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HIV/AIDS: Tratamento e

profilaxia
Fâni Dolabela
2023

retrovírus com genoma RNA, da Família Retroviridae


(retrovírus) e subfamília Lentivirinae
Plano de Ação para a prevenção e controle
da infecção pelo HIV
•A OMS define populações-chave (maior risco de HIV): homens que fazem sexo com homens;
pessoas que usam drogas injetáveis; pessoas em presídios e outros ambientes fechados;
trabalhadoras(es) do sexo e seus clientes; e pessoas trans.
•O aumento da vulnerabilidade ao HIV→ fatores legais e sociais, o que aumenta a exposição
a situações de risco e cria barreiras para o acesso a serviços de prevenção, testagem e
tratamento
eficazes, de qualidade e acessíveis.
•Testes de diagnóstico rápido que podem fornecer resultados no mesmo dia→ diagnóstico
e tratamento precoce
•Não há cura→ medicamentos antirretrovirais eficazes podem controlar o vírus e ajudar
a prevenir a transmissão para outras pessoas.
•No final de 2019, cerca de 81% das pessoas que viviam com HIV sabiam de sua condição;
67% estavam recebendo terapia antirretroviral e 59% haviam atingido a supressão viral,
•No final de 2019, 25,4 milhões de pessoas acessavam a terapia antirretroviral.
•Entre 2000 e 2019, as novas infecções pelo HIV caíram 39% e as mortes relacionadas ao HIV
caíram 51%,
•15,3 milhões de vidas salvas graças à terapia antirretroviral
• Formas de transmissão:
• Sexual
HIV/AIDS • Sanguínea (Droga e doação de sangue
• Vertical
• Ocupacional
Controladores de elite
e outros grupos
• Caracterizam‐se : contagem de linfócitos TCD4
estável, carga viral indetectável (inferior a 50
cópias/mL)
• Clinicamente: não apresentar sintomatologia,
sem uso de antirretrovirais.
• Tem capacidade aumentada de combater a
infecção, seja por terem células do sistema
imunológico com função ampliada ou por
herança genética, como mutação homozigótica
Delta32 no gene CCR5, aprimoramento genético
da enzima Apobec e genes do cromossomo 6
que codificam proteínas do sistema antígeno
leucocitário humano.
A infecção aguda
• Síndrome Retroviral Aguda (SRA)
• SRA: autolimitada
• SRA: semelhante a outras viroses
• Sorologia (-), métodos moleculares
RNA (+)
• Período de incubação: É o período
compreendido entre a infecção
pelo HIV e aparecimento de sinais
e sintomas da fase aguda,
podendo variar de cinco a 30 dias
Fase sintomática
• A infecção progride→ os sintomas
tornam-se frequentes
• Nesse período →LT-CD4+ queda
• - Diarreia inexplicável, etc.
• Infecções oportunistas
Relatos de cura do HIV
• 2009 – Timothy Ray Brown, chamado de “paciente ❖células T ou macrófagos que não expressam
de Berlim”, foi a 1ª pessoa considerada curada do CCR5 estão protegidos da infecção por
HIV.
estirpes de HIV que utilizam este receptor.
• 2019 – Adam Castillejo, o “paciente de Londres”;
❖Após o transplante e a cessação da TARV→
• 2022 – os 3º e 4º casos foram uma mulher e um níveis plasmático indetectáveis RNA HIV
homem, que tiveram suas identidades preservadas....
durante 30 meses.
❖ O paciente de Londres é um homem que vive com
HIV → e doença de Hodgkin →transplante de células ❖Condições normais→ tempo médio para a
troncos dador que tinha uma mutação no recuperação viral após a cessação da TARV é
gene CCR5 ( CCR5 ∆32/∆32). de 2–3 semanas.
❖ CCR5 é um receptor chave → HIV
❖Sêmen e líquido cefalorraquidiano e
amostras de intestino, linfonodos e tecido
retal: Baixos níveis de ADN do HIV foram
encontrados no tecido dos gânglios
linfáticos e nas células T CD4 + não estavam
intactos, o que é consistente com
fragmentos virais arquivados que não
podem ser replicados.
Relatos de cura do HIV
• Timothy Brown, por vezes referido como o paciente de Berlim) recebeu um
transplante de células estaminais de um dador CCR5 ∆32/∆32 e esteve sem
TARV durante mais de 13 anos com ARN HIV plasmático indetectável. Amostras
de sangue e tecidos:
• e nenhum vírus foi detectado em quase todas as amostras, exceto algumas amostras de
sangue e uma amostra de tecido retal, nas quais foram detectados vestígios de HIV. No
momento do teste, considerou-se que esta descoberta representava uma contaminação
de baixo nível do ensaio.
• A maior parte dos vírus que persistem na TARV são defeituosos e incapazes de se replicar, e
somos capazes de quantificar melhor os vírus intactos e defeituosos com sequenciação
quase completa.
• Portanto, uma cura para o HIV pode ser melhor definida como
ausência de vírus intacto, em vez de ausência de vírus detectável.
• https://doi.org/10.1016/S2352-3018(20)30075-8
HIV/AIDS tem
cura?
• Desafios para obter a cura
• Fármacos atuam em vírus em
divisão
• “Reservatórios do vírus” não
estão se dividindo
• Diagnóstico precoce +
tratamento precoce
• Vacina: dificuldade – mutação
• Melhorar o tratamento - adesão
• Diferentes estratégias de tratamento
• Sexo seguro e Profilaxias
Adesão
Cascata do cuidado continuo do HIV

Acolhimento

Acolhimento clinico regular


Prevenção combinada do HIV
• Prevenção: biomédicas,
estruturais e comportamentais
Tratamentos não medicamentosos

Nutricional Benefícios da atividade física


Atividade física
Deve adiar o início
HIV/AIDS
• Subtipos: HIV1- 99% dos casos; HIV2- África ocidental e algumas
regiões da Europa (maior de latência)
• HIV-1 em dois grupos, M (major) e O (outlier), com variabilidade genética de
até 30%. No grupo M, identificam-se nove subtipos (A, B, C, D, E, F, G, H e I), e
no grupo O, apenas um.
• HIV-2 subtipos: A, B, C, D, e E.
• Primeiras semanas da infecção pelo HIV: anticorpos anti-HIV (soro
conversão: em torno da 4ª semana),
• bilhões de partículas virais são produzidas diariamente,
•  viremia plasmática → infectante
Ciclo de vida do vírus na célula humana
• 1. ligação de glicoproteínas virais (gp120) ao receptor específico da
superfície celular (principalmente linfócitos T-CD4);
• 2. fusão do envelope do vírus com a membrana da célula hospedeira;
• 3. liberação do "core" do vírus para o citoplasma da célula hospedeira;
• 4. transcrição do RNA viral em DNA complementar, dependente da enzima
transcriptase reversa;
• 5. transporte do DNA complementar para o núcleo da célula, onde pode
haver integração no genoma celular (provírus), dependente da enzima
integrase, ou a permanência em forma circular, isoladamente;
• 6. o provírus é reativado, e produz RNA mensageiro viral, indo para o
citoplasma da célula;
• 7. proteínas virais são produzidas e quebradas em subunidades, por
intermédio da enzima protease;
• 8. as proteínas virais produzidas regulam a síntese de novos genomas
virais, e formam a estrutura externa de outros vírus que serão liberados
pela célula hospedeira; e
• 9. o vírion recém-formado é liberado para o meio circundante da célula
hospedeira, podendo permanecer no fluído extracelular, ou infectar novas
células.
Infecções oportunistas
• Infecções recorrentes ocasionadas
por fungos (na pele, boca e
garganta);
• Diarreia crônica há mais de 30 • estágio mais avançado →são
dias, com perda de peso;
• Pneumonia; graves e podem ser fatais
• Tuberculose disseminada; • Profilaxia primaria: 1º caso
• Neurotoxoplasmose; • Profilaxia secundária: recidiva
• Neurocriptococose;
• Citomegalovirose;
• Pneumocistose.
Profilaxia primária
Profilaxia secundária
Profilaxia secundária das infecções oportunistas (prevenção de recorrência)
Agente 1ª escolha Alternativas Critério de suspensão

Dapsona 100mg/dia ou
Pneumocystis jirovecii Sulfametoxazol + trimetoprima (800/ 160mg) três vezes por semana Boa resposta à TARV com manutenção de LT-CD4+ > 200 cel/mm3 por mais de três meses
Pentamidina 300mg aerossol uma vez por mês (respirgard II)

Peso<60kg: sulfadiazina 500mg quatro vezes ao dia + pirimetamina 25mg uma vez ao dia + ácido
folínico 10mg uma vez ao dia
Clindamicina 600mg três vezes ao dia + pirimetamina 25-50mg uma vez ao dia + ácido folínico 10mg
Toxoplasma gondii uma vez ao dia Boa resposta à TARV com manutenção de LT-CD4+ > 200 cel/mm3 por mais de seis meses
*Acrescentar cobertura profilática para pneumocistose
Peso>60kg: sulfadiazina 1.000mg quatro vezes ao dia + pirimetamina 50mg por dia + ácido
folínico 10mg uma vez ao dia

Após um ano de tratamento para MAC, na ausência de sintomas e LT-CD4+ > 100 cel/mm3, estável
Complexo Mycobacterium avium Claritromicina 500mg duas vezes ao dia + etambutol 15mg/kg /dia (máximo 1.200mg/dia) Azitromicina 500mg uma vez ao dia + etambutol 15mg/kg /dia (máximo 1.200mg/dia) por mais de seis meses.
Reintroduzir se LT-CD4+ <100 cel/mm3

Término do tratamento da criptococose e boa resposta à TARV com manutenção de LT-CD4+ > 200
Cryptococcus sp. Fluconazol 200mg uma vez ao dia Itraconazol 200mg duas vezes ao dia ou anfotericina B desoxicolato 1mg/kg uma vez por semana
cl/mm3 por mais de seis meses

Não há recomendação específica. No entanto, indica-se a suspensão da profilaxia com LT-CD4+


Isospora belli Sulfametoxazol + trimetoprima (800/160mg) três vezes por semana Pirimetamina 25mg uma vez ao dia + ácido folínico 10mg três vezes por semana
estável > 200 cel/mm3 por mais de três meses

Citomegalovírus
Ganciclovir EV 5mg/kg cinco vezes por semana Foscarnet 90-120mg/kg uma vez ao dia Boa resposta à TARV com manutenção de LT-CD4+ > 100-150 cel/mm3 por mais de 3-6 meses
(não indicada rotineiramente para doença gastrointestinal)

Manutenção por tempo indeterminado, pois não há evidência suficiente para a recomendação de
interrupção do itraconazol. Considerar suspensão após um mínimo de um ano de tratamento de
Histoplasmose (doença disseminada ou infecção de sistema nervoso central) Itraconazol 200mg uma vez ao dia
manutenção, na ausência de sintomas e LT-CD4+ > 150 cel/mm3, estável por mais de seis meses.
Reintroduzir se LT-CD4+ <150 cel/mm3

Candidíase esofágica Não se indica a profilaxia secundária para candidíase esofágica


Herpes simplex
Aciclovir 400mg duas vezes ao dia Fanciclovir 500mg duas vezes ao dia ou valaciclovir 500mg duas vezes ao dia
(infecção recorrente > 6 vezes por ano)
PrEP Profilaxia Pré-exposição ao HIV( PrEP):
mulheres
• Opção eficaz para prevenção do HIV
• A avaliação da saúde sexual→faz parte de uma população-chave, além de
caracterizar práticas sexuais.
• Populações-chave: pessoas trans, profissionais do sexo, parcerias sorodiferentes
para o HIV, gays e homens que fazem sexo com outros homens.
• Também devem ser considerados os seguintes indicativos:
• › Repetição de práticas sexuais anais e/ou vaginais com penetração sem o uso de
preservativo.
• › Frequência das relações sexuais com parcerias eventuais sem uso de preservativos.
• › Quantidade e diversidade de parcerias sexuais.
• › Histórico de episódios de IST. › Busca repetida por PEP.
• › Contextos de troca de sexo por dinheiro, objetos de valor, drogas, moradia etc.
• Caso algum desses critérios seja preenchido, a PrEP está indicada. Deve-se ressaltar que a adesão ao uso
da PrEP é um fator crítico na proteção. A
Profilaxia Pré-exposição ao HIV( PrEP)
• 1.2.Escolha do método • Avaliação da intenção das
preventivo condições do uso do PrEP
• Percepção do próprio risco
• Autonomia do individuo
• Visa reduzir a ansiedade e medo de
contrair o vírus
• Dificultadores: medo de RAM,
constrangimento em falar da vida
sexual com o profissional, uso de
• Se PrEP: informação para adesão drogas
• Estigmas da adoção do PrEP
Seguimento dos usuários de PrEP

Dispensação inicial: 30 dias (RAM, adesão, teste anti-


HIV, condição imunológica, certificar que o método é
o mais adequado);
Se identificado problemas: dispensar por menor
período e orientar
Sem problemas: 90 dias
Uso repetido da Profilaxia Pré-exposição
(PrEP)
• + 2 x/ ano
PrEP
• tenofovir + entricitabina
• duas modalidades de PrEP indicadas: a PrEP diária e a PrEP sob demanda.
• PrEP diária: consiste na tomada diária dos comprimidos, de forma contínua, indicada
para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade ao HIV
• PrEP sob demanda: consiste na tomada da PrEP somente quando a pessoa tiver uma
possível exposição de risco ao HIV. Deve ser utilizada com a tomada de 2
comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual, + 1 comprimido 24 horas após
a dose inicial de dois comprimidos + 1 comprimido 24 horas após a segunda dose.
• A PrEP sob demanda é indicada para pessoas que tenham habitualmente relação sexual com
frequência menor do que duas vezes por semana
• garantem a segurança e eficácia da PrEP: homens cisgêneros heterossexuais, bissexuais, gays e
outros homens cisgêneros que fazem sexo com homens (HSH), pessoas não binárias designadas
como do sexo masculino ao nascer, e travestis e mulheres transexuais - que não estejam em uso de
hormônios à base de estradiol.
Papel do farmacêutico no PrEP
Profilaxia Pós-Exposição (PEP) de risco a
infecção ao HIV
• Acidente de trabalho e prática sexual
Status sorológico da pessoa exposta
PEP
• Realizar Profilaxia Pós-Exposição (PEP), quando indicado: a PEP é uma
das estratégias de prevenção do HIV.
• Situação de potencial exposição ao HIV dentro das 72 horas
anteriores,
• medicamentos tenofovir e lamivudina+ medicamento
dolutegravir.
• A profilaxia deve ser realizada por 28 dias e a pessoa tem que
ser acompanhada pela equipe de saúde, inclusive após esse
período realizando os exames necessários.
Avaliação do risco cardiovascular
HIV →alterações SNC

Nas fases iniciais (sintomas leves): déficit de memória, lentidão no processamento mental, perda da
capacidade de concentração, apatia e perda de interesse no trabalho e nos hobbies.
Nos quadros leves e moderados: os sintomas são mais discretos,
Evolução da doença: os déficits tornam-se mais graves e maior comprometimento da realização das tarefas
da vida diária.
distúrbios da marcha, tremor e perda da habilidade motora fina
Estágio avançado da doença: o paciente é incapaz de realizar atividades simples (intensa dificuldade
motora.
Antidepressivos inibidores de CYP- antirretrovirais metabolismo
Ansiedade x HIV/AIDS
• Sintomas: incertezas da progressão da doença, temores. Sofrimento, alterações
corporais, tratamento e morte
▪ Ansiedade: diminuição de CD4 e CD8.
• Níveis de Cortisol elevado: favorece a progressão da doença
• Níveis de noradrenalina e ocitocina elevados: diminuição de CD4, aumento da
carga viral e manutenção da ansiedade e estresse
• RAM Evafirenz: agitação, agressividade e diminuição da atenção
• Tratamento: antidepressivo ou BDZ
• Interações medicamentosas (IP + BDZ): lorazepam o mais seguro
Objetivo do tratamento medicamentoso

FUTURO
-Terapias genéticas e o uso de anticorpos para
neutralizar o HIV
-Investigações sobre porque algumas pessoas
infectadas são capazes de se manter em remissão
sem medicação após tratamentos
-Vacina

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