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3/10/2023

Fundadores europeus do pensamento


comunicacional
No século XIX, três pensadores desenvolveram teorias com o
objetivo de explicarem a sociedade capitalista: Karl Marx, Emile
Durkheim, Max Weber. Estes três pensadores são denominados os
clássicos da Sociologia.

Marx, Weber e Durkheim não se concentram diretamente na


comunicação mas as suas teorias sobre poder, estrutura
social, valores culturais e coesão social forneceram
fundamentos teóricos importantes para a compreensão das
dinâmicas comunicacionais e dos média na sociedade. As
escolas dedicadas à comunicação fundamentam-se nas teorias
destes clássicos da Sociologia;

Karl Marx
Marx foi, em primeiro lugar, um pensador do sistema económico
capitalista;

É um dos pensadores que mais influenciou a história da


humanidade, a partir das suas teorias sobre a sociedade, a
economia e a política, que advogam que as sociedades
progridem através da luta coletiva de classes;

A análise de Marx das estruturas de poder é altamente


relevante para a compreensão de distribuição desigual de
recursos e influência na comunicação contemporânea;

1. Propriedade e controlo dos meios de comunicação:

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De acordo com Marx, o poder está intrinsecamente ligado à
propriedade dos meios de produção(daquilo que gera riqueza);

No contexto da comunicação contemporânea, isso traduz-se na


propriedade e controlo dos meios de comunicação, como os
canais de televisão, os jornais, os sites de notícias…, o que
lhes confere uma influência significativa sobre o que é
disseminado como notícias e informações;

2. Acesso desigual à comunicação:

Na comunicação contemporânea, a luta de classes também é


evidente, com diferentes grupos sociais e económicos a ter
acesso desigual aos meios de comunicação e à capacidade de se
fazerem ouvir. Quem tem mais recursos financeiros, tem muitas
vezes maior influência nos média, já os grupos marginalizados
têm menos oportunidades para se fazerem ouvir.

3. Ideologia e alienação:

Marx argumentava que a classe dominante usava os média para


promover a sua ideologia e manter o status quo. Isso é
relevante na análise da comunicação contemporânea, pois os
média podem ser usados para promover ideologias que sustentam
desigualdades económicas e sociais.

Além disso, a alienação pode manifestar-se na comunicação


contemporânea. As pessoas podem sentir-se alienadas quando os
média não refletem as suas preocupações, interesses ou
realidades.

4. Concentração da propriedade e diversidade de vozes:

Na comunicação contemporânea, a concentração da propriedade


dos meios de comunicação em algumas (poucas) empresas pode
levar à limitação da diversidade de vozes e perspectivas nos

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média. Isso pode reforçar as desigualdades existentes, pois
certos grupos podem ser sub-representados ou negligenciados.
O acesso referido na aula é como contribuidores de conteúdo e
vozes e não como espectadores e consumidores.

Max Weber
O conceito de “racionalização” de Max Weber tem implicações
significativas na maneira como as organizações de comunicação
e média são estruturadas e operam, especialmente nas
sociedades modernas;

Weber argumentava que a racionalização é um processo no qual


a lógica instrumental e a eficiência racional se tornava cada
vez mais relevante na organização da sociedade;

1. Burocracia e estrutura organizacional:

Segundo Weber, muitas das organizações de média como canais


de televisão, jornais e empresas tecnológicas, operam em
estruturas burocráticas para garantir a eficiência na
produção e disseminação do conteúdo. Isso pode traduzir-se em
departamentos especializados, fluxos de trabalho formais e
hierarquias de funcionamento.

2. Eficiência na produção e distribuição de conteúdo

A racionalização enfatiza a eficiência e a produtividade. Nas


organizações mediáticas, isso reflete-se em práticas como a
produção em massa de conteúdos, automação de processos e o
uso de análise de dados para direcionar estratégias de
conteúdo. Aqui a eficiência é que o produto em massa chegue a
muita gente e acaba por perder qualidade. A procura de
eficiência pode afetar a qualidade do conteúdo produzido e a

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diversidade de perspectivas representadas. Existe uma
homogeneidade destes conteúdos.

3. Audiência e consumismo

A ênfase na racionalização também podem influenciar a maneira


como as organizações mediáticas abordam a sua audiência. A
procura da eficiência pode levar à produção de conteúdo que
atrai grandes audiências, muitas vezes, por meio de
estratégias de entretenimento e de sensacionalismo. Isso pode
levar a uma cultura do consumismo dos média, em que o
conteúdo é projetado para gerar lucro, em vez de promover um
debate informado e uma cidadania ativa.

4. Padronização e homogeneização:

A racionalização pode levar à padronização e homogeneização


dos conteúdos dos média, à medida que as organizações
procuram fórmulas eficientes para a produção de conteúdos.
Isso pode resultar na perda de diversidade cultural e na
uniformização das mensagens transmitidas pelos média.

Em 1910, Max Weber publicou um pequeno texto dedicado à


sociologia da imprensa no qual levantava algumas questões que
depois levou à criação da sociologia da comunicação.
Questiona a origem do conteúdo, a comunicação em massas, as
requisitos do jornalista moderno, éticas do jornalismo…

Nesse texto, Weber concluiu que nas sociedades democráticas,


a imprensa modifica a forma como o homem percebe o mundo,
devido ao confronto permanente entre vários pontos de vista.

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