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Introdução ...................................................................................... 2
Biografia ......................................................................................... 3
Bolívia ............................................................................................ 5
Sob a lente de Wicky ..................................................................... 7
Análise de fotos ............................................................................. 9
Coca ............................................................................................. 14
Considerações finais: ................................................................. 15
Anexo - Entrevista ....................................................................... 17
Bibliografia................................................................................... 19
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Introdução
A história da fotografia é algo pouco trabalhado no curso de licenciatura de
forma geral, talvez pelo medo de fazer uma análise errônea da imagem ou mesmo
pela falta de técnica ao interpretar, o curso de “História da Fotografia da América
Latina” tenta desmistificar esse medo, e nos ensina a utilizar a imagem, afinal estamos
na era da imagem, as pessoas de forma geral acreditam no que veem e isto não será
diferente com futuras gerações.
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Biografia
Jean-Claude Wicky nasceu em 1946 em Moutier, Suíça. É um fotógrafo
autodidata e renomado, sua série mais conhecida é sobre mineiros bolivianos (1984-
2001), que é a que analisaremos, sua obra foi exposta na Fundação Suíça para a
Fotografia, o Musée de l'Elysée, em Lausanne, e do Instituto de Artes Minneapolis, e
tem fotografias em diversas coleções como Biblioteca do Congresso Washington,
Minneapolis Institute of Arts e da Fundação Suíça para a fotografia em Winterthur e
Colabora com vários jornais e revistas, incluindo GEO e da Revista Smithsonian.
Ele era empregado no comércio e futebolista, mas viu que seu verdadeiro
amor era por viagens, e sonhava em ser fotógrafo, tendo que adiar esse sonho por
não poder comprar imediatamente os equipamentos necessários, então foi ao Japão e
comprou as duas câmeras que precisava. Durante sua viajem a América Latina, se
chocará com as condições de vida e a cultura, e isso condicionará parte de sua vida,
principalmente as minas de prata de Potosí, na Bolívia "Comecei visitando a única
mina que era na época para visitar turistas. Intrigado, no dia seguinte, subi mais alto
da montanha e passei o dia em uma cooperativa de mineração", ele então decidiu
fazer um trabalho sobre, mas vai esperar anos para começar, inicia sua jornada em
1984 a 2001, durante este tempo faz mais de uma dezena de viagens para Potosí.
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“O livro "Mineiros Bolívia" foi publicado em quatro edições: francês,
espanhol, alemão e italiano.” E a serie fotográfica já foi vista em museus e
galerias na Europa e na América Latina. O trabalho de Jean foi publicado
em vários jornais e revistas na Europa e na América Latina, incluindo a
revista Smithsonian e Geo Magazine.
Durante anos, viajou para a Bolívia, para fotografar o mundo dos mineiros, ao
finalizar o trabalho e voltar para sua casa com o livro pronto decide fazer um filme com
as fotografias em “preto e branco alternativo com seqüências filmadas trazer o
espectador para as profundezas do Tierre onde o rosto mineiros rocha e do diálogo
com o tio. (o diabo). Diga a sua dura realidade, mas também a sua dignidade, o seu
orgulho, sua nobreza e costumes.”
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http://www.comunidadboliviana.com.ar/shop/detallenot.asp?notid=1158
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Bolívia
A região mineradora mais conhecida é Potosi, grande parte das riquezas
adquiridas no império colonial vieram da região de Cerro Rico, levando a riqueza para
Europa. A pobreza na região, que até os dias de hoje convive com grandes
desigualdades sociais, mesmo já dando sinais de sua escassez de recursos a
mineração ainda continua sendo praticada.
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http://www.comunidadboliviana.com.ar/shop/detallenot.asp?notid=1158
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mita, “indenture”, etc.-, resulta que era estreitíssima a faixa que restava, no
conjunto do mundo colonial, ao trabalho livre. A colonização do Antigo
Regime foi, pois, o universo paradisíaco do trabalho não-livre, eldorado
enriquecedor da Europa” (CARDOSO p.70)
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http://www.infoescola.com/bolivia/historia-da-bolivia/
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Em 1982, os civis retomam o poder, mas passam por sérias crises
econômicas, teve a maior inflação de sua história, como forma de controlar a
economia, nos anos 1993-1997 o presidente Gonzalo Sanchez de Lozada, tenta
executar o liberalismo econômico privatizando às minas e empresas, mas ainda assim
a instabilidade persiste, pois o investimento externo não beneficiava setores com
muitos empregos, privilegiando o petróleo e telecomunicações, juntamente com a
pressão dos EUA, que obrigava o país a abrir mão de sua grande fonte de renda: a
produção de coca que representava certa de 8% do produto interno bruto, e com isso
o presidente desagrada a população, em 1997 Hugo Banzer ex-ditador vence pelas
urnas e tenta novamente parar a produção de coca, liberando restritivamente por ser
um hábito milenar, apostando tudo na exploração de gás, causando estagnação
econômica e novamente a revolta popular. Este é o período que mais nos interessa,
pois é a contextualização histórica do período que Wicky fotografou os mineiros,
vemos que essa delimitação de tempo foi marcada por muitas crises, e levantes
populares.
"Eu entrei no país através da sua porta mais dolorosa"4, conta o fotografo
que ficou duas décadas registrando em formato analógico (longe de dispositivos
digitais), superando o desafio de fotografar em ambiente escuro sem flash, e as
barreiras como a umidade e a poeira, tudo para poder retratar as péssimas condições
de trabalho vividas pelos mineiros o ambiente de trabalho que é bastante quente e
cheio de perigo, juntamente com os péssimos salários, a falta de saúde e segurança
dos mineiros, desde crianças aos pensionistas. Os retratos são em preto e branco “a
luz fraca banha os rostos cansados, sujos, suados, mas o olhar do fotógrafo não é de
piedade nem medo, é simplesmente um olhar carinhoso, amigo.”5
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http://www.paginasiete.bo/cultura/2014/5/11/todos-dias-noche-21167.html
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http://www.paginasiete.bo/cultura/2014/5/11/todos-dias-noche-21167.html
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Ser minerador é certamente uns dos trabalhos mais difícil do mundo, mas
também é um dos proletariados mais ignorados. A Bolívia é um país do terceiro mundo
que dependem de seus recursos, Wicky trabalha de forma incrível, pois ele não queria
usar os mineiros e sim mostrar para o mundo sua situação. Para este fazer este
trabalho ele fica anos na Bolívia, na maior parte do tempo ele não usava as câmeras
para não intimida-los, ele se torna amigo dos trabalhadores, conviveu com as
mulheres, velhos e crianças; para ele não são rostos anônimos, todos tem nome e
história. Ele chegou a visitar 30 minas, incluindo pequenas cooperativas que correm
todos os riscos, foi um trabalho lento, mas aos poucos ele tornou-se amigo dos
mineradores, e assim mostrar sua visão de valores e justiça social, para obter êxito
entra em tuneis claustrofóbicos de mineração, ele queria retratar tudo:
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http://www.paginasiete.bo/cultura/2014/5/11/todos-dias-noche-21167.html
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Análise de fotos
O mais extraordinário das fotografias de Jean-Claude Wicky é o jogo de
preto/branco e luz/sombra. Para a análise dessas imagens foi utilizado suportes de
leitura, todavia a interpretação pode não ser totalmente certa.
Imagem 03- Nessa imagem, vemos a escuridão dos tuneis nas minas, sendo
iluminada apelas pelo capacete do trabalhador, o espaço apertado, a precariedade
das escadas que facilmente poderiam se quebrar e o ambiente sufocante causando
falta de ar. Parecendo uma gravura, com linhas fortes e trazendo uma angustia a
quem olha, pelas condições que o trabalhador se encontra, e sabendo que, a qualquer
momento a mina poderia desmoronar e sufocá-los.
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http://www.culture24.org.uk/art/photography-and-film/art367105
Todas as imagens de Wicky estavam sem datação, ou local de onde foram fotografadas.
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Outra coisa que chama a atenção é a frase, que o site colocou junto a foto,
não posso afirmar se esse homem é “Don Paulino Calisaya”, mas a frase é do livro de
Wicky, e chama a atenção pois nas imagens ficam claras as condições horríveis e
desumanas que os mineiros trabalham, com risco constante a vida, assim, a frase
pode ser compreendida, pois sabendo as condições que os trabalhadores são
expostos, para que eles tirem a riqueza do solo do seu país, fazem com que eles
tenham uma vida medíocre, portanto, enquanto aquele solo produzir o tanto de riqueza
que ele produz, a condição de vida dos bolivianos estará em crise.
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http://www.touslesjourslanuit.com/en/photos
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http://www.touslesjourslanuit.com/en/photos/mines/nb1
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A ênfase está voltada para o homem, pois nota-se a uma luz apenas nele,
deixando a atenção voltada para um foco principal.
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http://www.aworldtowin.net/reviews/BoliviaMiners.html
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Isso faz com que refletimos sobre a saúde destes trabalhadores, que são
sujeitos a consumirem substâncias nocivas em prol do seu rendimento no trabalho.
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http://www.touslesjourslanuit.com/en/photos/mines/nb2
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Coca
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http://www.touslesjourslanuit.com/en/photos/mines/nb2
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“ América es el continente que masca. La del Norte, chicle. La del Sur, coca, tabaco, yerba o hambre.”
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mineradores como Potosi. Além disso, os fortes interesses mercantis
advindos da produção e comercialização das folhas de coca, fizeram
prosperar a disseminação e seu consumo, fazendo com que os partidários
do uso indiscriminado da coca no século XVI afirmassem que “no hay Perú
sin coca” (PRODAV, p. 61)
Considerações finais:
“ Assim sendo, com toda a sua complexidade as minas do cerro rico de Potosi
representaram o inicio, a base fundamental e subsistência econômica da vila. Sua
importância na estruturação de Potosi é total, ela é o coração e a razão de ser
deste núcleo urbano que nasceu com a descoberta de prata, se desenvolveu
graças a esta atividade e que ainda hoje, depois do esgotamento das minas, vive
dessa fantasia e representação.” (PRODAV p.51)
O que pode ser interessante para esse tema, é que seu corpo tem uma
função específica de manter-se vivo, de se defender e continuar seu funcionamento.
Então quando vemos seres racionais entrando em minas que podem desabar, em
tubos minúsculos, mascando coca e bebendo álcool puro que são substancias ruins
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que seu corpo na maioria das vezes tenta expelir, mas eles tem que acostumar com
aquilo pois é praticamente objeto de trabalho, faz com que vejamos o quão absurdo
esse tema se torna. Quando olhamos as fotos dos mineradores é como se eles nos
olhássemos num pedido de socorro, para que não esqueçamos deles, de tudo o que
passam, e o trabalho de Wicky foi incrível neste sentido, mostrar ao mundo o que
estas pessoas estão sujeitas, ainda mais no período tratado, que é de grande
instabilidade politica e crises.
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http://ciml.250x.com/archive/literature/portuguese/zola_germinal.pdf
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Anexo - Entrevista
''O fotógrafo suíço Jean-Claude Wicky compartilha com Havana sua exposição ''Mineiros
da Bolívia'', todos os dias, à noite, a qual, com a força das imagens, evidentemente
captadas do coração, não precisam muitas palavras explicativas''. Por MireyaCastañe
Por sua parte, o conselho da embaixada da Suíça, Francesco Ottolini, manifestou que é
uma honra para seu país expor, pela primeira vez, no Centro Hispano-Americano e se
referiu à obra de Wicky, cuja mostra data de 1978, ''Através da América índia''.
Eusebio Leal, Historiador da Cidade, destacou que, em pouco tempo, Havana desfrutou de
três mostras de três brilhantes fotógrafos suíços, Luc Chessex, Burri (presente na
inauguração) e Wicky.
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http://www.vermelho.org.br/noticia/16246-11
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Afirmou que as fotos de Wicky revelam o olhar do artista que nasce do mais alto da
consciência. Ao concluir a simples cerimônia inaugural, o artista teve uma conversa com o
Granma Internacional.
Uma vez, viajando pelo mundo, cheguei à Bolívia e visitei uma mina, naquela época, a
única que deixavam ver aos turistas e só vi um mineiro, mas no dia seguinte subi um
pouco mais no Cerro, o Potosí, e passei o dia todo na mina onde trabalhavam
cooperativistas. Saí tão impressionado, tão perturbado da mina, que eu disse a mim
próprio, um dia vou fazer uma exposição de fotografias sobre os mineiros bolivianos. Só
pude começar este trabalho dez anos depois. Acostumava a viajar à Bolívia uma vez por
ano. O conjunto de fotos, que são cem as que estão aqui, é o resultado de 15 viagens à
Bolívia durante 17 anos.
A Bolívia é um país diferente de outros da América Latina, talvez mais autêntico, mais
misterioso. Seduziram-me suas paisagens áridas e a ternura da gente. Entrei por sua porta
mais dolorosa, os acampamentos mineiros e as minas.
A fotografia é o que se sente, não o que se vê. A fotografia consegue ser entendida, mas o
importante é mostrá-la (a exposição foi exibida em mais de 30 cidades latino-americanas)
não por presunção de que pode mudar o mundo, mas é uma pedra a mais no caminho da
informação.
É assim. Nas minas, acredito que não teria justificação a cor, porque o interior da mina é
um mundo branco e preto.
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Bibliografia
ANTUNES, V. Coleção Objetivo - Geografia Geral. Cered. (pag. 72-74) Obs: livro
didático
Disponível em:
<http://www.comunidadboliviana.com.ar/shop/detallenot.asp?notid=1158> acesso: 01
de agosto de 2015
Disponível em:
<http://www.swissfilms.ch/en/festivals_long_films/festivals_markets/festival_search/fest
ivaldetails/-/id_person/2146136962> acesso 08 de agosto de 2015
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Disponivel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
59702013000200627&script=sci_arttext> acesso 08 de agosto de 2015
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