Inicialmente, é salutar trazer o conceito de garantismo penal segundo
o espanhol Luigi Ferrajoli, o qual, atribuía um excelso respeito aos direitos fun- damentais e às garantias processuais no que tange aos problemas de aplica- ção de pena, delito e de processo penal. Esse conceito foi construído a partir de um Estado em que os direitos fundamentais não eram respeitados, pois naquela época o sistema majoritário era o totalitarismo, ou seja, essa teoria foi sedimentada para proteger o cidadão contra os diversos abusos estatais, transformando-o em sujeito de direitos e não tão somente em objeto. Conforme pensamento exposto pelo docente e promotor Douglas Fis- her o que se quer estabelecer é uma imunidade e não impunidade, ou seja, fazendo com que as pessoas detenham de proteção contra a arbitrariedade das autoridades, tendo assim respeito a forma em consonância com os direitos e deveres fundamentais. b) Aplicação do garantismo no Brasil
Quanto a aplicação no Brasil, ver-se-á voltada tão somente para a
garantia da impunidade, pautada na defesa única dos direitos fundamentais do acusado, tão pouco importando os deveres para com a sociedade. Agindo de maneira parcial e errônea, o judiciário e os doutrinadores brasileiros acabam por despontar de fato no chamado pelo professor de garantismo hiperbólico mo- nocular, utilizando o garantismo de forma negativa, tampouco se importando para o dever de segurança que o Estado detém para evitar condutas criminosas. Essa aplicação exacerbada e errônea do garantismo, acaba por cul- minar na sociedade e nas autoridades públicas uma sensação de impunidade, o que levou, conforme vemos nos noticiários, o Direito Penal Subterrâneo, com uma onda de produção de provas ilícitas para conseguir de fato uma condenação de alguém sabidamente criminoso. c) Conclusão Diante do conteúdo elucidado, tendo em vista as problemáticas trazi- das à baila por esse discente, observa-se que o real objetivo do garantismo penal é respeito aos direitos e DEVERES fundamentais e às garantias processu- ais, tendo o acusado como sujeito de direito, mas resguardando os deveres do Estado de coibir condutas criminosas. E que no Brasil tem-se utilizado dessa teoria de forma exagerada “olhando” apenas o lado do acusado, o que pode culminar em impunidade e ou- tras ilegalidades, como por exemplo, o Direito Penal Subterrâneo, conforme disposto acima. Vale lembrar também, que o uso desenfronhado e parcial dessa teoria pode acabar fazendo que a mesma perca sentido, dessa forma voltaría- mos a um Estado totalitário que não respeita os interesses sociais e coletivos
Responsabilidade Objetiva na Lei Anticorrupção e Compliance: construção do conceito de culpabilidade de empresa na busca de uma política pública eficiente