v 1.1.
por Marco Fischer
Jornada
sob a
Rocha
Um local de aventura para aventureiros de nível baixo
em jogos de fantasia (D&D, OSE, Old Dragon, etc.).
O que é 'a Rocha'?
Após rir das piadinhas bobas trazidas por essa
pergunta, jogue 1d6 ou escolha:
1 - Parte do que restou de uma antiga
civilização perdida das montanhas, que
escondia suas estruturas dentro da pedra
para se proteger de seus inimigos.
2 - Um meteoro que caiu do espaço há
milênios atrás, trazendo dentro de si uma
misteriosa instalação de tecnologia avançada
ao ponto de ser confundida com magia.
3 - O esconderijo de uma guilda de magos há
muito extinta, seu último discípulo perdido
no plano astral.
4 - O coração petrificado de um deus ou
monstro gigantesco, arrancado em uma
batalha mitológica no início dos tempos e
transformado em um santuário.
5 - O protótipo de um posto avançado de
invasão, trazido no estômago de um verme
colossal por um império dos subterrâneos.
6 - Um lugar que guarda um artefato mágico,
que pode ajudar a trazer de volta uma
cidade lendária banida para outra dimensão
pelas forças do Caos.
Indo até a rocha
A Rocha pode estar localizada em qualquer
lugar ermo, preferencialmente em uma
região montanhosa e de clima semi-árido. Os
personagens podem ser enviados até ela por
um NPC, encontrá-la por acaso durante uma
viagem ou exploração, ou serem guiados por
um dos rumores a seguir (1d6):
1 - Um vilarejo próximo da Rocha é habitado
por descendentes de seus antigos ocupantes,
que querem recuperar alguns artefatos de
valor histórico para seu povo antes que sejam
estragados pelos atuais ocupantes goblins ou
roubados por aventureiros gananciosos.
2 - A Rocha está impregnada com energia
arcana, que faz com que em noites de lua
cheia ela emita uma luminosidade azulada e
fragmentos menores dela levitem a alguns
centímetros do chão.
3 - Uma figura fantasmagórica sem rosto é
vista às vezes levitando perto da Rocha,
sempre indo em direção a um ponto central
de sua superfície e sumindo ao atravessá-la.
4 - No interior da Rocha há um líquido
espesso e avermelhado que parece pulsar
com vida própria, e um alquimista com
intenções suspeitas paga bastante caro aos
goblins por frascos da substância.
5 - Pessoas e criaturas de diferentes espécies
são capturadas nas imediações da Rocha, às
vezes reaparecendo vários meses depois com
amnésia e marcas de experimentos no corpo.
6 - Os goblins que vivem na Rocha querem
estabelecer uma relação de comércio com
comunidades próximas, oferecendo minérios
raros extraídos de seu interior em troca de
ouro e comida.
Encontros aleatórIos:
Jogue 1d6 se houver a necessidade de um
encontro aleatório nos arredores imediatos
da Rocha:
1-2 - 2d6 goblins usando longos capuzes para
se proteger do sol, acompanhados por um
lagarto geco gigante treinado como animal
de carga. Eles estão levando até a Rocha um
carregamento de larvas e fungos comestíveis,
e trazem consigo pequenos arcos e lanças
curtas. Qualquer tesouro que possuam pode
ser negociado em troca de mais comida,
ferramentas ou bugigangas interessantes, mas
os goblins detestam se sentir enganados.
3-4 - Uma grande cascavel solitária cruza o
caminho do grupo. Suas escamas são negras,
com manchas brancas que lembram ossos e
faces espectrais. Ela irá seguir adiante sem
reagir, a não ser que alguém se aproxime ou
a perturbe de outra maneira.
5 - Uma matilha de 1d6+2 lobos atrozes com
aspecto encardido, que considera o entorno
da Rocha parte de seu território.
6 - Um grifo da montanha, uma fera que
combina as características de um puma e de
uma águia-real. Ele procura por animais de
rebanho para caçar, e se o grupo estiver na
companhia de cavalos ou outros animais de
grande porte, eles podem estar em perigo.
Morcegos vermelhos
Todos os dias quando o sol está se pondo,
centenas de pequenos morcegos de cor
vermelho-ferrugem deixam a Rocha para se
alimentar de mariposas, retornando logo ao
amanhecer. Esses enxames cobrem o teto
das cavernas durante o dia, e podem ser
tanto um incômodo como uma vantagem
estratégica para exploradores experientes.
Explorando a rocha:
A entrada mais clara e acessível para a Rocha
é através do vão que existe entre ela e o solo
calcário abaixo. Ele foi formado pela erosão
de um rio já seco, com a Rocha se mantendo
equilibrada sobre pedregulhos menores. Não
há como a Rocha desabar a não ser que uma
força sobrenatural ou uma operação extensa
e dispendiosa seja empregada para remover
esses pedregulhos, cada um com pelo menos
4m de diâmetro de material maciço.
Há entradas menores na parte superior, que
só podem ser alcançadas escalando a Rocha.
A maioria são frestas minúsculas usadas pelos
morcegos, mas pelo menos uma é grande o
suficiente para ser usada por um halfling ou
um humano agachado. Os goblins conhecem
essa entrada, e se ouvirem alguém subindo
1d6 deles chegarão na rodada seguinte para
repelir os intrusos com flechas. Há também 1
chance em 6 durante a escalada do grifo da
montanha que vive na região aparecer e ver
o grupo como uma ameaça ao seu ninho
(durante o dia) ou de uma centopéia gigante
em busca de comida cruzar o caminho dos
personagens, cortando a escuridão com sua
carapaça azul brilhante (durante a noite).
Sob a rocha O túnel vertIcal

Alguns arbustos raquíticos ladeiam a entrada No lado oposto à entrada do vão há um

do vão, seu aroma herbal disfarçando um
pouco o forte fedor das pilhas de sujeira dos
goblins espalhadas junto aos pedregulhos
que sustentam a Rocha. Estacas e lanças
partidas formam uma pequena paliçada que
protege o lugar dos lobos atrozes, mas um
personagem de tamanho humano ou menor
consegue passar devagar pelos espaços entre
ela sem se machucar. Os gecos gigantes que
os goblins utilizam como animal de carga
também conseguem atravessar a paliçada
sem problemas, escalando os pedregulhos e
passando por cima dela.
Durante o dia, os principais ocupantes sob a
Rocha são os enxames de morcegos no teto,
com 2 chances em 6 de também haver uma
cascavel se escondendo do sol. Já a noite, os
goblins saem para despejar baldes de dejetos
e recolher guano dos morcegos, soltando os
gecos para que eles possam esticar as patas e
comer as centopéias gigantes que saem nesse
horário para caçar os morcegos jovens ou
doentes demais para acompanhar os bandos.
buraco perfeitamente circular no teto, o
principal caminho usado pelos goblins para
adentrar seu pequeno complexo de cavernas
dentro da Rocha. Se os personagens se
tornarem amistosos aos goblins, eles irão
jogar uma escada de cordas para que possam
entrar. Caso contrário, o grupo terá que
buscar outra forma de subir os 3m de pedra
lisa a 1 metro do chão. Além disso é claro, se
não passarem despercebidos serão recebidos
a flechadas, baldes de lixo e ataques de gecos
gigantes, que estarão em vantagem no túnel.
Há um total de 5d6 goblins e 1d6 gecos nas
cavernas, além de um chefe goblin com 1d6
guarda-costas. A Rocha é apenas uma casa
temporária enquanto os goblins trabalham na
retirada de recursos como minérios e guano,
e suas famílias estão em seus lares natais no
subterrâneo das montanhas próximas. Esse
complexo utilizado pelos goblins não precisa
ser o único nível de cavernas da Rocha, com
outros podendo ser acrescentados de acordo
com a necessidade da aventura.

Essas centopéias azuis e fosforescentes são

bastante apreciadas também pelos goblins,
mas eles raramente as incluem no cardápio,
pelo trabalho em apanhá-las sem arriscar
uma ferroada (os gecos gigantes da Rocha
desenvolveram imunidade à peçonha delas).

Caso os personagens desejem estabelecer um

contato pacífico ou melhorar a relação com
os goblins da Rocha, oferecer uma ou mais
dessas centopéias azuis é uma excelente
maneira de demonstrar boa vontade. A cada
hora que se passar sob a Rocha à noite, há 2
chances em 6 de se avistar uma delas, ou elas
podem ser procuradas em frestas no teto e
nas pilhas de lixo, com uma chance de 50% a
cada local explorado. Bastante ariscas, elas
tentarão fugir para um lugar estreito se forem
atacadas, e personagens incautos podem ser
ferroados quando menos esperarem.
1. Estábulo dos gecos
Todos os gecos gigantes que pertencem aos
goblins ficam nessa caverna de teto baixo,
presos por coleiras que não os impedem de
subir nas paredes. Há 1 chance em 6 de
também haver um goblin jogando larvas
roliças de um balde para alimentá-los. Se
algum desconhecido chegar perto, eles irão
silvar alto e balançar suas correntes no maior
estardalhaço, alertando os goblins que virão
investigar o mais rápido possível.
2. Tocas dos goblIns
Esse enorme salão de pedra calcária é usado
como dormitório, refeitório e área comunal
pelos goblins quando não estão trabalhando.
Cada um deles ocupa o seu próprio buraco
malcheiroso, escavado direto na parede e
forrado com vegetação seca, sendo o maior
de todos o do chefe, onde está guardado o
tesouro dos goblins. Apenas os guarda-costas
do chefe estarão sempre armados e alertas
nessa sala, enquanto os demais goblins ficam
dormindo, socializando ou consertando suas
armas e ferramentas.
Se o grupo for bem recebido pelos goblins,
eles serão trazidos até aqui para negociarem
com o chefe e terão livre acesso a essa área,
tendo até mesmo tocas vazias oferecidas para
ficarem pelo tempo que for preciso.
Se um personagem vasculhar a forração de
uma das 41 tocas, ele terá 1 chance em 6 de
achar algo da seguinte lista (1d6):
1 - Uma peça de prata de um reino distante.
2 - Uma adaga feita de quartzo afiado.
3 - Uma estatueta de um chupacabra.
4 - Um seixo que coaxa quando molhado.
5 - Um pedaço de xilopala (gema de madeira
petrificada) que pode valer até 1d6x10 p.o.
6 - Um pote de vidro contendo besouros do
óleo de tamanho diminuto, ainda vivos.
3. Armazém
Nessa caverna escura de ar seco e poeirento
ficam os materiais retirados da Rocha pelos
goblins. Ela também é usada como despensa,
com uma dupla de confiança do chefe sendo
responsável por preparar e levar as refeições
até as tocas. Além dos goblins merendeiros,
podem haver mais 1d6-2 goblins levando ou
trazendo um carregamento a cada hora.
Com exceção da água, que é armazenada em
moringas de barro, tudo é guardado dentro
de pequenos barris de madeira próprios para
serem amarrados nas costas dos gecos. Cada
barril possui uma marcação indicando seu
conteúdo, mas para os que não souberem o
idioma Goblin a única maneira de descobrir
o que há dentro deles é checando (1d6):
1 - barril vazio.
2 - guano de morcego vermelho.
3 - cogumelos comestíveis (para goblins).
4 - larvas graúdas se contorcendo.
5 - cristal de rocha bruto.
6 - pedra de sangue ígneo, um mineral que
ao ser refinado possui propriedades mágicas
relacionadas ao fogo (pode valer até 30 p.o.).
Haverá um total de 4d6 barris quando essa
caverna for visitada pela primeira vez.
4. MInas de quartzo
O som constante das ferramentas dos goblins
batendo contra os veios cristalinos ecoa por
essa rede de cavernas como uma música. As
paredes dessas passagens são como o interior
de um geodo, cobertas por quartzo bruto.
Se o grupo entrou na Rocha subindo até uma
caverna, ela dará acesso a essa área. Sempre
há pelo menos três goblins trabalhando aqui,
as ferramentas dos demais amontoadas na
entrada com uma pilha de rochas de cristal.
Eles trazem arcos consigo para poderem se
defender de possíveis monstros ou invasores.
5. Caverna fechada
A entrada desse túnel foi bloqueada com
barris cheios com pedras e lanças fincadas no
chão, apontadas para o lado de dentro. Do
outro lado, o túnel se abre para uma câmara
de pedra longa e retangular, com um padrão
geométrico em baixo-relevo nas paredes que
foi gravado antes dos goblins ocuparem a
Rocha. Ainda há bastante quartzo no teto e
nas oito enormes drusas de cristal que saem
do chão em intervalos regulares, a mais
próxima do lado direito quebrada em vários
fragmentos espalhados pelo chão.
Se um personagem examinar qualquer uma
dessas drusas, irá notar que enclausurados
dentro dos cristais estão diversos esqueletos
humanos. Eles estão assombrados e irão se
reerguer caso sejam retirados de sua prisão
rochosa, algo que os goblins descobriram da
pior maneira ao partir uma das drusas em
lascas na intenção de vendê-las.
Há 1d6 desses esqueletos soltos pela câmara,
que após serem repelidos pela barricada dos
goblins se afastaram até o outro lado da sala
onde é mais escuro. Se alguém avançar pela
câmara, os esqueletos irão sentir as vibrações
e tentar atacar de surpresa de trás das drusas
mais ao fundo. Cada esqueleto carrega como
arma uma lâmina de cristal afiado que causa
dano como uma espada de 1 mão mas tem 1
chance em 1d6 de se estilhaçar a cada golpe,
causando 1d6 de dano em todas as criaturas
adjacentes. Um esqueleto que perca a lâmina
dessa forma passa a lutar usando suas garras.
6. Capela de crIstal
O chão dessa caverna em forma de cúpula é
revestido com dois círculos concêntricos de
cristal polido, o externo de quartzo fumê e o
interno de quartzo azul escuro. As paredes e
o teto são cobertos pelo mesmo cristal azul
em estado bruto, dando a impressão de um
domo celestial em uma noite sem lua. Sobre
o círculo menor há um altar de pedra e atrás
dele uma estátua feita de cristal transparente,
representando um ser alado de cabeça muito
alongada e mãos terminadas em garras.
Sobre o altar está o maior tesouro desse nível
das cavernas, formado por uma coleção de
materiais preciosos e estranhos instrumentos,
reunidos por um propósito conhecido apenas
pelos antigos ocupantes da Rocha.
Chegar até o altar no entanto não é tão fácil
quanto parece. O círculo externo de quartzo
fumê possui um encanto mágico que torna a
gravidade invertida sobre ele, servindo como
uma armadilha contra aventureiros incautos.
Objetos pequenos colocados sobre o círculo
flutuam devagar até o teto, enquanto algo do
tamanho de um halfling ou maior é jogado
na superfície de cristal duro e pontiagudo, o
que causa 4d6 de dano.
Depois que os personagens descobrirem uma
forma de atravessar para o círculo azul, eles
ainda terão que enfrentar mais um obstáculo.
A figura de cristal atrás do altar é uma estátua
viva, colocada com a missão de proteger o
tesouro. Apenas depois de derrotar esse leal
guardião os aventureiros poderão colocar as
mãos sobre as relíquias da capela de cristal.
A expedição na Rocha pode acabar aqui, ou
podem haver mais perigos e segredos para os
personagens desbravarem. Além de outras
cavernas, os aventureiros podem encontrar
feitiços e conhecimentos há muito perdidos,
ou entrar em contato com seres de mundos
distantes. Dependendo dos interesses do
grupo, a Rocha pode vir a se tornar um local
recorrente na campanha e trazer ainda mais
aventuras em seus salões de calcário e cristal.
Encontros nos túneIs:

Se quiser incrementar a exploração da Rocha

com alguns encontros aleatórios, jogue 1d6:

1 - 1d6 goblins com picaretas.

2 - 1 goblin rolando um barril. Use a tabela

da sala 3 para o conteúdo.

3 - 5d6 morcegos vermelhos agitados. Jogue

mais uma vez e use os dois encontros.

4 - 1 centopéia gigante azul, escondida em

um barril vazio esquecido pelos goblins.

5 - 1d6 besouros do óleo em tocas no chão.

6 - 1 viúva negra gigante que teceu sua teia

entre dois grandes cristais de quartzo.