Você está na página 1de 52

PRODUZIDO POR

PAULA LOBATO ARMOND


Paula é especialista em Gestão Empresarial e Educacional. Graduada em
Administração de Empresas pelo Instituto Vianna Junior com MBA em Gestão de
Pessoas pela FGV – Fundação Getúlio Vargas. Pós-graduada em Formação Integral:
Autoconhecimento, Habilidades Socioemocionais e Práticas Educacionais Inovadoras
pelo Instituto Singularidades.

Mestranda em Educação Infantil Montessori pela Universitat de Barcelona com


certificação do IMI – International Montessori Institute em Guia Montessori de 0-3
anos e 3-6 anos. Possui a certificação de Educador Google Nível 1 e 2.

Começou sua vida escolar aos 2 anos em uma escola Montessori e os benefícios do
método são notáveis em sua vida até os dias atuais. Desde 2004 estuda e visita escolas
com diferentes abordagens educacionais, dando maior ênfase ao Método Montessori.
Desde 2017 atua com formação continuada de professores e equipe escolar para
práticas educacionais inovadoras. Trabalha com consultoria em gestão desde 2011
atuando em diferentes organizações e setores – público/privado, Educação, Varejo,
Indústria, Bens de Consumo e Concessões em projetos no Brasil, Colômbia, Peru,
México, Estados Unidos e Panamá. Trabalhou como Gerente de Projetos na Somos
Educação e na Pearson Clinical.
Método Montessori na Prática
Em Casa e na Escola

No final do século XIX início do século XX houve uma reação ao


estilo tradicional de ensino, um movimento pedagógico que
valoriza a experiência sobre os fatos de aprendizagem em
detrimento da compreensão do que está sendo ensinado. Quando
você examina os estilos de ensino e o currículo do século XIX,
entende por que certos educadores decidiram que deveria haver
um caminho melhor para a aprendizagem. A italiana Maria
Montessori foi uma das educadoras que fizeram parte desse
movimento, tendo suas práticas reconhecidas até a atualidade.
SUMÁRIO
1. Apresentação do curso .......................................................................................... 5

1.1 A vida de Maria antes do Montessori ........................................................ 8

1.2 A primeira percepção ............................................................................................... 9

1.3 O início da prática ......................................................................................................... 9

1.4 A repercussão montessoriana


................................................................................. 11

2. As fases do desenvolvimento do indivíduo ................................................... 13

2.1. Contextualizando a visão montessoriana ................................................ 15

2.2. O desenvolvimento infantil segundo Maria Montessori ............... 16

3. A criança em seu estado natural .............................................................................. 19

3.1 Os estudos neurocientíficos ................................................................................. 20

3.2 Os 4 períodos .......................................................................................................... 21

3.3 Os obstáculos do desenvolvimento ............................................................... 22


4. Os 3 primeiros anos de vida ....................................................................................... 23

4.1 Preparação da casa ................................................................................................. 24

4.2 Desenvolvimento cognitivo .................................................................................. 24

4.3 A liberdade do método ........................................................................................... 25

4.4 O movimento e a linguagem ................................................................................. 25

5. A sala de aula Montessoriana de 0 a 3 anos ............................................... 27

5.1. O berçário (6 meses a 1 ano e meio) .......................................................... 28

5.2. A comunidade infantil (1 ano e meio a 3 anos) ...................................... 29

6. Como desenvolver a criança de 3 a 6 anos .................................................. 31

6.1 A personalidade individualista .............................................................................. 32

6.2 A criança ama o que conhece ................................................................................ 32

6.3 O papel da família ...................................................................................................... 33


7. O funcionamento de uma sala de aula Montessoriana ...................... 34

7.1 As áreas e os materiais ............................................................................................. 35

7.2 A rotina ...................................................................................................................... 36

8. A importância do brincar no desenvolvimento da criança ............ 38

8.1 Atividades que desenvolvem brincando ................................................ 39

8.2 Riscos ............................................................................................................................. 40

9. O Educador Montessori .................................................................................................. 41

9.1 O conhecimento técnico ..................................................................................... 42

9.2 Gestão de aprendizagem dos alunos ................................................................ 43

9.3 Autoconhecimento ..................................................................................................... 43

9.4 O comportamento do educador em sala ..................................................... 43

10. O desenvolvimento das habilidades e competências do ................. 45


século 21 (até os 6 anos)
10.1 Novas pesquisas ....................................................................................... 46

10.2 Como a escola deve trabalhar nesse contexto ............................... 47


AULA 1:
Apresentação do curso
O movimento Escola Nova, iniciado no final do século XIX, diz que os educadores
devem ensinar as crianças a pensar ao invés de confiar na memorização
mecânica. Os defensores argumentam que o processo de aprender fazendo é o
cerne desse estilo de ensino. O conceito, conhecido como aprendizagem
experiencial, utiliza projetos práticos que permitem que os alunos aprendam
ativamente participando de atividades que utilizam seu conhecimento.

A educação progressiva é a melhor maneira de os estudantes experimentarem


situações do mundo real, dizem os defensores. Por exemplo, o local de trabalho
é um ambiente colaborativo que requer trabalho em equipe, pensamento
crítico, criatividade e capacidade de trabalhar de forma independente. A
aprendizagem experiencial, ajuda os alunos a desenvolverem essas habilidades,
preparando-os melhor para a faculdade e para a vida como membros produtivos
do local de trabalho.
Embora esse pensamento a respeito da educação seja frequentemente visto
como uma invenção moderna, ele na verdade tem raízes profundas. John Dewey
(20 de outubro de 1859 – 1 de junho de 1952) foi um filósofo e educador
americano que iniciou o movimento de educação progressista com seus
influentes escritos.
Dewey argumentou que a educação não deveria simplesmente fazer com que os
alunos aprendessem fatos irracionais que logo esqueceriam. Ele achava que a
educação deveria ser uma jornada de experiências, construindo uma sobre a
outra para ajudar os alunos a criarem e entenderem as novas experiências.
Dewey também sentiu que as escolas da época tentaram criar um mundo
separado da vida dos estudantes. As atividades escolares e as experiências da
vida dos estudantes deveriam estar conectadas, acreditava Dewey, ou então o
aprendizado real seria impossível. Cortar os alunos de seus laços psicológicos –
sociedade e família – tornariam suas jornadas de aprendizagem menos
significativas e, assim, tornar o aprendizado menos memorável. Diante disso
pensadores da época começaram a rever esse modelo e a criarem novos
métodos.
Assim surgiu o movimento escola nova (material textual: livro História dos
métodos e materiais de ensino: a escola nova e seus modos de uso) que defendia
a educação a partir da experiência da criança no ambiente, pensando no bem
estar e felicidade das crianças. Esse momento gerou uma série de estudos
educacionais a partir da experimentação e perspectiva infantil. Grandes
pedagogos como Jean Piaget, John Dewey, Jean – Ovide Decroly, Lev Vygotsk e
Maria Montessori participaram desse movimento.
1.1 A Vida de Maria antes do Montessori

Nascida em 1870 em Ciaravalle na Itália. Aos 5 anos mudou-


se para Roma e foi lá que se deu todo o desenvolvimento
de seu método educacional. Na adolescência, Maria se
interessava muito por matemática e biologia, porem nesse
período a única profissão seguida por mulheres era a de
professora, mas, a princípio, essa não era uma carreira de
seu interesse. Então ela resolveu fazer medicina,
contrariando todas as expectativas da família.

Montessori ingressou na Universidade de Roma e com uma


turma majoritariamente masculina era obrigada a cursar
disciplinas, como a de anatomia, sozinha. Apesar das
dificuldades, Maria Montessori ganhou prêmios acadêmicos
e se formou como uma das primeiras mulheres médicas da
Itália.
1.2 A primeira percepção
Quando Maria iniciou seus trabalhos como médica na clínica de psiquiatria da universidade de
Roma, ela se deparou com crianças apáticas e sem desenvolvimento, que eram
completamente marginalizadas. Comovida ela começou a estudar todo o tipo de material que
pudesse auxiliar no desenvolvimento dessas crianças. Assim iniciou o trabalho com materiais
pedagógicos e começou a perceber uma melhora na desenvoltura dessas crianças. Criou
então teses como a que concluía que a falta de desenvolvimento dessas crianças não estava
ligada a questões medicas e sim a questões pedagógicas, já que essas crianças não possuíam
acesso aos estímulos necessários segundo suas individualidades. A partir daí Montessori
interessou-se pelos processos de aprendizagem dando início ao que posteriormente viria a ser
o Método Montessori, embasado no fato de que as crianças deveriam aprender a partir de
suas próprias características e não de uma perspectiva externa da sociedade.
Para aprofundar seus conhecimentos em relação às práticas educativas, a Dra Montessori
voltou à Universidade de Roma, cursou pedagogia, psicologia e antropologia para melhor
entender os processos de formação da educação e da cultura.

1.3 O início da prática


Em 1907 Maria Montessori foi convidada a atuar com crianças menores de 7 anos, que na
época ainda não podiam ingressar na escola. Um empresário do ramo imobiliário precisava da
ajuda dela pois em uma área onde construiria edifícios era frequentemente vandalizada por
essas crianças. Sensibilizada pela situação em que se encontravam, decidiu iniciar seus
trabalhos por lá.
Foi então que nesse ambiente nasceu a primeira escola montessoriana, batizada de Casa dei
Bambini.
1.4 A repercussão montessoriana
Em 1909 Maria Montessori escreveu um livro chamado Pedagogia Cientifica consolidando sua
experiência com essas crianças e ganhando uma visibilidade internacional. Foi para os EUA
em 1912 para ministrar formação de professores. Em 1920 passou por Londres. Viajou por
diversos países europeus e por onde ensinava os resultados eram brilhantes.
Muitas pessoas registravam os resultados de seu método entre eles o desenvolvimento das
crianças em espaços naturais, a alfabetização desde cedo, concentração, disciplina e
autonomia que impressionavam.
Por todos os lugares que passava, Maria desenvolvia e fortalecia sua filosofia educacional, o
que fez muitas Casa dei Bambini aparecerem pelo mundo.

Maria Montessori morou na Índia e lá aprofundou seus conceitos da Educação para a paz. Foi
reconhecida por pessoas importantes como Freud e recompensada com grandes prêmios.

Você sabia?
? Educação para a Paz, uma prática educativa que defende a
colaboração e a formação socioemocional, olhando cada criança
individualmente e a auxiliando a reconhecer suas potencialidades e
a dos colegas aproveitando-as ao máximo no intuito de fazer um
mundo melhor.
Considerações finais
A construção do Método Montessori desenvolveu crianças em contextos e países
completamente diferentes. Começando com crianças com necessidades especiais, se
desenvolveu com crianças de baixa renda e por fim, formando professores o método foi
intensamente disseminado. Assim o método repercutiu pelo mundo e até hoje possui um
legado.
Pessoas como o escritor Gabriel Garcia Marques, Larry Page e Sergey Brin (fundadores do
Google), Jeff Bezos (fundador da Amazon) e Anne Frank foram alunos montessorianos,
provando então o tamanho e a eficácia do método.
AULA 2:
As fases do desenvolvimento
do indivíduo
Objetivos
As visões acerca do desenvolvimento da criança são muito distintas. Maria Montessori
consolidou a sua visão a respeito do desenvolvimento do indivíduo classificando-o nos 4
planos de Desenvolvimento, o que nos ajuda a entender melhor o processo de aprendizagem
relacionado a cada período da vida.

Introdução
Cada pessoa possui sua visão a respeito do desenvolvimento humano: algumas acreditam que
as crianças nascem vazias e precisam de orientação e direcionamento o tempo todo para
alcançar as habilidades e competências que serão necessárias para sua vida; outras pessoas
creem que as crianças possuem referências internas e que elas necessitam de um ambiente
que as proporcione experiências onde, a partir de suas referências, ela irá desenvolver as
habilidades e competências necessárias ao longo da vida. As duas visões são aceitas, porém
para encontrar uma alternativa educacional correspondente ao que buscamos para nossas
crianças é preciso encontrar escolas e orientações segundo a visão que nós temos.
Assim, para compreender a forma de trabalho do método Montessori é preciso entender a
visão que esse método carrega. Dessa forma poderemos compreender de maneira mais clara
como funciona uma sala de aula montessoriana.
2.1 Contextualizando a visão montessoriana
Maria Montessori começou a descobrir as capacidades e competências das crianças e o que
elas estavam preparadas para receber a partir de suas vivencias pelo mundo em especial nas
Casa dei Bambini.
Em sua primeira experiência, Montessori possuía em um mesmo ambiente crianças abaixo de
7 anos. Ela oferecia materiais para essas crianças e verificava quais eram as crianças que mais
se interessavam por aquela atividade. E a partir daí era possível observar a faixa etária, o perfil
e o comportamento que a atividade despertava naquela criança.
Nesse processo Maria Montessori buscava despertar 3 comportamentos: A concentração, o
silêncio e a alegria. Quando alcançadas essas reações ela concluía que a atividade era
adequada para aquele tipo de criança. Então ela apresentava a mesma atividade para crianças
em contextos distintos a medida que o método foi avançando, se o comportamento perante
a atividade se repetisse, ela padronizava a prática. Foi assim que ela criou um repertório com
inúmeras atividades adequadas a cada faixa etária.

Na prática:
!
Em escolas tradicionais é ensinado para as crianças o conceito de
números grandes, como milhar e milhão, apenas no ensino
fundamental. Já a partir da experiência de Maria Montessori, que
por meio do material dourado apresentou esse conteúdo para as
crianças e o interesse e concentração despertou em crianças com
média de 4 anos e meio, a partir disso ela replicou essa experiência
para outros tipos de crianças e percebeu que o conteúdo poderia
ser adiantado.
E conforme as experiências iam se concretizando, Maria criou um mapa com as atividades
adequadas para cada idade segundo suas experimentações. Obteve resultados
impressionantes ao redor do mundo com crianças de contextos sociais e culturas diferentes.

Material textual:
Método Montessori: Uma introdução para pais e professores

2.2 O desenvolvimento infantil segundo Maria Montessori

Material textual:
http://omb.org.br/wp-content/uploads/2016/04/Os-Planos-de-
Desenvolvimento.pdf

Nessa primeira representação gráfica, de maneira mais geométrica, Maria Montessori traça
uma linha da vida a partir do nascimento da criança. Ela traça os 4 planos do
desenvolvimento, cada um compreendendo a um período de 6 anos. O primeiro de 0 a 6, o
segundo de 6 a 12, o terceiro de 12 a 18 e o quarto de 18 a 24 anos.
Maria Montessori compreende esses planos de maneira complementar, se a criança não
desenvolve determinadas habilidades em um determinado plano isso poderá prejudicar o
desenvolvimento dos demais planos. Esse raciocínio muitas vezes não é tão claro em modelos
tradicionais de educação. O professor do ensino fundamental precisa compreender o histórico
de cada criança desde a educação infantil. Esse modelo pode ocasionar que materiais se
repitam durante os anos, com funções e funcionalidades diferentes.
Os planos:

Mente absorvente ( 0 a 6 anos): É dividido em 2 ciclos. O primeiro de 0 a 3 anos, denominado


mente absorvente inconsciente, a criança conquista seus movimentos físicos, ainda não
possui total controle sobre suas vontades e a mente trabalha com um registro quase
fotográfico das coisas, suas conquistas são graduais e ao adquirir a linguagem inicia-se o
segundo ciclo.

Na prática:
!
Um Jogo da memória diferente: Para mudar a brincadeira um pouco
e dar um desafio novo ao jogo, faça essa atividade de classificação
por exemplo, do habitat dos animais do Pantanal. Separe por
lacunas indicando água, terra e ar e peça para a criança colocar o
animal correspondente a cada habitat. Coloque junto a identificação
um exemplar do elemento citado. Alguns animais conseguem viver
em mais de um habitat e isso sempre rende boas conversas.

Na fase dos 3 aos 6 anos a criança já possui uma personalidade pré-moldada, sabendo
conquistar suas vontades e possuindo noção de emoções especificas. Em uma turma
montessoriana de 3 a 6 anos o entendimento de mundo e de cultura são de extrema
importância.

Período da infância (de 6 aos 12 anos): Esse é o período de consolidação e aprofundamento


de tudo o que foi aprendido e conquistado no período anterior. Nessa fase a criança apresenta
um comportamento estável, uma abertura a ouvir, maleabilidade com os pais e professores,
grande proximidade com tudo ao seu redor. É nesse período que surge a preocupação de uma
adolescência precoce, impedindo a aquisição de algumas habilidades destinadas a esse plano
e adiantando o próximo.
Mente humanista (de 12 a 18 anos): Esse período caracteriza–se pela conquista da
independência social. Representa a busca do adolescente em se colocar em sociedade com
sua maneira de pensar. É nesse período em que se busca os grupos de convívio que possuem
características de interesse semelhante ao do adolescente. Aos poucos as referencias mudam
de familiares para sociais.
É, assim como o primeiro, dividido em duas partes. De 12 a 15 anos ainda possui traços da
infância. Já no segundo plano, de 15 a 18 anos, os traços da adolescência se misturam com
posturas mais adultas.

Nas escolas montessorianas é comum encontrar nesse período uma espécie de residência
comunitária onde os próprios adolescentes administram o funcionamento do local,
trabalhando até mesmo com ações sociais.
Mente especialista ( de 18 a 24 anos): A principal conquista desse período é a consequência
moral e espiritual, o adolescente está completo para oferecer suas habilidades para a
sociedade, buscando a sua independência e construir sua vida segundo sua própria visão de
mundo e de entendimento, oferecendo sempre o que tem de melhor.

Considerações finais
Completos os 24 anos a crença montessoriana diz que o indivíduo está formado
integralmente. Nos próximos anos de sua vida tudo o que foi construído até aqui será
fortalecido.
Porém caso a criança não consiga desenvolver as habilidades e conquistar os objetivos de
cada período de maneira correta, a formação integral será postergada. Por isso é importante
se certificar que não restaram lacunas ao fim de cada fase para que não tarde a autonomia
emocional, física e de pensamento.

Referências bibliográficas
Atividade retirada de https://www.clubmontessori.com.br/
AULA 3:
A criança em seu estado natural
Objetivos
Compreender os 4 períodos de sensibilidade no aprendizado infantil, perceber os avanços da
neurociência e como a falha no aprendizado pode afetar diretamente o caráter das crianças
no futuro.

Introdução

Depois de aprofundar seus estudos, Maria Montessori notou que havia um padrão onde em
momentos específicos de sua vida, as crianças estão mais propensas a desenvolver certas
competências. Dessa maneira notou que é muito importante reconhecer esses períodos de
sensibilidade para que o material certo no período certo seja introduzido na aprendizagem da
criança. A falta desse método de aplicação pode ocasionar em dificuldades posteriormente.

3.1 Os estudos neurocientíficos


Quando uma criança nasce ela não enxerga nitidamente tudo ao seu redor, essa habilidade é
desenvolvida com o tempo, se por um acaso ela passe muito tempo sem contato com a luz
pode vir a desenvolver cegueira. Então se no momento correto estimula–se a visão ela irá
desenvolver essa habilidade, caso contrário se torna mais difícil. Algumas habilidades podem
ser desenvolvidas posteriormente, outras não.
Maria Montessori destacou 4 principais períodos sensíveis na vida da criança, são eles: A
linguagem, a ordem, os sentidos e a coordenação motora. E hoje em dia os estudos da
neurociência mostram muito do que Montessori já havia afirmado.
Material textual:
http://files.ufgd.edu.br/arquivos/arquivos/78/EDITORA/catalogo/
aprendizagem-comportamento-e-emocoes-na-infancia-e-
adolescente-uma-visao-transdisciplinar-elisabete-castelon-
konkiewitz-org.pdf

3.2 Os 4 períodos
Linguagem (0-6 anos): A criança possui enorme capacidade de absorver a linguagem
humana. Caso ela passe um grande período de tempo em um espaço onde não haja
linguagem humana pode acontecer de se perder essa capacidade de se comunicar como um
ser humano.

Sentidos (0-4 1/2 anos. Pode se prolongar até os 6 anos): Existem períodos específicos em
que estamos propensos a desenvolver nossos sentidos e em momentos específicos esses
sentidos se tornam mais aflorados. Uma pessoa que não desenvolve capacidade gustativa
pode, depois de um tempo distinguir o sabor de algumas coisas. O mesmo serve para os
demais sentidos.

Ordem (1-3 1/2 anos. Pode se prolongar até os 6 anos): Quando a criança não convive em um
ambiente ordenado isso pode acarretar em dificuldades no raciocínio lógico e matemático. A
ordem espacial ajuda a criança a classificar, montar conjuntos, comparar e tudo isso prepara a
criança para o desenvolvimento do raciocínio lógico. Muitas vezes a dificuldade com a
matemática deve – se a falta de ordem.

Coordenação motora (18 meses-4 anos): Um dos grandes desafios na infância é se colocar
em pé e manter o equilíbrio, visto que quando nascemos nossa cabeça é maior que nosso
corpo. Então encontrar o equilíbrio, noção de direção e controle total sobre o corpo é de
extrema importância. Caso a criança não desenvolva isso plenamente no período correto
pode acarretar em problemas como dificuldade para correr e/ou andar.
3.3 Os obstáculos do desenvolvimento
Qualquer obstáculo, especialmente os traumáticos, podem interferir na vida da criança para
sempre.
Esses obstáculos podem afetar muito além do desenvolvimento cognitivo das crianças,
Montessori destaca que os pequenos traumas que vão acontecendo no desenvolvimento da
criança podem afetar a formação de caráter.
Quando uma criança faz muita birra, possui atitudes agressivas, busca as coisas através do
choro e do vitimíssimo isso pode significar que essa criança venha a ter um desvio de caráter
nas fases posteriores.
Pode – se concertar esse desvio na etapa seguinte do desenvolvimento ou o quanto antes
perceber essa linha de comportamento. Mas caso não aja interferência, teremos adultos
agressivos, infelizes e que fazem de tudo para conquistar o que desejam.
O contrario dessa situação é uma criança normalizada. No método Montessori a normalização
se apresenta através de uma criança feliz, satisfeita com as atividades que realiza,
comprometida com os trabalhos e não possuí distorções de comportamento. Assim ela
conseguirá se concentrar nas atividades e se desenvolver através de seu repertório interno.

Considerações finais
Para que a criança se desenvolva dessa maneira natural e não sofra tantas interferências do
adulto numa escola montessoriana o professor serve como um guia, seu papel nada mais é
do que preparar o ambiente para que as crianças tenham a menor quantidade de obstáculos
em seu desenvolvimento. Para isso o material montessoriano possui um controle do erro ou
seja, para não sofrer interferências a criança sozinha consegue se corrigir para que o adulto
apenas observe sem gerar intervenções e deixando –as compreender por si mesmas o certo e
o errado.

Referências bibliográficas
http://www.criandocomapego.com/fases-do-desenvolvimento-infantil-segundo-montessori-
conheca-os-periodos-sensiveis/
AULA 4:
Os três primeiros anos de vida
Objetivos

Vamos abordar os três primeiros anos de vida da criança, tal como a preparação da casa e da
família para receber esse novo membro.

Introdução

O três primeiros anos de vida é o maior período de desenvolvimento na vida de um indivíduo,


se pensarmos nas diferenças de uma criança com 0 anos, que não se movimenta muito bem,
não possui sentidos e linguagem desenvolvido já com três anos a criança se movimenta e
expressa a linguagem de maneira perfeita, percebemos o quão importante é essa fase.

4.1 Preparação da casa


O desenvolvimento fisiológico da criança é algo importante; é necessário alguns primeiros
cuidados nesse período. Manter uma casa limpa e organizada é primordial. A saúde da criança
visando a parte médica e a alimentação também é de extrema importância. Fatores como
amamentação e o acompanhamento da dentição, marco de mudanças de ciclo, também estão
inclusos nesse momento de cuidado.

4.2 Desenvolvimento cognitivo


O desenvolvimento das habilidades motoras se inicia com a coordenação motora grossa, que
são os grandes movimentos como engatinhar, caminhar, desviar. Com o tempo as habilidades
motoras precisam ser refinadas, a medida que a criança desenvolve controle sobre o corpo. A
coordenação motora fina envolve os movimentos que fazemos com as mãos e é crucial para o
desenvolvimento da inteligência, que culminará na escrita.
Um grande desafio para muitos pais é controlar suas reações perante a um obstáculo nessa
fase do desenvolvimento. Por isso é necessário o entendimento dos pais de que a criança
pode fazer as coisas desde que sob a supervisão. As reações exageradas de medo e susto
podem acabar travando a criança em certos momentos, segundo Maria Montessori.
Material textual:
Livro a descoberta da criança – Maria Montessori

4.3 A liberdade do método


A liberdade montessoriana pode muitas vezes acabar gerando duvidas e confusões nos pais.
Essa liberdade não prega que para aprender a criança precisa ficar suja e fazer tudo da
maneira que ela quer.
Um caso comum é na hora de escovar os dentes, a criança quer fazer sozinha porém ainda
não executa essa tarefa com perfeição e quando os pais tentam faze–la a criança chora e não
deixa. Nesses casos os pais precisam tentar buscar entender os motivos pelo qual a criança
está fazendo essa birra, pois é necessário que ela tenha uma higiene bucal saudável, mesmo
que isso implique “forçar a barra.“

4.4 O Movimento e a linguagem


Uma outra situação tão corriqueira quanto a acima é a da hora da alimentação. Uma criança
sem preparo da movimentação, se deixada para se alimentar sozinha, vai acabar se sujando
por inteiro, algo que não é bom. Mas também não é o adequado, na linha Montessori, que ao
pais forcem a criança a se alimentar. Então é preciso refinar o movimento da criança para que
ela aprenda a executar o movimento necessário.
Na prática:
! A colher deve ficar na mão da criança e a mesma ser auxiliada pelo
adulto a levar a colher com a comida até a boca. A criança precisa
ter a permissão para se movimentar livremente.

Em relação a linguagem a criança estará aprendendo a moldar seu pensamento para poder
expressar o que ela está pensando. Dessa forma ela precisa estar inserida em um ambiente
rico de linguagem, tendo acesso a um extenso vocabulário. É necessário que ela escute uma
linguagem livre e clara, sem alterações no tom de voz ou “gracinhas”, sem ser uma linguagem
boba.

Considerações finais
Com esses elementos e um ambiente equilibrado e tranquilo a criança consegue se
desenvolver da melhor maneira em casa.

Nesse período a criança precisa:

. Se movimentar livremente;

. Estar em um ambiente emocionalmente equilibrado, evitando brigas desnecessárias na


frente da criança;

. Ambiente rico de linguagem;

. Limpeza e organização em dia.


AULA 5:
A sala de aula Montessoriana de
0 a 3 anos
Objetivos

O funcionamento da sala de aula para crianças de 0 a 3 anos, bem como os materiais e


elementos que a compõem para realizar de maneira correta e eficaz o trabalho com essas
crianças.

Introdução

Essa fase é dividida em 2 grupos em uma escola montessoriana. Um grupo é o berçário que
são as idades entre 6 meses e 1 ano e meio. O outro grupo é a comunidade infantil que vai de
1 ano e meio até 3 anos de idade. Cada uma das salas é composta de maneira diferente e
preparada para atender a necessidade de cada faixa etária, especificamente.

5.1 O berçário (6 meses a 1 ano e meio)


Na composição desse espaço é necessária a presença de um espaço mais calmo, reservado
para o descanso das crianças, um ambiente propício para a higiene e banho. Outra
característica é a iluminação amena e aconchegante, já que nessa idade as crianças ainda
possuem certa sensibilidade a luz.
Os materiais nesse ambiente são focados principalmente no desenvolvimento dos sentidos
das crianças. O espaço conta com um espelho, para que a criança possa aprender a se
reconhecer, barras de apoio para auxiliar no início do andar. Existe também um material que
contém alguns degraus para estimular a coordenação. Todos os materiais são simples e
buscam principalmente despertar o interesse.
Algo de extrema importância para o desenvolvimento dessa faixa etária é o diálogo. Mesmo
que a maioria das crianças não responda verbalmente, manter uma conversa explicando
fatores do ambiente ou a próxima atividade que irão executar, importa muito no
desenvolvimento da linguagem. A criança não é um objeto, é um ser que precisa desses
momentos para se conectar ao ambiente.

Na prática:
! Levando a criança para tomar banho o educador pode estabelecer
um diálogo como “Hoje o dia está quente, agora que iremos tomar
banho você ficará limpo e a água vai te refrescar.”

5.2 A comunidade infantil (1 ano e meio a 3 anos)


Nessa idade as crianças já possuem meios de se comunicar e se movimentam livremente,
então o ambiente é enriquecido para fortalecer a capacidade de comunicação da criança.
É nesse ambiente que encontramos as atividades de vida pratica, que são atividades
relacionadas ao cotidiano, como varrer, limpar um objeto e até mesmo preparar lanches,
esses exercícios desenvolvem a criança socialmente, além de promover um aprimoramento
da linguagem e movimentação.
O contato com a natureza é outro ponto valorizado na educação montessoriana,
especialmente nessa idade, por isso é aconselhável que no ambiente escolar haja um
cantinho com plantas e até mesmo com animais, como peixes ou jabuti. Isso faz crescer o
repertório do conhecimento de mundo da criança.
A linguagem nesse ambiente se dá através de diálogos mais elaborados onde as brechas
fazem ela caminhar para um autoconhecimento e entendimento de suas próprias emoções,
isso a ajudará a moldar sua personalidade, e controlar seus pensamentos.
Os desenhos que as crianças fazem nessa idade são completamente diferentes do que na
idade anterior, provando que seu pensamento começa a ser refinado. Quanto mais ela tiver
acesso ao mundo real, melhor será esse refinamento de pensamento. É comum nessa idade
incentivar a fantasia da criança e algumas vezes essa atitude molda o pensamento da criança
distante da realidade, por isso quanto mais real for o contato da criança com o mundo,
melhor.
Na prática:
! Apresentar elementos imaginários para a criança, como super-
heróis por exemplo só será um problema caso a mensagem passada
também seja fantasiosa. Mostrar um super-herói e ressaltar as
características reais dele, como a força de vontade e a busca pela
justiça é positivo. Agora, ressaltar características que façam com
que a criança crie um mundo imaginário, como voar, não são
edificadoras.

A composição do ambiente da sala em si trás materiais de desenvolvimento sensorial, cada


material é único, não existe mais de um tipo de material. E dessa maneira estimulam a
vivencia em sociedade, a divisão, e a esperar.

Considerações finais
O educador precisa cuidar de todos os materiais para que não haja peças quebradas,
descascando ou sem funcionalidade pois isso atrapalha o desenvolvimento e a captação do
aprendizado que aquele material proporciona. Tudo no ambiente precisa estar harmônico.
O som, as cores e a iluminação do ambiente fazem parte da composição que precisa ser
pensada para que a criança esteja plenamente preparada para passar para a fase seguinte.
AULA 6:
Como desenvolver a criança de
3 a 6 anos
Objetivos

Como a família pode se preparar para desenvolver a criança de 3 a 6 anos e qual o


comportamento dessas crianças.

Introdução

Na idade de 3 a 6 anos a criança já tem sua personalidade formada, já possui um ego e suas
características como indivíduo, sendo muito comum que a criança crie um senso do “eu” e
defenda seu individualismo. É um período onde a força e a beleza da criança são páreas e ela
pode usar essas qualidades para manipular os adultos e conseguir o que quer.

6.1 A personalidade individualista


Por já possuir sua personalidade formada a criança busca de artifícios de negociação e
manipulação para conseguir tudo o que quer, já possui suas vontades e está determinada a
fazer de tudo por elas. Nessa fase a criança passa a ter consciência de em quais momentos e
com quais pessoas ela deve agir de determinadas maneiras.
Para consegui efeitos que busquem o contrário dessa personalidade é preciso incentivar o
conhecimento de mundo, para além de sua família.

6.2 A criança ama o que conhece


A partir do momento que a criança cria uma proximidade da natureza e do mundo ela passa a
amar esse mundo e desenvolve um senso de coletividade na mesma proporção dessa força
individual que ela possui.
Por isso a atenção dos pais deve se voltar para a aquisição do conhecimento de mundo da
criança. Nessa etapa o cuidado maior precisa ser com o desenvolvimento psicológico e sócio
emocional.
É nessa fase que a criança passa a distinguir intenções de fala e artifícios para entender as
relações sociais e quanto maior o seu conhecimento de mundo, mais ela entenderá que é
parte de um todo, deixando esse lado egocêntrico de lado.
6.3 O papel da família
Uma vez colocada em um patamar mais social e não individual a criança começa a se preparar
para, por exemplo, no momento de escolher sua carreira e se desenvolver, ela entregar ao
mundo o que tem de melhor. E é nisso que o papel da família é relevante.
Quando estiver em um passeio com a criança, por exemplo, a família estimular a observação,
a relação e o diálogo acerca do ambiente. Atividades como ir ao museu também são válidas.
Assim escola e família se complementam formando crianças cidadãs do mundo e não seres
individualistas.
É nessa fase também que pode – se desenvolver as primeiras noções de empreendedorismo
e administração financeira.

Na prática:
! Levar a criança ao mercado pode ser uma atividade muito
enriquecedora para esse período, apresentar noções de diferença
de preço, por exemplo ajudam muito a crescer as noções de mundo
e de empreendedorismo que começam a ser desenvolvidas.

Importante!
Atenção para a diferença entre 0 a 3 anos e 3 a 6 anos, nessa segunda a
criança ainda possui um porte físico pequeno, porém o potencial de
aprendizagem é gigantesco, então elas não podem continuar sendo
tratadas como bebes, isso pode impedir o bom desenvolvimento da
criança. Mesmo as atividades cotidianas podem ser aliadas para a
adaptação dessa mudança de fase.

Considerações finais:
A criança precisa ser incluída na rotina da família e interpretada como alguém que a todo
tempo aprende e não tratada com diferença sendo deixada de lado. A criança precisa estar
inserida na sociedade.
AULA 7:
O funcionamento de uma sala
de aula Montessoriana
Objetivos

Compreender a rotina de ensino em uma sala montessoriana de 3 a 6 anos bem como suas
necessidades de desenvolvimento.

Introdução
Com 3 anos de idade a criança já conquistou o controle da movimentação e da linguagem. A
partir daí ela já está preparada para absorver todos os conhecimentos relacionados a visão de
mundo.

7.1 As áreas e os materiais


A faixa etária de 3 a seis anos já possui, numa escola montessoriana, materiais e conteúdos
relacionados a: Vida pratica, sensorial, matemática, linguagens, história, geografia e artes.
Para que elas se desenvolva adequadamente é necessário que ela possua materiais de todas
essas áreas do conhecimento e de acordo com seus interesses a falta desses matérias seria
equivalente a uma delimitação na aprendizagem propicia a esse período.
A preparação desse ambiente tem a ver com a contextualização de mundo, onde ela aprende
sobre culturas, refinar sua linguagem e sua coordenação. Em muitas escolas é trabalhado
frações e uma introdução a administração financeira, onde ela passa a aprender a dar valor a
certas ações.
7.2 A rotina
A rotina é muito variada, ou seja, geralmente cada criança executa uma atividade diferente.
Existem algumas atividades especificas que ajudam a criança a não dispersar e se concentrar.
Um exemplo são as atividades de movimentação em cima de uma linha, que possuem as
escolas e que podem ser feitas no inicio ou no final das aulas ou até mesmo no meio do
período.
O professor precisa ter sensibilidade para saber quando a turma está se dispersando e se há
necessidade de uma atividade coletiva para retomada da concentração. A quantidade de
atividades coletivas e iguais nessa fase são poucas, cada criança trabalha uma atividade
diferente. É muito importante que nessa fase de autoconhecimento a criança se entenda
individualmente e tenha suas habilidades trabalhadas dessa maneira também.
O ambiente de uma escola montessoriana transmite uma paz. Diferente das escolas
tradicionais, algumas escolas do método não possuem cronograma de horário das atividades,
as crianças tomam a iniciativa de suas atividades conforme sua necessidade e vontade, desde
que tenha um adulto para observa–las executar suas atividades. No ambiente da escola é
possível notar essa pluralidade nas atividades e a felicidade das crianças em executar cada
tarefa.
Nesse ambiente o professor é um mero observador que assiste o desenvolvimento da criança
e toma nota para saber o que se trabalhar com aquela turma.

Considerações finais
O repertorio de materiais numa escola montessoriana precisa ser amplo e abranger todas as
áreas do conhecimento e o educador não pode ser o centro da condução. Caso contrário algo
se adequara ao método.
AULA 8:
A importância do brincar no
desenvolvimento da criança
Objetivos

Compreender a importância das práticas de brincadeiras para o desenvolvimento e


aprendizagem da criança tal como a maneira de executa – las.

Introdução

Atualmente a rotina da criança se tornou intensa são tantas atividades além da escola como
judô, futebol, inglês, que é difícil encontrarmos aquelas que realmente tem tempo para
brincar. E a brincadeira é importante para o desenvolvimento da criança, para estimular a
criatividade, o entendimento de regra e até mesmo o exercício da futura profissão. Mas esse
tipo de brincadeira não pode ser do estilo passivo, como jogos no celular, precisa ser algo que
de brechas para esse desenvolvimento ativo.

8.1 A atividades que desenvolvem brincando


Brincar é um dos principais espaços para a criança explorar sua criatividade, sozinha ou com
amigos.
É interessante que essas brincadeiras se deem através de peças soltas como blocos de
madeira e elementos da natureza, e não de brinquedos prontos com movimentos mecânicos,
dessa maneira ela se desafia e refina seus pensamentos. Tanto na escola quanto em casa é
preciso que essa atitude de brincar, de buscar ociosidade em pausas durante o dia, para a
criança processar as aprendizagens adquiridas em seu dia a dia. Aos poucos, os educadores
podem ir buscando espaços para essas atividades acontecerem.
8.2 Riscos
Porém, toda brincadeira possui um risco, muitos educadores evitam certas brincadeiras para
não correr esses riscos, como da criança se machucar, riscos esses que nem sabemos se é de
fato para a criança ou para o educador. Isso precisa ser trabalhado.
Primeiro é necessário identificar de quem é o risco, da criança ou meu? Esse medo vem de
uma preocupação real ou apenas da minha consciência do despreparo da criança?

Na prática:
! Se uma criança chega até você e pergunta “Posso subir nessa
árvore?” A invés de responder “não” diretamente devolva outra
pergunta “Mas porque você quer subir nessa árvore?” ou até
mesmo “Pode, você está preparado para isso?” e o adulto
acompanha a atividade, criando consciência de seus movimentos e
obstáculos, visando sempre ser um guia e não um empecilho, nunca
colocando medo e sempre perguntando se é necessário ajuda ou
dando dicas de o que fazer.

Considerações finais
Quando desde pequena a criança aprende a lidar com pequenos riscos e escolhas de o que
ela é capaz de enfrentar ou não, nós criamos adultos íntegros e preparados para desafios do
século XXI, como solucionar problemas desafiadores e tomar decisões assertivas.
AULA 9:
O Educador Montessori
Objetivos
Qual a função e os diferenciais do educador Montessori.

Introdução

O educador Montessori precisa se preocupar com 4 pilares centrais: O conhecimento técnico,


a gestão da aprendizagem do aluno, o comportamento do educador em sala de aula e o
autoconhecimento.

9.1 O conhecimento técnico


Quando falamos de conhecimento técnico falamos de como o educador montessoriano deve
preparar o ambiente, seus materiais e de acordo com a fase de aprendizagem de cada criança.
Esse ambiente é diversificado, não é estruturado como em uma escola tradicional, cada aluno
se desenvolve no seu tempo e a sala de aula é propícia para isso. Tudo no ambiente importa.
Todos os materiais devem ser utilizados, caso contrário o material precisa ser retirado do
ambiente, todos os materiais devem estar completos e em bom estado. A luminosidade no
ambiente também é importante assim como o som.
Existe no ambiente da escola apenas um material de cada tipo e eles pertencem a sala de
aula. E a aprendizagem acontece da seguinte forma: O aluno adentra o ambiente da sala de
aula, escolhe o material que vai trabalhar, executa a atividade e depois devolve para onde
encontrou. Dessa forma o aluno desenvolve inúmeras caraterísticas sócio emocionais como
esperar o outro e compartilhar.
E é nesse ambiente preparado que é possível proporcionar para a criança uma aprendizagem
personalizada e desenvolvendo atividades sócio emocionais que são fundamentais e
preparam a criança para iniciar seu convívio em sociedade.
Os materiais de desenvolvimento variam e podem chegar até mais de 300 objetos em uma
turma de 3 a 6 anos. Cada material possui uma função e o educador precisa saber como cada
um funciona. A criança vai escolher esses materiais de acordo com o seu interno para
desenvolver uma competência especifica e esse material vai conter o exercício que ela precisa
para aprimorar essa habilidade. Por isso a variedade e quantidade de materiais importa.
Para ser um bom educador montessoriano é preciso conhecer os materiais, saber apresenta –
los para as crianças e conhecer cada fase do desenvolvimento da criança para entender se a
sala está preparada com os materiais adequados e qual o ritmo de cada criança. Dessa forma
o educador poderá intersectar as disciplinas e fazer com que crianças mais interessadas em
matemática também se desenvolvam em ciências e assim por diante.
9.2 Gestão da aprendizagem dos alunos
Para a educação Montessori, conhecer cada aluno faz parte do bom desempenho profissional,
diferente de uma escola tradicional que acompanha a aprendizagem média da turma.
É preciso ter registros diários das atividades, traços emocionais e psicológicos despertados no
dia a dia, características que ele tem desenvolvido e as linhas do desenvolvimento do caráter
de cada aluno. Essa tarefa não é fácil mas depois de começar a interpretar a sala dessa
maneira o educador aprofunda muito seu conhecimento sobre a criança e essa maneira de
gerir a turma acaba sendo natural.

9.3 Autoconhecimento
Para o educador montessoriano influenciar seus alunos positivamente é necessário trabalhar
o autoconhecimento, ou seja, quando ele entra na sala de aula ele não pode misturar o que é
o aluno e o que é ele. A sala de aula possui imensa diversidade de crenças e estilos de vida. O
professor também está nesse contexto e sua função é servir e orientar o aluno e não doutrina
– lo. Isso requer leituras, trabalho com coaching, conversa com colegas e a auto-observação
para perceber seus erros em relação as crianças.
O desenvolvimento socioemocional do adulto que está trabalhando a criança influencia na
aprendizagem socioemocional da criança e esse desenvolvimento só será possível com o
autoconhecimento.

9.4 O comportamento do educador em sala


O educador é a peça fundamental na educação montessoriana, é ele quem transmite a
energia que estimula a criança a querer aprender e se abrir para o mundo.
Uma vez trabalhado o autoconhecimento é muito mais simples aprender a se controlar e em
turmas como as de 0 a 3 anos cada movimento é fundamental para o desenvolvimento, tom
de voz e expressões faciais são grandes fontes de absorção.

Citação: A verdadeira educação é aquela que vai ao encontro da criança para realizar a sua
libertação. - Maria Montessori
Considerações finais
O educador montessoriano precisa se observar o tempo todo para compreender o seu
impacto na vida daqueles que ele ensina.
AULA 10:
O desenvolvimento das habilidades
e competências do século 21
(até os 6 anos)
Objetivos

Entender quais são as habilidades e competências do século XXI e aprender a desenvolve – las
em crianças até 6 anos de idade.

Introdução

Umas das principais preocupações dos pais e do mercado de trabalho é como as novas
gerações estão sendo desenvolvidas para enfrentar os desafios do futuro. O mundo tem
mudado cada vez mais rápido e de uma maneira muito dinâmica. Em comparação a menos de
50 anos atrás onde a televisão nem existe, é inimaginável que teríamos um contexto como o
que temos hoje com a internet e a comunicação tão rápida e eficaz. E o avanço tecnológico
para daqui 20 anos prometem substituir inúmeras profissões da forma como conhecemos
hoje. Então para que mundo vamos preparar essas crianças?

10.1 Novas pesquisas


Em 2012 foi realizada nos estados unidos uma pesquisa para ajudar os governos, escolas e
empresas a direcionar quais seriam as habilidades e competências fundamentais para o
futuro e elas foram divididas em 3 grandes grupos. A parte cognitiva, que envolve os
raciocínios, outro grupo para habilidades intrapessoais que envolve as capacidades de
aprendizado e o outro grupo de atividades interpessoais que diz respeito ao convívio em
grupo.
10.2 Como a escola deve trabalhar nesse contexto
Uma das metodologias mais simples e eficazes que pode ser aplicada pela escola para
perceber se as crianças estão no caminho para desenvolver as capacidades do século XXI
determina 6 níveis de dificuldade, esses níveis são, do menor nível para o maior: Lembrar,
compreender, aplicar, analisar, avaliar, criar. Quanto mais alto o nível de dificuldade da
atividade, mais preparada a criança estará para desenvolver essas competências.

LEMBRAR
1 Capacidade de memorização da criança, ela vai aprender algo e vai saber
contar para outros o que aprendeu;

COMPREENDER
2 A criança consegue relacionar o aprendizado a coisas em outros contextos;

APLICAR
3 Consegue executar os conceitos aprendidos, porém ainda de maneira
mecânica, sem processos de melhoria contínua;
AVALIAÇÃO
4 Após uma observação feita a partir do processo de aplicar, a criança passa a
ser capaz de questionar o próprio aprendizado, essa é uma das habilidades
mais importantes, pois engloba saber aprender, desaprender e reaprender;

CRIAR
5 É a capacidade que a criança solucionar de maneiras diferentes algo que não
existe ainda.

Considerações finais
Pensando no futuro, em todas as mudanças que a inteligência artificial causará, esse processo
de desenvolvimento pode começar com as crianças de 0 a 6 anos de idade e dessa maneira
elas vão se aprimorando e tendo as competências necessárias para esses grandes desafios do
futuro.

Você também pode gostar