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4º CURSO TÉCNICO SUPERIOR PROFISSIONAL DE

APOIO DOMICILIÁRIO

1º ANO – 1º SEMESTRE

UNIDADE CURRICULAR
ANATOMIA E FISIOLOGIA

O SISTEMA DIGESTIVO

© Prof. Joaquim Simões | ESSS 1


Objetivos da unidade temática:
Pretende-se que o estudante seja capaz de

• Descrever anatomicamente a composição do sistema digestivo, com destaque das


partes/regiões dos diferentes órgãos que o constituem

• Conhecer as várias funções do tubo digestivo, em particular das diferentes estruturas


que o constituem

• Descrever o processo de deglutição e as suas fases

• Conhecer as principais atividades secretórias das estruturas digestivas e a sua


importância no processo da digestão

• Identificar os principais efeitos do processo de envelhecimento no sistema digestivo

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Perspetiva funcional global do sistema digestivo

x Ingestão – introdução de alimentos na cavidade oral x Digestão – desdobramento das moléculas orgânicas nos
seus constituintes: digestão química e digestão mecânica

Absorção – mecanismo que permite a passagem das


x Mastigação – trituração dos alimentos e a sua digestão
mecânica x moléculas do tubo digestivo para a circulação ou para
o espaço extracelular

x Propulsão – movimento dos alimentos de uma


extremidade do tubo digestivo à outra x Transporte – mecanismo que permite a distribuição
das moléculas pelo organismo

Mistura – fracionamento e mistura dos alimentos como


x resultado de contrações peristálticas, facilitando o seu
contacto com as secreções digestivas
x Eliminação – processo pelo qual os resíduos da
digestão são retirados do organismo (defecação)

Secreção – secreções são adicionadas aos alimentos à


x
Regulação – mecanismos nervosos e hormonais que
medida que vão progredindo no tubo digestivo, lubrificando- regulam em particular as funções de mastigação,
os, liquefazendo-os e digerindo-os propulsão, secreção, absorção e eliminação

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Constituintes anatómicos

Tubo digestivo Estruturas anexas

cavidade oral glândulas salivares


faringe fígado
esófago pâncreas
estômago
intestino delgado
intestino grosso
canal anal e ânus

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Tubo digestivo

HISTOLOGIA DO TUBO DIGESTIVO

• a parede do tubo digestivo é composta por 4 camadas:


• mucosa, correspondendo a um tipo de tecido epitelial
de revestimento interno
• submucosa, presente abaixo da camada mucosa
• muscular
• serosa ou adventícia, relativa ao revestimento externo,
formada por tecido conjuntivo frouxo

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Tubo digestivo
Cavidade oral
• corresponde ao espaço delimitado
anteriormente pelos lábios, posteriormente
pela fauce, lateralmente pelas paredes
internas das bochechas, superiormente pelo
palato (duro e mole) e inferiormente por um
pavimento muscular
• é na cavidade oral que ocorrem os tempos
relativos às duas funções iniciais do processo
alimentar (ingestão e mastigação)
• também é na cavidade oral que ocorre a
primeira fase do processo de deglutição
(fase cefálica)
• para além de outras estruturas fundamentais
como a língua e as glândulas salivares,
salienta-se a importância da dentição
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Dentes
• os adultos (sem alterações) possuem 32 dentes, distribuídos por duas
arcadas dentárias, uma maxilar (superior) e outra mandibular (inferior)
• a distribuição das peças dentárias de cada metade de arcada é
simétrica da outra
• os dentes do adulto são definitivos ou de segunda dentição; na sua
maioria são substituições dos dentes primários ou deciduais (dentes
de leite) perdidos durante a infância
• os dentes deciduais (primários) irrompem entre os 6 e os 24 meses; o
processo de substituição dos dentes deciduais pelos definitivos inicia-
se pelo final dos 5 anos e termina por volta dos 11 anos
• os dentes estão relacionados com a fragmentação dos alimentos em
pedaços menores pelo ato voluntário e reflexo chamado de mastigação
• essas estruturas apresentam-se com formas diferentes (incisivos,
caninos, pré-molares e molares), cada uma adaptada a uma função
mais específica nesse processo da mastigação
• é importante destacar que, no caso de um dente se apresentar
ausente ou defeituoso, isso pode comprometer significativamente o
processo de mastigação
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Tubo digestivo
Faringe
• já foi abordada no contexto do sistema
respiratório, sendo a porção correspondente
à orofaringe que mais nos interessa agora
• é na orofaringe que ocorre o tempo inicial
relativo à função de propulsão

• também é na orofaringe que ocorre a


segunda fase do processo de deglutição
(fase faríngea)

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Tubo digestivo
Esófago
• logo após a faringe, sucede-se o esófago, uma estrutura
tubular longa (aproximadamente 25 cm), de paredes
espessas e situada no mediastino, imediatamente atrás da
traqueia e posicionada anteriormente à coluna vertebral
• atravessa o diafragma num ponto designado por hiato
esofágico e liga-se ao estômago
• na submucosa existem muitas glândulas que produzem
muco espesso e lubrificante
• toda a sua porção final funciona como um esfíncter, que
se abre apenas com a chegada de uma onda peristáltica
• a entrada e saída de conteúdo do esófago é controlada
pelo esfíncter esofágico superior e pelo esfíncter
esofágico inferior ou cárdia
• é já no esófago que ocorre o segundo tempo relativo à
função de propulsão
• também é no esófago que ocorre a terceira fase do
processo de deglutição (fase esofágica) © Prof. Joaquim Simões | ESSS 10
Tubo digestivo
Estômago
• o estômago é o órgão que corresponde à porção mais
dilatada do tubo digestivo e localiza-se entre o esófago e o
duodeno, contactando com estas estruturas pelos orifícios
cárdico e pilórico, respetivamente
• encontra-se recoberto e ligado a outros órgãos pelo
peritoneu
• o estômago acumula diversas funções: mistura, secreção,
digestão e absorção
• é um órgão formado por várias regiões anatómicas
importantes, sendo as suas 5 principais divisões:
• cárdia
• fundo
• corpo
• antro
• piloro
• como o nome indica, o cárdia circunda o orifício cárdico,
que é a abertura entre o esófago e o estômago; é a primeira
parte do estômago que a comida ingerida atinge, © Prof. Joaquim Simões | ESSS 11
representando a região de entrada
• o fundo é a dilatação superior do estômago, que está localizada
superiormente a um plano horizontal a nível do orifício cárdico
• a seguir, surge o corpo (ou corpo gástrico), que é a maior parte
do órgão
• por fim, a região pilórica corresponde à zona de saída do
estômago (passando o conteúdo alimentar dali para o duodeno)
e é ainda dividida em duas áreas distintas:
• o antro, conectado ao corpo e
• o piloro, conectado ao duodeno
• o conteúdo do canal pilórico entra no duodeno através do
orifício pilórico, que tem a sua abertura e encerramento
controlados pelo esfíncter pilórico, uma camada circular de
musculatura lisa
• o órgão tem uma forma de J caraterística, criada por duas
curvaturas desiguais
• a curvatura mais longa e convexa está localizada do lado
esquerdo do estômago e é chamada de curvatura maior; começa
na incisura cardíaca que é formada entre o bordo do esófago e o
fundo gástrico
• já a curvatura mais curta encontra-se do lado direito do 12
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estômago e é a curvatura menor
Tubo digestivo
Intestino delgado
• o intestino delgado é a porção mais longa do tubo
digestivo
• estende-se desde o estômago (piloro) até ao intestino
grosso (ceco/cego) e consiste em 3 partes que juntas
podem ter mais de 6 metros de comprimento:
• duodeno (25 cm)
• jejuno (2,5 m)
• íleo (3,5 m)
• o percurso do quimo demora cerca de 3 a 5 horas a ser
realizado
• as principais funções do intestino delgado são completar
a digestão dos alimentos ingeridos e de absorção dos
nutrientes e água
• ocorre a maior absorção de nutrientes graças às
especializações da mucosa: pregas circulares, vilosidades
e microvilosidades
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Duodeno
• o duodeno é o primeiro segmento do intestino delgado

• estende-se do esfíncter pilórico do estômago, contorna a


cabeça do pâncreas num formato de C e termina na flexura
duodeno-jejunal

• esta flexura está ligada à parede abdominal posterior por


uma prega peritoneal denominada músculo suspensório
(ligamento) do duodeno, também chamada de ligamento de
Treitz

O duodeno tem quatro partes: superior (bulbo duodenal ou


ampola), descendente (ou segunda porção), horizontal (ou
terceira porção) e ascendente (ou quarta porção)

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Jejuno
• o jejuno é a segunda parte do intestino delgado
• começa na flexura duodeno-jejunal e localiza-se no quadrante
superior esquerdo do abdómen
• não existe uma linha de demarcação entre o jejuno e o íleo, porém
existem algumas diferenças anatómicas e histológicas que os
diferenciam:
• o jejuno representa os dois quintos proximais da estrutura do
jejuno e o íleo
• a parede do jejuno é mais espessa e o seu lúmen é mais largo
que o do íleo
• o jejuno contém pregas circulares de Kerchring mais
proeminentes

Íleo
• o íleo é a parte mais longa do intestino delgado
• encontra-se no quadrante inferior direito do abdómen, enquanto o
íleo terminal pode estender-se até a cavidade pélvica
• o íleo termina no orifício ileal (junção ileocecal), onde o cego
(ceco) do intestino grosso começa
• na junção ileocecal, a camada muscular do íleo sobressai para o
lúmen do ceco, formando uma estrutura conhecida como dobra
ileocecal
• essas fibras musculares formam um anel muscular nesta
dobra chamado de esfíncter, que controla o esvaziamento do
conteúdo ileal no intestino grosso © Prof. Joaquim Simões | ESSS 15
Tubo digestivo
Intestino grosso
• corresponde à porção do tubo digestivo que se estende da
junção ileocecal até ao ânus
• divide-se em 4 regiões:
• cego / ceco
• cólon
• reto
• canal anal e ânus
• o seu conteúdo demora cerca de 18 a 24 horas a percorrer
toda a extensão uma vez que os seus movimentos são mais
lentos do que os do intestino delgado
• na sua passagem ao intestino grosso, o quimo transforma-
se em fezes
• as principais funções do intestino grosso são de propulsão,
absorção (água e iões/sais minerais) e de eliminação

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Cego
• é a porção proximal do intestino grosso, correspondendo ao local
onde o intestino delgado e o intestino grosso se unem na junção
ileocecal
• ligado ao cego existe um pequeno tubo sacular, com cerca de 6 a 9
cm, o apêndice cecal (ou vermiforme)

Cólon
• o cólon corresponde à porção do intestino grosso que se estende
entre o cego (ceco) e o reto
• tem cerca de 1,5 metros de comprimento e é composto por 4 partes:
• cólon ascendente
• cólon transverso
• cólon descendente
• cólon sigmoide
• pode ser facilmente reconhecido através das caraterísticas
morfológicas macroscópicas como dobras e bolsas semilunares
chamadas haustras
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• o cólon ascendente encontra-se retroperitonealmente no
lado direito da cavidade abdominal e dirige-se em direção à
flexura cólica direita próxima à superfície inferior do fígado
(ângulo hepático)

• o cólon transverso estende-se entre o ângulo cólico direito


em direção ao baço, formando a flexura cólica esquerda
(ângulo esplénico)

• iniciando no ângulo cólico esquerdo, o cólon descendente


procede inferiormente estendendo-se ao longo do lado
esquerdo da cavidade abdominal e transforma-se no cólon
sigmoide, que possui uma forma aproximada de S

• o cólon sigmoide prolonga-se para o interior da bacia e


termina no reto ao nível S2-S3

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Reflexos do cólon e reto

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Reto
• tubo muscular que se inicia no final do cólon sigmoide e termina no canal
anal

Canal anal e ânus


• corresponde aos 2 a 3 últimos cm do tubo digestivo, iniciando-se no final
do reto e terminando no ânus (abertura externa terminal do tubo digestivo)
• a distensão da parede retal pelas fezes atua como um estímulo que irá
desencadear o reflexo de defecação
• os reflexos locais provocam contrações retais fracas e o relaxamento do
esfíncter anal interno
• o esfíncter anal externo, constituído por músculos esqueléticos e sob
controlo cerebral voluntário impede o movimento das fezes para fora do
reto através do orifício anal
• quando este orifício relaxa espontaneamente, as fezes são expelidas
• a defecação é normalmente acompanhada por movimentos voluntários
que auxiliam a expulsão das fezes (inspiração profunda de ar, seguida de
encerramento da laringe e contração forçada dos músculos abdominais, o
que aumenta a pressão da cavidade abdominal forçando a expulsão das
fezes e gases através do ânus)
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Estruturas anexas

Glândulas salivares
• as glândulas salivares encontram-se distribuídas pela
cavidade oral
• as glândulas salivares são divididas em glândulas
salivares maiores e glândulas salivares menores

• a diferença entre elas é sobretudo pelo facto de que


as maiores possuem dimensões muito superiores,
segregando a saliva para um único ducto salivar

• existem 3 pares de grandes glândulas salivares: as


parótidas, as submandibulares e as sublinguais

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Glândulas salivares
• assim, os ductos maiores terminam produzindo uma quantidade muito maior de saliva
por dia do que os ductos menores
• por sua vez, o principal papel das glândulas menores é o de lubrificar a cavidade oral,
enquanto a saliva digestiva e protetora é produzida pelas glândulas maiores
• diariamente, é segregada cerca de 1 a 1,5 l de saliva
• a porção aquosa da saliva é produzida principalmente pelas glândulas parótidas e
submandibulares que contém amílase salivar, uma enzima digestiva que fraciona o amido

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Estruturas anexas

Fígado
• é o maior órgão do corpo humano (pesa cerca de 1,36
Kg) e fica localizado no quadrante superior direito do
abdómen, apoiado contra a face inferior do diafragma

• é constituído por dois lobos principais (esquerdo e


direito) e dois lobos menores (o caudado e o quadrado)

• vários vasos, canais e nervos entram e saem do fígado,


confluindo para o hilo hepático (veia porta, artéria
hepática, etc.)

• os canais hepáticos esquerdo e direito unem-se e


formam o canal hepático comum

• a este canal, une-se o canal cístico (provém da vesicula


biliar) e formam o canal colédoco (ou biliar comum) ao
nível da ampola hépato-pancreática (ou de Vater)

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Funções do fígado
• Produção de bílis - o fígado produz e segrega cerca de 600 a 1000 ml de bílis diariamente, que desempenha um
papel importante na digestão, diluindo e neutralizando o ácido gástrico e emulsionando as gorduras
• Armazenamento - os hepatócitos podem retirar o açúcar do sangue e armazená-lo sob a forma de glicogénio;
também podem armazenar gorduras, vitaminas (A, B12, D, E e K), cobre e ferro
• Biotransformação de nutrientes - muitas vezes, os nutrientes ingeridos não são proporcionais às necessidades
dos tecidos e o fígado tem a capacidade de converter alguns nutrientes noutros, transformando substâncias que
não podem ser utilizadas pela maioria das células em substâncias que possam ser mais facilmente utilizadas
• Desintoxicação - muitas das substâncias ingeridas são nocivas para as células do organismo e o próprio
organismo produz muitos metabolitos que podem ser tóxicos se forem acumulados
• o fígado constitui uma das primeiras linhas de defesa contra muitas destas substâncias, altera-as em termos de
estrutura e tornando-as menos tóxicas e mais fáceis de eliminar; por exemplo, a amónia, que é um produto final do
metabolismo dos aminoácidos é tóxica e não é totalmente eliminada pelos rins: os hepatócitos removem-na da
corrente sanguínea e transformam-na em ureia que é posteriormente excretada pelos rins
• Fagocitose - as células fagocitárias hepáticas fagocitam glóbulos vermelhos e brancos velhos, algumas
bactérias e outros detritos que entram no fígado através da circulação
• Síntese – o fígado tem capacidade de produzir os seus próprios componentes como é o caso de algumas
proteínas sanguíneas: a albumina, o fibrinogénio, as globulinas, a heparina e alguns fatores de coagulação são
produzidos no fígado e libertados para a circulação

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Vesícula biliar

• o fígado segrega bílis continuamente, sendo esta armazenada na


vesicula biliar (capaz de conter 40 a 70 ml)

• é uma estrutura em forma de saco localizada na face inferior do fígado e


mede aproximadamente 8 cm de comprimento e 4 cm de largura

• durante a permanência da bílis na vesícula biliar, dá-se a absorção de


água e eletrólitos, tornando-se os sais biliares mais concentrados

• após uma refeição, a vesícula biliar contrai-se em resposta à estimulação


pela colecistoquinina e, em menor grau, por estimulação vagal, lançando
grandes quantidades de bílis concentrada no intestino delgado

• o colesterol segregado pelo fígado pode precipitar na vesícula e originar


cálculos biliares

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Estruturas anexas

Pâncreas
• trata-se de um muito órgão complexo na sua estrutura e
funcionamento e que é composto por tecido endócrino e exócrino,
com diversas funções
• divide-se em: cabeça, corpo e cauda (estendendo-se até ao baço)

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• a porção endócrina do pâncreas é constituída pelos
ilhéus pancreáticos (ilhéus de Langerhans) que produzem
insulina e glucagon, desempenhando um papel muito
importante no controlo dos níveis sanguíneos de nutrientes
como a glicose e os aminoácidos

• os ilhéus pancreáticos produzem também somatostatina,


que regula a secreção de insulina e de glucagina e podem
inibir a secreção da hormona de crescimento

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• a porção exócrina do pâncreas consiste em glândulas
acinares (constituída por ácinos) que produzem enzimas
digestivas, sendo as principais a tripsina, a quimiotripsina e
a carboxipeptidase
• o suco pancreático também contém uma amílase (amílase
pancreática) que continua a digestão dos polissacarídeos
(iniciada na cavidade oral) e um conjunto de enzimas que
digerem os lípidos (as lípases pancreáticas que desdobram
os lípidos em ácidos gordos, glicéridos, colesterol e outros
componentes)
• também fazem parte do suco pancreático as enzimas que
decompõem o ADN e o RNA (as desoxirribonucleases e as
ribonucleases)
• os conjuntos de ácinos formam lóbulos separados por
septos finos que estão ligados por pequenos canais entre
esses lóbulos
• os canais interlobulares ligam-se ao canal pancreático
principal ou de Wirsung que, por sua vez, se junta ao canal
colédoco na ampola hépato-pancreática (ou de Vater)
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FASES DA DEGLUTIÇÃO

• a deglutição ou ato de engolir é um processo que se desenvolve em


3 fases:
• fase cefálica – fase voluntária em se forma um bolo alimentar na
boca após a mastigação que é empurrado pela língua contra o
palato duro, forçando a sua progressão para parte posterior da boca
e depois para a orofaringe
• fase faríngea – fase involuntária (reflexa) que dura cerca de 1 a 2
segundos, em que se dá o encerramento da nasofaringe e da
laringe, havendo progressão dos alimentos para o esófago
• inicia-se com a estimulação dos recetores táteis na área da orofaringe e
os potenciais de ação aferentes são conduzidos através dos nervos
trigémeo e glossofaríngeo até ao centro de deglutição no tronco cerebral
• fase esofágica – fase reflexa, dando-se a contração peristáltica do
esófago e havendo progressão dos alimentos da orofaringe para o
estômago, demorando cerca de 5 a 8 segundos
• as contrações musculares das paredes do esófago geram ondas
peristálticas que, associadas à deglutição provocam o relaxamento do
esfíncter esofágico inferior (cárdia) à medida que as ondas e o bolo
alimentar se aproximam do estômago

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FASES DA DIGESTÃO

• o processo de digestão divide-se por duas etapas:


• digestão mecânica - processo mecânico, físico, executado pelos dentes no ato de
cortar e triturar os alimentos
• outros processos mecânicos da digestão são a deglutição, em que o alimento passa da
boca para a faringe com o auxílio da língua e os movimentos peristálticos que permitem o
transporte do alimento do esófago ao estômago

• digestão química – que se trata de um processo que ocorre sobretudo através de


ação enzimática
• inicia-se na cavidade oral, com a ação da enzima amílase, que se encontra presente na
saliva e procede à digestão do amido
• no estômago, sucede-se a ação do suco gástrico, composto por ácido clorídrico e pela
enzima pepsina, que irá atuar na digestão das proteínas
• no intestino delgado, o alimento sofre a ação de substâncias produzidas pelo pâncreas,
como o suco pancreático que contém tripsina e quimiotripsina (enzimas que agem sobre as
proteínas) e pelo fígado, como a bílis (armazenada e concentrada na vesícula biliar) que
contém sais que atuam da digestão das gorduras

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Processo de digestão
• a primeira fase ocorre na cavidade oral, onde os alimentos são triturados pelos dentes enquanto são
envolvidos pelas secreções das glândulas salivares
• a saliva possui a enzima amílase também denominada ptialina, que digere o amido e outros polissacarídeos,
como no caso do glicogénio, reduzindo-os em moléculas menores como a maltose
• essa enzima perde a sua ação em pH ácido, logo a sua ação é inibida ao chegar ao estômago
• após a trituração, mastigação e salivação forma-se o bolo alimentar, que é deglutido e direcionado para a
faringe, na qual se contrai, levado o bolo alimentar para o esófago; os movimentos peristálticos levam o bolo
alimentar do esófago para o estômago

• de seguida, no estômago, o bolo alimentar é armazenado e misturado com o suco gástrico que é
constituído principalmente pelo ácido clorídrico, que mantem o pH ácido estomacal
• a libertação do suco gástrico é controlada através da hormona gástrica
• a acidez favorece a ação da principal enzima, a pepsina, uma protéase cuja forma inativa é o pepsinogénio mas
que em ambiente ácido transforma-se em pepsina e quebra as ligações químicas entre os aminoácidos de uma
proteína
• como resultado da digestão química do bolo alimentar, forma-se o suco alimentar chamado quimo; uma parte do
quimo é assimilada no estômago mas a maior parte dessa absorção ocorre ao longo intestino delgado

• a última fase ocorre, portanto, no intestino, onde acontece a maior parte da digestão e absorção dos
nutrientes
• o quimo, ao chegar ao duodeno, estimula as hormonas secretina e colecistocinina, que atuam na secreção do
suco pancreático pelo pâncreas e da bílis pelo fígado
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• a bílis, sintetizada pelo fígado, é armazenada na
vesícula biliar e auxilia na emulsificação da gordura
(lípidos)
• por outro lado, o suco gástrico possui várias enzimas como
a amílase pancreática que digere o amido, a
carboxipeptidase, que quebra os peptídeos, a lípase que
digere lípidos, entre outros
• essas secreções juntam-se com o suco entérico, produzido
pela mucosa intestinal, que possui outras enzimas que
participam na digestão de lípidos, proteínas e carboidratos

• no jejuno e íleo, o suco intestinal é composto por várias


enzimas que atuam nas etapas finais da digestão, como a
maltase e a sacarase
• nessa região, a maioria dos nutrientes é absorvido pelo
sangue e assim vai alimentar todas as células do organismo
• o que não foi absorvido, como a água e a massa que
contem principalmente as fibras não digeridas, é
direcionada para o intestino grosso

• no intestino grosso, encontram-se algumas bactérias


que habitam a flora intestinal e que fermentam,
decompondo o alimento e gerando gases e outros Vídeo sobre o sistema digestivo:
produtos como a vitamina K (absorvida pelo corpo). https://youtu.be/Y0BmuYSMats
• material que não foi digerido forma as fezes, que se
acumulam no reto e são eliminadas para o exterior através © Prof. Joaquim Simões | ESSS 32
do ânus
Efeitos do envelhecimento no
Sistema Digestivo
• Ocorre uma redução progressiva (embora variável no ritmo) ao nível do paladar

• Pode verificar-se a tendência para uma dentição comprometida: estado de conservação da


dentição / prótese inadequada / edentulismo
• pode ocorrer a perda de peças dentárias, o que leva a alterações dos hábitos
alimentares, se não forem substituídas por próteses
• a camada de esmalte superficial dos dentes vai-se tornando menos espessa com o
desgaste dos anos de utilização e pode expor a camada de dentina (o que se torna
habitualmente doloroso)

• As fibras dos músculos responsáveis pela mastigação diminuem, levando a que os idosos
tenham mais dificuldade em mastigar os alimentos

• As camadas de tecido conjuntivo do tubo digestivo vão tornando-se mais finas, assim como o
número de células musculares lisas na camada muscular, levando a diminuição da motilidade
• diminuição da amplitude das ondas peristálticas esofágicas → disfagia do esófago
• esvaziamento gástrico retardado
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• peristaltismo intestinal lento → obstipação © Prof. Joaquim Simões | ESSS
Efeitos do envelhecimento no
Sistema Digestivo

• A alteração mais notória que se dá no esófago aquando do envelhecimento é diminuição da força contrátil
e da pressão exercida nos respetivos esfíncteres, o que aumenta a probabilidade de vir a ocorrer refluxo
gastroesofágico

• A capacidade de secreção diminui pelo que a quantidade de muco protetor está mais reduzida, sendo que
o tubo digestivo dos idosos fica menos protegido das agressões externas
• há um declínio na secreção ácida → hipocloridria

• Ocorre atrofia da mucosa gástrica

• Verifica-se uma diminuição da capacidade absortiva no geral

• Ocorre um aumento da viscosidade e Ph da saliva

• O aporte sanguíneo diminui, dificultando o processo de transporte dos nutrientes pelo organismo
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