[CONDUTA NUTRICIONAL – RESISTÊNCIA À INSULINA]

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um distúrbio hormonal feminino

presente em até 10% das mulheres em idade reprodutiva

Aproximadamente 75% dessas portadoras possuem Resistência à Insulina (RI)

1 A RI resulta de uma combinação das funções alteradas de células-alvo de

insulina e na acumulação de macrófagos que segregam mediadores pró-
inflamatórios.

Além de contribuir para a SOP, a RI gera liberação de substâncias

2 inflamatórias, alterações hormonais e contribui também para a
adipogênese, acne, hipertensão, aterosclerose, e esteatose hepática.

3
A RI gera a hiperinsulinemia associada a um estado pró-inflamatório.

A alimentação pode contribuir para reduzir os efeitos metabólicos da

hiperinsulinemia e hiperglicemia por meio da manutenção da glicose, aumento da
sensibilidade à insulina (estimulando moléculas sinalizadoras da insulina),
redução do processo inflamatório e modulação hormonal em nível molecular.

Nutricionista Andrielle Petry

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1º Passo: Reduzir a Carga Glicêmica

A redução da carga glicêmica (CG) na dieta promove diminuição significativa nos níveis
de glicose no soro e melhora da RI. Reduzir a CG também contribui para a lipólise,
considerando que a insulina é um hormônio lipogênico.

A CG diária pode ser classificada como:

 Baixa (menor que 80)

 Moderada (de 80 a 120)
 Alta (maior que 120)

*Deve preferencialmente ser distribuída nas refeições semelhante à distribuição do

valor energético da dieta.

CG = ÍNDICE GLICÊMICO DO ALIMENTO X QUANTIDADE DE CHO (g)

100

Sugestões de Tabelas com IG dos alimentos:

 Atkinson et al. (2008);

 Foster-Powell et al. (2002) ;
 Brand-Miller et al. (2003);
 Lista de Substituição de Alimentos – Instituto Ana Paula Pujol (2016).

Associar carboidratos com proteínas: A ingestão de proteína associada à carboidratos

na dieta representa uma estratégia eficaz para atenuar o aumento pós-prandial de
glicose em pacientes diabéticos tipo 2.

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2º Passo: Elaborar uma Dieta Anti-Inflamatória

A inflamação do tecido adiposo e a RI estão associados com o estresse oxidativo,

morte de adipócitos e a limpeza dos adipócitos mortos pelos macrófagos CD8c+ pró-
inflamatórios do tecido adiposo.

Característica:

 CG - Baixa à moderada

 Rica em ômega 3

 Baixa em gorduras saturadas e trans

 Rica em flavonoides e antioxidantes em geral

Fontes alimentares de flavonóides:

Quercetina: maçã, amora, cebola

Luteolina: salsa, alcachofra

Isoflavonas: soja

Cianidinas: cereja, morango

Alimentos Antioxidantes:

Peixes: Sardinha; Truta; Cavala; Atum; Bacalhau; Salmão

Óleos: Óleo de linhaça; Azeite de Oliva Extravirgem; Óleo de peixe

Bebidas: Chá Verde; Vinho Tinto (moderadamente); Café (moderadamente); Sucos

de Frutas Vermelhas (Amora e Framboesa)

Temperos: Gengibre; Cúrcuma; Alho; Cebola; Pimenta Vermelha; Manjericão;

Alecrim

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3º Passo: Controlar o consumo de Produtos de Glicação Avançada (AGEs)

Os AGEs estão presentes nos alimentos, bem como podem ser sintetizados
endogenamente. A RI promove níveis elevados de glicose sérica contribuindo para a
formação endógena de AGEs.

Níveis de AGEs nos alimentos:

Alimento Quantidade de AGES (U/g)*

Alimentos gordurosos
Manteiga 264.873
Margarina (60% de óleo vegetal) 175.192
Maionese 94.000
Maionese light 22.011
Óleo de Oliva 120.000
Carne bovina
Linguiça (frankfurter) grelhada/5min 112.697
Linguiça (frankfurter) cozida/7min 74.850
Roast beef (rosbife) 60.708
Hambúrguer (fast food) 54.176
Almôndega cozida/1h 28.519
Carne cozida/1h 22.305
Carne suína
Bacon, micro-ondas/3min 90.228
Bife de lombo frito/7min 47.526
Frango
Peito sem pele cru 7.686
Peito sem pele cozido/1h 11.236
Peito sem pele, micro-ondas/5min 15.245
Peito sem pele grelhado/15min 58.281
Peito com pele assado/45min 60.203
Peito sem pele frito/8min 73.896
Peito (nuggets de frango) 86.271
Peito com pele milanesa frito 99.617
Frango parte escura grelhada por 1 hora 82.992
Peixe
Salmão cru 5.718
Salmão empanado e grelhado/10min 14.973
Peixe cozido/90min 7.606
Truta assada/25min 21.383
Truta grelhada com soja/10min 51.133
Queijos
Tofu 7.875
Cottage (1% de gordura) 14.532
Mussarela light 16.777
Cream cheese 118.843
Parmesão ralado 169.029

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Ovo
Clara cozida/10min 442
Clara cozida/12min 573
Gema cozida/10min 12.134
Gema cozida/12min 18.616
Ovo frito com margarina 27.494
Cereais e leguminosas
Pão italiano, miolo 225
Pão italiano, casca 366
Pão baguete 1.075
Pão baguete tostado 1.675
Barra de cereais com chocolate 5.068
Panqueca caseira 9.722
Biscoito de chocolate 16.837
Granola 19.997
Sanduiche de queijo quente 43.327
Pizza (massa fina) 68.248
Feijão cozido/1h 2.983
Macarrão cozido/12min 2.420
Arroz branco cozido 316
Hortaliças
Cenoura em conserva 103
Tomate cru 234
Cebola crua 358
Milho enlatado 195
Batata cozida/25min 174
Batata assada/45min 2.180
Batata frita caseira 6.939
Batata frita fast food 15.219
Batata chips 28.818
Bebidas
Suco de laranja (natural) 3
Suco de laranja (caixinha) 56
Leite desnatado 5
Leite integral 48
Leite humano 52
Leite fórmula infantil 4.861
Suco de maçã natural 20
Café tradicional (infusão) 15
Café com leite e açúcar 24
Café instantâneo 53
Refrigerante tipo cola tradicional 65
Iogurte de morango diet 40

Fonte: BARBOSA e cols., 2009.

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Dentre as alternativas para prevenção dos AGEs estão a dieta de baixa CG, baixo
consumo de AGEs pela dieta, consumo de antioxidantes e compostos bioativos
antiglicantes embasados num hábito alimentar saudável.

Substâncias Antiglicantes:

Extratos vegetais: Alium sativu; Camellia sinensis; Curcuma long; Ilex

paraguariensis; Passiflora alata; Passiflora edulis; Phaseolus vulgaris; Vitis vinífera;
Withania somnifera

Compostos fenólicos: Kaempferol; Miricetina; Quercetina; Rutina; Resveratrol

Vitaminas: Piridoxamina; Tiamina; Vitaminas C e E

Alilcisteína - Extrato de alho envelhecido

Taurina; Carnosina

4º Passo: Incluir no Plano Alimentar Fontes de Gordura Mono e Poli-insaturadas

Fontes alimentares:

Abacate; Óleo de abacate; Óleo de gergelim; Azeite de Oliva; Óleo de macadâmia; Óleo de
semente de Uva; Oleaginosas (Noz, noz-pecan, castanhas, amêndoas, pistache, macadâmia,
linhaça, chia, semente de abóbora, azeitonas, sementes de girassol)

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5º Passo: Incluir no Plano Alimentar Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos

Biomassa de Banana Verde

A banana verde in natura é uma fruta rica em carboidratos não disponíveis e

fermentáveis, sendo a maior parte deles constituída por fibra alimentar e amido
resistente (AR), especialmente do tipo 2 (entre 25 e 33%). Há diversas formas de
como o conteúdo de amido resistente dos alimentos pode influenciar na resposta
glicêmica e no metabolismo da glicose. Alimentos lentamente digeridos têm sido
associados ao melhor controle do diabetes, pela provável redução do índice
glicêmico dos alimentos, redução da insulinemia pós-prandial e redução do estímulo
de células β pancreáticas para produção insulínica.

Canela

Além do seu efeito sobre a glicemia, esta especiaria também tem demonstrado
exercer um efeito antioxidante, anti-inflamatório, antilipidêmico, antifúngico e
hipoglicemiante. Alguns estudos sugerem também que estes compostos fenólicos
presentes na canela aumentam as proteínas do receptor β da insulina e do
transportador de glicose (GLUT4), levando a uma maior captação de glicose pelos
adipócitos e pelas células musculoesqueléticas. Esta ação mimetizante da insulina
parece ser a responsável pela qual os polifenois da canela exercem um efeito
hipoglicemiante e melhoram a sensibilidade à insulina.

Yacon

Acredita-se que o tubérculo pode melhorar a tolerância à glicose devido a uma

redução da absorção de glicose no intestino delgado. Os mecanismos de ação da
planta ainda são desconhecidos, sendo que os efeitos benéficos na concentração de
glicose sanguínea podem estar relacionados com o aumento de liberação de
insulina por meio das células beta pancreáticas, a sensibilidade e aumento do
número dos receptores de insulina, a diminuição da degradação de glicogênio, o
aumento da captação de glicose pelos tecidos e órgãos, entre outros.

Fibras

O consumo de fibra solúvel parece reduzir a resposta glicêmica pós-prandial após

as refeições ricas em carboidratos. Esse efeito é provavelmente explicado pela
viscosidade e/ou propriedade geleificante das fibras solúveis, que desse modo
retarda o esvaziamento gástrico e a absorção de macronutrientes a partir do
intestino delgado.

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Referências:

ALMEIDA, J.C. et al . Revisão sistemática de dietas de emagrecimento: papel dos componentes

dietéticos. Arq Bras Endocrinol Metab, v. 53, n. 5, July 2009.

BARBOSA, J.H.; OLIVEIRA, S.L.; SEARA, L.T. Produtos da glicação avançada dietéticos e as
complicações crônicas do diabetes. Ver. Nutri. v. 22, n. 1, p. 113 – 124, 2009.

CARDENETTE, G.H.L. Produtos derivados de banana verde ('Musa'spp.) e sua influência na

tolerância à glicose e na fermentação colônica. Diss. Universidade de São Paulo, 2006.

CAO, H.; POLANSKY, M.; ANDERSON, R. Cinnamon extract and polyphenols affect the
expression of tristetraprolin, insulin receptor, and glucose transporter 4 in mouse 3T3-L1
adipocytes. Arch Biochem Biophys, 459(2), 214-222, 2007.

HOFFMAN, N. J.; PENQUE, B. A.; HABEGGER, K. M. et al. Chromium enhances insulin

responsiveness via AMPK. The Journal of Nutritional Biochemistry. v. 25, n. 5, p. 565-572,
2014.

Journal of the American Dietetic Association, 2010.

NAVES, A. Nutrição clínica funcional: modulação hormonal. São Paulo: Valéria Paschoal Editora
Ltda., 2010NISHIMURA, S. et al. "CD8+ effector T cells contribute to macrophage recruitment
and adipose tissue inflammation in obesity." Nature medicine15.8 (2009): 914-920.

POUDYAL, H.;PANCHAL, S.K.; WAANDERS, J. Lipid redistribution by α-linolenic acid-rich chia

seed inhibits stearoyl-CoA desaturase-1 and induces cardiac and hepatic protection in diet-
induced obese rats. The Journal of Nutritional Biochemistry, 23.2 (2012): 153-162.

VUKSAN, V. et al. Reduction in postprandial glucose excursion and prolongation of satiety:

possible explanation of the long-term effects of whole grain Salba (Salvia Hispanica L.).
European Journal of Clinical Nutrition, 64.4 (2010): 436-438. J Agric Food Chem., 2013.

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