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Finarda Caetano

Colonização e Descolonização da Índia

Licenciatura em Ensino de História com Habilitações a Geografia

Universidade Save

Massinga

2022
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Finarda Caetano

Colonização e Descolonização da Índia

O presente trabalho surge no âmbito da cadeira de


Estudos Asiáticos Contemporâneos, a ser
apresentado no Departamento das Departamento de
Letras e ciências sociais para efeito de avaliação.

Docente: MSc. Samuel Baúque

Universidade Save

Massinga

2022
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Índice

Introdução…………………………………………………………………………….4
4

Introdução
O presente trabalho surge no âmbito da cadeira de Estudos Asiáticos Contemporâneos,
tem como tema: A colonização e descolonização da Índia. A conquista e o domínio do
território indiano pelo Império Britânico se deram, dentre outras coisas, a partir da
dominação técnica e científica dos elementos naturais daquele vasto território.
Antes de ser colónia britânica, os indianos tiveram seu primeiro contacto com europeus
no século XVI, justamente com os portugueses. Após os portugueses, o território
indiano teve contacto com os holandeses e franceses.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial o Império Britânico perdeu seu lugar de grande
potência mundial. Neste ínterim, a Índia, uma de suas posses coloniais, conseguiu sua
independência. Assim, foi somente após 1947, quando deixou de ser colónia britânica,
que o país pôde mudar seu carácter de economia colonial para o de uma nação que de
fato voltava-se para o desenvolvimento interno.

O mesmo trabalho tem como objectivo geral‫ ׃‬Compreender o processo de colonização e


descolonização e o alcance da independência da Índia, e tendo como os objectivos
específicos‫( ׃‬I), Descrever o processo de colonização da Índia, e (II), Explicar o
processo de descolonização e o alcance da independência da Índia.
Para a materialização recorreu ao método qualitativo na sua vertente dialéctica. Este
método advoga a inexistência de algo perfeito, ou seja, o fim de um processo é sempre o
início de uma nova fase. A escolha do método deveu-se ao facto de querer se estudar o
processo de colonização e descolonização e o alcance da independência da Índia

A metodologia e técnicas que foram usadas na realização deste trabalho consistiram na


selecção de várias obras bibliográficas e posteriormente na leitura e compilação dos
dados que versam sobre o tema, e finalmente na análise, censura e debate dos conteúdos
que culminarão na redacção do trabalho final.

Quanto a justificativa subjectiva, avançar que a primeira motivação que nos levou a
estudo do tema é académico dai que surge a necessidade de se querer perceber o
essencial sobre este tema, como intuito de querer compreender o processo de
colonização e descolonização da Índia. De salientar que o tema em estudo foi
incumbido pelo docente que orienta os estudos da cadeira, não só mas também o mesmo
está patente no programa desta cadeira.
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Capítulo I
O território e a natureza.
Segundo Sengulane (2020, p. 48), o nome índia tem origem na palavra Sindhu que
designava, na língua local, o actual rio Indu. O topónimo Indu constitui a adaptação dos
gregos.
A índia, situada na Ásia meridional, incluía os actuais estados de Paquistão, Bangladesh
e Sri-lanca. È um território coberto por florestas tropicais de monções, desertos
escaldantes e montanhas glaciares que corresponde a três regiões distintas: a planície
Indu-gangetica (tropical), o planalto peninsular (árido) e a barreira montanhosa dos
himalaias (com suas neves eterna). (Idem)
As religiões compõem também um mosaico plural da índia. O culto do hinduísmo
abarca cerca de 74% da população. Há ainda a presença marcante do islamismo,
representando em torno de 12% dos habitantes. Em seguida, tem-se o cristianismo com
mais 6% da população indiana. Em menor escala ainda são cultuadas varias crenças
como skhs e outras. (Sengulane, 2020, p. 49)
A sociedade indiana é composta por castas. Na Índia, estas correspondem a um grupo
social hereditário em que a condição de cada cidadão passa de pai para filho. Cada casta
tem suas próprias regras de conduta as quais determinam com quem cada pessoa pode
se casar, o que comer e que tipo de trabalho realizar. Assim cada componente das castas
só pode se casar com uma pessoa do seu próprio grupo. Também é preestabelecido a sua
profissão, hábitos alimentares e vestuários. (Idem).
Figura 1 – Mapa da Índia

Fonte: Google imagens (201-?).


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A colonização britânica e os seus resultados


O período colonial a Índia cobre os anos de 1773-1947, (Sengulane, 2020, p. 267).
Antes de ser colónia britânica, os indianos tiveram seu primeiro contacto com europeus
no século XVI, justamente com os portugueses. Não é à toa que no território indiano
existe um estado em que o português é a língua oficial, Goa. Após os portugueses, o
território indiano teve contacto com os holandeses e franceses. Esse interesse todo no
território indiano se deu pelo fato da existência das famosas especiarias no território
indiano, como o cravo-da-índia, louro, cominho, noz-moscada, e etc. (Moore, 1983, p.
11).

Durante esse período o território indiano era dominado pelo Império Mogol ou Mughal
(1526-1858). O Império Mughal possuía uma estrutura parecida ao feudalismo europeu
ou o que ocorria no território japonês, em que existia uma hierarquia e regiões
comandadas por subordinados ou “vassalos” do imperador. O império não era contrário
ao comércio com os europeus e a relação entre eles era razoavelmente boa e proveitosa
para ambas as partes. Entretanto, em 1756, o governante da região da Bengala tomou
posse de uma feitoria britânica, criando um enorme prejuízo para a Companhia Inglesa
das Índias Orientais. Nesse ocorrido, cidadãos britânicos foram presos. Esse fato ficou
conhecido como “O Buraco Negro de Calcutá” e teve como consequência o envio de
tropas inglesas ao território indiano em 1774. (Moore, 1983, p. 23).

Assim como os portugueses utilizaram indígenas para derrotar outras tribos, o império
britânico utilizou nativos indianos, que unido aos ingleses, tomaram a província de
Bengala. Foi assim iniciada a dominação britânica no território indiano e
consequentemente o fim do Império Mughal em 1858. (Idem)

“A jóia mais rica da coroa britânica”, essa frase define a importância


da Índia como colónia britânica. (Moore, 1983, p. 24)

Moore (1983, p. 36) sustenta que os motivos que levaram os britânicos à Índia foram os
mais diversos, entretanto, a possibilidade da expansão de seu comércio e a oportunidade
de excessivos lucros, a partir da exploração da colónia, podem ser entendidos como os
principais atractivos para o estabelecimento dos colonizadores na região.

Os britânicos chegaram à Índia por motivos como aventura, razões de Estado, comércio
e pilhagem, mas tudo isso em plena decadência da civilização medieval cristã
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tradicional. Logo perceberam a necessidade de consolidar uma base territorial. Essa


necessidade tinha por intuito tornar o comércio mais vantajoso para os britânicos, que
deixando representantes na Índia, poderiam negociar produtos agrícolas na época das
colheitas, com preços mais baixos. Por esses motivos estabeleceram fortes e armazéns
na Índia, a partir dos quais surgiria uma expansão do domínio territorial britânico em
solo indiano (Chesneaux, 1976, p. 41).
O crescimento das actividades comerciais levou os britânicos a instaurarem instituições
que pudessem regular as transacções de mercados, dessa forma, surge com a autorização
da Rainha Elisabeth I, a Companhia Britânica das Índias Orientais, que tinha poder de
Estado dentro da Índia. Com sede em Londres a companhia possuía exército próprio e
poderes delegados pelo governo britânico para actuar no território indiano, ademais a
instituição desempenhava, concomitantemente, as actividades comerciais da época.
Outro factor relevante era a arrecadação fiscal imposta pela companhia para a sua
manutenção. (Moore, 1983, p. 45).

As acções da Companhia priorizavam os objectivos do colonizador e não permitia, aos


indianos o acesso as informações mais relevantes de sua administração, alem do mais
impedia que o colonizado pudesse buscar ascensão e desenvolvimento para assim o
deixar dependente de sua gestão e dominado por seu sistema. (Chesneaux, 1976, p. 44).

O foco da Companhia, inicialmente, foi o comércio, não se pensava na construção de


um império na Índia. Entretanto, interesses da Companhia giraram do comércio ao
território durante o século XVIII, quando a instituição aumentou de forma gradual a
extensão dos territórios sob seu controle, governando directa ou indirectamente através
de governantes fantoches locais sob a ameaça do uso da forca através do seu exército
próprio. A institucionalização da companhia britânica das Índias Orientais alterou
radicalmente toda a economia indiana, fundamentalmente na sua política tributária e ao
nível agrário, e desestabilizou o seu fluente e secular comércio de especiarias a longa
distância, marcando negativamente todo período colonial. (Chesneaux, 1976, p. 51).

Ainda segundo o autor, alem de todas as atribuições já mencionadas em relação à


Companhia, a mesma ainda monopolizava o comércio de chá, as transacções comerciais
da China e o transporte de mercadorias para o continente europeu, alem da navegação
costeira entre a Índia e as ilhas circunvizinhas, o sal, o ópio, o bétel, eram domínios de
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seus altos funcionários, que tinham livre arbítrio para fixar seus preços, prejudicando
directamente os camponeses indianos. (Marx, 1996a, p. 371).

Fica evidente que as medidas tomadas pelos britânicos, através da Companhia, tinham,
em sua maioria, a intenção de auferir proveitos, de forma explícita, sobre todos os
recursos que os indianos podiam lhes oferecer, a Índia perdia aos poucos sua soberania
e o imperialismo inglês avançava de forma avassaladora dominando toda a região.
(Chesneaux, 1976, p. 66).

A ideologia pregada pelos ingleses tentava implantar na sociedade indiana que a


presença britânica na índia era necessária e importante para o seu desenvolvimento e até
mesmo para a sobrevivência do Estado indiano, já que na visão do colonizador a Índia
não possuía capacidade de se auto administrar. (Panikkar, 1977, p. 89)

O capital britânico esteve presente em várias esferas, desde a construção de estradas de


ferro até plantações de chá e aquisição de terras. (Chesneaux, 1976, p. 69).
Apesar desse crescente intervencionismo inglês ter contribuído para o desenvolvimento
do país, a população indiana foi, aos poucos, sendo excluída. Os jornalistas e
economistas ficaram mais pobres, os indianos foram proibidos de ocuparem certos
postos dentro da administração. O racismo se exacerbou em várias camadas sociais
como no exército onde eles foram proibidos de chegarem ao posto de oficial além de
serem excluídos de hotéis e clubes. Nesse sentido, a superioridade racial foi oficializada
como um dogma na colonização até da Primeira Guerra Mundial. (Chesneaux, 1976, p.
71).
Quanto ao ambiente institucional, a colonização britânica criou um cenário favorável ao
direito de propriedade privada e estimulou o livre comércio, ao mesmo tempo em que
estabeleceu uma moeda corrente em toda a Índia com taxa de câmbio fixa. (Idem)

Neste ambiente, a industrialização na Índia começou de forma dual. No início da


colonização britânica, empresários britânicos investiam em indústrias orientadas para a
exportação1, ao passo que os empresários indianos voltavam suas indústrias
1
No período de 1772 a 1815, havia uma enorme rede de transferência financeira da Índia para a
Inglaterra, ou seja, os produtos têxteis indianos eram exportados para a Inglaterra sem uma contrapartida
de importações britânicas da Índia. Na realidade, os produtos têxteis indianos eram um importante meio
pelo qual os ingleses repatriavam riquezas acumuladas no território indiano para a Inglaterra, fato este
que acabava por aumentar a demanda por produtos têxteis. Em outras palavras, os ingleses montavam
indústrias têxteis na Índia, porque aquele país possuía custo de produção mais baixo do que o da
Inglaterra no período em questão, logo, a produção dessas fábricas era destinada à exportação para a
Inglaterra. (Esteban apud Clingingsmith e Williamson (2004, p. 7).
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principalmente para atender o mercado indiano. Assim, juta 2, chás e outras especiarias
eram destinados à Europa; já açúcar e produtos têxteis eram vendidos na Índia, sendo
que uma parcela dos últimos destinava-se as exportações. É pertinente salientar que a
colonização britânica na Índia coincidiu com as significativas mudanças na economia
mundial, tendo como principal factor a Revolução Industrial e o consequente aumento
do comércio e da produção no mundo. (Chesneaux, 1976, p. 79).

O primeiro marco que destaca a cobrança pela liberdade, por parte dos indianos, só
surge entre os anos de 1857 e 1858, quando eclodiu a Revolta dos Cipaios dirigida pelas
antigas classes dominantes indianas, que objectivavam recuperar seu poderio. (Idem).

A Revolta dos Cipaios

O ano de 1857, marca a relação entre ingleses e indianos, pois durante este período se
instaurou na Índia rebeliões e levantes armados em oposições à ocupação britânica no
país, principalmente, na região central e setentrional. Tais revoltas, posteriormente,
adquiriram maior adesão do povo indiano e uma forca expressiva no seu cenário
nacional. (Bindá, 2008, p. 12).

Dentre as causas que motivaram as revoluções estavam o descontentamento dos


indianos com a ocidentalização que vinha sendo imposta pela companhia Britânica das
Índias Orientais, as intervenções na politica interna e as questões religiosas, que podem
ser entendidas como o estopim da maior das rebeliões, que ficou conhecida como a
Revolta dos Cipaios. (Garmes, 2013, p. 333).

Os cipaios eram os soldados indianos que serviam ao exército da companhia Britânica


das Índias Orientais e foram os propulsores da Rebelião de 1857, motim este, que
Garmes (2013, p. 354), sinaliza como episódio histórico muito caro aos
independentistas indianos, por ser considerado a primeira acção de peso contra a
dominação inglesa.

Corroborando com este pensamento Miranda (2014, p. 392) sustenta que tal processo se
deu de forma impetuosa com rápida expansão por diversas regiões do território indiano
e acarretou milhares de mortes entre os anos de 1857 e 1858.

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Juta é uma planta originária da Índia.
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Os Cipaios demonstravam insatisfação em relação aos superiores de suas guarnições,


todos britânicos, pois estes não respeitavam suas crenças e tradições. O exército da
Companhia Britânica das Índias Orientais recrutava jovens de diferentes castas para
compor a mesma base, o que incomodava bastante os indianos, já que para eles castas
superiores não podiam dividir o mesmo espaço com pessoas de castas inferiores, e
existia também certo temor, por parte dos Cipaios, em relação à expansão do
cristianismo (segmento religioso predominante entre os britânicos, porem pouco
expressivo na Índia), já que os ingleses poderiam tentar uma conversão forcada.
(Miranda, 2014, p. 398).

O motivo mais célebre da revolta foi o uso de gordura animal na impermeabilização de


cartuchos de um novo fuzil, o que foi entendido pela guarnição como um
comportamento bastante ofensivo com relação a suas tradições religiosas. (Idem).

Apesar de ter se configurado como um evento violento e sangrento, a revolta apenas


reflectiu a forma como os indianos estavam sendo tratados em sua relação com os
ingleses, foi na revolta que a sociedade indiana conseguiu demonstrar sua insatisfação e
as acções indianas se desenvolveram a partir de todas as ofensas sofridas depois de anos
de dominação. (Ferguson, 2004, p. 101).

Todavia, os acontecimentos contribuíram de forma significativa para que uma reforma


político-administrativo de grande escala fosse estabelecida, na qual os ingleses
dissolveram a Companhia das Índias Orientais, que passou a desempenhar, alem das
ralações comerciais, a administração da colónia e as decisões da politica interna da
Índia. O território indiano agora passa a ser governado de forma directa pelos poderes
da Coroa Britânica, que anexou suas posses como províncias formais do Império,
factores emblemáticos do final do conflito (Ferguson, 2004, p. 129).

A expressividade da revolta foi tamanha, que após sua contenção por parte dos
britânicos, os indianos tiveram a permissão para ocupar cargos públicos e novas
propostas politicas foram elaboradas, contando com a participação da Rainha Vitória
que foi proclamada a Imperatriz da Índia (Bindá, 2008, p. 19).
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Capítulo II
Descolonização da Índia
Ao término da Primeira Guerra Mundial, organizou-se na Índia o Partido do Congresso
Nacional Indiano, de formação burguesa e nacionalista, destacando-se Mahatma
Gandhi e Jawaharlal Nehru. (Panikkar, 1977, p. 109).
O Partido do Congresso defendia um amplo programa de reformas a serem adoptadas a
partir da conquista da independência indiana em relação ao domínio inglês: uma
confederação democrática, igualdade política (independentemente da condição social ou
religiosa) e reformas socioeconómicas. (Idem)

Gandhi adoptou como táctica a resistência pacífica ou a não cooperação de forma não
violenta: era a desobediência civil, a recusa em cooperar com os dominadores ingleses.
O conceito de desobediência civil é inspirado no autor Henry David Thoreau. Nascido
em 1817 nos EUA, o autor fez um ensaio sobre a necessidade da desobediência civil
contra um Estado, criando assim uma ideia impensável antes: a revolução pacífica.
(Ferguson, 2004, p. 134).
Um acontecimento fundamental na luta de Gandhi pela descolonização da Índia ocorreu
em 1928, e dizia respeito sobre o sal, instituído pela metrópole britânica. (Idem)
Os ingleses souberam explorar as rivalidades internas na Índia, um país dividido entre
hindus (maioria) e muçulmanos. Estes últimos, liderados por Mohammed Ali Jinnah,
defendiam a divisão do subcontinente indiano em um Estado indiano e outro
muçulmano. Isso acarretou o retardamento do processo emancipacionista e sérios
conflitos internos, embora a defesa fosse importante para os islâmicos. (Ferguson, 2004,
p. 148).

Ao término da Segunda Guerra Mundial, o Partido do Congresso e a Liga Muçulmana


uniram-se contra o colonialismo, resultando em negociações com o governo inglês.
Attlee, primeiro-ministro britânico, admitiu a independência da Índia sob a condição da
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divisão em dois Estados: a República do Paquistão (Oriental e Ocidental), muçulmana, e


a República da União Indiana, hindu, o que ocorreu em 1947. (Panikkar, 1977, p. 112)
O Paquistão emergiu durante um período de grande agitação entre os muçulmanos que
almejavam expressar a sua identidade nacional, livre da dominação colonial inglesa,
bem como livre do controle do Congresso Nacional Indiano Hindu. (Idem)
Embora divididos em duas nações, hindu e muçulmana, as fronteiras entre elas foram
motivo de tensões, conflitos étnico-religiosos, forçando a migração de milhões de
hindus, muçulmanos e sikhs (comunidade religiosa monoteísta que rejeita o sistema
hindu de castas, no Punjab, na região noroeste da Índia), outro grupo significativo que
não foi contemplado com um Estado. (Panikkar, 1977, p. 114)
Conflitos fronteiriços manifestaram-se também na disputa pela Caxemira (Índia e
Paquistão), pelos enclaves coloniais portugueses (Goa, Damão e Diu) e franceses
(Yanon, Pondichérry e Karikal), resultando, em 1962, na efectiva incorporação desses
territórios pela Índia. (Idem)
Em 1948, o Ceilão, actual Sri Lanka, tornou-se independente em negociações com a
Grã-Bretanha, integrando-se à Commonwealth. (Idem)
Após conflitos armados, o Paquistão Oriental, em 1971, tornou-se independente do
Paquistão Ocidental e passou a denominar-se Bangladesh, contando com o apoio da
Índia. (Idem)
As disputas entre hindus e islâmicos no norte do subcontinente indiano culminaram com
a independência do Paquistão. O Paquistão ocidental manteve esse nome e o oriental
passou a se chamar Bangladesh. Isso não impediu a disputa por territórios e a
eliminação de minorias de ambos os lados. (Idem)

O Conflito da Caxemira e as suas peculiaridades


Os conflitos entre Índia e Paquistão pelo controle do território da Caxemira, no norte,
provocaram a morte de milhares de pessoas, havendo até mesmo a participação da
ONU, em uma tentativa de evitar novos massacres. Ainda hoje, há rivalidade entre os
dois países no que se refere a territórios da Caxemira. (Panikkar, 1977, p. 198).
Essa divisão gerou um grande conflito na região ao norte, fronteira entre ambos os
países, conhecida como Caxemira. Ela é uma região rica e estratégica pois além de
possuir as nascentes dos principais rios indianos, como o Gangues, tendo um valor
religioso, e sendo fonte primária de água potável para o Paquistão. Assim, é essencial
tanto para o Paquistão quanto para a Índia no que tange ao controle das águas. Para se
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ter noção da importância histórica, durante o Império Mongol a Caxemira era a ligação
entre a China e a região do Paquistão durante a Rota da Seda. (Panikkar, 1977, p. 199).
A égide da divisão desse território está no fato da região na época possuir maioria
muçulmana e ser governada por hindus, por isso, existia a complicação sobre qual nação
esse território seria anexo, Índia ou Paquistão. (Idem).
Conclusão
A independência da Índia ocorreu em 15 de Agosto de 1947, tendo sido o culminar de
uma luta com recurso a não-violência dirigida por Mahatna Gandhi contra o domínio
colonial Inglês. O acordo para libertação incluía a divisão do território em Índia e
Paquistão. Este último viria a dividir-se em 1971, dando origem ao Bangladesh.
Antes de ser colónia britânica, os indianos tiveram seu primeiro contacto com europeus
no século XVI, justamente com os portugueses. Não é à toa que no território indiano
existe um estado em que o português é a língua oficial, Goa. Após os portugueses, o
território indiano teve contacto com os holandeses e franceses. Esse interesse todo no
território indiano se deu pelo fato da existência das famosas especiarias no território
indiano, como o cravo-da-índia, louro, cominho, noz-moscada, e etc. Durante esse
período o território indiano era dominado pelo Império Mogol ou Mughal (1526-1858).
Os britânicos chegaram à Índia por motivos como aventura, razões de Estado, comércio
e pilhagem, mas tudo isso em plena decadência da civilização medieval cristã
tradicional. Logo perceberam a necessidade de consolidar uma base territorial,
estabeleceram fortes e armazéns na Índia, a partir dos quais surgiria uma expansão do
domínio territorial britânico em solo indiano
O ano de 1857, marca a relação entre ingleses e indianos, pois durante este período se
instaurou na Índia rebeliões e levantes armados em oposições à ocupação britânica no
país, principalmente, na região central e setentrional. Tais revoltas, posteriormente,
adquiriram maior adesão do povo indiano e uma forca expressiva no seu cenário
nacional.
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Bibliografia

1. Bindá, Thirza Maria Bezerra. (2008). Instituto de Humanidade: história de um


educando cearense na belle époque (1904-1914). Universidade Ferderal do
Ceará.Programa de Pós Graduação em Educação Brasileira, Dissertação.
2. CHESNEAUX, Jean. (1976). A Ásia Oriental nos séculos XIX e XX. São Paulo:
Pioneira.
3. Ferguson, Marie. (2004). Os britânicos na Índia (1858-1987) ou o reinado do
"cinicamente correcto". IN: FERRO, Marc (org.). O livro negro do
colonialismo. Rio de Janeiro: Ediouro
4. Garmes, Helder. (2013). Entretexo e contexto: a ambiguidade do romance Os
brabamanos (1866), de Francisco Luis Gomes. Teresa
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Marx. O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural. (Os
economistas).
6. Moore, J. R. Barrington. (1983). As origens sociais da ditadura e da
democracia. Traducao de Maria Ludovina F. Couto
7. Miranda, José Augusto Ribas. (2014). O nacionalismo e a experiencia britânica
no século XIX: Lord Acton, Foreign Office e a Questão Christie. Pontifica
Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Dimensões, vol. 33
8. Panikkar, Kavalam Madhava. (1977). A dominação ocidental na Ásia: do século
XV aos nossos dias. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
9. Sengulane, Hipólito. (2020). Das primeiras economias ao nascimento e
expansão da economia-mundo. Alcance Editores, Maputo

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