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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

LAÍS ALMEIDA MASCARENHAS

Construção da identidade dos cursos de Licenciatura em Pedagogia no Instituto Federal


de São Paulo

Memorial e projeto de pesquisa desenvolvido para a


coordenação do Programa de Pós-Graduação em
Educação para o processo seletivo para a área de
concentração em Formação, Currículo e Práticas
Pedagógicas da Universidade de São Paulo.

São Paulo
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3
2. MEMORIAL 3
2.1 Pedagogia 4
2.2 Trajetória Acadêmica 5
3. JUSTIFICATIVA 9
4. Problema de pesquisa 10
4.1 Objetivo Geral 11
4.2 Objetivos específicos 11
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 11
6. METODOLOGIA DA PESQUISA 15
6.1 Lócus da pesquisa 16
6.2 Participantes do estudo 17
6.3 Critérios de inclusão e exclusão 18
6.4 Instrumentos para produção das informações 18
6.5 Análise documental 19
6.6 Grupo Focal 19
6.7 Análise do material empírico 20
6.8 Procedimentos Éticos 20
7. CRONOGRAMA DE TRABALHO 21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22
1. INTRODUÇÃO

A possibilidade de desenvolver o presente memorial como parte do processo para


continuidade dos meus objetivos enquanto educadora, em continuar minha formação, me leva
mais uma vez ao lugar de entender como sou atravessada pela minha formação, pelas práticas
e tudo que alicerça meu ser no mundo. Por isso, para desenvolver o presente memorial,
procurei seguir as orientações de Edivaldo Machado Boaventura (1995) e Prado e Soligo
(2007), o qual será apresentado à coordenação do Programa de Pós-Graduação em Educação
para o processo seletivo para a àrea de concentração em Formação, Currículo e Práticas
Pedagógicas da Universidade de São Paulo.
Encontrei nesse método elaborar o pensamento crítico, autocrítico, para pensar a minha
formação enquanto pessoa e educadora. Segundo Prado e Soligo (2007), um memorial “é o
registro de um processo, de uma travessia, uma lembrança refletida de acontecimentos dos
quais somos protagonistas”, dessa forma, me faço educadora partindo das experiências vividas
enquanto educanda durante meu processo de escolarização e das experiências dentro e fora
da sala de aula.
De acordo com Boaventura (1995), “memorial é não somente crítico, como autocrítico do
desempenho acadêmico do candidato. Crítica que conduz forçosamente à avaliação dos
resultados obtidos na trajetória da carreira científica”. Portanto, para elaborar o presente
memorial levei em conta as condições, situações e contingências que envolveram meu
percurso de formação aqui exposto. Procuro destacar os elementos que, marcados por
quebras de paradigmas, por coerências e incoerências e por meio das relações estabelecidas
com o mundo, possibilitaram a construção de minha vida profissional. Além de considerar este
memorial auto-avaliativo, acredito que ele se torna um instrumento confessional de meus
sonhos que me permite realizar meu propósito, aquele que me comprometi a seguir, a partir do
momento que me entendo no mundo e acredito em uma educação para a transformação, assim
como a mesma me transformou e continua transformando.

2. MEMORIAL

Sou natural de São Paulo, na Zona Leste da capital, mas moro há 25 anos na cidade de
Jacareí, localizada no interior paulista, no eixo do Vale do Paraíba. Filha única de mãe solo,
que não teve oportunidade de finalizar seus estudos, a escola sempre foi a prioridade na minha
vida, pois foi na educação a forma que ela sempre me ensinou que seria possível alcançar
lugares “melhores” para uma condição de vida digna.
Fui aluna de escola pública, mas no ensino médio tive a oportunidade de conquistar
uma bolsa de estudos em uma escola privada da cidade, em que cursei todos os três anos (de
2005 a 2007). Ainda assim a perspectiva de cursar o ensino superior não era uma realidade,
pois, as condições financeiras não permitiam que fosse possível pagar uma mensalidade,
assim como, o ensino não preparava para que nós conseguíssemos notas relativamente
competitivas pelo ENEM1 e muito menos nas tradicionais universidades públicas por meio dos
vestibulares das próprias instituições ou da FUVEST. Passados alguns anos, prestei o ENEM
novamente e consegui uma bolsa integral pelo PROUNI para cursar engenharia civil, curso
esse que tem olhar de prestígio pela possibilidade de ascensão financeira. Foram no total 3
anos e meio lutando para encontrar algum sentido no curso que optei, me sentir pertencente
àquele lugar. A todo momento, meus pensamentos e planos só viam sentido em me manter ali
porque poderia ser professora de alguma disciplina que ali cursava. Nas vistas dos meus
familiares que diziam que pelo estudo eu poderia melhorar de vida, não poderia ser professora
porque “passaria fome”, uma grande contradição que passou a me afetar profundamente,
gerando um profundo adoecimento mental, acabei perdendo a bolsa de estudos no penúltimo
semestre por não ter mais condições de lidar com tudo aquilo.

2.1 Pedagogia

Em 2017, fiz novamente o ENEM, e iniciei minha graduação em Pedagogia em uma


faculdade privada com bolsa pelo PROUNI. Mesmo tendo a certeza de fazer um curso que
tinha sentido para mim, me sentia incomodada pela forma que o processo educacional e a
formação de professores era vista pelos docentes da instituição, com um diálogo sempre
voltado para a colocação no mercado de trabalho, um reforço constante de uma pedagogia
com “ar” de “tia da escola”, de “pedagogia por amor”, “pedagogia porque gosta de crianças”,
reduzindo aos estigmas da profissão como dom e sem criticidade, e não uma profissão que
exige do educador e educadora rigorosidade, reflexão das práticas para transformação, coisas
pelas quais me moviam quando pensava sobre a docência. Não julgo o amor pela infância
e pelas crianças, tão pouco o papel como educadora de indivíduos no processo de
escolarização, mas desejava algo que fosse além dessa perspectiva, desejava a cada novo
saber perceber a educação para além desses estigmas.

1
Exame Nacional do Ensino Médio.
No segundo semestre de 2018, tomei conhecimento da existência de um Instituto
Federal de Educação (IFSP) na minha cidade, em que o curso de Licenciatura em Pedagogia
estava com matrículas abertas para o semestre pelo sistema simplificado - um curso recente na
instituição, seria a primeira turma do período noturno -, utilizando as notas do ENEM para
ingresso nas vagas remanescentes. Decidi pleitear uma vaga na instituição, mesmo tendo um
receio por abrir mão da bolsa de estudos e saber que a instituição pública exige muito mais, o
IFSP seria o lugar em que poderia encontrar respostas e diálogos mais aprofundados.
Iniciei assim a cursar pedagogia na instituição, e logo nas primeiras disciplinas, comecei
a encontrar aderência às expectativas e visão de mundo sobre a formação de professores, o
que o professor Ernani Maria Fiori (2019, p. 5), no prefácio de Pedagogia do Oprimido, vai
atribuir ao sentido de alfabetização, coloco, então, o momento em que me “alfabetizo” enquanto
educadora, quando entendo que “talvez seja este o sentido mais exato da alfabetização:
aprender a escrever a sua vida, como autor e como testemunha de sua história, isto é,
biografar-se, existenciar-se, historicizar-se.” (FIORI, 2019, p. 5).

2.2 Trajetória Acadêmica

● Representação discente (curso e turma)

Tive a oportunidade de ser representante de turma e discente de colegiado de curso,


que me permitiu compreender mais a fundo o que é o IF enquanto instituição democrática, e
por meio desta, a importância e relevância da presença de discentes na tomada de decisões
que influenciam diretamente na vida de todos e todas. Foram dois anos como representante no
colegiado de curso, em que pude contribuir diretamente na elaboração dos documentos
relacionados a estágios, atividades complementares, mediação entre gestão e alunos, mas
destaco como maior relevância, o momento que enfrentamos de pandemia do COVID-19 em
2020 e 2021, enquanto representante, me coloquei a todo momento frente às tomadas de
decisões, debatendo em prol dos meus colegas, para as escolhas que seriam feitas naquele
momento a respeito do retorno das aulas de forma remota. Destaco como sendo uma
oportunidade que me abriu e me permitiu desenvolver a reflexão crítica, assim como ter contato
diretamente com as políticas e desenvolver aspectos que considero de grande importância a
respeito da democracia enquanto projeto.

● Iniciação Científica
Uma das características que possuo, é a curiosidade, desde muito nova, o fato de
questionar tudo que me inquieta foi sempre um fator que me permitiu acessar conhecimentos
que poderiam passar despercebidos para os demais. Infelizmente, em alguns momentos, a
curiosidade e o questionamento nem sempre é bem visto, mas na graduação, esse fator me
permitiu descobrir a pesquisa científica.
No primeiro semestre eu já atuava como auxiliar de inclusão na rede municipal da
minha cidade, por meio do estágio remunerado, como auxiliar de sala na inclusão de crianças
com deficiência. Essa possibilidade, concomitante às aulas de Psicologia da Educação e as
reflexões e debates em sala de aula sobre o atendimento educacional especializado na
perspectiva da educação inclusiva, fez com que questionamentos emergissem a respeito da
trajetória de inclusão de crianças e jovens com Síndrome de Down durante seu processo de
escolarização. Dessa maneira, a minha primeira pesquisa intitulada “A inclusão de pessoas
com Síndrome de Down no âmbito educacional” foi desenvolvida no ano de 2019, que
procurou-se investigar, a partir da entrevista com professores e professoras da rede pública de
ensino na cidade de Jacareí sobre seu processo de formação inicial e continuada para a
inclusão, e problematizar as dificuldades enfrentadas por esses docentes para realizar a
inclusão dos(as) alunos e alunas com Síndrome de Down (SD), com base nos estudos
apresentados, visualizou-se um volume grande de pesquisas voltadas para a área médica que
visavam os aspectos das dificuldades cognitivas presentes na Síndrome. Os estudos de Saad
(2003), apontavam que as crianças com SD são menos desenvolvidas física e mentalmente
comparadas às crianças de idade que não possuem a síndrome, impedindo assim o
desenvolvimento considerado “normal” dentro da nossa sociedade. Mantoan (2015, p. 24) ao
que tange o processo de escolarização de pessoas com deficiência, destaca que o que se
pretende é que a escola seja inclusiva, e seus planos se “redefinam para uma educação
voltada à cidadania global, plena, livre de preconceitos, que reconhece e valoriza as
diferenças”. A pesquisa procurou entender as(os) educadoras(es) com base nos aspectos que
tangem a estrutura escolar, o conhecimentos a respeito da deficiência e das práticas de
inclusão feitas em sala de aula, assim como a visão a respeito da política de inclusão que
dispõe da Lei 13.146/2015, denominada Lei Brasileira de Inclusão da Pessoas com Deficiência.
A origem da inquietação se dá ao trabalhar na escola como auxiliar com uma criança com SD e
paralelamente no Instituto Federal, haver uma aluna no curso tecnólogo também com SD e
muito participativa. A partir desses questionamentos e conversando com a docente da
disciplina de Psicologia da Educação, desenvolvemos o projeto de iniciação científica e
realizamos a pesquisa com professores de todos os anos que compõem a educação básica e
superior pública na cidade.
Da mesma forma, se deu mais duas pesquisas dentro do tema de inclusão nos anos
seguintes (2020 e 2021). A segunda intitulada “As Expectativas Familiares Sobre Crianças e
Jovens com Síndrome de Down no Processo de Inclusão em Ambientes Educacionais
Públicos: Um Olhar Fora das Limitações”, procurou entender a perspectiva das famílias a
respeito da inclusão de alunos SD da rede pública da cidade, e a terceira pesquisa “Inclusão na
aula de educação física em escolas de ensino regular: desafios enfrentados pelos professores
antes e durante a pandemia da COVID-19”, investigou as dificuldades nas prática dos
professores de Educação Física no Brasil antes e durante a pandemia da COVID-19 que
assolou o mundo com grande impacto nos anos de 2020 e 2021, mas que ainda está presente
no cotidiano mas em menor escala de mortalidade. Destaco que as duas primeiras pesquisas
foram contempladas dentro do projeto do PIBIFSP2 da própria instituição e a terceira pesquisa
foi financiada pelo programa WASH3.
No ano de 2022, no primeiro semestre que seria a finalização dos quatro anos de curso,
tive conhecimento de um projeto de extensão intitulado “Produzindo para atender -
Desenvolvimento de materiais didáticos conectados com a realidade da escola pública
jacareiense”, em que seria feito a pesquisa com enfoque na prática na elaboração de material
de apoio para o componente de Língua Portuguesa na educação básica, e foi realizado em
uma escola pública da rede municipal de ensino de Jacareí. Dentro das experiências
anteriormente relatadas, o projeto de extensão despertou meu interesse por envolver o estudo
aprofundado dos componentes curriculares para a educação básica e pela possibilidade de
pensar e desenvolver materiais didáticos que poderiam auxiliar as(os) educadoras(es) na sua
prática de ensino em sala. Deste modo, optei por estender meu processo de formação mais um
semestre para me dedicar a experiência no grupo do projeto de extensão e vivenciar mais uma
forma desenvolvimento de saberes sobre a minha formação.
Ao total, somam-se quatro experiências que foram essenciais para o meu letramento
científico e humano, em que foi possível sentir pertencimento e entender a minha práxis
educadora como formadora de ciência, contribuindo para para possíveis reflexões futuras de
outros educadores como eu. Infelizmente, não tive a oportunidade de publicar esses trabalhos
em revistas científicas, pois, dentro do processo, não foi apresentada essa possibilidade, mas a

2
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica do IFSP.
3
Workshop Aficionados em Software e Hardware é um programa, com atividades educacionais não formais, que tem como
principais objetivos a promoção da iniciação científica e a popularização da ciência para estudantes do ensino fundamental, com
a participação de estudantes do ensino técnico, médio e de graduação
divulgação dos trabalhos realizados aconteceram de forma interna no Instituto Federal e em
congressos de divulgação das pesquisas científicas produzidas na Rede Federal de Educação.

● TCC

Em 2022, o ano em que concluí minha graduação, como parte do processo,


configurou-se a escrita do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em que dentro dos formatos
para a realização do mesmo, optei pelo memorial de formação. Por conta dos anos em sistema
de ensino remoto emergencial, as vivências nesse processo foram muito intensas e complexas,
e por participar ativamente na instância colegiada, principalmente nesse período delicado que
envolvia pensar as questões ligadas aos educandos e educandas e nas suas fragilidades para
dar continuidade a formação no modelo de ensino remoto, as reflexões advindas dos debates
nas aulas a respeito do processo democrático, da nossa formação e práxis, assim como o
compromisso enquanto educadores e educadoras para uma educação transformadora,
emancipadora e crítica, resultou no desenvolvimento do meu memorial intitulado “Formar-se
docente crítica libertadora: um processo permanente de desconstrução e reconstrução”, em
tive a oportunidade de desenvolver o pensamento crítico durante a graduação com a minha
história de vida.
No processo aprofundei meus conhecimentos em currículo e no pensamento
epistemológico de Paulo Freire, me possibilitando refletir sobre toda a trajetória acadêmica e
com profundidade as práticas institucionais que se desencadearam no processo de ensino
remoto emergencial em 2020 e 2021 e o retorno ao ensino presencial em 2022, momento
marcado pelas incoerências entre o discurso em sala e as práticas em questões que envolviam
diretamente a vida dos discentes.
Sinto muito orgulho do trabalho desenvolvido e orientado de forma comprometida e
fundamentada junto ao meu orientador, que posteriormente, originou no artigo que leva o
mesmo nome do trabalho “Formar-se docente crítica libertadora: um processo permanente
de desconstrução e reconstrução” (Mascarenhas; Maldonado; Oliveira, 2022), publicado em
co-autoria com o meu orientador e uma das docentes que compôs a banca de defesa do TCC
na revista em um dossiê temático “Paulo Freire e seu legado para a educação de crianças,
jovens e adultos” na revista Dialogia4.

4
Dialogia é uma publicação científica, periodicidade de fluxo contínuo, do Programa de Mestrado em Gestão e Práticas
Educacionais (PROGEPE) da Universidade Nove de Julho.
● Monitoria

Vivenciei a prática de monitoria voluntária em duas disciplinas - Currículo e Avaliação e


Seminários de Pesquisa II - que foram de suma importância na minha prática enquanto
educadora. Dentro da monitoria de Seminários de Pesquisa II, trabalhei com o professor da
disciplina diretamente com o processo de desenvolvimento dos TCCs da turma do oitavo
período, em que foi possível dialogar com as alunas e alunos sobre esse processo como
produção científica tão importante para nós, uma vez que não é comum e claro esse processo
ao longo da formação acadêmica e nem mesmo nas práticas em sala de aula futuramente,
assim como o apoio na escrita acadêmica e na apresentação dos respectivos trabalhos nas
bancas de TCC.
Ambas experiências me permitiram ocupar um espaço de aprendizagem e
desenvolvimento enquanto educadora que me geraram inúmeras inquietações, mas mais do
que isso, um sentimento de responsabilidade e de pertencimento a possibilidade de colaborar
diretamente no processo de construção de saberes e na formação de educadores. Desta
forma,

3. JUSTIFICATIVA

A motivação para o desenvolvimento do projeto de pesquisa deriva das inquietações do


trabalho de conclusão de curso realizado por mim na graduação em pedagogia, que abordou a
trajetória de vida entrelaçada e atravessada pela formação acadêmica, pelas vivências, pelo
diálogo, leituras e pesquisas feitas no processo, que passa a problematizar de forma crítica a
formação de professores5 dentro dos IFs.
O processo da minha formação educadora foi, como relatado anteriormente,
profundamente vivenciado com aporte teórico-metodológico e dos diálogos em sala de aula,
culminando na reflexão das práticas dos educadores, das escolhas de abordagens, das
participações dos que compõem o núcleo estruturante do curso. Nesse processo,
evidenciou-se a necessidade do entendimento da(o) educadora e educador como produtor de
conhecimento científico, a partir da sua prática com seus educandos, sendo capaz por meio da
reflexão crítica, construir os saberes com seus alunos para uma verdadeira educação
transformadora. Essa forma de pensar a educação se fundamenta em Freire (2019), pois o

5
Especificamente a formação em Pedagogia, que é a experiência vivida por mim, e também objeto de estudo durante a graduação,
desde a sua concepção até os dias atuais.
ensino e a pesquisa são indissociáveis, ao ensinar, continuo a buscar, e ao fazer isso, indago e
me indago, constato e intervenho na minha prática, educando e me educando
consequentemente no processo, esse que, ao desenvolver meu trabalho de conclusão de
curso, um memorial de formação que ao abordar minha trajetória de vida em paralelo a minha
trajetória acadêmica em formação, me fez questionar diversos pontos que a teoria abordada
nesses componentes não se aplicava às práticas de forma integral, interdisciplinar, e como
apontado no trabalho, distante da realidade dos educandos e educandas do curso.
No panorama atual da formação de educadores no Brasil, mais especificamente na
formação de professores pedagogos, em que o curso é ofertado massivamente em Instituições
de Ensino Superior privadas e em um número expressivo de ensino EAD, a oferta gratuita de
licenciaturas nos Institutos Federais se coloca em via inversa do sistema. Ainda que sua
existência se configure, é recente a consolidação das licenciaturas dentro dos IFs, menos de
10 anos, e não obstante, as características da instituição são muito bem fundamentadas na
oferta de cursos para a educação básica e tecnológica.
Ao observar tal acuidade, refletindo sobre a minha própria experiência enquanto
discente da instituição, participando das instâncias de tomada de decisão e do
aprofundamentos nas questões que tangem a formação de educadoras e educadores a partir
da minha vivência e dos saberes construídos durante o processo nos diálogos e pesquisas,
emergiram as seguintes questões: quais foram os aspectos considerados pelos envolvidos no
processo de escolha da licenciatura, optando-se para a Pedagogia? Quem foram os sujeitos
que fizeram parte desse processo e quais eram seus interesses e objetivos ao pensar o curso?
Após a formação das primeiras turmas, quais aspectos positivos e negativos emergiram com
base nos objetivos primários? Como os egressos do curso entendem e vivenciam em sala de
aula na sua prática pedagógica, a partir dos conhecimentos desenvolvidos na formação no IF?
É possível apontar uma identidade da Pedagogia do IFSP? Qual o espaço que a licenciatura
em Pedagogia ocupa no IFSP, em específico no campus Jacareí?

4. Problema de pesquisa

Como a formação de professoras(res) está se estabelecendo a partir do processo de


consolidação da identidade do curso de Licenciatura em Pedagogia, em uma instituição com
identidade consolidada na educação básica tecnológica?
4.1 Objetivo Geral

Compreender o processo de criação e implementação de um curso de licenciatura em


Pedagogia em uma instituição de ensino tecnológica.

4.2 Objetivos específicos

Estabelece-se os objetivos específicos da pesquisa:

- Entender o processo de implementação das licenciaturas em Pedagogia nos Institutos


Federais de Educação no Estado de São Paulo, com recorte para o IFSP Campus Jacareí;
- Investigar a partir dos relatos dos agentes envolvidos no processo de criação e
implementação do curso as expectativas e objetivos traçados;
- Compreender a experiência de egressos do curso e a reflexão da sua prática pedagógica em
sala de aula a partir do processo de formação no IFSP.
- Definir a identidade da formação de professores(as) que está se constituindo enquanto forma,
e seu reflexo na prática pedagógica dos egressos.

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

● O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo - IFSP - é uma


autarquia federal fundada em 1909, e durante seus 113 anos de existência, antes de se tornar
IFSP, recebeu também o nome de Escola de Aprendizes Artífices, Escola Técnica Federal de
São Paulo e Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo, conhecido como
CEFET-SP. A partir de 2008, pela lei n° 11.892/2008, a rede passou a ser Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia (IFs), porém, o modelo institucional já estava previsto no
Decreto n° 6.095/2007 e no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) (BRASIL, 2008;
2007; 2007a). e adquiriu relevância de universidade, destacando-se pela autonomia e sendo
reconhecida pela sociedade por sua excelência no ensino público gratuito e de qualidade.
Com a mudança, o Instituto Federal de São Paulo passou a destinar 50% das vagas
para cursos técnicos e, no mínimo, 20% das vagas para os cursos de licenciaturas “bem como
programas especiais de formação pedagógica, com vistas na formação (sic) de professores
para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática e educação
profissional” (BRASIL, 2004, art. 4°, VII) presentes já nos Decretos n° 2.406/1997 e
n°5.224/2004 para elucidar que a indicação dos cursos de formação de professores já estava
presente nos CEFETs. O IFSP se organiza em unidades denominadas de campus, instalados
por diversas cidades do Estado, compondo no total 37 campus, cinco avançados e 19 polos de
Educação a Distância (EAD), atendendo aproximadamente 40 mil alunos em todo o Estado.
Os IFs “nascem” da ideia de oferta de formação profissional para o ensino médio, ao qual
D’Angelo (2007) destaca o desenvolvimento das Escolas Técnicas Federais passa a ofertar
conhecimentos da formação geral e profissionalizante de maneira integrada. Cunha (2000, p.
259) agrega as ETFs o status de qualidade superior às demais escolas públicas, o que
justificaria “[...] melhores salários pagos a seus professores, pelas condições de trabalho que
usufruíram e pelas muito especiais características de funcionamento e identidade”.
Segundo Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005), a educação tecnológica possui
entendimentos distintos dentro da área da educação, como uma educação que irá tratar de
conhecimentos relacionados a tecnologias empregadas no processo de produção, formando
assim pessoas apenas para ocupar o mercado de trabalho e manipular tais tecnologias. Do
outro lado, existe a compreensão da educação tecnológica baseada na necessidade de
superação das concepções de educação pautada na dualidade entre “[...] trabalho manual e
intelectual e entre instrução profissional e instrução geral. (FRIGOTTO, CIAVATTA e RAMOS,
2005, p. 41), dando assim o significado de politecnia ao conceito de educação tecnológica.
Os Institutos Federais cresceram expressivamente em todo o território nacional entre os
anos de 2009 e 2014, com a presença de novos campus localizados no interior do país, política
essa considerada como êxito do governo Lula (2003 a 2011) e seguido pelo governo da
presidenta Dilma (2011 a 2016). A presença de cursos de ensino superior nos Institutos
Federais gerou uma mudança significativa cultural da instituição, como a titulação dos
professores atuantes na educação básica e que consequentemente passam a atuar no ensino
superior das instituições, resultados evidenciados nos trabalhos realizados nas pesquisas de
dissertação de Mestrado “A expansão das licenciaturas no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de São Paulo: percursos e características” (LIMA, 2015) e da tese de
Doutorado “A política de licenciaturas na rede federal de educação profissional no período
2009-2019: uma análise da expansão no interior paulista” (LIMA, 2021).
● A Licenciatura em Pedagogia no IFSP

Especificamente no estado de São Paulo, o IFSP possui seis campus com a oferta de
cursos de Licenciatura em Pedagogia de forma presencial, muitos deles, com turmas recém
formadas, recém avaliados pelo MEC e revisões de seus PPC’s de curso em andamento. No
Brasil, o Censo da Educação Superior (MEC/INEP), publicado em 2020 (INEP, 2020), aponta
que o curso de Pedagogia ocupa o primeiro lugar em números de matrículas de graduação em
licenciaturas, acumulando um percentual de 49% no total de oferta da formação docente, assim
como, a maior parte desse percentual se destina a cursos a rede privada com significativa
oferta no ensino a distância, que tem como base curricular da formação do educador para o
mercado de trabalho, visando uma formação técnica que atenda aos interesses neoliberais e
as atuais políticas de desmonte educacionais presentes desde o golpe sofrido pela então
presidenta Dilma em 2016.
A análise da política de expansão de licenciaturas nos IFs, fruto do trabalho de Lima
(2015; 2021), destaca a partir da pesquisa realizada por meio do estudo das políticas públicas
de fundação dos Institutos Federais e a criação dos cursos de licenciatura na rede, em que
procede das entrevistas com o corpo administrativo dos campus e docentes, as implicações
que levaram a criação desses cursos, dentro da perspectiva pessoal, quanto análise de
necessidade da comunidade, com olhar voltado para as licenciaturas de Química, Física e
Matemática que não só foram os primeiros cursos de licenciatura na rede, como também o com
maior número hoje ofertado entre os 37 campus do IFSP espalhados pelo no estado de São
Paulo.
Lima (2021) destaca brevemente em seu trabalho a motivação para a oferta dos cursos
de licenciatura em Letras e Pedagogia no IFSP, e conclui que se deu a partir do interesse dos
docentes da área de humanidades em atuar no ensino superior, sendo acatados pela direção
dos campus com base no levantamento de “menor taxa de evasão, facilidade para a oferta e
baixo custo (por dispensarem gastos com novos laboratórios). Não por acaso foram
estabelecidos sobretudo no período 2016-2018, quando a instituição teve corte de recursos
públicos.” (LIMA, 2021). Frigotto (2018, p. 142) destaca que “em relação aos critérios para
definir os novos cursos, de um modo geral, os IFs indicam audiências públicas, consultas a
prefeituras e instituições de pesquisa etc. Todavia, em última análise, é a discussão interna que
vai avaliar a possibilidade [de atendimento] das demandas”.
Os estudos feitos por Silva e Cabral (2022) sobre a oferta de cursos de Licenciatura em
Pedagogia no Vale do Paraíba, resultou em:

- 24 cidades ofertam o curso de Licenciatura em Pedagogia (considerando os cursos oferecidos


presencialmente e à distância, mas que tenha um polo da faculdade nas cidades);
- 246 faculdades oferecem o curso de Pedagogia;
- 20 faculdades oferecem o curso presencialmente;
- 226 faculdades oferecem o curso à distância (considerando apenas as faculdades que possuem
polos nas cidades que compõem o Vale);
- Apenas três faculdades que oferecem o curso presencialmente são públicas (IFSP campus Jacareí
e Campos do Jordão e UNITAU);
- Apenas duas faculdades que oferecem o curso presencialmente são gratuitas, as quais duas
pertencem à mesma instituição (IFSP campus Jacareí e Campos do Jordão).

Fonte: Levantamento dos dados feitos pelas autoras da pesquisa.

Ao observar os dados levantados, as autoras (2022) deixam explícita a relevância


enquanto instituição pública que é o IFSP para a oferta de cursos voltados para a formação em
Pedagogia, sendo apenas dois campus, o de Jacareí e Campos do Jordão a oferecer de forma
presencial gratuita o curso. Destaco para o fato que, a UNITAU6, mesmo constando como
instituição pública, trata-se de uma autarquia municipal e seus cursos possuem a cobrança de
mensalidade.

● Impasses na formação docente nos IFs

Como apresentado brevemente no contexto histórico da existência dos IFs e a


constituição das licenciaturas na rede, uma vez que o perfil identitário da instituição se sustenta
na formação no Ensino Médio integrado e na oferta de cursos técnicos, ao pensarmos a
formação de educadores dentro dessa estrutura, emerge-se alguns impasses como aponta
Costa (2012), que afirma

[...] deslocar a formação docente das universidades para os institutos, ainda se


encontram em fase de (de)formação de uma identidade, onde não há uma
trajetória histórica de acúmulos de experiências em cursos de licenciatura, bem
como inexiste o compromisso firmado e garantido no tripé profissional.
Integrada no sentido de associar os diferentes campos da educação,
necessários e inerentes à formação docente, e o campo científico no que se

6
Universidade de Taubaté.
refere à especialização de saberes científico-tecnológicos (COSTA, 2012, p.
152-153)

‘ O curso de Licenciatura em Pedagogia tem em seu cerne a formação de profissionais


para atuar nas mais diversas esferas que envolve a educação em espaços formais e não
formais, perpassando pelas áreas da cultura, economia, ideologia, política, sociologia, gestão e
tantos outros, fato que corrobora para a fragmentação de sua identidade e lugar no mundo. A
escola se trata do lócus principal a respeito do processo de educação, sendo imprescindível,
como aponta Apple (2008) ser investigado com rigorosidade a forma e o conteúdo do currículo
que faz com que a escola seja escola, assim como as relações em sala de aula e as maneiras
pelas quais se concretiza as conceitualizações, como as expressões culturais de determinados
grupos sociais, em determinadas instituições e época.
Para Lopes e Macedo (2011) o currículo pode ser definido como um conjunto de
organizações, experiências, modelos ou redes de ensino, situações de aprendizagem que
concretizam um processo educativo e por isso, um campo de disputas. Em consonância com
as teorias a respeito do currículo, a formação inicial possui um papel fundamental para a
constituição da identidade dos professores, com profunda relevância para a abordagem de
diversos conhecimentos, assim como a articulação com a prática, interações e experiências
variadas, em que é preciso destacar que “[...] o trabalho docente requer um conjunto de
saberes profissionais que precisam ser aprendidos” (ANDRÉ et al., 2012. p.104) e os cursos de
licenciatura exercem essa função primordial.
A partir das reflexões apontadas, hoje os Institutos Federais, com o recorte específico
ao IF São Paulo, apresenta a oferta do curso de Licenciatura em Pedagogia em 6 campus, dois
estão presentes nas cidades de Jacareí e Campos de Jordão, no Vale do Paraíba composto no
total por 39 cidades.

6. METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente projeto se realizará por meio de uma pesquisa de natureza qualitativa e do


tipo descritiva e exploratória, para abordar um fenômeno que se aproxima das Ciências
Sociais. Trata-se de uma investigação que procurará descrever com profundidade o estudo do
objeto buscando compreender as diversas experiências pessoais estabelecendo o estudo dos
conhecimentos e as práticas dos envolvidos no processo (FLICK, 2009).
Para Ludke e André (2018), trata-se de conhecimentos construídos a partir do
pensamento e ação de uma pessoa ou grupo que, por meio de inquietações leva a
investigação, esforçando-se assim em elaborar conhecimentos sobre aspectos da realidade,
partindo do que já foi produzido e sistematizado anteriormente, levando a possibilidade de se
solução para as inquietações e questionamentos levantados.
Flick (2009) aponta quatro aspectos da pesquisa qualitativa: I) aprimoramento dos
métodos e teorias a fim de desenvolver a pesquisa de forma criteriosa e aprofundada. II)
perspectivas dos participantes da pesquisa e sua diversidade e pluralidade. III) reflexibilidade
do pesquisador e da pesquisa. IV) Variedade de abordagens e métodos na pesquisa qualitativa.
Durante muito tempo, o estudo dos fenômenos educacionais foi considerado como
possível de ser isolado, com embasamento influenciado pelos estudos em ciências físicas e
naturais, como se houvesse a possibilidade de desenvolvê-lo como pesquisas laboratoriais, em
que é possível o controle das variáveis, constatando-se a influência sobre o fenômeno em
questão (LUDKE; ANDRÉ, 2018). Os autores (2018) destacam outra característica típica dessa
abordagem nas pesquisas em educação, que se tratava até recentemente na crença em uma
perfeita separação entre o sujeito e a pesquisa, o pesquisador e seu objeto de estudo, para que
suas ideias, valores e preferências não influenciassem sua ação de conhecer, de forma que
procuraria-se uma forma perfeita de garantir a objetividade, isto é, os fatos e dados se
apresentariam como são, em sua evidente realidade.
Por fim, de acordo com Minayo (2002), a pesquisa qualitativa possibilita o alcance de
informações dentro de um universo de possibilidades, motivos, significados, crenças, atitudes e
valores que são impossíveis de serem mensurados de maneira a seguir um roteiro
instrumental.

6.1 Lócus da pesquisa

A pesquisa será realizada no campus do IFSP localizado na cidade de Jacareí, no


interior do estado de São Paulo, região Metropolitana do Vale do Paraíba.
A instituição faz parte do Plano de Expansão (2011/2012) da Rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica, iniciando suas atividades administrativas em primeiro de
novembro de 2013, com início das atividades letivas no segundo semestre de 2014.
Inicialmente foram ofertadas 40 vagas para o curso Técnico em administração e 40 vagas para
o curso Técnico em Logística.
Atualmente o campus conta com os cursos técnicos concomitantes ou subsequentes
em administração e Design de Interiores, cursos técnicos integrados ao ensino de
Administração, Informática e logística, este último na modalidade PROEJA7. Além dos cursos
técnicos oferecidos, o campus passou a oferecer a partir de 2015 o cursos superior de
Bacharelado em Administração, e no primeiro semestre de 2018 passou a oferta também dos
cursos superiores de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Tecnologia em
Design de Interiores e Licenciatura em Pedagogia, ressaltando o fato em que os cursos de
Administração e Pedagogia do campus são os únicos cursos públicos ofertados gratuitamente
na região metropolitana do Vale do Paraíba.
O recorte da pesquisa se dá ao olhar para a Licenciatura em Pedagogia do IFSP
Campus Jacareí, que se estabelece para atender a Lei 11.892/08, que visa expandir a oferta do
ensino superior público na formação de professores para a educação básica na região
metropolitana do Vale do Paraíba e região do Alto Tietê.
Meu vínculo com a instituição inicia-se no segundo semestre de 2018, quando ao tomar
conhecimento da oferta do curso pelo processo de vagas remanescentes do SISU, passo a
cursar a Licenciatura em Pedagogia no período noturno, sendo essa a segunda turma a ser
formada após a criação do curso e a primeira a ser ofertada no período noturno. No ano de
2022 finalizei minhas obrigações para com as demandas de formação do curso, totalizando
quatro anos e seis meses na instituição, e como descrito no memorial apresentado, considero
esse vínculo constituído ao longo dos anos, o engajamento e participação direta em instâncias
de tomada de decisão, nas pesquisas, monitorias e especificamente, pela elaboração do meu
trabalho de conclusão de curso que emerge a reflexão acerca da minha formação e da
formação docente, a consolidação do desejo de aprofundar os estudos na área,
especificamente na influência do currículo na construção da identidade docente dos estudantes
do curso de licenciatura em Pedagogia do IFSP Campus Jacareí.

6.2 Participantes do estudo

As(Os) participantes da pesquisa serão divididos em dois grupos. O primeiro grupo será
composto pelos sujeitos que participaram do grupo de trabalho na construção do curso, e o
segundo grupo, será composto por alunos egressos das duas primeiras turmas ingressantes no
ano de 2018 dos períodos matutino e noturno. A proposta será analisar a narrativa dos sujeitos

7
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação
de Jovens e Adultos
do primeiro grupo a respeito do processo de formação do curso de pedagogia, sendo
especificamente a ideia dos objetivos primários pensados e formalizados no PPC e no currículo
do curso e a narrativa dos alunos e alunas egressas das primeiras turmas sobre seu processo
de formação e os impactos diretos e indiretos que a formação no IFSP possibilitou na sua
práxis pedagógica.

6.3 Critérios de inclusão e exclusão

Para a seleção dos sujeitos do primeiro grupo, serão adotados como critérios de
inclusão, a saber: (a) estar vinculado a Rede Federal enquanto professor efetivo, (b) ter
composto o grupo de trabalho que desenvolveu os documentos curriculares do curso, (c)
aceitar participar do estudo, (d) assinar o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Como
critérios de exclusão serão adotados: (a) não estar mais vinculado(a) a Rede Federal, (b)
Para a seleção dos alunos e alunas egressas das primeiras turmas, serão adotados
como critérios de inclusão, a saber: (a) terem iniciado no curso no primeiro e segundo semestre
de 2018, (b) terem concluído a formação no período em que a pesquisa será realizada, (c)
estar atuando em sala de aula, seja na rede pública ou privada, (d) aceitem participar
presencialmente da pesquisa, (e) assinar o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Como
critérios de exclusão, serão adotados: (a) ter pendências ligada a instituição, (b) não estar
atuando em sala de aula, (c) não aceitar participar presencialmente da pesquisa.

6.4 Instrumentos para produção das informações

As informações serão produzidas por meio de três dispositivos a saber: a) análise


documental, b) entrevista semiestruturada com o primeiro grupo e c) grupo focal com o
segundo grupo. Embora pouco explorada na área de estudos sobre educação, a análise
documental pode ser um instrumento valioso para abordagens de dados em estudos
qualitativos, seja de forma a complementar informações que emergiram de outras técnicas de
coleta, desvelando assim, novos aspectos de um tema ou problema (LUDKE; ANDRÉ, 2018).
Já o grupo focal se contrapõe,
6.5 Análise documental

Gil (2008) salienta que a pesquisa documental acontecerá por meio de documentos
oficiais, reportagens, cartas, contratos, diários, fotografias etc. De tal forma, a análise
documental “[...] pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos,
seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos
novos de um tema ou problema” (LÜDKE; ANDRÉ, 2018, p. 44-45).
O presente trabalho irá analisar os documentos oficiais das políticas de criação do
ensino de licenciaturas nos Institutos Federais de São Paulo, assim como do Projeto Político do
Curso de Licenciatura em Pedagogia e do Currículo Referência da Rede Federal de São Paulo
das Licenciatura, com a finalidade de compreender suas bases epistemológicas, assim como
se os documentos oficiais atendem os objetivos pensados e delineados para a criação do curso
na respectiva instituição de ensino.

6.6 Grupo Focal

Gatti (2005) observa que dentro das pesquisas qualitativas, em pesquisas sociais, o
método do grupo focal vem sendo muito utilizado e alguns critérios são necessários para a
seleção das(os) participantes de acordo com o problema de estudo. O grupo focal será
realizado na perspectiva dialética de Gil (2008), que possibilitará a compreensão das bases
históricas e materiais , fornecendo bases para uma leitura dinâmica e total do fenômeno.
A realização de grupos focais tem sido utilizada quando o objetivo da(o)
pesquisadora(or) é de verificar como as pessoas daquele grupo avaliam uma experiência, ideia
ou evento; como definem um problema e quais opiniões, sentimentos e significados estão
associados a determinado fenômeno (IERVOLINO; PELICIONI, 2001).
Como mencionado anteriormente, o presente trabalho busca apresentar uma
intervenção a fim de dialogar e analisar com as alunas e alunos egressos das primeiras turmas
do curso de licenciatura em Pedagogia enxergam seu processo de formação, e sua
preparação para a prática pedagógica em sala de aula .
Gatti (2005, p. 22) esclarece que o grupo focal visa a abordagem de questões mais
aprofundadas, pela interação do grupo, sendo o grupo em menor quantidade mas não
excessivamente pequeno, ficando na dimensão preferencial de 12 pessoas. Sendo assim,
nesse contexto, a produção ocorrerá por meio de interações entre as(os) 12 participantes,
realizado de forma presencial e de acordo com a disponibilidade de horário em comum dos
mesmos, em um ambiente previamente preparado para que não ocorra interrupções e com
tempo estimado máximo de três horas. A proposta é que todas(os) as(os) envolvidas(os)
possam dialogar e trocar experiências mutuamente. O roteiro da discussão em grupo focal será
elaborado de acordo com as fundamentações teóricas desenvolvidas na pesquisa.

6.7 Análise do material empírico

A análise do material empírico se dará conforme a proposta de Braun e Clarke (2006),


que é realizada em seis fases. Na fase um, ocorre-se a busca e estudo dos materiais que irão
compor a fundamentação teórica, de maneira que seja possível compreender o processo de
formação de professores em Pedagogia no IFSP. Na fase dois, serão produzidos códigos
iniciais a partir dos dados colhidos no grupo focal, dando assim inicio a fase três que emergem
os temas por meio da codificação e agrupamento dos códigos. Na quarta fase, os temas são
revisados e a análise temática refinada, seguindo para a quinta fase em que será feita a
definição e denominação dos temas levantados. Por fim, a quinta e sexta fase são compostas
pelos escritos e dados produzidos, sendo realizada a análise concisa dos relatos obtidos e a
produção do relatório que será construído na perspectiva de narrar uma história complexa do
fenômeno estudado.

6.8 Procedimentos Éticos

Todos os procedimentos éticos nesta pesquisa obedecerão aos Critérios da Ética em


Pesquisa com seres humanos conforme a Resolução n° 510/2016 do Conselho Nacional de
Saúde (CNS), sendo realizada por meio de submissão do projeto de pesquisa na Plataforma
Brasil constituindo-se como uma das primeiras etapas em atenção aos aspectos éticos, em que
o contato com as(os) participantes da pesquisa se dará somente após a aprovação da
pesquisa pelo Comitê.
Todas as despesas que venham a ocorrer para a realização de qualquer procedimento
ligado à pesquisa serão garantidos pela pesquisadora responsável, assim como o
ressarcimento, em caso necessário. Será assegurado aos participantes da pesquisa, a
qualquer momento, o direito a assistência integral (imediata e pelo tempo necessário em caso
de dano sem exigência de nexo causal comprovado) e à busca por indenização, nos termos da
Resolução n° 510/2016 CNS se a(o) mesma(o) se sentir diante de qualquer situação que lhe
cause dano. Respeitando que as(os) colaboradoras(es) do estudo têm total liberdade de se
recusar a participar ou continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer
prejuízo as(aos) mesmas(os).
Como parte dos procedimentos éticos foi elaborado o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) para os participantes do primeiro grupo e dos participantes do segundo
grupo.

7. CRONOGRAMA DE TRABALHO

Etapas - 2023 Ago/Set Out/Nov/Dez

Levantamento da literatura X X

Leitura do referencial teórico X X

Análise da revisão X X

Finalização da introdução X

Cumprimento das disciplinas


obrigatórias referente aos X X
créditos no programa

Etapas - 2024 Jan/Fev/Mar Abr/Mai/Jun Jul/Ago/Set Out/Nov/Dez

Levantamento X X
da literatura

Leitura do
referencial X X
teórico

Cumprimento
das disciplinas
obrigatórias X X
referente aos
créditos no
programa

Submissão do
projeto ao X
COEP da USP

Análise do PPC
e do currículo do X X
curso

Entrevista com o X X
grupo 1

Qualificação X

Etapas - 2025 Jan/Fev/Mar Abr/Mai/Jun Jul/Ago/Set Out/Nov/Dez

Grupo focal com X


o grupo 2

Análise dos
resultados,
discussão e X X
considerações
finais.

Defesa X

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