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CONTEÚDO E FUNÇÕES SISTEMÁTICAS DOS JUÍZOS DE ILICITUDE E

CULPABILIDADE

Matheus Oliveira Araújo

Política criminal e sistema jurídico-penal


Claux Roxin

Roxin propõe um sistema baseado em uma perspectiva normativa, substituindo elementos


ontológicos da teoria do crime para sustentar um direito penal como forma de expressão das
finalidades político-criminais. Dessa forma, sua proposta resgata a vinculação entre o direito
penal e a política criminal.

No funcionalismo-teleológico de Roxin, as categorias do delito são estruturadas de maneira a


atender as finalidades político-criminais.

Capítulo VI
Cada categoria do delito – tipicidade, ilicitude e culpabilidade – deve ser observada e
desenvolvida a partir dos fins político-criminais.

1. Categorias do delito
a. Tipicidade → o tipo está ligado a ideia de determinação legal. Os tipos servem,
portanto, ao cumprimento do princípio nullum-crimen, devendo ser estruturados
dogmaticamente a partir dele;
b. Ilicitude → é categoria responsável pela solução social de conflitos. É feita a
ponderação da colisão entre interesses sociais globais e interesses individuais
(regulação social mediante ponderação de interesses em situações de conflito);
c. Culpabilidade → questão normativa de como e até que ponto é preciso aplicar
a pena a um comportamento em princípio punível, se for ele praticado em
circunstâncias excepcionais (exigências das teorias dos fins da pena).
Capítulo VIII
As causas de justificação são responsáveis por introduzir a dinâmica das modificações sociais
na teoria do delito.
1. Tipo x Ilicitude
a. O tipo está limitado pela própria linguagem;
b. As causas de justificação, por outro lado, são constantemente modificadas,
de tal forma que novas causas de justificação surgem e as antigas são
eliminadas → Essas modificações decorrem não só das alterações
legislativas, mas também por criação do direito costumeiro e
jurisprudencial.

A ordem jurídica como um todo contribui para a formação dos direitos de intervenção

As causas de justificação divergem do tipo em sua finalidade político-criminal e, por


conseguinte, a dogmática deve adotar metodologia distinta do tipo.

2. Causas de justificação
a. Legítima defesa: está fundamenta nos princípios da autodefesa e da
proteção à ordem jurídica, encontrando limite na proporcionalidade →
todos têm direito de se defender contra agressões proibidas de forma que
não sofram dano;
b. Estado de necessidade: também se liga aos princípios da autodefesa e da
ponderação de bens.

As causas de justificação não descrevem ações, pois valem para diversos tipos simultaneamente
→ A dinâmica das causas de justificação provoca um relaxamento do princípio nullum crimen.

Capítulo IX
No modelo proposto por Roxin, a culpabilidade é cunhada político-criminalmente pela teoria
dos fins da pena.
1. Culpabilidade → após a constatação de que a ação/omissão do sujeito não está
amparada por uma causa de justificação, cumpre a esta categoria dogmática
responder a seguinte indagação: O comportamento do sujeito merece pena?
a) Inexigibilidade de conduta diversa → quando não é possível evitar a
realização do injusto estará excluída a aplicação da pena, pois “nada se pode
retribuir a uma culpabilidade inexistente”.
b) Reprovabilidade da conduta → Não é possível utilizar da prevenção
especial a uma pessoa que não possuí conduta reprovável.

As medidas preventivas não devem resultar em punição quando não houver culpabilidade, da
mesma forma que a culpabilidade de um indivíduo não é motivo válido para justificar a
punição, a menos que seja essencial do ponto de vista preventivo.

2. Hipóteses em que a pena não deve ser aplicada para Roxin


a) condutas praticadas nos casos em que exista grave perigo a integridade física;
b) situações de força maior formuladas como excludentes de culpabilidade pela
lei;
c) na desistência, a noção de voluntariedade deve ser interpretada normativamente
a partir da teoria dos fins da pena, tendo em vista que aquilo que o próprio
sujeito reparou antes do advento do resultado não lhe deve ser retribuído;
d) Aqueles que agem em erro também devem ser isentos de pena.

Capítulo X
Para Roxin, o direito penal e a política criminal não são opostos.

1. Direito penal → é a forma pela qual as finalidades político-criminais podem ser


transferidas para o modo da vigência jurídica.
a) Roxin defende a impossibilidade de haver um divórcio entre a construção
dogmática e a política criminal;
b) A introdução da política criminal no campo do direito penal não acarreta a
desistência ou relativização do pensamento de sistema;
c) Segundo Roxin, o sistema que ele propõe está mais próximo da realidade,
pois permite soluções adaptadas às peculiaridades do caso concreto.

A principal crítica que Roxin faz aos sistemas abstratos diz respeito ao desprezo pelas
peculiaridades do caso concreto.

2. Sistemas de elementos x Sistema funcionalista


a) Sistema de elementos → os esforços são voltados para definir sobre o
posicionamento que cada categoria do delito deve ocupar no sistema (ex: o
dolo pertence ao tipo ou à culpabilidade?);
b) Sistema funcionalista → o fato global deve ser considerado sob a perspectiva
das diferentes categorias do delito.

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