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CAPA

FormaçãoHUMANÍSTICA
FORMAÇÃO HumanísticaEMem Direito
DIREITO

Objetivos: Ao final desta aula você

será capaz de identificar

os campos científicos da Antropologia, da Sociologia e

do Direito; Contextualizar as principais teorias que

envolvem a discussão dessas ciências; Distinguir os ob-

jetos de estudos e suas principais questões metodoló-

gicas de cada campo de investigação e pesquisa destas

áreas do conhecimento.

Nesta aula:
 Ciência Humana;

 Direito;

 Sociologia;

 Antropologia.
Formação Humanística em Direito

Bem-vindos à disciplina Antropologia e Sociologia Jurídica da UNIFEV.

Começamos hoje uma jornada humanística na reflexão sobre o Direito e a Justiça na so-
ciedade. A complexidade do mundo contemporâneo coloca o estudo da Antropologia e
da Sociologia na formação Jurídica como uma necessidade. Vivemos em uma época cu-
riosa. Nunca tivemos acesso a tanta informação e, no entanto, vivemos um tempo de in-
certezas, de pós-verdade.

A presente disciplina se desenvolverá a partir da distinção da Sociologia e da Antropolo-


gia, não só como ciências sociais distintas, como também por seus aspectos teóricos, me-
todológicos e até mesmo técnicos em sua relação com o Direito.

Nesta aula introdutória enfatizaremos a dimensão científica de nossos objetos de estudo.


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1- CIÊNCIA HUMANA, DEMASIADAMENTE HUMANA

Para lidarmos no campo da Ciência é necessário que o campo de estudos atenda a dois
aspectos: ter delimitado de forma clara um Objeto de Estudos, e ter um Método Científico
para estudar esse objeto.

Com o intuito de compreendermos as Ciências dessa disciplina em EaD, nos deteremos


nesta primeira aula às definições e conceituações de suas atuações e metodologias. Logi-
camente não se tem a pretensão de dar cabo às ciências tão complexas, mas apenas fixar
a compreensão de suas áreas de atuação e suas interdisciplinaridades.

Trata-se de realizarmos uma explanação geral, quase um voo panorâmico de como os


conceitos, teorias, métodos e técnicas da Antropologia, da Sociologia e do Direito se en-
trelaçam. O que se busca nesta explanação é apresentar um quadro sinótico, amplo,
abrangente sobre estas ciências.

Seria risível ter a pretensão de conseguir apresentar os dilemas e complexidades dessas


ciências em uma única aula. Logo, não se preocupe. A intenção é exatamente essa: apre-
sentar um grande panorama da relação entre o Direito, a Antropologia e a Sociologia,
mas de uma maneira superficial, sem maiores aprofundamentos.

Ao longo do curso, conforme se tornar necessário, aprofundaremos as questões que se


apresentem como necessárias e que atendam aos nossos objetivos. Por hora, se atenha
nisso: toda ciência se ocupa de um Objeto de Estudos e desenvolve um meio para melhor
estudá-lo.
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Neste primeiro momento o que nos interessa é compreender como se delineiam e se deli-
mitam os Objetos de Estudos da Sociologia, da Antropologia e do Direito; e quais os prin-
cipais métodos.

2- DIREITO

Etimologicamente a palavra “Direito” deriva do latim vulgar Directum (de + rectum) que
significa linha reta. Logo, metaforicamente, Direito deve ser uma linha reta que esteja em
conformidade com a norma, com a lei. A retidão moral e a jurídica devem ser o parâme-
tro para o direito.

Podemos compreender o Direito em três grandes campos teóricos: o Normativismo Jurídi-


co, o Realismo Jurídico e a Teoria da Tridimensionalidade do Direito, de Miguel Reale.

O Normativismo Jurídico privilegia a norma como objeto de estudos do Direito, e tem na


Teoria Pura do Direito, de Hans Kelsen, a principal obra sobre o método de como estudar
o direito.
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O Normativismo Jurídico privilegia a compreensão do Direito a partir, e exclusivamente,


das normas jurídicas positivas, renunciando as influências de caráter subjetivo (questões
políticas, econômicas, culturais, etc.).

Já o Realismo Jurídico tem nas decisões judiciais seu principal objeto de estudos. O com-
promisso do direito assume uma dimensão prática, concreta, com a realidade das deci-
sões dos tribunais. Não se trata de uma questão moral ou mesmo de leis positivadas, de
normas abstratas. A moral e a lei são elementos dados que ajudam a compor a decisão
do juiz na tomada de decisão, mas esta decisão não é determinada apenas pela lei e pela
moral. Trata-se da decisão em si, e não dos elementos que formaram aquela convicção.

E ainda, a Teoria da Tridimensionalidade do Direito, do brasileiro Miguel Reale¹ que busca


uma conciliação entre o Sociologismo Jurídico (os costumes e os fatos); o Moralismo Jurí-
dico (a moral e os valores), e o Formalismo Jurídico (as regras, as normas).

Não é viável ver o Direito simplesmente como uma norma, e por esse motivo surgiu a teo-
ria, onde existem três aspectos que formam o direito; aspectos estes que estão sempre se
relacionando, tão unidos que não podem ser separados. A Teoria de Reale combina estas
três formas de pensar o Direito, estas três dimensões onde um elemento interfere no outro
(tridimensionalidade).

¹ É oportuno fazer a distinção do jusfilósofo Miguel Reale, de seu filho, Miguel Reale Júnior, que foi um dos propo-

sitores da denúncia que levou ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.


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3- SOCIOLOGIA

Sociologia é a área das ciências humanas que estuda o comportamento humano em suas
interações sociais, em suas interdependências e relações.
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Nesta disciplina retomaremos a compreensão dos pilares clássicos da Sociologia que pro-
vavelmente você deve ter estudado no Ensino Médio: Émile Durkheim, Max Weber e Karl
Marx; ampliando o debate a algumas discussões contemporâneas, principalmente no to-
cante à criminalística como subcampo de estudos da Sociologia.

Como sugere o infográfico acima, Durkheim é o sociólogo que tem no Fato Social seu
principal Objeto de Estudos aperfeiçoando o Positivismo de Augusto Comte, como méto-
do de investigação Sociológico. Já Max Weber desenvolveu o método Compreensivo ao
deslocar seu objeto de estudos do “fato”, à “ação” – à Ação Social. E, por fim, Karl Marx
que desenvolveu o método do Materialismo Histórico Dialético ao elencar a Luta de Clas-
ses como seu objeto de estudo.
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A Sociologia Contemporânea em grande medida se deriva – se aproxima ou combate –


uma dessas três perspectivas teórico-sociológicas.

4- ANTROPOLOGIA

Etimologicamente a palavra Antropologia se origina do grego: Antropo, ser humano, Ho-


mem; e Logos, discurso, pensamento, estudo. Neste sentido a definição mais simples sobre
Antropologia é a de ciência que estuda o Homem ou ainda o estudo da Humanidade.

Costuma-se dividir a Antropologia em dois grandes Campos:

 Antropologia Física ou Biológica, e

 Antropologia Cultural
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A Antropologia Física é a que estuda a compleição física, biológica do homem. A origem


e evolução do ser humano a partir dos estudos fósseis; as estruturas anatômicas da cons-
tituição biológica, seus processos fisiológicos, aspectos genéticos e as diferenças raciais
(concebidas enquanto construções sociais e não biológicas).

A Antropologia Física ou Biológica se subdivide nos seguintes campos de estudo e pesqui-


sa:

 Paleontologia humana

 Somatologia

 Raciologia

 Antropometria

 Estudos comparativos do crescimento

Já a Antropologia Cultural, a que nos interessa mais especificamente, é a ciência que es-
tuda o Homem como um ser cultural, que produz cultura, se ocupando da diversidade
cultural no tempo e no espaço, suas origens e desenvolvimentos, suas diferenças e seme-
lhanças, buscando compreender o comportamento humano culturalmente.
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A Antropologia Cultural se subdivide nos seguintes campos de investigação e pesquisa:

 Arqueologia

 Etnografia

 Etnologia

 Linguística

 Folclore

 Antropologia social

 Cultura e personalidade

A diversidade humana sobre o globo terrestre faz da Antropologia uma ciência muito
complexa. O estudo e a tentativa de compreender o “outro”, aquele que é diferente de
mim e dos “meus”, uma tarefa com questões muito particulares e modos muito diferentes
de serem desenvolvidos. Tanto teórica quanto metodologicamente.

Quanto à forma de se analisar os dados se delineiam as seguintes correntes teórica:

 Antropologia Evolucionista  Estatístico

 Antropologia Difusionista  Etnográfico

 Antropologia Francesa  Comparativo ou etnológico

 Antropologia Interpretativa  Monográfico ou estudo de caso

 Antropologia Pós-Moderna  Genealógico

 Culturalismo  Funcionalista

 Escola de Cultura e Personalidade

 A partir dos seguintes métodos científicos:

 Histórico
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Nesta aula fizemos um quadro sinótico sobre a Ciência ao analisarmos as questões huma-
nas frente a discussão do Direito e da Justiça. Mesmo que de maneira esquemática, e até
mesmo um pouco árida (confessamos), esta aula objetivo salientar a questão de que toda
ciência deve se ocupar de um objeto de estudos muito bem delineado, e abordá-lo com
metodologia apropriada.

Em um rápido panorama sobre esta aula, vale a pena visualizar os gráficos sobre a cienti-
ficidade da Antropologia, da Sociologia e do Direito.

Na próxima aula veremos como que a complexidade do mundo contemporâneo acabou


por alinhavar a discussão destas três ciências de um modo peremptório. Veremos como
que o modo de produção capitalista, e a multidão da sociedade industrial geram o apare-
cimento da criminalística como um fenômeno do contemporâneo.
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REFERÊNCIAS

ASSIS, Olney Queiros & KÜMPEL, Vitor Frederico. Manual de Antropologia Ju-
rídica. São Paulo: Saraiva, 2011

FILHO, Arnaldo Lemos (org.) Sociologia Geral e do Direito. Campinas: Editora


Alínea, 2012

IAMUNDO, Eduardo. Sociologia e Antropologia do Direito. São Paulo: Sarai-


va, 2013

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