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Mediação – Técnicas e Processo Iara Câmara – Ano Letivo 2019/2020

Constitucional – 13 de março

Agenda da garrafa – mediação

Agenda

Evitar andar em círculo à volta dos vários assuntos sem conseguimos tomar as coisas por uma ordem certa. Evitar
andar de forma pouco eficiente.

Vantagens da Agenda:

 É o primeiro momento de acordo/cooperação: acordo sobre o que é importante ser discutido na mediação;
 A partir daí vão trabalhar em conjunto (converte preocupações individuais em problemas conjuntos);
 É um plano de trabalho: ajuda as partes e o mediador a terem uma sequência logica a seguir;
 As partes sentem que o que as preocupa vai ser discutido, mesmo que depois nem seja.

Como fazer uma agenda?

– Temos toda a liberdade para realizar a agente.

Exemplo: se tivermos um quadro (vantagem: todos tem visibilidade), numa folha (desvantagem: se a letra for
muito pequena as partes não vão conseguir ver a agenda e depois tem a dificuldade de posicionar a folha), em
post-its (aqui a varias formas diferentes – é possível pedir as partes escrever aquilo que acham que deve ser falado
na mediação  esta estratégia exige uma grande a vontade do mediador);

– A agenda deve ser feita sempre em diálogo e em cooperação.

Exemplo: O mediador pode sugerir “daquilo que me disseram, para que esta situação teve um grande impacto, por
exemplo” e “irei colocar na agenda o ponto de reputação e que possível solução poderia haver para deduzir esse
impacto”. Depois as partes irão concordar ou não. “Também pelo aquilo que percebi vocês não estão de acordo
com o dia e método de entrega, e se não se importarem vou colocar aqui na agenda este ponto para ser discutido”.

– É flexível, pode ser alterada a qualquer momento.


– Tentar agrupar assuntos se possível para evitar uma agenda demasiado extensa.

Conteúdo:

– Que questões têm de ser abordadas para o problema ficar resolvido; Exemplo: incumprimento do contrato
– indemnização, destino a dar ao objeto;
– Às vezes durante a fase inicial o mediador identifica questões que aparentemente nem têm nada a ver com
o problema, mas que são essenciais; Exemplo: preço do carro e data de entrega, mas quando chego à
mediação e após a declaração das partes apercebo-me que existem outros problemas. Ou seja, poderá
haver outros assuntos que não tem haver com o objeto da mediação, mas que posso colocar na agenda.
Não vou deixar de resolver o problema por ser uma questão lateral ao objeto da mediação.

Reenquadramento das questões:


 Há sempre duas realidades: cabe ao mediador encontrar formulações neutrais; Exemplo: se o que esta a
ser discutido é se houve atraso ou não na entrega, a mediadora não poderá colocar na agenda: não
entrega; mas sim deve só colocar entrega.
 Formulações que visam a resolução de problemas e têm o foco no futuro.
 Formulações que abrem sempre possibilidades Exemplo: compensações em vez de dinheiro; e poderemos
colocar só o símbolo do dinheiro para termos uma agenda mais gráfica.
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Sugestão: tentem sempre fazer a agenda quando estão a assistir às simulações; quando são mediadores podem
fazer um esboço de agenda em casa, mas devem adaptá-lo ao que as partes efetivamente dizem.

Exercício: Agenda – Caso Gingerale

 1. Reputação da empresa;  Fiscalização da produção;


 Cancelamento da encomenda;  2. Trauma psicológico;
 Compensação pela reputação;  Reforço de higiene e segurança;
 Compensação;  3. Despesas médicas;  Exemplo: se já pagou;
 5. Garantir da não repetição do caso =  Cor da garrafa;
qualidade e segurança;  4. Dias de trabalho;
 Danos;  Cancelamento da encomenda;
 Controlo de qualidade e segurança;  Difamação da marca
 Design da garrafa;
 Potencial situação de sabotagem;  não temos factos
suficientes para discutir

27 de Fevereiro de 2020

Fase da Exploração da história e agenda [O Quê?]


 Perceber o conflito – não apenas as posições das partes, mas também o panorama geral – as histórias das
partes.
 Conseguir um acordo sobre o que é importante tratar na mediação.
 Perceber não aquele problema que as pessoas dizem que tem uma com a outra, mas perceber como é que
aquele problema se enquadra na relação que tem.
 Mediador dá a palavra a cada uma das partes para as declarações iniciais – em termos práticos o mediador
começa assim.
 Métodos de escolha de quem começa primeiro (quem iniciou a mediação, quem quer mudar o status quo,
quem não é emocionalmente capaz de esperar, quem é a parte mais fraca, quem quer começar...).
 Método tem sempre de ser justificável e justificado.
 O mais comum é o mediador pedir a quem iniciou a mediação, que fale em primeiro ligar, porque quem
iniciou a mediação é aquela que tem alguma coisa a pedir.
 Uma das coisas mais importantes é que a outra pessoa consiga ouvir o que a outra parte está a dizer, não é
só o mediador que precisa de ouvir a historia, a outra parte também tem de ouvir e perceber, mas todos nos
somos incapazes de ouvir se estiverem ansiosos (em casos como este a pessoa está muito inquieta, mexe-se
muito, não consegue estar sossegado).

Declarações inicias

Antes de dar a palavra pode dizer o que se pretende com as declarações iniciais; cada parte deve ter
oportunidade de falar sem ser interrompida (estabelecer um tempo limite). Pode ser necessário relembrar isso à
outra parte  se a parte começar a divagar demais o mediador pode orientá-la com perguntas. Nas declarações
inicias pode ser essencial reduzir o número de questões para que as partes se concentrem no presente.

– Técnicas:
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Escuta ativa – escutar de forma a que a outra parte entende que está a ser ouvida. O que torna alguém um
bom ouvinte? Tem duas vertentes: perceber e fazer com que o outro se sinta escutado.

Como demonstrar: notas. Linguagem corporal, repetição/reformulação do que vai sendo dito. É como um
presente que o mediador oferece – toda a gente quer ser ouvida. Os mediadores formados em direito acham
“ridículos” algumas ideias dos outros mediadores que são formados noutras áreas, porque o mediador de direito
tem a capacidade de ouvir as partes. Exemplo: os idosos, muitas das vezes se sentem sozinhos em casa e tem a
necessidade de falar. E por vezes, para desbloquear a situação o mediador deve fazer com que a parte desabafa
para que a pessoa se sinta melhor.

O Mediador deve ouvir não apenar o que é dito verbalmente, mas também não verbalmente ( e pode por
normas às emoções que observa para as desmistificar). Ou seja, quando a pessoa está 5 min a descrever que o e-
mail foi super mal educada, o mediador tem de ter a capacidade de entender que a parte sentiu-se ignorada. As
vezes não temos a capacidade de forma neutral aquilo que sentimos.

Perguntas

 Perguntas abertas – permitem a perceção da realidade da pessoa e de todo o contexto do conflito – ser
curioso.
 Perguntas fechadas – perguntas que tem resposta curta – exemplo: sim ou não. Permitem ganhar alguma
ordem na mediação. Exemplo: se sentir que a mediação está a dispensar, se eu fizer 5 perguntas fechadas
sobre o carro a parte irá concentrar-se novamente no objeto da mediação.
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Nota: quanto mais conseguimos especificar o problema, mas será fácil de resolver.

05 de Março de 2020 (falta 30 min da aula)

Tomar notas:
— Escrever demasiado torna-nos menos atentos ao que está a ser dito e à postura das
partes
— Cuidado para manter a neutralidade
— Factos (apenas auxiliares de memória)
— Palavra-chave
— Assuntos que se quer retomar mais tarde
— Assuntos a discutir (em preparação da agenda)
— Interesses
— Soluções

27 de Fevereiro de 2020

Sumário:

A. O conceito de prova no CPP. Os tipos de prova e as suas exigências. O raciocínio


judiciário.
1. O conceito de prova no CPP.
2. Relação entre os diversos conceitos e aceções de prova
3. Juízo histórico e juízo lógico na produção de prova: livre convicção e dever de
fundamentação dos juízes de prova.
4. Prova material e prova pessoal: a transição da prova e o regime de imediação.
5. Prova direta e prova indireta
6. A prova direta e o raciocínio judiciário na prova indireta
7. Indícios necessários e indícios possíveis
8. O controlo racional dos juízos de valoração da prova
9. A contraprova e a dúvida razoável após a valoração da prova (direta e indireta)
10. A regra da decisão in dúbio pro reo
11. Duvida razoável e poderes de investigação do tribunal: a dúvida pertinente,
razoável e não resolúvel.

O conceito de prova é um conceito que tem várias conceções. E existe 5 que são revelantes:
1. Tema de prova (art. 124º do CPP) – isto é, qual é o assunto que está a ser objeto de
prova. Que facto é esse? O art. 124º do CPP assume este conceito dizendo aquilo que
pode ser objeto de prova. Neste âmbito chamamos tema da prova, e pode ser um
facto sujeito a segredo. Se for um segredo de estado é um assunto privado, mas caso
seja um assunto com advogados pode ser quebrado para tema de prova. Trata o
assunto como objeto de prova. É necessário saber se aquele determinado assunto e
possível ser tratado em matéria penal. Exemplo: agente do CIS entendeu que
precisava que de revelar uma informação que estava em segredo de estado. E o que
foi entendido é se o estado entendia que aquela matéria era ou não segredo de
estado. Caso seja um facto de segredo de estado não podia ser trazido para o
processo. Um certo assunto pode estar excluído da atividade por não ser um tema de
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prova admissível. Existe aqui uma tensão em resolver entre o interesse de defesa e o
interesse do Estado em manter aquela informação em segredo.
2. Meios de obtenção da prova (art. 177º e ss do CPP) – significa os meios legais de
obtenção de prova. Que atos são praticados que são praticados que permitem legar
prova para o processo. O processo fala das revistas, exames dos vestígios de crime, das
apreensões em geral e da correspondência ou por exemplo das escutas telefónicas. O
que esta aqui em causa é no fundo atos de poderes de autoridade em selecionar
material para entrar no processo como prova. O Código regula esta matéria porque
algum destes casos corresponde a poderes de autoridade e precisam de resolver
assuntos de tensão conflituante. Umas buscas no domicílio de uma pessoa, significa
que os objetos que estavam na disposição de uma pessoa passa a estar na disposição
do Estado.
3. Meios de prova (art. 128º e ss do CPP) – são no fundo, um conjunto de instrumentos
que estão a disposição das autoridades judiciarias e dos demais sujeitos judiciais para
demostrar os factos. Exemplo: uma carta pode ser muito relevante para demonstrar
certos factos, as datas, os dinheiros etc. Esta prova será uma prova documental. No
caso de ser uma carta é correspondência que tem uma determinada tutela. Esta prova
será documental, seja contrato seja carta. A forma como a carta passa da realidade
para o processo é feita através, por exemplo, de uma busca e apreensão num
domicílio de alguém, pode ser uma apreensão de uma correspondência em transito.
Os meios de obtenção de prova são as formas de levar as provas para o processo. O
que há aqui de interessante e que o código será para os meios de prova, através da
prova declarativa pelo arguido, assistente; prova pela constituição do facto  estão
tratados num catálogo de obtenção de prova. E por outro lado temos o regime da
Exemplo: escuta telefónica que o meio de obtenção de prova pode dar um regime
específico. Seleciona-se um n.º que está ligado a alguém que esta a ser investigado.
Pede-se a autorização ao juiz e através da operadora faz-se a ligação. E no período de
30 dias são registadas as comunicações – pode haver conversas banais que não
permitam fazer prova. O sistema de intervenção regista tudo, o que significa que o
meio de obtenção de prova é oculto  para ser eficaz a pessoa não pode saber e,
portanto, para o meio ser eficaz terá de ser oculto de forma a que o individuo não
perceba que está a ser escutado. Esta matéria é sujeita a controlo do juiz e teremos de
selecionar as conversas relevantes para transcrever. O material tem de ser ouvido
pelos OJP. O CD/Pen que não de ser destruídas e o auto com a transcrição em papel
das conversas tidas  temos aqui o meio de obtenção de prova “escutas telefónicas”
que permitiu-nos ter a documentos que são integrados no processo que são prova
documental autónoma. Isto é, vale por isso desde que a escuta telefónica seja legal. 
Nota: Não é possível repetir escutas – art. 187º, nº7 do CPP.
 Atividade probatória (art. 327º, 355º e 356º do CPP) – isto é atividade que se faz dos
meios de prova para produzir prova. Exemplo: interrogar testemunhas, analisar
documentos. Exemplo: no contrato apreendido temos em primeiro lugar buscas. Após
a busca é apreendido 3 contratos. Quando temos os documentos iremos analisar para
verificar se é legal par
 Valoração da prova (art. 127º do CPP) – convicção que o aplicador do direito tem
sobre a prova que se fez daquele facto. A valoração da prova faz-se de acordo com os
critérios que estão enunciados no art. 127º de acordo com a regra da experiência de
quem avalia a prova. Exemplo: uma testemunha chamada a depor, a prova
testemunhal é o meio de prova. Quando estiver a ser inquirida a testemunha –
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atividade provatória. A convicção que o tribunal tem sobre os factos estarem ou não
provados com as declarações da testemunha está na valoração da prova.

Relação entre os diversos conceitos e aceções de prova


– Tema da prova, elementos do tipo e imputação: o tema nuclear é o tema da prova. O
assunto é que será o tema da prova. O que motiva a abertura do inquérito e o facto de
ter relevância criminal. A tipicidade enuncia os elementos do crime que tem de estar
provados para existirem indícios criminais. Vamos supor que estamos a falar do trafico
de droga e a questão de saber se alguém esta ou não incorrer neste crime e necessário
saber se a pessoa vendeu, se é para consumo e/ou venda, se tem na sua posse droga.
A atividade probatória faz-se através de uma certa coordenação. A imputação que se
faz a um agente é um facto que pode ser crime é atribuído a uma pessoa. A tipicidade
tem uma importância significativa. Só há notícia o crime quando os factos forem
transmitidos alguém ser forem factos criminais. O suicídio não é crime, e se alguém
tiver conhecimento  Este facto não se justifica a abertura do inquérito. Na lei atual, o
auxílio ao suicídio é considerado crime. Por lado, pode haver uma representação do
suicídio e que poderá haver um aparente suicídio e neste caso será investigado. Existe
aqui um conflito entre a tipicidade substantiva e o processo. Caso o facto não seja
crime não pode ser aberto o inquérito. Só será aberto se houver factos indiciários de
um crime. A partir do momento em que há um tipo com elementos que tem de ser
demostrados, as autoridades judiciais têm de ter elementos que demonstrem esse
tipo de crime. A imputação ao agente faz-se através das regras substantivas. A prova
tem de ser fazer pelo menos de se fazer através dos elementos tipos incriminatórios.
– Ilegalidade da prova: tema, na obtenção, no uso do meio de prova, na valoração
dessa prova: se existir uma ilegalidade no tema da prova isso vai afetar todas as outras
dimensões. Imaginemos que se verifica o facto X, mas este é um segredo de estado
confirmado entre A e B. Este facto não é um tema da prova. Se não é tema de prova
não pode ser obtido, produzido nem valorado. Exemplo: foi feita uma busca
domiciliária, s/ autorização ou c/ uma autorização caducada do juiz e s/ o
consentimento da casa  traduz-se numa ilegalidade na obtenção da prova. Houve
autorização do JIC? Se a busca foi ilegal tudo o que foi apreendido não pode ter usado
como meio de prova nem valoração como prova no processo.
– Efeito à distância (art. 122º e 126º do CPP): contaminação consequencial: em matéria
de prova a lei proíbe o uso de toda a prova que seja proibida. Exemplo: imagine que
são feitas escutas telefónicas fora de prova – escutas fora da prova são escutas s/
autorização do juiz – são escutas obtidas ilegalmente que dá origem a meios de prova
ilegal, mas se através destas escutas foram inquiridas determinadas testemunhas, o
depoimento das testemunhas será obtido ilegalmente. Uma prova que foi obtida de
forma proibida irá contaminar as provas subsequentes que serão provas proibidas.
– Autonomia residual dos diversos níveis – funciona de forma residual e
autonomamente. Imaginemos as escutas que foram feitas para alem do prazo
estabelecido pelo JIC, as escutas realizadas fora da prova são escutas ilegais porque
foram feitas sem autorização do juiz. O tribunal deve retirar essa prova dos autos. Mas
imaginemos que essa prova esta nos autos, se porventura for obtida de forma ilegal
não pode haver atividade probatória. As provas proibidas podem afetar, o tema, a
obtenção da prova, o meio de prova, a atividade probatória e a valoração da prova. O
que é que o juiz deve fazer? Aproveitar as escutas válidas e está proibido de valorar as
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escutas feitas fora do prazo. O tribunal não pode usar escutas ilegais para
fundamentar determinados factos.

Juízo histórico e juízo lógico na produção de prova: identificação de um facto vs explicitação


do raciocínio que permite afirmar que um facto está provado. A livre convicção e dever de
fundamentação dos juízes de prova. Existe a diferença entre um juízo histórico e juízo lógico.
Este raciocínio pode ser reconstituído de todo o processo da prova. Exemplo: posso olhar para
a rua e dizer que esta um dia lindo – é um juízo histórico. Outro exemplo, é eu ter de relevar
daqui a duas semanas o dia de hoje. Para descrever esse facto tenho de usar factos, por
exemplo, no dia 27 de fevereiro estava um dia com sol. É diferente de identificar um facto
através de visualização direta e de explicar um determinado facto histórico. Ao descrever o
dia, posso utilizar elementos/vestígios que tenham ficado e a partir dai vou criar uma
convicção através de certos elementos de prova. Não basta o facto histórico do processo, isto
é, o tribunal pode chegar a conclusão que estava a chover ou não através dos elementos que
estão no processo e que permite tirar com segurança essa conclusão. O juízo logico na
produção da prova é mais exigente do que o juízo histórico.

Prova material e prova pessoal: a transição da prova entre fases processuais e o regime de
imediação. Prova material é toda a prova feita por objetos. A prova pessoal é feita através da
intervenção declarativa feita por alguém. Exemplo: declarações que de quem disparou a arma.
No processo penal português a regra fundamental é esta: a prova, em regra, é obtida no
inquérito durante a investigação. Toda a prova material transita para as fases subsequentes:
julgamento. A prova pessoal terá de ser produzida em fase de julgamento com contraditório
completo. Existe a diferença entre prova material e prova pessoal. A prova pessoal terá de ser
repetida em fase de julgamento.
Exceção: declarações para memória futura (exemplo: existe uma testemunha que esta
doente o código permite que as declarações transitam de forma a prever que não será possível
na fase de julgamento a testemunha estar presente) e quando o arguido for advertido que as
suas declarações podem ser usadas contra si  situação em que a lei permite que as
declarações previas do arguido podem ser utilizadas no julgamento.

Prova direta e prova indireta: distinta aferição da credibilidade do meio de prova e dever
adicional de fundamentação do raciocínio de prova. O facto que se pretende demonstrar
designa-se facto probando. Este facto dará um meio de prova que dará um facto provado.
Exemplo: o copo do café – este copo é feito de papel reciclado? O facto probando é o material
que e feito o copo e de uma maneira mais especifica é se o material usado é reciclado. É isto
que pretendo demonstrar através de uma pergunta. Para isso vou usar um meio de prova –
trova testemunhar: mordo e considero que o copo é de papel. Em que eu declaro que o copo é
de papel. Mas já não consigo dizer se o material é reciclado ou não e para isso é necessária
uma apreciação por parte um perito. O perito ira provar se o copo é de papel reciclado. Na
prova direta o facto probando é relevado ao aplicador do direito s/ qualquer mediação do
aplicador de direito. Exemplo: suponhamos que estou a investigar um homicídio e quero saber
quem deu o tiro na vítima. Facto probando: quem deu o tiro. Meio de prova: quem viu o tiro. A
testemunha 1 viu A a disparar a arma. O aplicador do direito tem de interrogar a testemunha e
no fundo o aplicador terá de apreciação a credibilidade da prova. A prova direta o facto
probando e revelado ao tribunal s/ qualquer mediação desta. Se por outro lado as
testemunhas não viram quem disparou a arma para viram outra situação que podem concluir
o facto probando. Viram um grupo de rapazes em que um deles tinha uma arma, a
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testemunha não viu o tiro, mas ouviu o tiro. O que revela é um facto que permite uma
inferência que permite tirar uma conclusão do facto probando. A prova indireta não revela o
facto probando, mas revela outro facto que permite tirar a conclusão do facto probando. A
isto chama-se presunção judiciária – ou seja, de um facto conhecido conclui-se um facto
desconhecido. A prova indireta e aquela que se baseia num raciocínio com presunções, com
um facto conhecido conclui-se um facto desconhecido. Isto quer dizer que o raciocínio
subjacente ao juízo de prova para apreciação de prova pode ser diferente. No caso de prova
direta o que a autoridade judiciaria e apreciar a credibilidade da prova e da informação que
esta a ser dada, já na prova indireta tem adicionalmente explicar o raciocínio que permitiu
chegar a uma certa conclusão. A prova indireta é fundamental para estabelecer o domínio dos
factos. Na prova indireta temos de justificar a conclusão que se chega.

A prova direta e o raciocínio judiciário na prova indireta - São duas modalidades de prova e
ambas são legitimas e ambas tem o mesmo valor jurídico. Pode haver prova concreta que
pode ser mais convincente. As duas formas são legitimas para demonstrar a verdade dos
factos. Na prova indireta a autoridade jurídica além de demonstrar para alem do facto
probando, terá de demonstrar o raciocínio para de um facto conhecido tirar uma inferência do
facto desconhecido.

Indícios necessários e indícios possíveis – surge no código com o conceito de fortes indícios ou
indícios suficientes, por exemplo: art. 283º, nº2 do CPP. O que é um indício – elemento que
revela alguma coisa e por isso esta relacionado com a prova indireta. A autoridade judiciária
retira uma certa conclusão através de um meio de prova. A doutrina distingue dois tipos de
indícios através da qualidade probatória:
– Indícios necessários: consente menos inferências alternativas ao facto probatório - é
aquele que permite uma certa segurança quanto a conclusão a retirar, porque as
explicações alternativas são poucos ou não são plausíveis.
– Indícios possíveis –consente diversas inerências quanto ao facto probando.

Exemplo: No dia x, entre o 12h/12:30h foi filmado um rapaz a sair do quarto 111 com
uma arma na mão. A prova releva indícios necessários – aqueles que apontam para uma
conclusão. Isso significa que quem matou a pessoa foi a pessoa que saiu aquela hora. Outro
exemplo, é se não for filmado o rapaz a sair do quarto apenas foi filmando aquela hora a sair
do hotel, não nós dá indícios que foi esse rapaz que matou o homem. Os indícios necessários
são fortes, os indícios possíveis são indícios factos da demonstração do facto probando.
Exemplo: prova do dolo do agente com uma arma de caça na estação de serviço - uma
pessoa sai do carro com uma caçadeira na mão. Será que estamos perante uma tentativa de
roubo? Basta suscitar uma divida razoável sobre a sua intenção e dar uma justificação plausível
para se criar uma situação duvidosa. É claro que se a história avançar e a pessoa entrar na loja
e fizer alguma coisa temos mais indícios que porventura podem ser prova direta. O facto de a
pessoa ter a caçadeira na mão pode ter várias justificações e não posso concluir que este tinha
dolo de roubo. Uma prova com indivíduo de meramente possíveis e uma prova que pode
servir para o inquérito, mas já não pode ser usada no julgamento. A prova indireta pode
ganhar consistência se for multiplicada por várias provas indiretas congruentes entre si. A
prova indireta pode ganhar consistência se houver congruências entre as várias provas
indiretas.

O controlo racional dos juízos de valoração da prova:


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i) Idoneidade – tem de ser logicamente possível de um facto x concluir um facto y


porque se a conclusão não for congruente não é possível retirar essa conclusão.
ii) plausibilidade – qual é a conclusão plausível – qual é a interpretação mais
congruente com todos os factos.
iii) razoabilidade das explicações alternativas – se existir uma explicação alternativa
que seja igualmente plausível pode suscitar uma dúvida. Se existir uma justificação
fundamentada pode pôr em causa o valor do indício por explicações alternativas
que demonstrem que a conclusão não é aquela. Tem de ser legitimo,
plausibilidade e depois temos de ponderar as explicações alternativas.

A contraprova e a dúvida razoável após a valoração da prova (direta e indireta) – a prova não
e só a prova dos factos ilícitos é também a contra prova para testar a credibilidade da prova.
Se as dúvidas não forem respondidas podem suscitar a incredibilidade daquela prova. Quando
e que uma duvida é razoável? E quando é que esta duvida razoável e favorável ao arguido?
Não existe nenhum princípio com esta descrição e por outro lado, porque se calhar não e um
princípio.

A regra da decisão in dúbio pro reo


– Fundamento e natureza in dúbio pro reo –
a) presunção de inocência e prova de culpa - no fundo o que nos diz este princípio é que
em caso de dúvida favorece o arguido. A formulação do princípio tem implícito a
culpabilidade do arguido, ou seja, se o arguido será responsável. Entende-se que não
se pode condenar um arguido se houver dúvida. O CRP formula é a presunção de
inocência o que significa que tem de existir prova da culpa e terá de existir um
princípio de formulação da culpa do arguido. Se o arguido já beneficia deste princípio –
a decisão não pode suscitar duvidas. Portanto, a presunção de inocência acaba por
criar um ónus da prova para a acusação. Ou a acusação prova a culpa ou então o
arguido beneficia da presunção de inocência. A dúbio in reo pressupõe que a prova da
culpa tem de ser feita pela acusação no âmbito do processo.
b) o in dúbio pro reo não é uma regra de valoração da prova - A presunção de inocência,
na verdade, não é uma regra de apreciação da prova. O princípio in dúbio pro reo e
uma decisão perante a culpa, a prova rem de ser valorada de acordo com as regras
logicas da demonstração e compreensão dos factos. A prova não tem de ser
apreciação em benefício do arguido, mas sim de acordo com a sua natureza
probatória. Isto é, se produzida e valorado a prova e mesmo assim subsistir uma
dúvida o tribunal deve decidir em favor do arguido. O tribunal não pode condenar com
dúvida. Se for uma dúvida subsiste depois de produzir a prova não pode haver a
condenação do arguido. Condenar com duvida significa que podemos estar a condenar
alguém que é inocente. Mas se é assim, o in dúbio pro reo não é um verdadeiro
princípio de apreciação da prova.
c) o in dúbio pro reo e uma regra residual de decisão perante a dúvida subsistente.

Dúvida razoável e poderes de investigação do tribunal: a dúvida pertinente, razoável e não


resolúvel.
a) A dúvida relevante pode ser qualquer dúvida? Tem de ser uma dúvida que ponha em
causa o facto probando. É uma dúvida que só pode ser legitimamente invocada depois
de concluída a investigação.
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b) A dúvida é condicionada pelo objeto da prova e pelos poderes de investigação do


tribunal- a dúvida tem de ser resolvida pelo tribunal de julgamento. O in dúbio pro reo
só pode ser invocado depois de esgotados os poderes de investigação.
c) A dúvida tem de ser: pertinente, razoável e não resolúvel. A duvida que pode ser
invocada para ser razoável e legitimamente invocada, tem de ser uma dúvida
pertinente (relevante para a decisão da cusa), tem de ser uma duvida razoável (tem de
ser uma dúvida formulada em congruência logica com apoio dos elementos dos atos) e
tem de ser uma duvida não resolúvel. Este entendimento permite varias conclusões:
– Invocar o in dubio pro reo
– Só há in dubio pro reo na fase de julgamento e de recurso. Não há
possibilidade de o invocar na fase de acusação ou de pronúncia. O in dubio pro
reo não é fundamento para fazer a pronuncia. Só será relevante para afetar os
indícios. Ou existe indícios suficientes para o caso ir a julgamento ou existe
indícios insuficientes e o caso não vai a julgamento. Não é um princípio de
decisão no final de inquérito ou da instrução. Ou existe indícios suficientes ou
não. Se houver dúvidas que afeta os indícios é porque existe indícios
insuficiente e não porque existe in dubio pro reo.
d) só abrange matéria de facto, não abrange questões de direito. A dúvida jurídica tem
de ser resolvida pela correta aplicação das normas. A dúvida tem de ser pertinente,
razoável e não resolúvel naquela fase processual.

 Analise do Acórdão do STJ de 20-04-2006 (caso Joana):

 Identificar os meios de prova usados para provar o homicídio.


 Identificar os tipos de prova existente – prova direta, indireta, pessoal
 Compreender o raciocínio do tribunal para considerar os factos provados
 Por que razoes as explicações dadas pelos arguidos não foram aceites nem suscitaram
duvidas?
 Como é que o tribunal consegue condenar pela prática de um homicídio sem aparecer
o corpo da vítima

Leituras: GMS: CURSO VOL, II – p. 139 – 168.

05 de Março de 2020

Sumário:

B. Os meios de prova: liberdade ou legalidade?


1. Liberdade e legalidade de prova
2. Oposição tradicional processo inquisitório (prova legal ou tarifada) vs processo
acusatório (liberdade de prova e livre convocação)
3. O que significa o art. 125º do CPP?
4. O elenco legal dos meios de prova (7 meios de prova)
5. A legalidade na obtenção
6. Legalidade na configuração do meio de prova
7. Legalidade na disciplina da prova
8. Existem casos de prova atípica válida?
9. O que significa realmente liberdade de prova?
Mediação – Técnicas e Processo Iara Câmara – Ano Letivo 2019/202

10. Conclusão: liberdade dentro da legalidade: taxatividade dos meios de prova e respeito
pelo regime ou disciplina legal dos meios de prova
11. Corolários da legalidade da prova;
12. Transferência de prova entre processos: são admissíveis?

Leituras: GMS: CURSO VOL, II – p. 167-168


PSM, lições 2013, pg. 173 a 175
PPA, CPP anotação do art. 125º

Factos sobre o acórdão:

 A mãe sempre falou da criança no passado;


 Na entrevista que deu estava vestida de preto;

Nós temos de ver os processos nas fases em que estão, na fase do inquérito pode haver
caminhos possíveis para a investigação. A investigação tem de tocar em vários aspetos, e
houve uma coisa relevante, neste caso, que mudou o rumo da investigação. Havia uma
testemunha (depoimento direito) que ve a criança a regressar a casa com um saco de compras.
O homem da mercadoria tinha confirmado que tinha ido lá comprar produtos. Mas a mãe diz
que a criança não volta a casa. Há uma pessoa que tem uma versão diferente da mãe. A
testemunha faz um depoimento e que a prova que a criança voltou a casa e a mãe está a
mentir quanto ao regresso. Este dado muda tudo na investigação. A partir do momento em
que existe uma testemunha que vê a criança a voltar a casa pressupõem-se que a criança
desapareceu em casa. Esta testemunha coloca a criança no possível lugar da sua morte – casa.

Que meios de prova temos neste caso?

 Atos de restituição – restituição da agressão; da morte; a forma como cortaram; O


médico neste caso intervir para provar se o desmamento se poderia ter verificado. A
serra também tinha desaparecido. Existe duas restituições relevantes: agressão (voto
de vencido) e depois do desmamento do cadáver para investigação. O desmamento é
congruente com o que o arguido relatou na constituição e com o desaparecimento do
corpo.
 prova pericial – vestígios de sangue que foram encontradas, apesar de terem sido
limpo c/ uso de detergentes. Havia vestígios humanos na esquina da parede, e na
parte da segunda gaveta da arca frigorífica e nos sapatos da criança (todos os sapatos
estavam em casa); O produto utilizado para limpar o sangue: petróleo e esfregão de
aço.
 Prova testemunha –

A provas relevantes devem ser desenvolvidas para a história, nesta fase, começa-se a
aprofundar a história verdadeira. Verifica-se que todas as sapatilhas da criança estão em casa;
toda a casa estava limpa, menos a sala. Quando se trabalha com a prova direta ou indiciaria, e
quando temos várias provas indiretas que explicam a mesma coisa faz com que a prova
indireta ganhe força, uma vez que os elementos ficam congruentes entre si.

“ouvi dizer” – se a testemunha T dizer “conversei com x e este disse-me que o y tinha dito que
F” – este depoimento é de uma testemunha ? Depende, o art. 129º do CPP, diz-nos que é
obrigatório chamar a fonte – y. Quando T for chamado a depor, o depoimento é direto, mas
quanto a prova de f da prova probando é indireto. O conhecimento de x é indireto quanto ao
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facto praticado por F. O conhecimento revelado por t não é irrelevante, sendo relevante para
obter mais informações sobre o caso. Neste caso, a fonte – y é arguido. E este invocou o
direito ao silêncio. Só podemos fazer uma livre apreciação da prova quando valoramos a
prova. E neste caso, uma vez que o y não comentou o assunto, o tribunal não pode valorar a
prova.

Neste caso, a prova é sobretudo indireta. Existe muita prova indireta congruente entre si; essa
prova indireta congruente entre si é reforçada pelas explicações dadas pelo arguido perder
credibilidade. Para a prova indireta ser força é necessário que haja indícios congruente entre
si. Quanto mais plausível for, mais forte é a prova indireta e mais fraca é a explicação
alternativa.

Na prova indireta existe vários padrões dos factos que são reforçados pelos vários indícios
congruentes entre si. Como é que o tribunal prossegue? O tribunal notifica a testemunha.
Primeiramente, o tribunal questiona a testemunha para credibilidade da testemunha e se
existe um conflito de interesses. A testemunha descreve os factos que visualizou.

O percurso do raciocínio e a logica subjacente. A prova indireta é mais exigente na parte da


fundamentação, o tribunal tem de demonstrar que do facto desconhecido permitiu conhecer o
facto probando. A prova indireta vale o mesmo da prova direta, mas na parte da
fundamentação o tribunal tem de mostrar como é que tirou aquela conclusão.

Art. 410º do CPP – possibilidade de se perceber o juízo de prova pelo que é dito na sentença.
Na prova indireta o tribunal tem de demostrar o percurso do seu raciocínio que permitiu
concluir pelo facto probando.

Liberdade ou legalidade de prova: colocação do problema

A oposição tradicional: processo inquisitório com prova legal ou tarifada (é a própria lei que
determina a inexistência de prova ao valorizar certos meios de prova) e processo acusatório
com liberdade de prova e livre convicção. No modelo acusatório havia liberdade de prova
como etapa intermedia de convencimento.

O que significa o art. 125º do CPP? O limite da liberdade é só o regime das proibições de
prova? Qual o significado da existência de regulação legal dos meios de prova?

O art. 125º do CPP (norma fundamental para se perceber o problema) diz-nos que “são
admissíveis as provas que não são proibidas por lei” – em regra, são admissíveis todas as
provas que não sejam proibidas. Existe liberdade de prova, mas existe um limite: o regime da
proibição da prova. A prova seria plena e estava limitada pelo regime das provas proibidas. As
provas são admissíveis no processo aquelas que não são proibidas. O art. 125º não consagra,
seriam admissíveis todos os meios de prova que não são proibidos por lei. Este artigo tem de
ser confrontado com o outro problema. No nosso código, os meios de prova estão previstos na
lei com uma regulação individual para os meios de prova. Quais são esses meios de prova?

Elenco legal dos meios de prova (7 meios de prova):


 Prova testemunhal
 Declarações de arguido, assistente e partes civis (podem depor, as suas
declarações são meio de prova, mas não prova testemunhal – transmissão de
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conhecimentos relativos ao processo e que levam para o processo relevante para o


processo.
 Acareação (art. 146º) – duas testemunhas depõem, e existe um facto em que
existe contradição – neste caso as testemunham serão chamadas para que haja
um confronto sobre algum facto contraditório.
 Reconhecimento (art. 147º a 148º) – reconhecimento é valido em que condições?
Em que é que pode fazer este reconhecimento? Esta prova é uma prova de
identificação especifica, mas que o código trata como meio de prova autónoma.
 Restituição – pode ser feita para fazer uma reconstrução processual que pode ser
relevante. (ex. crimes de incendio, crimes de homicídio, crimes rodoviários) O
código trata esta matéria como prova autónoma. O professor considera esta uma
prova mista. O que ira resultar e os atos de restituição. O código também regula a
restituição.
 Prova pericial – que procedimentos devem ser feitos? Como e que se garante a
defesa perante uma perícia? Que direitos processuais tem os sujeitos perante uma
perícia? O código trata uma prova de carater técnica: balística, autopsia (que
permite perceber a causa relevante para a morte da vítima).
 Prova documental – tem revelado uma prova, em certo sentido, uma prova
residual em tudo o que pode ser classificado como documento. E abrange o
conceito de documento. Tem de ser um documento com certas caraterísticas. O
código regula as reproduções mecânicas de documentos (fotocopias) que suscitam
um problema distinto. É o de saber se podemos validar as cópias. O tribunal diz
que as cópias têm de ser apresentadas com os originais. As mensagens do Twitter,
o conteúdo do Facebook é prova documental? O código disciplina alguns e deixa
outras de fora.

Estes são os 7 meios de prova. Se falarmos de legalidade da prova, então, é que a prova tem
de corresponder a um destes 7 grupos. Será que posso ter outros meios de prova? Então, de
que é que falamos quando falamos em legalidade de prova? Estávamos a falar de 3 coisas
distintas:

Legalidade na obtenção: métodos proibidos de prova e os meios de prova de obtenção


vinculada (Exemplo, regime das escutas e regime das perícias). Se os meios de obtenção de
prova foram ilegais, não podemos usar.

Se o código diz que as escutas têm de ser autorizadas pelo juiz no processo não podemos obter
por particulares.

Legalidade na configuração do meio de prova: o catálogo dos meios de prova é fechado?


Existe taxatividade dos meios de prova? Podem existir outros meios de prova sem ser aqueles
que estão regulamentos. O problema esta em saber se quando o legislador considera um certo
meio de prova se pode haver outros que possam ser equiparados.

Legalidade na disciplina da prova – o legislador por vezes coloca uma condição: existe um
processo para obter esse meio de prova (Exemplo: declarações para memoria futura sem
seguir o regime do art. 271º ou perícias s/ seguir o regime das perícias).

Existem casos de prova atípica valida? Exemplos:

 Reconhecimento sucessivo (em vez do simultâneo: art. 147º, nº2) – existe uma linha
de reconhecimento em que as pessoas estão todas juntas numa linha. A linha de
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reconhecimento é o reconhecimento simultâneo. A questão que se coloca é de se


saber se em vez das pessoas estarem na linha de reconhecimento, se pode haver o
reconhecimento sucessivo, ou seja, em vez que estarem todas juntas ao mesmo tempo
(opção do legislador) se podia entrar uma pessoa de cada vez. Podemos comparar este
reconhecimento?
 Reconstituição virtual é uma reconstituição (art. 150º)? O que é uma reconstituição
virtual? É uma reconstituição? É uma prova testemunhal por quem viu? É uma prova
documental? Mas é um documento fabricado. É uma prova pericial? Portanto, o que é
a dita reconstituição virtual?
 Declaração para memoria futura (art. 271º) por outros crimes que não os do n.º1
(trafico de pessoas ou contra a liberdade sexual), como terrorismo ou ameaças
graves, ou s/ contraditório do n.º 5 do art. 271º. O código regula situações em que é
admissível a declaração para a memoria futura. É possível aplicar o regime de um meio
legal de prova em situações que não estão previstas esse meio de prova?
 Arguido faz um depoimento a um jornalista fora do processo contrário ao que fez um
processo. Coarguido requerer a junção dessa entrevista aos autos. Pode ser tratado
como declarações dadas pelo arguido ou dada fora do processo.
 Testemunha que reside no estrangeiro falta à audiência de julgamento, mas envia
depoimento por carta. O processo era sobre abuso de informação privilegiada, em
que o reu era arguido do processo criminal. O reu no processo civil chegou a um
acordo ao autor e o processo deu-se por desistência. O tribunal criminal notifica o
autor para depor. O autor já não tem interesse em depor porque foi ressarcido
monetariamente. Então o autor envia uma declaração ao advogado do arguido, o
advogado manda traduzir num notário e junta como meio de prova. Uma testemunha
que estava prevista para depor presencial, enviar ao advogado prestar declarações
que não estavam assinadas. O MP opôs-se a junção desses documentos. Se o autor
tem estatuto de testemunha não pode depor por meio escrito. E também não era
prova documental porque não estava assinado. O tribunal estava bem em recusar esta
declaração.

O problema da legalidade da prova tem haver com . Ou seja, será que o principio da liberdade
de porva pode derrogar a legalidade. Ou temos de articular a liberdade com as condições de
legalidade de prova? O que resulta do art. 125º resulta:
1. O art. 125º no seu conteúdo faz uma defesa do conteúdo da legalidade.
2. Qualquer liberdade de prova pode ser relevante não pode derrogar a legalidade.

O que significa a liberdade de prova?

04 de Março de 2020

Programa

 Contratos: mandato e arrendamento;


 Responsabilidade civil: pré-contratual;

Avaliação

 Avaliação contínua (participação + teste) + exame


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Contratos
São os contratos que operacionalizam a aquisição dos equipamentos; mas olhando para a
função dos contratos na economia capitalista, estamos a olhar para o aspeto funcional. E
normalmente os juristas não estudam isto nesta expetativa, portanto temos de ver se os
direitos dos contratos é capaz ou é adequado a desempenhar esta função no mercado. Ou
seja, se os contratos estão dentro de uma moldura aceite e se tornam vinculativos através da
execução de um terceiro (tribunal). De um ponto de vista jurídico, o contrato é uma figura não
muito remota. A obrigatoriedade dos acordos, antigamente, resultada da moralidade (palavra
dada).

“Todos os direitos civis circunscrevem aos seguintes contratos: propriedade,

Erro, dolo, coação (tudo aquilo que pudesse pôr em causa a liberdade dos sujeitos ou da sua
bondade livre) Portanto, os vícios da vontade e os vícios da declaração (casos em que a pessoa
ao exprimir-se não é percetível ou clara) são acautelados. Basicamente, o direito privado (para
os liberais considerava-se direito civil) era o direito dos burgueses.

Contrato de trabalho – não existe igualdade entre os dois contraentes. Surgiram ainda
decretos lei que começaram a impor férias, pausas no trabalho, tempo máximo. No entanto,
não estava aqui em causa a desigualdade social.

Mandato (art. 1157º do Código Civil)


Mandato é um contrato. E poderá haver um mandato com ou sem representante. O contrato
de mandato é um contrato – alguém pratica atos jurídicos por conta de outra pessoa. Pode
fazê-lo em nome da outra pessoa ou em seu próprio nome. Ou seja, significa atuar em
representação.

O que é que é “atuar em nome de outrem ou em representação de outrem”? Representar um


direito, o representante não é o representado, mas está lá como se fosse o representado. O
efeito jurídico projeta-se para a esfera do representado.

“Atuar por conta de” – caraterística necessário do contrato de mandato. O mandatário está a
fazer aquilo pelo interesse do mandante. Significa que tem a noção ou a intenção (animus) de
estar a tratar do assunto de outrem. Significa também que todos os efeitos materiais,
patrimoniais ou jurídicos se destinam ao mandante (atuar por conta do mandante).

A procuração é o título do contrato (art. 262º do Código Civil). Pode haver representação s/
procuração?

– Representação s/ poderes (art. 268º do Código Civil)

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