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Jusbrasil Jurisprudência
16 de agosto de 2016
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO
4ª Turma
Identificação
EMENTA
http://trt4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/253054284/recursoordinarioro203277620155040333rs00203277620155040333/inteiroteor253054292 1/17
16/08/2016 Inteiro Teor do Acórdão | TRT4 Recurso Ordinário : RO 00203277620155040333 RS 002032776.2015.5.04.0333 | Jurisprudência Jusbrasil
ACÓRDÃO
Intimese.
Cabeçalho do acórdão
Acórdão
RELATÓRIO
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O reclamante interpõe recurso ordinário (id. 9d9ceaa), para fins de revisão do julgado
nos aspectos: nulidade do regime compensatório; intervalo intrajornada; reflexos do
adicional de insalubridade em adicional noturno e hora noturna reduzida.
Com contrarrazões da parte autora (id. 4b9cba8), os autos são remetidos a este
Tribunal para julgamento.
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
A reclamada, Delga Industria e Comercio S/A, não se conforma com a decisão. Afirma
estar demonstrado nos autos que a parte autora integrava grupo no aplicativo
whatsapp que incitava a avaria às peças e maquinários da empresa. Entende que o fato
de o reclamante não ter participado diretamente da destruição dos bens da ré não é
capaz de afastar os motivos que ensejaram a resolução do contrato de trabalho, pois seu
silêncio perante os superiores é suficiente para comprometer a fidúcia da relação
contratual. Defende, assim, justificada a resolução contratual, com base no que disposto
no art. 482, a, da CLT. Requer a reforma da decisão no particular, a fim de que seja
declarada validade a justa causa aplicada e, por conseguinte, afastada a condenação
imposta.
Sem razão.
A despedida por justa causa é a punição máxima prevista para o obreiro que pratica
uma ou mais condutas descritas no art. 482 da CLT. Deve ser aplicada apenas às faltas
mais graves, pois obsta a fonte de subsistência do empregado que, além de ser privado
do salário, não pode sacar o FGTS e deixa de receber o avisoprévio e a multa de 40%
do fundo. Mais ainda, o trabalhador sequer pode contar com o segurodesemprego.
Devem estar demonstrados, de forma robusta, os elementos caracterizadores da justa
causa, ou seja, a atualidade, a gravidade e a proporcionalidade entre a punição e a falta
cometida.
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base no art. 482, alínea a, da CLT, pela prática, em tese, de ato de improbidade
(comunicação id. 7725138 pág. 7). Assevera a reclamada na contestação:
durante a existência do grupo de whatsapp houve várias quebras na linha Danly; [...]
que no entendimento do depoente não havia, no desempenho de suas atividades, como
o reclamante sabotar a linha Danly" (grifase, id. 5f14537 pág. 1/2).
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Feitas estas considerações, entendese não ter a reclamada logrado êxito em comprovar,
nos termos do art. 818 da CLT e 333, II, do CPC, que o trabalhador praticou conduta
passível de punição, nem mesmo pelas medidas de suspensão ou advertência, restando
evidenciado o rigor excessivo na penalidade máxima cominada. Por corolário, é
descabida a rescisão contratual por justa causa aplicada ao trabalhador com base no
art. 482, a, da CLT, impondose sua reversão em dispensa imotivada.
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Súmulas ns. 139 e 264 do TST. Requer a reforma da decisão para condenação da
reclamada pagamento de reflexos do adicional de insalubridade nas verbas adicional
noturno e da hora noturna reduzida.
Analisase.
O Reclamante trabalhou como Auxiliar de Expedição onde sua atividade diária era
revisar os componentes metálicos que vinham da área de estação de verificação EV,
retirando os componentes de racks, realizando a contagem de cada um deles e
verificando se havia avarias nas peças. Após fazia etiquetas no qual eram coladas nos
racks que identificavam o tipo de material e a quantidade. Ao pegar as peças com a
mão, tinha contato cutâneo com óleo, pois o Reclamante utilizava luvas de malha, que
não protege contra agentes químicos. O Reclamante sempre laborou na área de
expedição.
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Entretanto, não há nos autos elementos que autorizem o afastamento das conclusões
exaradas pela perita técnica, nos termos do art. 818 da CLT. No tocante à entrega de
equipamentos de proteção individual, a reclamada deixa de apresentar ficha de
fornecimento idônea, pois o documento id. 356efc2 (pág. 1) está rasurado e retrata
majoritariamente período anterior ao início do contrato. Ademais, os dispositivos
invocados pela reclamada como suficientes ao afastamento do contato com óleo de
origem mineral luvas de malha e creme de proteção não possuem a eficácia
defendida. As luvas de malha, conforme consta no laudo, são impróprias para a
manipulação de produtos químicos líquidos, por serem permeáveis e não evitarem a
penetração da substância e seu contato com a pelé. De outra parte, o uso de creme
protetor também não evita a ação dessa substância, na medida em que permite o
contato dos agentes nas partes do corpo em que foi mal aplicado e está sujeito à ação
abrasiva de equipamentos ou das unhas. Ademais, repisase não haver comprovação do
fornecimento destes equipamentos durante a contratualidade e, muito menos, de sua
adequada utilização pelo trabalhador.
Dessa forma, correta a decisão proferida pelo Magistrado de origem, uma vez que o
contato com óleos de origem mineral, sem o uso de EPIs adequados e suficientes,
confere ao trabalhador o direito à percepção do adicional de insalubridade em grau
máximo, conforme Anexo nº 13 da NR15 da Portaria 3.214/78 do MTE.
2. INTERVALO INTRAJORNADA.
A reclamada insurgese contra a decisão. Afirma haver negociação coletiva que autoriza
o intervalo reduzido. Invoca o art. 7º. XXVI, da Constituição Federal. Requer a
absolvição da condenação imposta.
O reclamante também recorre. Entende fazer jus ao pagamento pelo total do período
correspondente ao intervalo intrajornada suprimido, nos termos do Enunciado nº 437
do TST. Defende, ainda, cabíveis reflexos em FGTS com multa de 40%. Requer a
reforma da decisão no particular.
Analisase.
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Quanto aos reflexos em FGTS com 40%, por outro lado, não se conhece o recurso da
parte autora, em face da preclusão. Notese que o reclamante não traz esta matéria à
tona nos embargos declaratórios opostos, nos quais, todavia, busca o pronunciamento
do Magistrado singular acerca da repercussão do adicional de insalubridade em FGTS
com 40%.
A reclamada, Delga Industria e Comercio S/A, recorre. Sustenta que não subsiste a
condenação imposta a título de danos morais, porque os prejuízos causados pela
modalidade de extinção contratual do reclamante são de ordem material. Aduz não ter,
o reclamante, comprovado situação humilhante pela qual teria passado por conta da
resolução contratual. Assevera também que, mesmo se afastados os motivos
justificadores da empresa, ser excessivo o valor fixado a título de indenização frente à
suposta lesão vivenciada.
Com razão.
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existente no vínculo de emprego, a empresa, mediante abuso ou uso ilegal do seu poder
diretivo, atinge bens subjetivos inerentes à pessoa do trabalhador.
Cumpre referir que se mostra correto o regime compensatório adotado pela empresa,
tendo em vista o contido na norma coletiva da categoria. Notese que o único critério
estabelecido na CF para fins de sua adoção é a existência de instrumento normativo, o
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que ocorreu no caso dos autos. Além disso, os próprios instrumentos normativos
estabelecem que a realização de horas extras e o trabalho em sábados não conduz a
nulidade do regime. Assim, o sistema compensatório encontrase regular. Da mesma
forma, não se pode admitir qualquer irregularidade em relação às compensações
para gozo de feriadões, pois também há previsão da facultada de sua adoção nas
convenções coletivas.
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[...]
Desta forma, faz jus o autor ao pagamento apenas do adicional de horas extras sobre as
horas irregularmente compensadas (da 8ª até a 44ª, quando em regime compensatório
semanal; quatro horas em dois sábados por mês, quando cumprido regime
compensatório intersemanal), tendo em vista a invalidade dos regimes compensatórios
semanal e intersemanal aos quais submetido. Incidente o entendimento esposado na
Súmula nº 85, item IV, do TST, in litteris: "A prestação de horas extras habituais
descaracteriza o regime compensatório semanal, sendo devido adicional de hora extra
para as horas irregularmente compensadas, e hora mais adicional para as excedentes
da carga semanal". Não se adota o parâmetro 7h20min para apuração do adicional
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devido, pois não expressa a jornada normal do trabalhador. A verba deferida comporta
a adoção dos mesmos reflexos, adicional e demais critérios de cálculo estipulados na
origem quando da condenação da ré ao pagamento de horas extras pela aplicação do
critério do art. 58, § 1º, da CLT.
Assinatura
Relator
VOTOS
PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:
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