissão. há que se falar em “reconhecimento e respei-
to da profissão”
Se o espião não existe, não precisa obedecer
às leis. O próprio conceito da atividade já pres-
Obedecer às leis aplicáveis no âmbito nacional
supõe um desrespeito às leis: “obtenção de
e internacional.
informações de caráter secreto ou sigiloso de
inimigos, sem a autorização destes”.
Identificar-se, e à organização, antes da reve- Um outro nome pelo qual o espião pode ser
lação de informações importantes por outras chamado é “Agente Secreto”. E, se é secreto,
partes envolvidas. não tem que se identificar.
Aqui sim, parece haver uma coincidência de
Respeitar todos os pedidos de confidencialida-
valores. Repetindo o que foi dito anteriormen-
de das informações.
te, “se é secreto”, há que ser confidencial.
Evitar conflitos de interesse no cumprimento
do dever.
Prover recomendações e conclusões honestas e
realistas na execução do dever. Os demais itens do Código de Ética dos
Profissionais de Inteligência Competitiva não
Promover este código de ética internamente na me parecem aplicáveis aos que se dedicam à
organização, com os contratados, e em toda atividade de espionagem.
profissão.
Aderir fielmente à política, objetivos e diretrizes
da organização

Como se vê, ainda que os profissionais que se dediquem à atividade de espionagem


possuam uma ética (mesmo que não formal), esta não se confunde com a ética dos
profissionais de Inteligência Competitiva.

Encerrando, vale lembrar que, além da ética, uma diferença é marcante entre as duas
atividades: a Inteligência Competitiva produz informação por meio da coleta e tratamento
de dados obtidos de maneira legal, já que são tornados públicos, na maioria das vezes,
por seus próprios detentores (ex.: Balanço Patrimonial publicado pelo meu concorrente)
enquanto que a espionagem se caracteriza pela “obtenção de informações de caráter
secreto ou sigiloso de inimigos, sem a autorização destes”.

68 Inteligência x Espionagem
Síntese
Neste módulo tivemos oportunidade de conhecer um pouco da atividade que poderia ser
chamada de “mãe” da Inteligência Competitiva, a espionagem. Parafraseando as grandes
personagens dos filmes de espionagem, não dá para saber mais pois “se eu te contasse
mais, teria que te matar”.

Fora as descontrações, vimos ainda que a atividade de espionagem não é admitida pela
grande maioria dos governos. Desta forma, tudo o que encontra é história, ou seja, fato
acontecido há tempos e, portanto, não passível de julgamento (a não ser pela história),
ou ficção.

E, também, vimos que as atividades de Inteligência Competitiva e de espionagem possuem


uma mesma “raiz”, no entanto, as duas não se confundem, pois, apesar de terem o
mesmo objetivo (obtenção de informações), utilizam métodos totalmente diferentes para
conseguir tal objetivo.

Por fim, pudemos verificar que, mesmo que a atividade de espionagem não possua um
código de ética formal, foi possível traçar um paralelo entre a ética envolvida nas duas
atividades, o que permitiu verificar, com maior clareza, que as mesmas não se confundem.

No próximo módulo, Produzindo Inteligência, veremos um pouco sobre os ciclos de produ-


ção de inteligência, ou seja, como fazer inteligência? No próximo módulo talvez tenhamos
a resposta a esta pergunta.

Até lá e bons estudos.

Referências
80 anos da Atividade de Inteligência no Brasil. Disponível em Link: http://www.abin.
gov.br/modules/mastop_publish/?tac=80_anos_da_Atividade_de_Intelig%EAncia_no_
Brasil#sni. Acesso em 10/09/2009.

Academia Nacional de Polícia, Departamento de Polícia Federal – Inteligência Policial –


Caderno Didático. Brasília: ANP, 2006.

ALMEIDA, Luiz Augusto Reis – Comportamento.com.br. Disponível em Link: images.


google.com.br <http://nem1e99.wordpress.com/2009/04/>,. Acesso em 06/08/2009.

BESSA, Jorge da Silva - Inteligência Competitiva: uma necessidade no mundo globaliza-


do. Disponível em Link:<www.caarq.com.br/textos/InteligenciaCompetitivaNecessidade
MundoGlobalizado>. Acesso em 04 de maio de 2009.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro – A (In)Segurança nas redes Empresariais: A Inteligência


Competitiva e a Fuga Involuntária das Informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.

Breve Histórico da Atividade de Inteligência no Brasil. Disponível em Link:http://www.


abin.gov.br/modules/mastop_publish/?tac=Atividade_de_Intelig%EAncia. Acesso em
07/08/2009.

Bourne. – Disponível em <http://images.fanpop.com/images/image_uploads/The-Bourne-


Supremacy-jason-bourne-223040_1280_1024.jpg>, Acesso em 17/09/2009.

Coleção 007 James Bond. – Disponível em <http://images.quebarato.com.br/photos/


big/E/9/8F9E9_1.jpg>, Acesso em 17/09/2009.

Inteligência x Espionagem 69
DIAS, Bruno - O que é ser ético entre outros. Disponível em <http://www.jornalexpress.
com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=16452&id_noticia=5>. Acesso em 20/08/2009.

Espionagem e perseguição. – Disponível em <http://vimieiro2009.blogspot.com


/2009_07_01_archive.html>, Acesso em 22/09/2009.

Exército de arapongas vive ‘boom’ no Brasil, diz Guardian. – Disponível em <http://


oglobo.globo.com/mundo/mat/2007/07/26/296981350.asp>, Acesso em 18/09/2009.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo, 2004.

FULD, Leonard M. – Inteligência Competitiva: Como se manter à frente dos movimentos


da concorrência e do mercado. Tradução: Janaína Ruffoni, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


cio lucrativo. 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

Mossad. – Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mossad>, Acesso em 17/09/2009.

NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.


Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

KGB. – Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/KGB>, Acesso em 17/09/2009.

O espião que saiu dos trópicos. – Disponível em <http://www.revistadehistoria.com.br/


v2/home/?go=detalhe&id=612&pagina=3>, Acesso em 18/09/2009.

PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.


São Paulo: LCTE, 2005.

______________ – Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: Como


superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa. São
Paulo: LCTE, 2007.

RIVIÈRE, Jean-Jacques, Mata Hari. – Disponível em <http://www2.uol.com.br/historiavi-


va/reportagens/mata_hari.html>, Acesso em 17/09/2009.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
COORDENAÇÃO
Rodrigo Tito M. Valadares
Prof.ª Simone Grace de Paula
Design Multimídia AUTORIA
Gestão Pedagógica
Alan J. Galego Bernini
Coordenação Prof. Lúcio Pinto Moreira
Gabriel Lopes Barbosa
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica
Editoração 2013
Karina Gomes de Souza
Dennis Henrique Dias Peçanha

BELO HORIZONTE - 2009

70
Inteligência
Competitiva
PRODUZINDO
INTELIGÊNCIA
Sistema de Inteligência Competitiva
Como preparar uma empresa para receber
um Sistema de Inteligência Competitiva
As etapas que estão envolvidas na
preparação de uma organização
Os vários sistemas de
inteligência possíveis
dentro de uma
organização
PRODUZINDO INTELIGÊNCIA
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Caro(a) aluno(a),
Até agora já sabemos o que é inteligência, o
que é contra-inteligência, o que é espionagem,
contra-espionagem assim como a ética envolvida
em cada uma dessas atividades. Mas, afinal,
como “se faz” inteligência? Quem é inteligente,
já não nasceu inteligente? Tem como “fazer
inteligência”? As respostas a estas e outras
perguntas é o que veremos nesse e nos próximos
módulos. Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
É importante ressaltar que a inteligência de que tratamos aqui é a Inteligência Competitiva.
Neste módulo veremos que sim, é possível construir inteligência (competitiva). Vamos
analisar um breve “roteiro” sobre como preparar uma empresa para receber um sistema de
inteligência competitiva, apresentado por Elisabeth Gomes, comparando-o com modelos
apresentados por outros autores.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:
• Entender um Sistema de Inteligência Competitiva, com cada uma das partes que
o compõem.
• Saber como preparar uma empresa para receber um Sistema de Inteligência
Competitiva.
• Ter uma clara noção das diversas etapas que estão envolvidas na preparação de
uma organização.
• Saber identificar os vários sistemas de inteligência possíveis dentro de uma orga-
nização.

72 Produzindo Inteligência
Introdução
Em linguagem cinematográfica, plano sequência é a filmagem de toda uma ação contínua
através de um único plano (sem cortes). Ou seja, é quando um intervalo de filmagem é
tão longo que se pode dizer que corresponde a uma sequência inteira do filme.

Yoshitake adaptou o conceito cinematográfico de plano sequência para a área administra-


tiva, e afirma que o

“plano sequência é a somatória de sequências das unidades de ação observá-


veis nas ações e comportamentos dos gestores de uma organização”.
(YOSHITAKE, Mariano. 2009)

O conceito de plano sequência apresentado por Yoshitake se aproxima muito, e pode ser
comparado com o conceito de rede PERT (Program Evaluation and Review – Programa de
Avaliação e Revisão), técnica utilizada para o gerenciamento de projetos com alto grau de
complexidade, que exige a coordenação de várias atividades, realizadas simultaneamente
ou que não possam ser iniciadas até que as atividades anteriores tenham sido completadas.

Citando Robbins, Yoshitake afirma que a rede PERT representa um diagrama de fluxo que
tem como objetivo descrever a sucessão de atividades necessárias para a conclusão de
um projeto e o tempo ou custos associados a cada atividade. É necessário para a sua
construção, o conhecimento de três termos: eventos, atividades e caminho crítico.

Assim, os eventos indicam o início ou fim de uma ativi-


dade, já as atividades representam o tempo ou recursos
necessários para se avançar de um evento a outro e o
caminho critico é a sequência mais longa ou demorada
de eventos e atividades em uma rede PERT.

Esquematicamente, uma rede PERT poderia ser expli-


cada pela figura ao lado. A ocorrência do evento “A”
não implica na obrigatoriedade de ocorrência do evento
“B”, “C” ou “D”. Porém, para que o evento “B” ocorra é
necessária, antes, a ocorrência de “A”. Legenda: Rede PERT

Os conceitos de plano sequência e rede PERT foram


apresentados, pois acredito ser a maneira mais fácil de apresentar o “como fazer” da
inteligência competitiva. Tais conceitos, certamente, serão mais bem apreendidos quando
virmos sua aplicação na prática.

Porque fazer?
Neste módulo vamos estudar a proposta apresentada por Elisabeth Gomes e Fabiane
Braga em sua obra “Inteligência Competitiva como transformar informação em um negó-
cio lucrativo” fazendo um paralelo de tal proposta com as propostas apresentadas por
outros estudiosos do assunto.

Em sua obra, as autoras informam que a utilização de um sistema de inteligência compe-


titiva pode se dar em organizações de qualquer tamanho, seja ela de pequeno, médio ou
grande porte. Mas, porque implementar um sistema de inteligência em uma empresa
qualquer? Tudo o que fazemos tem, sempre, um propósito. Ninguém faz nada “por fazer”
ou “por falta do que fazer”. Assim, os motivos apresentados para a implementação de um

Produzindo Inteligência 73
sistema de inteligência competitiva são vários, a título de exemplificação, pode-se apresen-
tar: Antecipar ações dos concorrentes, descobrir novos concorrentes, auxiliar na abertura e
definição de um novo negócio, analisar fusões e alianças, dentre outros.

Gomes e Braga apresentam dois exemplos de uso da inte-


ligência competitiva, sendo um no Brasil, com a empre-
sa de telecomunicações CTBC, do Grupo Algar, uma
empresa pequena que opera na região do Triângulo
Mineiro e interior de São Paulo e que, com o uso da
Inteligência Competitiva tem conseguido se manter
em um mercado dominado por gigantes como
Telefônica, Telemar, Embratel e Intelig.

Mas, o exemplo mais interessante talvez seja o da


empresa americana NutraSweet que, em 1991, come-
çou a ouvir de seus clientes que o departamento americano
de alimentos e medicamentos (US Food & Drug Administration
– FDA) estava prestes a aprovar um adoçante da concorrente Johnson & Johnson.
Com esta informação, os gerentes propuseram um programa de propaganda defensiva
por um período de três anos e custo de US$ 84 milhões, preservando assim a fatia de
mercado que a empresa possuía (2/3).

Foi neste momento que a unidade de inteligência da NutraSweet entrou em ação, inves-
tigando o caso e descobriu que a aprovação da FDA não era assim tão iminente. Os
gestores da empresa se viram em um dilema: em quem acreditar? Nos clientes ou na sua
unidade de inteligência? O fato é que após cinco anos a FDA ainda não havia aprovado
o adoçante da concorrente, e o fato da emprea ter uma unidade de inteligência que teve
uma atuação eficaz naquele momento, fez com que ela economizasse oitenta e quatro
milhões de dólares em propaganda defensiva.

Eu estou pronto para fazer?

Como já vimos, a matéria prima da inteligência competitiva


são os dados coletados que, depois de processados, se
transformam em informação. Sabemos, também, que o produto
final de um sistema de Inteligência Competitiva se destina a
apoiar os gestores da organização no processo de tomada de
decisão.

Por tudo o que já vimos até o momento, pare-


ce lógico que a inteligência competitiva só pode
trazer benefícios à organização que a adotar.
Mas não é qualquer empresa que pode ou deve
adotá-la, a empresa precisa ser preparada para
tal. Aquele que for implantar o sistema precisa
conhecer bem a empresa e a empresa precisa
conhecer o sistema.

74 Produzindo Inteligência
Portanto, o primeiro passo para se implantar um sistema de inteligência competitiva em
uma empresa é preparar a empresa para recebê-lo.

Na preparação da empresa para receber o sistema de inteligência competitiva alguns


passos devem ser seguidos, conforme apresentado a seguir:

1. Uma clara definição da missão – Neste ponto é necessário ter-se a resposta a


algumas perguntas, tais como quais informações são necessárias ao processo de
tomada de decisão? A quem se destina, ou seja, quem é o tomador de decisão?
Que tipo de inteligência a empresa necessita?
2. Realização de uma auditoria de informação – Basicamente, este item consiste em
se fazer um levantamento dos conhecimentos e informações disponíveis na empre-
sa, mapeando e identificando as fontes (arquivos, manuais, funcionários especia-
lizados, etc), para que, em caso de necessidade, as informações ou o especialista
seja rapidamente localizado.
3. Divulgação e conscientização interna – Como já vimos, para que um sistema de
inteligência competitiva possa funcionar, há necessidade de um engajamento de
toda a organização. Assim, faz-se necessário que haja um marketing interno, para
que se possa sensibilizar os colaboradores da importância de se participar do
processo. Uma boa forma de se conseguir tal intento é a realização de palestras
periódicas, seja para solicitar cooperação, seja para comunicar resultados.
4. Programa de incentivos aos empregados – Todas as pessoas que trabalham gostam
de ver seu trabalho reconhecido. Tal reconhecimento não se dá única e exclusi-
vamente por meio do salário pago ao mesmo. Logicamente que um bom salário e
prêmios em dinheiro sempre serão bem-vindos, mas esta não é a única forma de
motivar os empregados. A oferta de cursos de treinamento, por exemplo, pode ser
muito bem vista pelos colaboradores da empresa.

Depois que a empresa se prepara para receber o sistema de inteligência, com todos
os passos mencionados devidamente implantados, chega o momento de, efetivamente,
“fazer inteligência”. Para se fazer inteligência existem outros pontos que precisam ser
observados. Estes pontos é o que veremos no próximo módulo, Nasce a Inteligência.

Produzindo Inteligência 75
Síntese
Neste módulo tivemos oportunidade de vermos do que uma empresa necessita para
implantar um sistema de inteligência competitiva.

Vimos que a melhor forma de se entender os passos necessários para a implantação de


um sistema de inteligência competitiva é por meio da construção de um plano sequencia.
Conhecemos a definição de plano sequencia, tanto no meio cinematográfico como na
área administrativa.

E, também, vimos que o plano sequencia pode ser comparável ao conceito de rede PERT,
sigla do inglês Program Evaluation and Review, que significa Programa de Avaliação e
Revisão e consiste em uma técnica utilizada para o gerenciamento de projetos com alto
grau de complexidade, que exige a coordenação de várias atividades, realizadas simul-
taneamente ou que não possam ser iniciadas até que as atividades anteriores tenham
sido completadas.

Por fim, pudemos verificar cada uma das quatro etapas necessárias à preparação de uma
empresa para receber um sistema de inteligência competitiva, quais sejam, uma clara defi-
nição da missão, levantamento dos recursos disponíveis na empresa, tanto material quan-
to humano, divulgação interna e criação de um programa de incentivo aos colaboradores.

No próximo módulo, Nasce a Inteligência, depois de vermos como preparar a empresa


para receber um sistema de inteligência, veremos a maneira como implantar um sistema
de inteligência competitiva em uma organização, quais os passos desta implantação,
ainda de acordo com Elisabeth Gomes e Fabiane Braga, comparando tal metodologia com
as apresentadas por outros autores.

Até lá e bons estudos.

Referências
80 anos da Atividade de Inteligência no Brasil – Disponível em http://www.abin.gov.br/
modules/mastop_publish/?tac=80_anos_da_Atividade_de_Intelig%EAncia_no_Brasil#sni.
Acesso em 10/09/2009.

Academia Nacional de Polícia, Departamento de Polícia Federal – Inteligência Policial –


Caderno Didático. Brasília: ANP, 2006.

A empresa – Disponível em http://www.terraarmada.com.br/empresa.php?x=136587.


Acesso em 26/09/2009.

ALMEIDA, Luiz Augusto Reis – Comportamento.com.br, Disponível em images.google.


com.br <http://nem1e99.wordpress.com/2009/04/. Acesso em 06/08/2009.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro – A (In)Segurança nas redes Empresariais: A Inteligência


Competitiva e a Fuga Involuntária das Informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.

BESSA, Jorge da Silva - Inteligência Competitiva: uma necessidade no mundo globa-


lizado – disponível em <www.caarq.com.br/textos/InteligenciaCompetitivaNecessidade
MundoGlobalizado>. Acesso em 4 de maio de 2009.

Breve Histórico da Atividade de Inteligência no Brasil – Disponível em http://www.abin.gov.


br/modules/mastop_publish/?tac=Atividade_de_Intelig%EAncia. Acesso em 07/08/2009.

76 Produzindo Inteligência
Curso: cinema. Disponível em http://www.fafich.ufmg.br/~labor/cursocinema/pageou
torder/04planosequencia.html. Acesso em 23/09/2009.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo,
2004.

FULD, Leonard M. – Inteligência Competitiva: Como se manter à frente dos movimentos


da concorrência e do mercado. Tradução: Janaína Ruffoni, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


cio lucrativo. 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

Imagens engraçadas. Disponível em http://my_blog_online.blogs.sapo.pt/12626.html?


page=2. Acesso em 26/09/2009.

Mas dúvidas tão grandes. – Disponível em http://jogosocial.blogspot.com/2008/03/mas-


-dvidas-to-grandes.html. Acesso em 23/09/2009.

NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.


Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

O melhor plano-sequência de um filme de ação. – Disponível em http://oblog.virgula.


uol.com.br/omedi/2007/08/o-melhor-plano-sequencia-de-um-filme-de-acao/. Aceso em
23/09/2009.

PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.


São Paulo: LCTE, 2005.

______________ – Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: Como


superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa. São
Paulo: LCTE, 2007.

YOSHITAKE, Mariano; FRAGA, Marinette S.; MAGALHÃES, Marcelo P.; COSTA JÚNIOR,
Moacyr Cr. Plano-sequência proposta da Teoria do Controle Gerencial para a Gestão do
Patrimônio Familiar. – Disponível em http://www.unisantos.br/mestrado/gestao/egesta/
artigos/177.pdf. Acesso em 23/09/2009.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
COORDENAÇÃO
Rodrigo Tito M. Valadares
Prof.ª Simone Grace de Paula
Design Multimídia AUTORIA
Gestão Pedagógica
Alan J. Galego Bernini
Coordenação Prof. Lúcio Pinto Moreira
Gabriel Lopes Barbosa
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica
Editoração 2013
Karina Gomes de Souza
Dennis Henrique Dias Peçanha

BELO HORIZONTE - 2009

77
Inteligência
Competitiva

NASCE A
INTELIGÊNCIA
O Sistema de Inteligência Competitiva e
cada uma das partes que o compõem
A implantação de um Sistema de Inteligência
Competitiva em uma organização
As diversas etapas que estão envolvidas na
implantação de um Sistema de Inteligência
Competitiva em uma organização
A teoria da implantação de um Sistema de
Inteligência Competitiva em uma organização
NASCE A INTELIGÊNCIA
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Caro(a) aluno(a),
No módulo anterior, Produzindo Inteligência,
vimos que a organização que deseja implantar
um sistema de inteligência precisa se prepara
para tal e, vimos também, como a empresa se
prepara para receber o sistema de inteligência.
Neste módulo veremos o que é necessário
para se implantar o sistema de inteligência na
organização que já se encontra devidamente
preparada para recebê-lo.
Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Dando sequência ao que foi proposto no módulo “Produzindo Inteligência”, veremos
agora quais são os passos necessários à implantação do sistema de inteligência em uma
organização. Devemos considerar que a empresa já se encontra devidamente preparada
para recebê-lo. Vamos fazer uma análise dos passos propostos por Elisabeth Gomes,
comparando-o com modelos apresentados por outros autores.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:
• Entender um Sistema de Inteligência Competitiva, com cada uma das partes que
o compõem.
• Saber conduzir a implantação de um Sistema de Inteligência Competitiva em uma
organização.
• Ter uma clara noção das diversas etapas que estão envolvidas na implantação de
um sistema de inteligência competitiva em uma organização.
• Saber reconhecer a teoria da implantação de um sistema de inteligência competi-
tiva em uma organização.

80 Nasce a Inteligência
Introdução
No módulo Produzindo Inteligência, vimos os conceitos de plano-sequência e de rede
PERT. Vimos, ainda, os passos necessários à preparação de uma organização para que a
mesma possa praticar a inteligência competitiva. Tais passos foram necessários para que
possamos ver como construir a inteligência dentro de uma organização.

Yoshitake afirma que controle pressupõe uma sequência de diferentes situações no dia-a-
-dia das empresas e sequência pressupõe uma sucessão de eventos, ordenados e relacio-
nados. O autor citado, afirma que:

No conceito de plano-sequência de controle gerencial precisa-se identificar a


estrutura organizacional da entidade e as sequências relevantes de cada unidade
da estrutura organizacional. Esse plano permitirá a construção de um plano-
-sequência de mensuração das transações e eventos de natureza econômica. O
plano-sequência de controle gerencial tem por objetivo a pesquisa de princípios
e conhecimentos necessários para aumentar a controlabilidade das operações
de uma entidade. Precisa servir como base para estabelecimento de parâmetros
ou padrões. Precisa ter base suficiente para explicar e prever ocorrências de
custos, avaliar desempenhos, construir indicadores e testar se houve ou não
agregação de valor às operações. (YOSHITAKE, Mariano; FRAGA, Marinette S.;
MAGALHÃES, Marcelo P.; COSTA JÚNIOR, Moacyr Cr. PLANO-SEQUÊNCIA
PROPOSTA DA TEORIA DO CONTROLE GERENCIAL PARA A GESTÃO DO
PATRIMÔNIO FAMILIAR. Disponível em http://www.unisantos.br/mestrado/
gestao/egesta/artigos/177.pdf> Acesso em 23/09/2009).

Todos sabem que qualquer empreendimento na vida das pessoas, sejam elas físicas
ou jurídicas, exigem custos, muitas vezes elevados. Com a implantação de um sistema
de inteligência em uma organização não é diferente, porém, para fins didáticos, vamos
considerar a suposição de que a empresa em questão já superou a fase de análise do
custo de implantação.

No nosso caso, portanto, não existe o interesse no custeio da implantação da atividade,


ou seja, grosso modo, não interessa quanto vai custar a implantação de um sistema de
inteligência competitiva, mas sim os passos que serão necessários a sua implantação.

Portanto, utilizaremos o plano-sequência como ferramenta para melhor entendimento


dos passos necessários à implantação de um sistema de inteligência competitiva em
uma organização.

Nasce a Inteligência 81
Minha empresa precisa de
inteligência competitiva?
Alguns autores defendem que todos nós usamos a inteligência competitiva, mesmo que
não saibamos qual é a definição de inteligência. É fácil concordar com tal afirmação quan-
do imaginamos aquele pequeno empresário que participa de congressos do setor onde se
encontra inserido ou mesmo o dono do “sacolão” da esquina, que em uma conversa informal
com seus clientes procura identificar o que os mesmos esperam de seu estabelecimento.

Em ambos os casos mencionados, os empresários estão à procura de informações que


sejam úteis ao seu processo de tomada de decisão: “como será o mercado em cinco
anos?”, “que tipo de verdura ou legume o cliente procurou em meu estabelecimento e
não encontrou?”

Ainda em ambos os casos os próprios interessados


saíram à cata de dados, os analisaram e os conver-
teram em informações úteis aos seus interesses.

Será que o dono do “sacolão” sabe o que é inte-


ligência competitiva? Acho pouco provável. Mas
ainda assim ele a está praticando, da mesma
forma que a grande companhia que capacita seus
vendedores e compradores para coletarem infor-
mações e possuem uma equipe de analistas espe-
cializados no tratamento destas informações.

O que estou tentando mostrar aqui é que não


existe uma fórmula certa e única para se implan-
tar um sistema de inteligência competitiva. Tudo vai depender do porte da empresa, do
seu grau de necessidade de informação e de quanto está disposta a (ou pode) gastar com
a implantação do sistema.
A Cortex Intelligence, empresa de consultoria na área de inteligência e tecnologia, afirma
em seu endereço eletrônico que

“o que diferencia uma empresa de outra no campo da Inteligência Competitiva


é o nível de sofisticação dos seus processos. Mesmo empresas de setores e portes
semelhantes poderão apresentar diferentes estágios de sofisticação em seus proces-
sos de inteligência.” Disponível em http://www.cortex-intelligence.com/site/html/
inteligencia_competitiva/inteligencia_competitiva.php. Acesso em 29/10/2009.

O que será apresentado a seguir se refere a um sistema básico,


o qual, logicamente, deverá sofrer alterações, dependendo da
organização a que irá servir. Entretanto, os passos apresentados são
considerados, pela maioria dos autores, como essenciais a qualquer
sistema de inteligência competitiva, não importando o porte da
empresa que o adote.

82 Nasce a Inteligência
O que fazer para implantar o Sistema
de Inteligência Competitiva
Usando o conceito de Plano-Sequência, o quadro a seguir mostra os passos, ou a
sequência de eventos necessária à implantação de um sistema de inteligência compe-
titiva. Evidentemente que não há aqui a pretensão de se apresentar um “Manual de
Inteligência Competitiva”, mesmo porque as organizações diferem entre si, seja no seu
porte, seja em seus interesses ou ramo de negócio e, ainda, os grandes avanços tecnoló-
gicos das últimas décadas tornam o processo extremamente dinâmico.

Unidade de Ação: Implantação de sistema de inteligência competitiva


Sequência 1 Planejamento
Evento 1: Identificar as necessidades
Evento 2: Assunto, prazo, usuário e finalidade
Evento 3: Viabilidade
Evento 4: Aspectos essenciais
Evento 5: Discrição e medidas de segurança
Evento 6: Custos de produção

Sequência 2 Reunião
Evento 1: Memória e arquivos
Evento 2: Pesquisa de dados
Evento 3: Rede orgânica
Evento 4: Consulta a parceiros

Sequência 3 Processamento
Evento 1: Valor, julgamento, confronto e integração
Evento 2: Formulação de questões
Evento 3: Ameaças e oportunidades
Evento 4: Estruturação das redes
Evento 5: Controle das fontes
Evento 6: Avaliação sistêmica

Sequência 4 Disseminação
Evento 1: Formalização
Evento 2: Difusão controlada

Fonte: Do autor.

No quadro acima, o que é chamado de “Sequência” (Planejamento, Reunião, Processamento


e Disseminação), é o que alguns autores chamam de “etapas que compõem um sistema
de inteligência competitiva”, ou ainda, conforme outros, “ciclo de produção da inteligên-
cia competitiva”.

De qualquer forma, estes são os passos essenciais, dos quais não há como fugir, quando
da implantação de um sistema de inteligência competitiva em uma organização. O que no
quadro aparece como “Eventos” foi colocado a título exemplificativo, sendo que os eventos,
em um processo real de implantação, irão variar, de acordo com a complexidade do sistema
a ser implantado, com o que se busca, em termos de inteligência e o porte da organização,
podendo aparecer em quantidades maiores ou menores do que aqui apresentados.

Nos próximos módulos da disciplina cada uma destas sequências ou etapas serão devi-
damente detalhadas.

Nasce a Inteligência 83
Síntese
Neste módulo tivemos oportunidade de ver o conceito e aplicabilidade de plano-sequência
e, verificamos ainda que, apesar desta ferramenta administrativa ser capaz de fazer previ-
sões de custos, no presente caso não será utilizada tal facilidade, uma vez que o que inte-
ressa, já que a finalidade é didática, é verificar as etapas de construçõa de um Sistema
de Inteligência Competitiva.

Vimos que todos nós, ainda que não tenhamos conhecimento dos conceitos e termos
envolvidos, constantemente utilizamos as ferramentas de inteligência competitiva, seja
pessoa física ou jurídica, de pequeno, médio ou grande porte, uma vez que, seja para que
finalidade for, constantemente estamos buscando informações sobre os mais diversos
temas, para subsidiar nosso processo de tomada de decisão.

Foi também apresentado o entendimento de uma grande empresa de consultoria na área


de inteligência competitiva, a qual entende que as empresas se diferenciam entre si devi-
do ao grau de sofisticação de seus processos de inteligência competitiva, entendendo,
inclusive, que mesmo empresas de setores e portes semelhantes podem se encontrar em
estágios diferentes de sofisticação em seus processos de inteligência.

Por fim, pudemos verificar a sequência ou etapas da implantação de um sistema de inte-


ligência competitiva.

No próximo módulo, “Dissecando” a Inteligência, veremos a conceituação de cada


uma destas etapas, o que é feito em cada uma, bem como, os eventos possíveis de
serem encontratos em cada sequência, ou etapa de implantação de um Sistema de
Inteligência Competitiva.

Até lá e bons estudos.

Referências
A empresa – Disponível em <http://www.terraarmada.com.br/empresa.php?x=136587>,
consulta realizada em 26/09/2009.

Academia Nacional de Polícia, Departamento de Polícia Federal – Inteligência Policial –


Caderno Didático. Brasília: ANP, 2006.

ALMEIDA, Luiz Augusto Reis – Comportamento.com.br, Disponível em images.google.com.


br <http://nem1e99.wordpress.com/2009/04/> Consulta realizada em 06/08/2009.

BESSA, Jorge da Silva - Inteligência Competitiva: uma necessidade no mundo globa-


lizado – disponível em <www.caarq.com.br/textos/InteligenciaCompetitivaNecessidade
MundoGlobalizado>, consulta realizada em 04 de maio de 2009.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro – A (In)Segurança nas redes Empresariais: A Inteligência


Competitiva e a Fuga Involuntária das Informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.

Conceituando Inteligência Competitiva – Disponível em <http://www.cortex-intelligence.


com/site/html/inteligencia_competitiva/inteligencia_competitiva.php>, consulta realizada
em 26/10/2009.

Curso: cinema. – Disponível em <http://www.fafich.ufmg.br/~labor/cursocinema/


pageoutorder/04planosequência.html>, consulta realizada em 23/09/2009.

84 Nasce a Inteligência
Custo x Benefício (ou Malefício) – Disponível em <http://www.matorres.com.br/portal/
index.php?limitstart=30>, consulta realizada em 26/10/2009.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed.


Positivo, 2004.

FULD, Leonard M. – Inteligência Competitiva: Como se manter à frente dos movimentos


da concorrência e do mercado. Tradução: Janaína Ruffoni, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


cio lucrativo. 2ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

Mas dúvidas tão grandes. – Disponível em http://jogosocial.blogspot.com/2008/03/mas-


-dvidas-to-grandes.html. Acesso em 23/09/2009.

NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.


Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

O melhor plano-seqüência de um filme de ação. – Disponível em <http://oblog.virgula.


uol.com.br/omedi/2007/08/o-melhor-plano-sequência-de-um-filme-de-acao/>, consulta
realizada em 23/09/2009.

PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.


São Paulo: LCTE, 2005.

______________ – Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: Como


superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa. São
Paulo: LCTE, 2007.

RIOS, Fábio - Entendendo o Ciclo de Inteligência Competitiva – Disponível em


<http://portal.plugar.com.br/tudo-sobre-inteligencia/Lists/Artigos/DispFormCustom.
aspx?id=3&Entendendo%20o%20Ciclo%20de%20Intelig%C3%AAncia%20
Competitiva>, consulta realizada em 26/10/2009.

Xodó Pães e Sacolão do Osvaldo – Disponível em <http://www.tatutriando.hsfree.uni.cc/


osvaldo.htm>, consulta realizada em 26/10/2009.

YOSHITAKE, Mariano; FRAGA, Marinette S.; MAGALHÃES, Marcelo P.; COSTA JÚNIOR,
Moacyr Cr. Plano-sequência proposta da teoria do controle gerencial para a gestão do
patrimônio familiar. – Disponível em http://www.unisantos.br/mestrado/gestao/egesta/
artigos/177.pdf. Acesso em 23/09/2009.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
COORDENAÇÃO
Rodrigo Tito M. Valadares
Prof.ª Simone Grace de Paula
Design Multimídia AUTORIA
Gestão Pedagógica
Alan J. Galego Bernini
Coordenação Prof. Lúcio Pinto Moreira
Gabriel Lopes Barbosa
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica
Editoração 2013
Karina Gomes de Souza
Dennis Henrique Dias Peçanha

BELO HORIZONTE - 2009

85
Inteligência
Competitiva

“Dissecando”
a Inteligência
“DISSECANDO” A
INTELIGÊNCIA
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Caro(a) aluno(a),
O módulo, “Nasce a Inteligência”, que precedeu a este,
serviu para se fazer uma espécie de introdução à
implantação de um sistema de inteligência competitiva.
Neste módulo “Dissecando a Inteligência” veremos com
maiores detalhes cada um dos passos necessários a tal
atividade, que alguns autores chamam de “etapas que
compõem um sistema de inteligência competitiva”, ou
ainda, “ciclo de produção da inteligência competitiva”.
Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Dando sequência ao que foi proposto no módulo “Nasce a Inteligência”, veremos agora
a conceituação de cada uma destas etapas, o que é feito em cada uma, bem como, os
eventos possíveis de serem encontratos em cada sequência, ou etapa de implantação de
um Sistema de Inteligência Competitiva.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:
• Entender cada um dos passos necessários à implantação de um Sistema de
Inteligência Competitiva, com os eventos possíveis de serem encontrados em cada
uma das sequências de implantação.
• Ter uma clara noção de cada uma das etapas ou ciclos de produção de inteligência
que estão envolvidas na implantação de um sistema de inteligência competitiva
em uma organização.
• Saber conduzir a implantação de um Sistema de Inteligência Competitiva em uma
organização.
• Saber reconhecer a teoria da implantação de um sistema de inteligência competi-
tiva em uma organização.

88 “Dissecando” a Inteligência
Introdução
Partindo da ideia apresentada no módulo, “Nasce a
Inteligência”,, onde utilizamos o conceito de Plano
Sequência, veremos agora cada uma das etapas de
implantação de um Sistema de Inteligência competitiva
em uma organização. Lembre-se sempre que o que aqui é
apresentado serve apenas como um direcionador, já que
a diversidade das organizações (empresas) faz com que
cada uma tenha suas próprias etapas, dependendo de em
que ponto do processo se encontre.

No módulo “Nasce a Inteligência”, foi apresentado o


seguinte quadro de sequência para a implantação de um
Sistema de Inteligência Competitiva:

UNIDADE DE AÇÃO: Implantação de sistema de inteligência competitiva


Sequência 1 Planejamento
Sequência 2 Reunião
Sequência 3 Processamento
Sequência 4 Disseminação

Fonte: Do autor.

Observe que aqui foram colocadas quatro sequências de eventos, ou seja, quatro etapas,
ou passos a serem seguidos na implantação do Sistema de Inteligência Competitiva.
Como já mencionado, esses são os passos essenciais, sem os quais não há como se
implantar o sistema.

Estas etapas, ou passos, irão variar, de acordo com a empresa (ramo de atividade, porte da
empresa, etc.), mas, também podem variar de acordo com o profissional que irá implantar
o sistema. Por exemplo, Elisabeth Gomes, em sua obra sobre Inteligência Competitiva,
menciona cinco etapas e não quatro. A autora acrescenta a etapa de “Avaliação”.

Entretanto, como veremos a seguir, apesar do uso de nomenclaturas diferentes, as ativi-


dades desenvolvidas dentro de cada etapa, ou, os eventos contidos em cada sequência,
permanecem os mesmos. Gomes (2004) acrescenta a etapa de “Avaliação”, que, sem
dúvida alguma, é de grande importância, podendo contribuir em muito para o sucesso do
processo, como veremos.

Análise de cada sequência, ou etapa

SEQUÊNCIA 1 - PLANEJAMENTO
Nesta primeira sequência, ou etapa de implantação do Sistema de Inteligência Competitiva,
foram apresentados seis eventos, sendo:

• Evento 1: Identificar as necessidades.


• Evento 2: Assunto, prazo, usuário e finalidade.

“Dissecando” a Inteligência 89
• Evento 3: Viabilidade.
• Evento 4: Aspectos essenciais.
• Evento 5: Discrição e medidas de segurança.
• Evento 6: Custos de produção.

Cada um dos eventos apresentados possui a sua


importância. No entanto, já definimos anteriormen-
te que, para fins didáticos, não consideraríamos o
custeio de implantação do sistema, portanto, o even-
to 6 não será discutido, visto que para o caso presen-
te, estamos considerando que não importam os custos, a empresa já decidiu implantar o
sistema. De qualquer forma, é bom que você saiba que existe um estudo de custo, para
verificar a viabilidade de implantação.

Quanto ao evento 2, “Assunto, prazo, usuário e finalidade”, o mesmo procura as respos-


tas às perguntas “para que implantar um sistema de inteligência competitiva? Quem
serão seus usuários? Qual é o prazo que temos para colocar o sistema em funcionamen-
to?” É preciso definir quem será, ou quais serão os usuários do sistema, pois são eles que,
a princípio, irão definir as necessidades de informação.

A viabilidade está intimamente ligada ao custo, a se saber qual a relação custo x benefí-
cio de implantação do sistema, saber se a empresa se encontra devidamente preparada
também irá determinar se é ou não viável a implantação de um sistema de inteligência
competitiva. Pode ser que, naquele momento, não seja viável, pois a empresa não se
encontra preparada, porém, em um momento futuro o sistema possa ser implantado.

ATENÇÃO
Discrição e medidas de segurança dizem respeito a uma área que não pode passar esquecida:
a contra-inteligência. É preciso, já de início, tomar medidas necessárias à proteção do conhe-
cimento, proteção dos ativos e do pessoal, enfim, segurança orgânica da empresa, conforme
foi visto no módulo “Contra-inteligência”.

E, propositadamente deixado por último, o evento 1, “Identificar as necessidades”, talvez seja


o mais importante deste conjunto de eventos. Neste evento há que se verificar as necessida-
des de inteligência, onde, segundo Rios o analista vai expressar uma incerteza da organização
que demanda tomada de decisão e necessidades de informação, onde serão determinadas as
fontes de informação a serem utilizadas, jornais, revistas, internet, feiras, etc.

Como você viu, este primeiro evento é o que mais guarda similaridade com a primeira
etapa da implantação do sistema apresentado por Elisabeth Gomes, Identificação das
Necessidades de Informação.

SEQUÊNCIA 2 - REUNIÃO
Esta sequência apresenta os seguintes eventos:

• Evento 1: Memória e arquivos.


• Evento 2: Pesquisa de dados.
• Evento 3: Rede orgânica.
• Evento 4: Consulta a parceiros.

90 “Dissecando” a Inteligência
Para Elisabeth Gomes (2004) aqui seria Coleta das Informações. Não é difícil perceber a
similaridade com pesquisa de dados, rede orgânica e consulta a parceiros. Não se pode
esquecer, no entanto, da guarda dos dados e informações coletados, ou seja, dos arqui-
vos, sejam eles eletrônicos ou físicos. Não se pode esquecer, também, que, nesta etapa
já se começa a pensar em contra-inteligência, diante da necessidade de proteção de tais
arquivos, ou memórias.

Vale lembrar aqui a necessidade de engajamento de todos os setores da organização,


já que os dados e informações são coletados não apenas no ambiente externo, mas,
também, no ambiente interno. Segundo Rios, existem pesquisas acadêmicas indicando
que aproximadamente setenta por cento das informações de que as empresas necessitam
já se encontram dentro das mesmas.

E, para confirmar o que menciona, o autor do artigo “O que o Gollum tem a ver com
Inteligência competitiva” 1
; menciona diversas fontes que, na maioria das vezes
passam despercebidas, tais como, caixas de entrada de e-mail, diretórios de computado-
res, documentos espalhados, dentre outros, além do fato de que todos os empregados da
empresa possuem informações externas, na medida em que conversam com amigos, lêem
jornais, falam dos concorrentes, etc.

São várias as pessoas que, ao se falar em Inteligência Competitiva, pensam logo em sofis-
ticados programas de computadores e uma equipe de especialistas altamente treinados.
Antes de tudo, há que se considerar que os vendedores da empresa mantêm contato
permanente com os clientes, portanto, são fonte extremamente importante de dados e
informações a respeito destes.

Outro grupo de funcionários que está em constante interação com o ambiente externo à
organização é o composto pelos compradores, que mantêm contato diário com os forne-
cedores da empresa.

O grande desafio da Inteligência competitiva, muitas vezes, está em fazer com que
estas informações, que já se encontram no ambiente interno à organização, sejam
disponibilizadas a todos que possam se interessar por elas. Daí a importância de, confor-
me visto no módulo anterior, ser feita uma preparação prévia da empresa, cobrando-se
o engajamento de todos, já que é, ainda, muito comum o pensamento organizacional de
que “informação é poder”.

Aqui há que se fazer, portanto, reuniões periódicas com grupos de empregados, buscan-
do, não apenas o engajamento e conscientização dos mesmos para a importância do
sistema de inteligência competitiva para a organização, mas, também e, principalmente,
a conscientização de que a disponibilização das informações que detêm será benéfica a
toda a empresa.

SEQUÊNCIA 3 - PROCESSAMENTO
Os eventos presentes nesta sequência são:

• Evento 1: Valor, julgamento, confronto e integração.


• Evento 2: Formulação de questões.
• Evento 3: Ameaças e oportunidades.
• Evento 4: Estruturação das redes.
• Evento 5: Controle das fontes.
• Evento 6: Avaliação sistêmica.

1 http://www.plugar.com.br/portal/editorial/o-que-o-gollum-tem-ver-com-intelig%C3%AAncia-competitiva

“Dissecando” a Inteligência 91
Esta sequência de eventos representa, pode-se dizer,
a própria essência da inteligência competitiva,
visto ser aqui que os dados e informações cole-
tados são analisados, classificados e proces-
sados. Nesta etapa são feitas a avaliação,
classificação e controle das fontes de infor-
mação, identificadas as ameaças e formas
de se prevenir, identificadas oportunidades
de crescimento e maximização de lucros.

Nesta etapa, enfim é que são produzidos os rela-


tórios de inteligência, que servirão de subsídio
à tomada de decisão. Há que se salientar que
tais relatórios não são, necessariamente, escritos. Muitas
vezes podem constar de conversas informais entre o gerente de
Inteligência Competitiva e o Diretor ou Presidente da empresa e, por vezes, ainda, podem
constar de Atas de Reuniões onde são discutidos assuntos de interesse.

SEQUÊNCIA 4 - DISSEMINAÇÃO
Os eventos presentes nesta sequência são:

• Evento 1: Formalização.
• Evento 2: Difusão controlada.

Esta sequência de eventos representa, em nosso exemplo, o fechamento do ciclo da


inteligência competitiva. É nesta fase que, após aprovação da diretoria ou presidência da
empresa, os relatórios serão difundidos àqueles que deles possam fazer uso. Daí a preo-
cupação do a “difusão controlada”, visto que a contra-inteligência precisa se preocupar,
também, com quem terá acesso às informações sobre a empresa.

Como você já viu anteriormente, além destes quatro grupos


de eventos, Elisabeth Gomes apresenta, ainda, mais um:
“Avaliação”. Apesar de não constar de nossos exemplos,
trata-se de uma etapa importante no processo, visto ser
aqui que o setor de inteligência irá buscar o retorno para
os relatórios gerados, podendo, desta forma, analisar o seu
desempenho e aprimorar suas técnicas de trabalho.

Apesar de tudo o que vimos, é importante salientar alguns pontos no processo de inteli-
gência competitiva:

1. A inteligência competitiva pressupõe um engajamento de todos dentro da organi-


zação, com troca e disponibilização de informações.
2. A existência de um processo estruturado e formal de inteligência, por si só, não
garante o sucesso da organização.
3. É importante manter os empregados e colaboradores motivados, e motivação não
representa, necessariamente, contrapartida financeira, mas, também, oportunida-
des de capacitação e treinamento, remunerações indiretas, reconhecimento do
trabalho executado e informações coletadas, dentre outras.

92 “Dissecando” a Inteligência
Finalmente, porém, não menos importante, vale lembrar mais uma vez que inteligência
competitiva não é privilégio de grandes organizações, com grande poderio financeiro, sufi-
ciente para estruturar um Departamento de Inteligência, ou Departamento de Informações.
A inteligência competitiva é praticada, diuturnamente, por pessoas que, muitas vezes,
nem mesmo ouviram os termos e não sabem, portanto, seu significado.

Toda vez que escolhemos um carro para comprar, toda vez que escolhemos uma escola
onde estudar ou um curso a fazer, toda vez que contratamos uma empregada em nossa
residência, estamos, certamente, praticando inteligência competitiva.

“Dissecando” a Inteligência 93
Síntese
Neste módulo tivemos oportunidade de ver o conceito e conteúdo de cada um dos even-
tos constantes em cada sequência ou etapa de implantação de um Sistema de Inteligência
Competitiva.

Vimos um paralelo entre um exemplo apresentado, baseado em caderno didático da


Academia Nacional de Polícia, e as etapas apresentadas por Elisabeth Gomes, verifican-
do que, mesmo que a nomenclatura seja diferente, o conteúdo de cada evento ou etapa
guarda grande similaridade entre si.

Foi também apresentado que inteligência competitiva faz parte de nosso dia-a-dia,
sendo praticada por várias pessoas, sejam físicas ou jurídicas, muitas vezes, até sem o
conhecimento do significado dos termos. Vimos, portanto, que inteligência competitiva
é uma ferramenta extremamente útil na vida das entidades (aqui tido como pessoas –
físicas e jurídicas).

Por fim, pudemos verificar que, mesmo que não tenhamos um sistema de inteligência
competitiva, devidamente estruturado, todas as vezes que buscamos informação sobre
determinado produto que queremos adquirir (por exemplo, veículo), todas as vezes que
buscamos informação sobre determinada pessoa que queremos contratar (para nos pres-
tar serviços), todas as vezes que buscamos informações sobre determinado curso ou
escola que pretendemos frequentar, teremos que, posteriormente, tomar uma decisão:
comprar este ou aquele veículo? Contratar ou não esta pessoa? Fazer ou não fazer este
curso? Ai estamos coletando dados e informações para a tomada de decisão. Aí estamos
praticando a Inteligência Competitiva.

No próximo módulo, “Revisão Geral”, vamos rever toda a matéria apresentada na discipli-
na, desde os conceitos iniciais até o presente módulo.

Até lá e bons estudos.

Referências
Academia Nacional de Polícia, Departamento de Polícia Federal – Inteligência Policial –
Caderno Didático. Brasília: ANP, 2006.

A empresa – Disponível em http://www.terraarmada.com.br/empresa.php?x=136587.


Acesso em 26/09/2009.

A importância do planejamento 1 – Disponível em http://www.uct-fetranspor.com.


br/leia_isto.aspx?ArtigoID=ed0854d1-fc65-4578-b7ea-3f624a04a627. Acesso em
28/10/2009.

ALMEIDA, Luiz Augusto Reis – Comportamento.com.br, Disponível em images.google.


com.br http://nem1e99.wordpress.com/2009/04/. Acesso em 06/08/2009.

Banco de dados – Disponível em http://ati2.urcamp.tche.br/moodle/course/search.


php?search=processamento. Acesso em 28/10/2009.

BESSA, Jorge da Silva - Inteligência Competitiva: uma necessidade no mundo globa-


lizado – disponível em <www.caarq.com.br/textos/InteligenciaCompetitivaNecessidade
MundoGlobalizado>. Acesso em 04 de maio de 2009.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro – A (In) Segurança nas redes Empresariais: A Inteligência
Competitiva e a Fuga Involuntária das Informações. São Paulo: Sicurezza, 2002.

94 “Dissecando” a Inteligência
Conceituando Inteligência Competitiva – Disponível em http://www.cortex-intelligence.com/
site/html/inteligencia_competitiva/inteligencia_competitiva.php. Acesso em 26/10/2009.

Custo x Benefício (ou Malefício) – Disponível em http://www.matorres.com.br/portal/


index.php?limitstart=30. Acesso em 26/10/2009.

Curso: cinema. – Disponível em <http://www.fafich.ufmg.br/~labor/cursocinema/


pageoutorder/04planosequência.html>, consulta realizada em 23/09/2009.

DEP - DIPLOMACIA ESTRATÉGIA POLÍTICA. Ano 1, nº 1 – Projeto Raúl Prebisch –


Brasília, 2004.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo,
2004.

FULD, Leonard M. – Inteligência Competitiva: Como se manter à frente dos movimentos


da concorrência e do mercado. Tradução: Janaína Ruffoni, Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

GOMES, Elisabeth – Inteligência Competitiva: como transformar informação em um negó-


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Mas dúvidas tão grandes. – Disponível em http://jogosocial.blogspot.com/2008/03/mas-


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NETO, Wilson R. de Almeida – Inteligência e Contra-Inteligência no Ministério Público.


Belo Horizonte: Ed. Dictum, 2009.

O fim da evolução humana – Disponível em http://colonline.blogspot.com/2008/10/o-fim-


-da-evolucao-humana.html. Acesso em 28/10/2009.

O melhor plano-seqüência de um filme de ação. – Disponível em http://oblog.virgula.


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PASSOS, Alfredo – Inteligência Competitiva: Como fazer IC acontecer na sua empresa.


São Paulo: LCTE, 2005.

RIOS, Fábio - Entendendo o Ciclo de Inteligência Competitiva – Disponível em


http://portal.plugar.com.br/tudo-sobre-inteligencia/Lists/Artigos/DispFormCustom.
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______________ – Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas: Como


superar a concorrência e desenvolver um plano de marketing para sua empresa. São
Paulo: LCTE, 2007.

RIOS, Fábio - O que o Gollum tem a ver com Inteligência Competitiva? – Disponível
em <http://portal.plugar.com.br/tudo-sobre-inteligencia/Lists/Artigos/DispFormCustom.
aspx?id=4&O%20que%20o%20Gollum%20tem%20a%20ver%20com%20
Intelig%C3%AAncia%20Competitiva?>. Acesso em 26/10/2009.

SEGURANÇA E DESENVOLVIMENTO. Revista da ADESG nº 221 – Rio de Janeiro – 1996.

Xodó Pães e Sacolão do Osvaldo – Disponível em http://www.tatutriando.hsfree.uni.cc/


osvaldo.htm. Acesso em 26/10/2009.

YOSHITAKE, Mariano; FRAGA, Marinette S.; MAGALHÃES, Marcelo P.; COSTA JÚNIOR,
Moacyr Cr. - Plano-sequência proposta da teoria do controle gerencial para a gestão do
patrimônio familiar. – Disponível em http://www.unisantos.br/mestrado/gestao/egesta/
artigos/177.pdf. Acesso em 23/09/2009.

“Dissecando” a inteligência 95
FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte
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Editoração 2013
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BELO HORIZONTE - 2009

96
Inteligência
Competitiva

REVISÃO
GERAL
REVISÃO GERAL
Prof. Lúcio Pinto Moreira

Caro(a) aluno(a),
No início do curso tínhamos como objetivo; “entender
o conceito e aplicabilidade de inteligência competitiva
e contra-inteligência e a diferenciação entre dados,
informação, conhecimento e inteligência; entender
o conceito de gestão estratégica”. O que vimos até
o momento já serve para se ter uma idéia sobre
inteligência competitiva. Como já foi dito anteriormente,
o curso não tem como objetivo formar gerentes de
inteligência competitiva, mas fornecer o conhecimento
necessário à introdução desta importante ferramenta
de gestão. Neste módulo faremos uma revisão geral,
de tudo o que foi visto, para que possa haver uma
melhor fixação do conhecimento. Então vamos a nossa
revisão?! Bons estudos!

APRESENTAÇÃO
Dando sequência ao que foi proposto nos módulos anteriores, faremos agora uma revisão
geral, cujo objetivo principal é a fixação do conhecimento adquirido ao longo do curso.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo você deverá ser capaz de relembrar:
• Todos os conceitos envolvidos em inteligência competitiva e contra inteligência.
• Os diversos fatores que influenciam uma organização, rememorando as formas de
se distinguir estes fatores.
• As variáveis envolvidas nos conceitos de inteligência e contra-inteligência.
• Os antecedentes históricos da inteligência competitiva.
• O conceito de ética, aplicável ao ramo de inteligência.
• O perfil do profissional que se dedica à Inteligência Competitiva.
• A legislação que regula a atividade de inteligência no Brasil.
• Como preparar uma empresa para receber um Sistema de Inteligência Competitiva.
• Como conduzir a implantação de um Sistema de Inteligência Competitiva em uma
organização.

98 Revisão Geral
Os conceitos iniciais da Inteligência
Competitiva
Dos conceitos iniciais o mais importante é, sem dúvida, o concei-
to de Inteligência Competitiva. Uma das definições que, pela sua
simplicidade, pode ser considerada como ideal, facilmente reme-
morável, é a definição dada por Proença “se eu fosse definir em
duas palavras, seriam: saber antes”. Inteligência Competitiva é
exatamente isso: saber antes.

Outras definições, no entanto, devem ser analisadas, como


vimos no módulo “Conceitos de Inteligência e Contra-
Inteligência”, e, há ainda que se considerar aquelas definições
apresentadas por empresas do ramo de inteligência, as quais,
normalmente, concordam que inteligência competitiva é um
processo contínuo, não podendo sofrer interrupções e se refere
não só à coleta de dados, mas, também, à análise e disseminação
de informações, ou seja, à gestão da informação.

Outro conceito de grande importância é o de Ambiente Empresarial, visto no módulo


“Entendendo Inteligência”, onde vimos que existem diversos fatores que influenciam uma
organização, conforme apresentado a seguir:

FATORES DE INFLUÊNCIA EM UMA ORGANIZAÇÃO

Vimos ainda que todos os fatores que influenciam o funcionamento de uma determi-
nada organização, sejam eles internos ou externos, poderão representar em alguns
momentos, uma ameaça à organização, ao passo que em outros momentos, poderão
representar uma oportunidade.

Vale, ainda, relembrar que a matéria prima da inteligência competitiva é a informação, a


qual é conseguida por meio da coleta de dados. Neste contexto, Gomes (2004) propõe
uma mudança nos paradigmas atuais, no sentido de que a mesma quantidade de dados
coletados possam produzir mais informações e, primordialmente, aumentar as ações
baseadas em inteligência, como você verá na figura a seguir:

Revisão Geral 99
Analisando a figura apresentada, é importante ressaltar que a proposta não é uma cole-
ta menor de dados, que são a matéria prima da informação e, consequentemente, da
inteligência, mas, que a mesma quantidade de dados coletados, que antes representava
80% de todo o processo, passe a representar apenas 20% e, portanto, possa gerar uma
quantidade maior de informação e de inteligência. Como se observa, a proposta é de que
as decisões baseadas em inteligência, que atualmente representam apenas 5%, passem
a representar uma maior proporção, correspondendo a 55% do processo.
De qualquer forma, parece ter ficado claro que Inteligência Competitiva é quase que sinô-
nimo de Informação útil para a tomada de decisão.

A Contra-inteligência
Como vimos, a inteligência competitiva é voltada para a produção de conhecimento (infor-
mação útil para a tomada de decisão), dessa forma, é importante tomar medidas para
proteger o conhecimento adquirido. Aí está a área de atuação da contra-inteligência, a qual
está subdividida em Segurança Orgânica e Segurança Ativa, como apresentado a seguir:

Como se observa, a contra-inteligência se subdivide em segurança orgânica, que é a parte


da contra-inteligência que se preocupa com as medidas de cunho defensivo, destinadas
à prevenção e obstrução de ameaças de qualquer natureza, que possam incidir sobre os
recursos humanos, áreas, instalações físicas, documentos, materiais, sistemas e opera-
ções da organização e segurança ativa, que envolve medidas e ações destinadas a detec-
tar, identificar, avaliar, explorar e neutralizar as ameaças à organização.

A Ética
De extrema importância em qualquer área da atividade humana, a ética está, também,
presente na atividade de inteligência competitiva, que adota o código de ética desen-
volvido pela Society of Competitive Intelligence Professionals (SCIP) ou Sociedade dos
Profissionais de Inteligência Competitiva:

Código de Ética para Profissionais de IC (Inteligência Competitiva):

• Se esforçar continuamente para aumentar o reconhecimento e o respeito da profissão.


• Cumprir todas as leis aplicáveis, domésticas e internacionais.
• Identificar-se e à organização à qual pertence, antes de todas as entrevistas.
• Evitar conflitos de interesse no cumprimento do dever.

100 Revisão Geral


• Fornecer recomendações honestas e realistas nas conclusões, quando da execução
dos seus deveres.
• Promover este código de ética dentro de uma empresa, com empresas parceiras e entre
os colegas de profissão.
• Cumprir fielmente e respeitar as políticas, objetivos e orientações da empresa.

Ao longo do curso vimos, ainda que, a atividade de espionagem não se confunde com a
atividade de inteligência, sendo apresentado o quadro a seguir, o qual demonstra as dife-
renças entre as atividades, no que tange à ética envolvida em cada uma delas.

Ética da Inteligência Competitiva Ética da Atividade de Espionagem


(Segundo Passos) (Suposição)

Continuar aumentando o reconhecimento e o Se nenhum governo admite praticar a espio-


respeito da profissão. nagem, a profissão “não existe”. Logo,
não há que se falar em “reconhecimento e
respeito da profissão”.
Obedecer às leis aplicáveis no âmbito nacio- Se o espião não existe, não precisa obedecer
nal e internacional. às leis. O próprio conceito da atividade já
pressupõe um desrespeito às leis: “obtenção
de informações de caráter secreto ou sigilo-
so de inimigos, sem a autorização destes”.
Identificar-se, e à organização, antes da Um outro nome pelo qual o espião pode ser
revelação de informações importantes por chamado é “Agente Secreto”. E, se é secre-
outras partes to, não tem que se identificar.
Respeitar todos os pedidos de confidenciali- Aqui sim, parece haver uma coincidên-
dade das informações. cia de valores. Repetindo o que foi dito
anteriormente, “se é secreto”, há que ser
confidencial.
Evitar conflitos de interesse no cumprimento
do dever.
Prover recomendações e conclusões hones-
tas e realistas na execução do dever. Os demais itens do Código de Ética dos
Profissionais de Inteligência Competitiva não
Promover este código de ética internamente me parecem aplicáveis aos que se dedicam à
na organização, com os contratados, e em atividade de espionagem.
toda profissão.
Aderir fielmente à política, objetivos e diretri-
zes da organização.

No quadro apresentado, que demonstra as diferenças entre as atividades de inteligência e


as atividades de espionagem, percebe-se que, ainda que os profissionais que se dediquem
à atividade de espionagem e possuam uma ética (mesmo que não formal), esta não se
confunde com a ética dos profissionais de Inteligência Competitiva.

Revisão Geral 101


O profissional de Inteligência Competitiva

Com relação ao profissional que se dedica


à atividade de inteligência competitiva,
vimos que o mesmo precisa ocupar um
cargo elevado dentro da organização,
sendo necessário que goze da mais estrita
confiança do presidente, visto que manipulará
informações que serão necessárias à tomada
de decisão. Esse profissional precisa ter
poder de persuasão, para convencer os
diretores da organização que as informações
que detém são úteis. Além disso, precisa ter
um ótimo relacionamento interpessoal.

Algumas habilidades necessárias ao profissional de inteligência competitiva são: conhe-


cimento e experiência em materiais de referência, seja on line (tempo real), seja em
tecnologia de negócios, por meio de publicações específicas, organização de pesquisas,
bancos de dados, etc. Habilidade de formar redes de trabalho e estabelecimento de fontes
de informação, tanto internas, quanto externas.

É necessário que o profissional de Inteligência Competitiva possua a habilidade de geren-


ciar projetos e tarefas concomitantes, ainda que com recursos limitados, de forma eficaz.
Habilidade de iniciar, construir e manter relações pessoais eficazes, com o maior número
possível de indivíduos, seja internamente à organização, para que possa ter suas suges-
tões implementadas, seja externamente, para que consiga levantar o maior número possí-
vel de dados e informações que possam vir a ser úteis à empresa.

102 Revisão geral


O profissional de Inteligência Competitiva precisa saber comunicar suas ideias de forma
clara e eficiente, seja de forma verbal, seja por meio de relatórios escritos. Daí a impor-
tância da fluência verbal, tanto quanto de saber redigir um relatório, que seja inteligível e
em português compreensível.

E, principalmente, o profissional de Inteligência Competitiva precisa ser ético, na coleta


de dados e precisa saber promover a ética na organização, entre as pessoas com quem
trabalha e com quem interage na persecução de seus objetivos.

As leis
Com relação às leis que regem a atividade de inteligência competitiva no Brasil, vimos
que, atualmente, existe a lei nº 9883 de 07 de dezembro de 1999, que institui o Sistema
Brasileiro de Inteligência, cria a Agência Brasileira de Inteligência - ABIN, e dá outras
providências, para área governamental.

A mencionada lei é, também, aplicada à atividade privada, enquanto não é aprovado o


projeto de Lei que regulamenta a atividade de inteligência privada, nº 2542, de 2007 de
autoria do Deputado José Genoino que dispõe sobre a Atividade de Inteligência Privada,
e dá outras providências.

A lei nº 9883, apresentada na íntegra no módulo “As Leis Inteligentes”, no segundo


parágrafo do artigo primeiro define inteligência, como sendo “a atividade que objetiva a
obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional
sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a
ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.” Se
substituirmos os termos “da sociedade e do Estado” por “da organização” ou “da empre-
sa”, temos a definição de inteligência, no âmbito empresarial.

Fazendo inteligência
Os módulos finais apresentaram o “como fazer inteligência”, utilizando a ferramenta do
plano sequência (somatória de sequências das unidades de ação observáveis nas ações
e comportamentos dos gestores de uma organização), que em muito se assemelha ao
conceito de rede PERT – Program Evaluation and Review – Programa de Avaliação e Revisão
(diagrama de fluxo que tem como objetivo descrever a sucessão de atividades necessárias
para a conclusão de um projeto e o tempo ou custos associados a cada atividade).

Vimos que as empresas que decidem pela implantação de um sistema de inteligência


competitiva devem seguir alguns passos com objetivo de se prepararem para recebê-lo,
quais sejam: Uma clara definição da missão; Realização de uma auditoria de informação;
Divulgação e conscientização interna e ter um Programa de incentivos aos empregados.

Por fim, pudemos perceber que o uso da inteligência competitiva não é privilégio das gran-
des corporações, que possuem um intrincado sistema de inteligência. Vimos que mesmo
as pequenas empresas que são geridas por seus proprietários e, até mesmo as pessoas
físicas, adotam práticas difundidas pela inteligência competitiva, sempre que coletam
dados e (ou) informações sobre qualquer assunto de seu interesse.

Revisão Geral 103


TOME NOTA
Finalizando, vale relembrar a sequência para a implantação de um Sistema de Inteligência
Competitiva:

UNIDADE DE AÇÃO: Implantação de sistema de inteligência competitiva


Sequência 1 Planejamento
Sequência 2 Reunião
Sequência 3 Processamento
Sequência 4 Disseminação

Fonte: Do autor.

Ou, conforme afirmam alguns estudiosos do assunto, acrescentando uma “sequencia 5”,
ou um quinto passo, representado pela fase da avaliação, bastante útil para o desenvolvi-
mento e melhoria do sistema.

104 Revisão Geral


Síntese
Neste módulo, você teve oportunidade de rever todos os conceitos e conteúdos de cada
um dos módulos que compõem a disciplina Inteligência Competitiva.

Vimos os conceitos iniciais, de inteligência e de contra-inteligência, o ambiente empresa-


rial e os fatores que o influenciam, tanto os internos quanto os externos, a forma como a
inteligência é construída, por meio da coleta de dados, sua manipulação e transformação
em informações úteis ao processo de tomada de decisão.

Foi também revisto a área de atuação da contra-inteligência, a importância de se agir


eticamente, sendo apresentado o código de ética da Sociedade dos Profissionais de
Inteligência Competitiva, as habilidades necessárias ao profissional de inteligência e as
leis que regulam a atividade. Por fim, pudemos rever o paso-a-passo da implantação de
um sistema de inteligência competitiva em uma organização, salientando que o mesmo
não tem a pretensão de ser um “manual de inteligência competitiva”, mas apenas uma
apresentação que possa servir como “guia de estudos”.

Encerramos aqui os módulos da disciplina Inteligência Competitiva, esperando que você


possa ter tirado algum proveito do que foi visto na apresentação desta importante ferra-
menta de gestão. Gostaria de salientar a importância de se dar continuidade aos estu-
dos, visto que o processo de aprendizagem é contínuo e, nunca é demais repetir alguns
“chavões” como “O saber não ocupa espaço” e “Não existe saber inútil”. Sucesso!

Referências
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Caderno Didático. Brasília: ANP, 2006.

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Revisão Geral 105


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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda – Miniaurélio Eletrônico versão 5.12. Ed. Positivo,
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artigos/177.pdf. Acesso em 23/09/2009.

106 Revisão geral


FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte
FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
COORDENAÇÃO
Rodrigo Tito M. Valadares
Prof.ª Simone Grace de Paula
Design Multimídia AUTORIA
Gestão Pedagógica
Alan J. Galego Bernini
Coordenação Prof. Lúcio Pinto Moreira
Gabriel Lopes Barbosa
Gabrielle Nunes Paixão
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica
Editoração 2013
Karina Gomes de Souza
Dennis Henrique Dias Peçanha

BELO HORIZONTE - 2009

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