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16/08/2016 Inteiro Teor do Acórdão | TRT­4 ­ Recurso Ordinário : RO 00203277620155040333 RS 0020327­76.2015.5.04.

0333 | Jurisprudência Jusbrasil

Jusbrasil ­ Jurisprudência
16 de agosto de 2016

TRT­4 ­ Recurso Ordinário : RO 00203277620155040333


RS 0020327­76.2015.5.04.0333 • Inteiro Teor
Publicado por Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região ­ 9 meses atrás

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO
4ª Turma
Identificação

PROCESSO nº 0020327­76.2015.5.04.0333 (RO)


RECORRENTE: RODRIGO NATAN SOARES, DELGA INDUSTRIA E COMERCIO S/A
RECORRIDO: RODRIGO NATAN SOARES, DELGA INDUSTRIA E COMERCIO S/A
RELATOR: ANDRE REVERBEL FERNANDES

EMENTA

DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA. REVERSÃO. A despedida por justa causa é a


punição máxima prevista para o empregado, devendo ser aplicada apenas às faltas mais
graves, pois provoca a perda de sua fonte de subsistência. A mera inclusão do
trabalhador em grupo do aplicativo whatsapp criado por colegas não configura ato de
improbidade. Ademais, não há demonstração de que o referido grupo possuísse o
propósito de incitar a sabotagem dos equipamentos da reclamada. Por demasia,
importa mencionar que é incontroverso não ter o reclamante laborado no local em que
situada a máquina "danly" e também que tenha ocorrido alguma sabotagem na
empresa. Não configurada falta grave, na forma do art. 482, a, da CLT. Recurso da
reclamada desprovido.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

ACORDAM os Magistrados integrantes da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 4ª Região: por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO
ORDINÁRIO INTERPOSTO PELA RECLAMADA, Delga Industria e Comercio
S/A, para excluir a condenação ao pagamento de indenização por dano moral; por
unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO
INTERPOSTO PELO RECLAMANTE, Rodrigo Natan Soares, para substituir a
condenação ao pagamento de 30 minutos pelos intervalos intrajornada suprimidos pela
condenação ao pagamento de uma hora extra por dia em que houve a supressão, com
os mesmos adicional e reflexos deferidos na origem, bem como para acrescer à
condenação o pagamento de: a) diferenças de adicional noturno pela integração do
adicional de insalubridade em sua base de cálculo; b) adicional de horas extras sobre as
horas irregularmente compensadas (da 8ª até a 44ª, quando em regime compensatório
semanal; quatro horas em dois sábados por mês, quando cumprido regime
compensatório intersemanal), com adicional, reflexos e demais critérios fixados na
origem em relação à condenação ao pagamento de horas extras. Valores da condenação
e das custas que se mantêm.

Intime­se.

Porto Alegre, 04 de novembro de 2015 (quarta­feira).

Cabeçalho do acórdão

Acórdão

RELATÓRIO

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Inconformada com a sentença de parcial procedência (ids. 17fe618 e a075401), a


reclamada recorre (id. b3770e3), buscando sua reforma nos pontos: reversão da justa
causa; indenização por danos morais; adicional de insalubridade e intervalo
intrajornada. A ré adita suas razões recursais (id. 6c014fd) no ponto reflexos do
adicional de insalubridade em FGTS com multa de 40% e em horas extras.

O reclamante interpõe recurso ordinário (id. 9d9ceaa), para fins de revisão do julgado
nos aspectos: nulidade do regime compensatório; intervalo intrajornada; reflexos do
adicional de insalubridade em adicional noturno e hora noturna reduzida.

Com contrarrazões da parte autora (id. 4b9cba8), os autos são remetidos a este
Tribunal para julgamento.

É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

I. RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (matéria prejudicial).

REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. ATO DE IMPROBIDADE NÃO


CONFIGURADO.

O Magistrado singular afasta a justa causa da dispensa do reclamante, condenando a


reclamada ao pagamento de aviso prévio, 13º salário proporcional de 2015, multa de
40% do FGTS, e à obrigação de liberação do FGTS e do seguro­desemprego. Assim
fundamenta:

Primeiro, as pessoas são incluídas em grupos de "whatsapp", sem autorização.


Segundo, ao serem incluídas, podem sair do grupo, ou, ainda, permanecerem, mas de
forma silenciosa, sem manifestações. Terceiro, o reclamante, efetivamente, foi incluído
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no grupo denominado terroristas "Danly". Quarto, não há nenhuma prova de que


tenha feito alguma manifestação no referido grupo. Quinto, o reclamante laborava no
setor de expedição e não atuava na produção onde ficava a linha "Danly". Sexto,
segundo a prova oral, o reclamante não teria como sabotar a linha "Danly", pois
laborava em outro setor. Portanto, a única coisa que se tem é que o reclamante foi
incluído por um colega de trabalho num grupo de "whatsapp" denominado de
terroristas "Danly", o que não serve a justificar sua demissão por justa causa que
resta afastada. Não há como demitir um empregado por justa causa pelo simples fato
de ter sido incluído num grupo de "whatsapp", sem que tenha manifestado seu
interesse em participar dele, ou, feito alguma manifestação, neste grupo

(id. 17fe618 ­ pág. 2).

A reclamada, Delga Industria e Comercio S/A, não se conforma com a decisão. Afirma
estar demonstrado nos autos que a parte autora integrava grupo no aplicativo
whatsapp que incitava a avaria às peças e maquinários da empresa. Entende que o fato
de o reclamante não ter participado diretamente da destruição dos bens da ré não é
capaz de afastar os motivos que ensejaram a resolução do contrato de trabalho, pois seu
silêncio perante os superiores é suficiente para comprometer a fidúcia da relação
contratual. Defende, assim, justificada a resolução contratual, com base no que disposto
no art. 482, a, da CLT. Requer a reforma da decisão no particular, a fim de que seja
declarada validade a justa causa aplicada e, por conseguinte, afastada a condenação
imposta.

Sem razão.

A despedida por justa causa é a punição máxima prevista para o obreiro que pratica
uma ou mais condutas descritas no art. 482 da CLT. Deve ser aplicada apenas às faltas
mais graves, pois obsta a fonte de subsistência do empregado que, além de ser privado
do salário, não pode sacar o FGTS e deixa de receber o aviso­prévio e a multa de 40%
do fundo. Mais ainda, o trabalhador sequer pode contar com o seguro­desemprego.
Devem estar demonstrados, de forma robusta, os elementos caracterizadores da justa
causa, ou seja, a atualidade, a gravidade e a proporcionalidade entre a punição e a falta
cometida.

No caso em exame, o reclamante foi admitido em 07.11.2013, na função de auxiliar de


expedição (id. 7725138 ­ pág. 3/4), e dispensado por justa causa em 20.02.2015, com

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base no art. 482, alínea a, da CLT, pela prática, em tese, de ato de improbidade
(comunicação id. 7725138 ­ pág. 7). Assevera a reclamada na contestação:

Ao contrário do quanto sustentado na petição inicial, é plenamente válida a despedida


por justa causa levada a efeito pela reclamada com relação ao reclamante, de vez que
decorrente do fato de que integrava grupo no aplicativo "whatsapp", no qual se
incitava a destruição de peças e maquinários da ré, com o intuito de trazer sério
prejuízo financeiro a esta. Diante dessa circunstância, manifestamente grave, e da
manifesta intenção de sabotagem e conivência com que o vinha sendo incentivado,
não restou alternativa à reclamada senão demitir o acionador com justa causa

(id. ba19a04 ­ Pág. 1).

Acompanha a defesa tela de print screen de conversa do aplicativo whatsapp, sem


informação de data, em que pessoa (s) não identificada (s) faz (em) comentários em
tom de pilheria e com referência à quebra de peças utilizadas no trabalho (id. f537916 ­
pág. 1). A parte ré também junta fotografias do visor de um celular retratando tela do
grupo "Terroristas danly" do whatsapp, criado em 15.01.2015, do qual fazia parte o
reclamante (id. f537916 ­ pág. 2/6). Ainda, a reclamada apresenta documento intitulado
"histórico de ocorrências na ferramenta", em que listadas 14 ocorrências de defeitos em
peças entre as datas de 06.10.2014 e 16.03.2015 (id. 4343f80 ­ pág. 1).

A testemunha convidada pela reclamada, Roberto, presta as seguintes declarações: "que


o depoente era superior hierárquico do reclamante; que o gerente do depoente disse
que tinha sido apurado na produção um grupo de whatsapp Terroristas da Danly e
que pediu ao depoente que conversasse com todos os seus funcionários para que
saíssem de qualquer grupo de whatsapp que envolvesse a reclamada; que o depoente
inclusive conversou com o reclamante a respeito; que o reclamante disse ao depoente
que não iria participar de nenhum grupo de whatsapp que envolvesse o nome da
reclamada; que o depoente, depois disso, não se preocupou mais com o assunto, pois
trabalhava em outro setor, que não a produção; que o reclamante também não
trabalhava na produção sendo que o setor do depoente e do reclamante ficavam
distantes da produção; que o único envolvimento do setor com a linha Danly é o
fornecimento de EPI´s; que chegou aos ouvidos do depoente que nesse grupo do
whatsapp havia ocorrido várias conversas sobre sabotagens na linha Danly; que
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durante a existência do grupo de whatsapp houve várias quebras na linha Danly; [...]
que no entendimento do depoente não havia, no desempenho de suas atividades, como
o reclamante sabotar a linha Danly" (grifa­se, id. 5f14537 ­ pág. 1/2).

O depoente Alanderson, apresentado pelo reclamante e ouvido na condição de


informante, afirma que: "o depoente trabalhou para a reclamada de 12/11/2014 a
20/02/2015, conforme CTPS ora exibida, na função de operador de máquina; que foi
o depoente quem criou o grupo no whatsapp Terroristas Danly; que o depoente fez o
grupo e colocou o nome dos colegas que tinha o telefone; que o depoente fez esse
grupo para descontrair, para bater papo com o pessoal; que havia alguns que sequer
falavam no grupo; que o depoente não consultou os colegas e incluiu o nome daqueles
que tinha o telefone; que como o reclamante trabalhava na expedição, não tinha
contato algum com a máquina Danly que ficava na produção; que o objetivo do grupo
era descontração" (grifa­se, id. 5f14537 ­ pág. 1).

O depoente Alisson, também trazido pelo reclamante e ouvido na condição de


informante, relata o seguinte: "trabalhou na reclamada de fevereiro de 2014 a
fevereiro de 2015; que o depoente foi adicionado no grupo Terrorista Danly; que neste
grupo havia colegas de trabalho; que o objetivo do grupo era bater­papo e se distrair;
que o reclamante trabalhava no almoxarifado; que o reclamante não tinha contato
com a máquina Danly; que o depoente não sabe dizer se o reclamante falou no grupo
do whatsapp" (grifa­se, id. 5f14537 ­ pág. 1).

Diante do contexto probatório acima delineado, acompanha­se o entendimento de


origem no sentido de não haver suporte para a dispensa por justa causa do reclamante.
Ainda que o trabalhador tenha feito parte do grupo "Terroristas danly" do aplicativo
whatsapp ­ pelo menos no momento em que extraídas as fotografias id. f537916 (pág.
2/6) ­ , como bem ressaltado pelo Julgador de origem, a inclusão nesses grupos
independe de anuência, pois parte de iniciativa do administrador. Ademais, não há
demonstração de que o referido grupo possuísse o propósito de incitar a sabotagem dos
equipamentos da reclamada, pois a conversa de whatsapp reproduzida no id. f537916
(pág. 1) não indica o grupo ao qual relacionada ou o nome dos interlocutores, nem
mesmo expressando diálogo com aquela conotação. Ainda que assim não fosse, não há
prova da leitura das mensagens pelo reclamante, não sendo possível concluir por seu
conhecimento do teor da conversa. Por demasia, importa também mencionar que é
incontroverso não ter o reclamante laborado no local em que situada a máquina "danly"
e que o documento intitulado "histórico de ocorrências na ferramenta" lista defeitos em
peças da ré anteriores à criação do grupo do whatsapp (id. 4343f80 ­ pág. 1).

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Feitas estas considerações, entende­se não ter a reclamada logrado êxito em comprovar,
nos termos do art. 818 da CLT e 333, II, do CPC, que o trabalhador praticou conduta
passível de punição, nem mesmo pelas medidas de suspensão ou advertência, restando
evidenciado o rigor excessivo na penalidade máxima cominada. Por corolário, é
descabida a rescisão contratual por justa causa aplicada ao trabalhador com base no
art. 482, a, da CLT, impondo­se sua reversão em dispensa imotivada.

Logo, mantém­se a sentença na qual afastada a justa causa da dispensa e condenada a


reclamada ao pagamento de aviso­prévio, 13º salário proporcional de 2015, multa de
40% do FGTS, e à obrigação de liberação do FGTS e do seguro­desemprego.

Nega­se provimento ao recurso ordinário da reclamada.

II. RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. RECURSO ORDINÁRIO DO


RECLAMANTE (matéria comum).

1. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. REFLEXOS.

O Julgador de origem acolhe a conclusão pericial e defere ao reclamante o pagamento


do adicional de insalubridade em grau máximo, e reflexos em aviso­prévio, férias com
1/3 e 13º salários. Defere, ainda, diferenças de horas extras a serem calculadas
considerando o adicional de insalubridade em sua base de cálculo.

A reclamada recorre (id. b3770e3). Refere que o reclamante recebeu equipamentos de


proteção individual capazes de impedir o contato com os agentes insalubres aos quais
eventualmente exposto, quais sejam, luva de malha e creme protetor. Requer a reforma
da sentença para o afastamento da condenação imposta a título de adicional de
insalubridade e, sucessivamente, a título de honorários periciais. Ainda, em razão do
julgamento de procedência parcial dos embargos de declaração opostos pelo
reclamante, a ré adita seu recurso ordinário (id. 6c014fd), para fins de reforma da
sentença no que tange aos reflexos do adicional de insalubridade em FGTS com 40% e
em horas extras, alegando que o acessório deve seguir a sorte do principal.

O reclamante não se conforma com a decisão. Afirma devida a inclusão do adicional de


insalubridade na base de cálculo do adicional noturno e da hora noturna reduzida,
invocando o entendimento contido na Orientação Jurisprudencial nº 47 da SDI­1 e nas

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Súmulas ns. 139 e 264 do TST. Requer a reforma da decisão para condenação da
reclamada pagamento de reflexos do adicional de insalubridade nas verbas adicional
noturno e da hora noturna reduzida.

Analisa­se.

Designada a realização de perícia para aferir as condições de trabalho do autor, a


Engenheira Química e de Segurança do Trabalho Daniela Peccati dos Santos apresenta
laudo no documento id. bce6959. Nele, informa que o reclamante trabalhou como
auxiliar de expedição, função cujas atribuições são assim descritas:

O Reclamante trabalhou como Auxiliar de Expedição onde sua atividade diária era
revisar os componentes metálicos que vinham da área de estação de verificação ­ EV,
retirando os componentes de racks, realizando a contagem de cada um deles e
verificando se havia avarias nas peças. Após fazia etiquetas no qual eram coladas nos
racks que identificavam o tipo de material e a quantidade. Ao pegar as peças com a
mão, tinha contato cutâneo com óleo, pois o Reclamante utilizava luvas de malha, que
não protege contra agentes químicos. O Reclamante sempre laborou na área de
expedição.

Registra a perita que o representante da reclamada informa, na oportunidade da


inspeção, que "o auxiliar de expedição 'não toca' nas peças/componentes" (id. bce6959
­ pág. 4). Quanto aos equipamentos de proteção individual, consta no laudo que o
trabalhador "recebeu luvas para proteção das mãos contra agentes abrasivos e
mecânicos, luvas de malha, que são permeáveis, e que não protegem o trabalhador
com contato a agentes líquidos", bem como que lhe foi alcançado creme de proteção
(id. bce6959 ­ pág. 4 e 6). Ao final, conclui a expert que "as atividades realizadas pela
reclamante, em todo o período laboral, eram insalubres de grau máximo (40%) à luz
da NR­15 anexo 13 da Portaria n. 3.214/78" (id. bce6959 ­ pág. 8).

A reclamada impugna o trabalho pericial, limitando­se a sustentar que forneceu


equipamentos de proteção individuais suficientes ao afastamento do contato com os
agentes insalubres aos quais exposto o trabalhador (id. 3eb906a). Esses argumentos são

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renovados em sede de recurso ordinário. Note­se, assim, que a ré não expressa


contrariedade em relação às atividades executadas pelo autor consideradas na perícia.

Entretanto, não há nos autos elementos que autorizem o afastamento das conclusões
exaradas pela perita técnica, nos termos do art. 818 da CLT. No tocante à entrega de
equipamentos de proteção individual, a reclamada deixa de apresentar ficha de
fornecimento idônea, pois o documento id. 356efc2 (pág. 1) está rasurado e retrata
majoritariamente período anterior ao início do contrato. Ademais, os dispositivos
invocados pela reclamada como suficientes ao afastamento do contato com óleo de
origem mineral ­ luvas de malha e creme de proteção ­ não possuem a eficácia
defendida. As luvas de malha, conforme consta no laudo, são impróprias para a
manipulação de produtos químicos líquidos, por serem permeáveis e não evitarem a
penetração da substância e seu contato com a pelé. De outra parte, o uso de creme
protetor também não evita a ação dessa substância, na medida em que permite o
contato dos agentes nas partes do corpo em que foi mal aplicado e está sujeito à ação
abrasiva de equipamentos ou das unhas. Ademais, repisa­se não haver comprovação do
fornecimento destes equipamentos durante a contratualidade e, muito menos, de sua
adequada utilização pelo trabalhador.

Dessa forma, correta a decisão proferida pelo Magistrado de origem, uma vez que o
contato com óleos de origem mineral, sem o uso de EPIs adequados e suficientes,
confere ao trabalhador o direito à percepção do adicional de insalubridade em grau
máximo, conforme Anexo nº 13 da NR­15 da Portaria 3.214/78 do MTE.

Mantida a condenação ao pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo ao


reclamante, não persevera a insurgência da ré quanto aos reflexos em FGTS com 40%,
ao argumento de que são verbas acessórias. Nega­se provimento ao recurso ordinário
da reclamada. De outra parte, os reflexos em horas extras é determinado na sentença
id. 17fe618 (pág. 4), não manifestando a ré insurgência no recurso id. b3770e3, mas
apenas no aditamento recursal id. 6c014fd, ofertado decorrência da decisão de
embargos id. a075401. Preclusa a discussão da matéria, não se conhece o recurso no
particular.

Por outro lado, há repercussão do adicional de insalubridade deferido nesta ação em


adicional noturno. O art. 73, caput, da CLT determina o cálculo do adicional noturno
pelo acréscimo de 20% sobre a hora diurna. O adicional de insalubridade tem natureza
nitidamente salarial e, portanto, integra o valor da hora diurna, motivo pelo qual deve
ser base de cálculo para o adicional noturno. A respeito, a Súmula 139 do TST dispõe
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que, enquanto percebido, o adicional de insalubridade integra a remuneração para


todos os efeitos legais. Todavia, não há falar em repercussão da verba sob exame em
hora noturna reduzida. De fato, da análise dos recibos salariais, verifica­se que
reclamante não recebia rubrica específica referente à hora noturna reduzida, adotada
apenas como critério de contagem pela empregadora. Dá­se parcial provimento ao
recurso do reclamante.

Por fim, não alterada a sucumbência da reclamada na pretensão objeto da perícia,


permanece sua condenação ao pagamento dos honorários periciais, nos termos do art.
790­B da CLT.

Pelo exposto, nega­se provimento ao recurso ordinário da reclamada e dá­se parcial


provimento ao recurso ordinário do reclamante para acrescer à condenação o
pagamento de diferenças de adicional noturno pela integração do adicional de
insalubridade em sua base de cálculo.

2. INTERVALO INTRAJORNADA.

O Magistrado de primeiro grau condena a reclamada ao pagamento de trinta minutos


extras nos períodos em que não gozou integralmente o intervalo, conforme controles de
ponto, com reflexos em aviso­prévio, repousos e feriados, férias com 1/3 e 13º salários.
Determina a inclusão do adicional de insalubridade na base de cálculo da parcela.

A reclamada insurge­se contra a decisão. Afirma haver negociação coletiva que autoriza
o intervalo reduzido. Invoca o art. 7º. XXVI, da Constituição Federal. Requer a
absolvição da condenação imposta.

O reclamante também recorre. Entende fazer jus ao pagamento pelo total do período
correspondente ao intervalo intrajornada suprimido, nos termos do Enunciado nº 437
do TST. Defende, ainda, cabíveis reflexos em FGTS com multa de 40%. Requer a
reforma da decisão no particular.

Analisa­se.

Os cartões­ponto constantes nos documentos de ids. c7776c3 e 8c482d0 são


considerados válidos na decisão de origem, sem recurso das partes. De acordo com

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estes documentos, a depender da escala de trabalho à qual submetido, o reclamante


fruía de 30 minutos de intervalo intrajornada, não obstante cumprisse carga horária
diária superior a 6 horas. Ilustrativamente, de 16.01.2014 a 15.02.2014, trabalhou das
14h20min às 19h30min e das 19h30min às 22h45min de segunda a sábado (id. c7776c3
­ pág. 4).

A Convenção Coletiva de Trabalho 2013/2014, aplicável à categoria do reclamante,


prevê em sua cláusula trigésima oitava a possibilidade de redução do intervalo mínimo
de uma hora, observado o disposto no art. 71, § 3º, da CLT (id. f5a403d ­ pág. 88).
Ocorre que a reclamada não demonstra o cumprimento dos requisitos constantes
naquele dispositivo legal e, tampouco, das exigências da norma coletiva, deixando de
apresentar, por exemplo, a autorização emitida pela Superintendência Regional do
Trabalho. Portanto, o procedimento adotado pela reclamada é ilegal, tendo em vista o
disposto no artigo 71 da CLT, sendo irretocável a decisão singular que considera não ter
o reclamante fruído corretamente o intervalo intrajornada.

Entretanto, considerando que o art. 71, § 4º, da CLT é no sentido de deferir o


pagamento da totalidade do intervalo legal assegurado pelo caput do dispositivo, ainda
que gozado parcialmente, merece reforma a sentença de origem ao deferir ao autor o
pagamento de meia hora extra diária decorrente do intervalo intrajornada não
usufruído integralmente. O presente entendimento está de acordo com o item I da
Súmula 437 do TST que dispõe o seguinte:

Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não­concessão ou a concessão parcial do


intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e
rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele
suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora
normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de
labor para efeito de remuneração.

Logo, comporta guarida parcial o recurso ordinário do reclamante, para substituir a


condenação ao pagamento de 30 minutos pelos intervalos intrajornada suprimidos pela
condenação ao pagamento de uma hora extra por dia em que houve a supressão.

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Quanto aos reflexos em FGTS com 40%, por outro lado, não se conhece o recurso da
parte autora, em face da preclusão. Note­se que o reclamante não traz esta matéria à
tona nos embargos declaratórios opostos, nos quais, todavia, busca o pronunciamento
do Magistrado singular acerca da repercussão do adicional de insalubridade em FGTS
com 40%.

Por todo o exposto, nega­se provimento ao recurso ordinário da reclamada. Dá­se


parcial provimento ao recurso ordinário do reclamante para substituir a condenação ao
pagamento de 30 minutos pelos intervalos intrajornada suprimidos pela condenação ao
pagamento de uma hora extra por dia em que houve a supressão, com os mesmos
adicional e reflexos deferidos na origem.

III. RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA (matéria remanescente).

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.

O Julgador de origem defere ao reclamante indenização por danos morais em R$


5.000,00, entendendo "passível de presunção que o reclamante sofreu danos de ordem
moral, pois foi considerado como integrante de um grupo que pretendia sabotar uma
linha de produção da reclamada" (id. 17fe618 ­ pág. 5).

A reclamada, Delga Industria e Comercio S/A, recorre. Sustenta que não subsiste a
condenação imposta a título de danos morais, porque os prejuízos causados pela
modalidade de extinção contratual do reclamante são de ordem material. Aduz não ter,
o reclamante, comprovado situação humilhante pela qual teria passado por conta da
resolução contratual. Assevera também que, mesmo se afastados os motivos
justificadores da empresa, ser excessivo o valor fixado a título de indenização frente à
suposta lesão vivenciada.

Com razão.

O Direito do Trabalho assegura a dignidade do trabalhador que, se atingida, comporta


reparação. Amparam o direito do empregado à indenização por dano moral os artigos
1º, inciso III, e 5º, incisos V e X, da Constituição Federal, bem como os artigos 186 e
927 do Código Civil, estes aplicados ao direito do trabalho por força do art. 8º da CLT.
Tal indenização é cabível quando, em razão da execução da relação de subordinação

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existente no vínculo de emprego, a empresa, mediante abuso ou uso ilegal do seu poder
diretivo, atinge bens subjetivos inerentes à pessoa do trabalhador.

Na situação em apreço, consoante abordado no item supra, é ratificada a decisão


singular em que afastada a justificativa dada pela empresa para a dispensa do
reclamante, em razão de não configurado o ato de improbidade pela participação em
grupo do whatsapp. Entende­se, todavia, que tal circunstância não enseja a indenização
por danos morais à parte autora. O fato de o empregador despedir o empregado por
justa causa ­ concluindo o Poder Judiciário que não tinha reais motivos para tanto ­,
permite ao obreiro pleitear a reversão da despedida por justa causa em dispensa
imotivada, com a percepção das verbas rescisórias correspondentes em ação trabalhista,
como, aliás, se verifica na presente demanda. Assim, conclui­se pela inexistência de
abuso ou uso ilegal do poder diretivo do empregador que tenha atingido bem subjetivo
da reclamante, gerando a este o direito à indenização por dano moral.

Deste modo, não se verifica a ocorrência de prejuízo extrapatrimonial no caso em tela,


cujo ônus de prova se impunha ao reclamante e do qual não se desincumbe a contento,
a teor o que estabelecem os artigos 818 da CLT e 333, inciso I, do Código de Processo
Civil.

Dá­se provimento ao recurso ordinário da reclamada para excluir a condenação ao


pagamento de indenização por dano moral (item f do dispositivo id. 17fe618 ­ pág. 7).

IV. RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE (matéria remanescente).

REGIME COMPENSATÓRIO SEMANAL E INTERSEMANAL. TRABALHO EM


CONDIÇÃO INSALUBRE.

O Julgador singular considera regular o regime compensatório implementado pela


reclamada. Assim fundamenta a decisão:

Cumpre referir que se mostra correto o regime compensatório adotado pela empresa,
tendo em vista o contido na norma coletiva da categoria. Note­se que o único critério
estabelecido na CF para fins de sua adoção é a existência de instrumento normativo, o
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que ocorreu no caso dos autos. Além disso, os próprios instrumentos normativos
estabelecem que a realização de horas extras e o trabalho em sábados não conduz a
nulidade do regime. Assim, o sistema compensatório encontra­se regular. Da mesma
forma, não se pode admitir qualquer irregularidade em relação às compensações
para gozo de feriadões, pois também há previsão da facultada de sua adoção nas
convenções coletivas.

O reclamante considera equivocada a decisão. Aduz que o regime compensatório


semanal de jornada operado pela reclamada era nulo, pois seu trabalho era insalubre,
além de habitualmente prestar horas extras, inclusive aos sábados. Refere, também, que
a reclamada adotava, simultaneamente, o sistema denominado "banco de horas",
incompatível com o regime de compensação de jornada semanal. Requer a reforma da
decisão, a fim de ser declarada a nulidade do regime compensatório e condenada a ré
ao pagamento das horas trabalhadas além das 07h20min diárias e 44 semanais,
acrescidas dos adicionais legais e normativos, com integrações das mesmas em aviso­
prévio, férias com 1/3, 13º salários, FGTS e multa de 40%, adicional noturno, hora
noturna reduzida, repousos, feriados e adicional de insalubridade.

Com razão parcial.

Os cartões­ponto constantes nos documentos de ids. c7776c3 e 8c482d0 são


considerados válidos na decisão de origem, sem recurso das partes no particular. De
acordo com estes documentos, o reclamante esteve submetido a regime compensatório
semanal de horário (p. ex., de 16.12.2013 a 04.01.2013, id. c7776c3 ­ pág. 3) ou a
regime compensatório de horário intersemanal, pelo qual laborava 8h diárias de
segunda a sexta e em sábados intercalados (p. ex., de 16.02.2014 a 15.03.2014, id.
c7776c3 ­ pág. 5). Não se verifica a adoção de banco de horas.

A Convenção Coletiva de Trabalho 2013/2014, aplicável à categoria do reclamante,


dispõe, em suas cláusulas trigésima segunda e trigésima terceira, sobre ambos os
regimes compensatórios implementados pela reclamada, litteris:

CLÁUSULA TRIGÉSIMA SEGUNDA ­ COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO. Estabelecem as


partes, com inteiro conhecimento de causa, para vigorar mesmo em situações

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consideradas insalubres, para as empresas que já o mantenham ou venham a manter,


o regime de supressão, parcial ou total, do trabalho em 1 (um) dia da semana, com o
consequente trabalho nos demais 5 (cinco) dias, sob a forma de compensação,
observando­se o limite diário de 10 (dez) horas, tudo na forma do contido nos arts.
59, § 2º, e 413, inc. I, da CLT.

[...]

CLÁUSULA TRIGÉSIMA TERCEIRA ­ COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO


INTERSEMANAL. No regime horário em que não ocorra compensação de horas de
trabalho, como previsto na cláusula anterior, e desde que observado o limite
constitucional de 8 (oito) horas diárias, poderá haver compensação de uma semana
para outra, trabalhando­se em uma semana 5 (cinco) dias de oito horas e em outra 6
(seis) dias de oito horas, isto é, uma semana de 40:00 horas e outra de 48:00 horas,
no máximo, visando a que os empregados gozem de folga alternada sábado sim e o
seguinte não.

Conquanto os regimes compensatórios semanal e intersemanal estejam previstos em


norma coletiva, entende­se que são inválidos, já que o reclamante laborava em
condições insalubres, conforme reconhecido na sentença de origem ora mantida. Com o
cancelamento da Súmula nº 349 do TST e da Súmula nº 7 deste Tribunal, somente é
possível a compensação de horário em atividade insalubre quando houver autorização
do órgão competente do Ministério do Trabalho e Emprego, nos termos do art. 60 da
CLT. Tem­se, portanto, que era indispensável a prévia licença do órgão ministerial para
que fosse estabelecida a prorrogação de horário, exigência que não foi observada.
Nesses termos, a recente Súmula nº 67 deste Tribunal: "É inválido o regime de
compensação horária em atividade insalubre quando não atendidas as exigências do
art. 60 da CLT".

Desta forma, faz jus o autor ao pagamento apenas do adicional de horas extras sobre as
horas irregularmente compensadas (da 8ª até a 44ª, quando em regime compensatório
semanal; quatro horas em dois sábados por mês, quando cumprido regime
compensatório intersemanal), tendo em vista a invalidade dos regimes compensatórios
semanal e intersemanal aos quais submetido. Incidente o entendimento esposado na
Súmula nº 85, item IV, do TST, in litteris: "A prestação de horas extras habituais
descaracteriza o regime compensatório semanal, sendo devido adicional de hora extra
para as horas irregularmente compensadas, e hora mais adicional para as excedentes
da carga semanal". Não se adota o parâmetro 7h20min para apuração do adicional
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devido, pois não expressa a jornada normal do trabalhador. A verba deferida comporta
a adoção dos mesmos reflexos, adicional e demais critérios de cálculo estipulados na
origem quando da condenação da ré ao pagamento de horas extras pela aplicação do
critério do art. 58, § 1º, da CLT.

Dá­se parcial provimento ao recurso ordinário do reclamante para acrescer à


condenação o pagamento do adicional de horas extras sobre as horas irregularmente
compensadas (da 8ª até a 44ª, quando em regime compensatório semanal; quatro
horas em dois sábados por mês, quando cumprido regime compensatório
intersemanal), com adicional, reflexos e demais critérios fixados na origem em relação à
condenação ao pagamento de horas extras (item c, id. 17fe618 ­ pág. 7).

Assinatura

ANDRE REVERBEL FERNANDES

Relator

VOTOS

PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:

DESEMBARGADOR ANDRÉ REVERBEL FERNANDES (RELATOR)

JUIZ CONVOCADO JOE ERNANDO DESZUTA

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16/08/2016 Inteiro Teor do Acórdão | TRT­4 ­ Recurso Ordinário : RO 00203277620155040333 RS 0020327­76.2015.5.04.0333 | Jurisprudência Jusbrasil

DESEMBARGADOR JOÃO PEDRO SILVESTRIN

Disponível em: http://trt­4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/253054284/recurso­ordinario­ro­203277620155040333­rs­0020327­


7620155040333/inteiro­teor­253054292

http://trt­4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/253054284/recurso­ordinario­ro­203277620155040333­rs­0020327­7620155040333/inteiro­teor­253054292 17/17

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