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Cirurgia Geral | Aula 6 - Página |1

AULA 6 – Complicações pós-operatórias

Complicações pós-operatórias podem ser gerais (cardíacas, pulmonares, renais), particulares de


determinado procedimento (ex. reposição de sangue e derivados e re-operação) ou particulares a
determinado método (ex. como na videocirurgia).
CIRURGIA SEGURA - PROJETO INTERNACIONAL DA OMS: em vários países para redução
morbidade e mortalidade. Evitar troca de paciente, de procedimento, de lado, administração de
medicamentos errados. Diminuição de “erros inerentes ao método”.
+ Conferir paciente, instrumentos, restrições.
COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS:
IATROGÊNESE: troca paciente, operação, lado; reações alérgica; corpo estranho; aparelhos e
instrumentos inadequados; cuidados com os procedimentos ditos simples (inserção sonda e
cateter).
FEBRE PÓS-OPERATÓRIA:
Ausência de febre no pré-operatório:
+Em menos de 48h sugere atelectasia pulmonar (causa mais comum). Além da febre, tem dor para
respirar e está relacionado à pouca movimentação do paciente. Outras causas tem mais sintomas.
+ Do 3 ao 5 dia após a cirurgia sugere infecção urinária (se colocou sonda vesical).
+ Mais de 5 dias sugere infecção da ferida operatória (antes disso são infecções gravíssima, se
tomou antibiótico pode aparecer bem depois).
Presença febre no pré-operatório: relacionado a doença primária.
ASPIRAÇÃO PULMONAR:
Profilaxia: jejum, sonda nasogastrica (oclusão intestinal); cuidados na intubação.
Tratamento precoce: antibiótico (microbiota mista do estômago), respirador.
RETENÇÃO URINÁRIA: mais comum em homens, operações períneo e pelve, anestesia peridural
ou raquidiana (após 700ml a camada de músculo fica muito fina e mais difícil é a contração – na
raqui tem muita infusão de soro e o paciente acorda paralisado [não sente]).
+ Estimular a micção precoce após recuperação anestésica.
+ Minimizar infusão de líquidos no pós-operatório.
+ Cateterismo de alivio. Pode existir infecção urinária e edema (pode piorar a retenção urinária).
+ Se necessitar novo cateterismo-demora.
INFECÇÃO CIRÚRGICA: geralmente no 5 dia de pós-operatório; mais de 7 dias após uso de
antibiótico; 24-48 horas com estreptococo e Clostridium.
INFECÇÃO PÓS-ESPLENECTOMIA: sepse causada por bactéria e protozoários – pode ser imediata
ou anos após a esplenectomia.
Risco: de 0,23-0,42% ao ano e de 5% durante a vida. Risco por toda a vida (42% ocorrem 5 anos
após esplenectomia).
+ Risco maior em crianças e quando a indicação de esplenectomia é por doenças hematológicas
(particularmente anemia falciforme) e câncer.
Agente etiológico: S. pneumoniae (50-90%), Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis,
Salmonella sp., malária (regiões endêmica).
Alterações imunológicas: redução de remoção de antígeno, resposta a novos antígenos (inclusive
a imunização EV), fagocitose (peptídeo promotor de fagocitose), IgM sérica, properdina (inicia via
alternativa da ativação do complemento), tufsina (peptídeo que aumenta fagocitose)
Clínica
+ Sintomas iniciais: febre, calafrio, sintomas inespecíficos.
+ Locais da infecção: pneumonia, meningite, outros ou não identificado.
+ Choque séptico em horas ou poucos dias.
+ Mortalidade 50-70% nas formas avançadas.
Nathalia Crosewski – 2013.2
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Profilaxia: reduz significativamente a doença.


+ Vacina: Pneumococia (eumovax 23, pneumo 23) dose de reforço cada 5-10 anos; Haemophilus
influenza (act-Hib; hiberix); vacina meningocócicca (menigo A+ C, meningite).
+ Penicilina oral (amoxilina) para crianças se não for previamente vacinado.
+ Amoxilina empiricamente se apresentar febre.
HEMORRAGIA:
Fatores predisponentes: distúrbio de coagulação prévio, sangramento per-operatorio intenso,
disfunção hepática.
Conduta: reposição sangue e derivados (dependendo da idade, quantidade de sangue, etc); re-
operação.
Controle de hemorragia:
+ Sangramento de vaso grande: ligadura, sutura, clip,bisturi (radiofrequência, ultra-sonico).
+ Sangramento difuso: eletrocautério, argônio, hemostáticos locais (TachoSil – selante com fatores
de coagulação aderidos).
NEOPLASIAS MALIGNAS PÓS-TRANSPLANTE: as neoplasias mais comuns da população geral não
aumentam. Há geralmente um aumento de neoplasias relacionadas a vírus - aumento de câncer
de pele (10-29 vezes); linfomas não Hodgkin (28-49 vezes), sarcoma Kaposi (400-500 vezes),
câncer de anus, períneo, genital, hepatocelular, renal. São tumores mais agressivos.
Etiologia: imunossupressão, infecção, transplante de neoplasia.

Nathalia Crosewski – 2013.2

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