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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO- ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E

HUMANIDADES

EMILY KAORI NUMA

GABRIELA BARROS CONSTANTE

JESSICA SILVA MARTINS

MANUELLA VIVEIROS LEITE

VINICIUS EIGI

“ÉTICA” DOS POVOS ANTIGOS EM CONTRAPONTO À ÉTICA OCIDENTAL

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

2023
Resumo

O presente trabalho introduz a discussão acerca da ética nas culturas antigas. Nele
traremos uma breve conceituação e redirecionaremos a temática para o embate desta ideia nas
culturas antigas no geral, de modo que ao decorrer do texto seja especificado as contradições
a partir de determinadas culturas, tais como os povos yanomami e o povo iorubá. Assim, o
trabalho também traz discussões pertinentes a ideias como epistemicídio, universalização do
conhecimento europeu e positivismo. A ideia central é refletir sobre como o conceito de ética
não atravessa a formação do conhecimento de povos não europeus, já eles possuem uma
formação intelectual/espiritual paralela àquela construída no período greco-romano e,
portanto, desenvolveram seu próprio conjunto de ideias que os guias nos progressos de sua
sociedade. Isto será feito não apenas por um roteiro escrito, mas, principalmente, a partir de
um vídeo que buscará se comunicar com os outros alunos.
Palavras-chave: ética, cultura, antigas, europeias
.
1. Introdução

Com o desenvolvimento da filosofia antiga, a ética se tornou centro dos debates, sua
importância foi tão grande que até os dias de hoje essa discussão vem à tona. Contudo, em
decorrência do impacto da colonização e o processo de formação intelectual no ocidente,
construiu-se uma ideia de que os conceitos advindos deste período são universais e poderiam
ser observados em qualquer cultura. Tal pontuação provocou entre os intelectuais,
principalmente aqueles que possuem envolvimento e/ou são de povos antigos/ancestrais,
questionamentos, principalmente tendo como perspectiva o apagamento histórico e cultural
que isto trazia. A ideia é refletir se faz sentido impor um conceito que não faz parte da
formação histórica deste povo: seria possível falar sobre ética em uma população que sequer
fez parte da construção desta ideia? Além disso, mesmo que ideias semelhantes ao conceito
de ética possam aparecer, faria sentido usar de um conceito formado em outras terras para
definir a ideia de um povo, principalmente pensando no processo colonial? O presente
trabalho busca responder a tais questionamentos e provocar ao leitor uma reflexão sobre a
forma que enxergamos conhecimento em nossa sociedade. Alguns autores, como Tiganá e
Márcio, acreditam que conceitos ocidentais podem ser usados para explicar fenômenos e
conhecimentos ancestrais, inclusive eles apresentam o que seria a ética em tais povos. Já
autores como Mario e Ursula, discordam de tão posição, já que eles acreditam que tanto a
ética quanto o conhecimento ancestral são situados e, portanto, paralelos. Assim, se
estabelece uma dicotomia entre conhecimentos ancestrais e o conhecimento europeu.

2. Justificativa

O avanço do anticientificismo/pseudocientificismo na nossa sociedade vem trazendo


diversos malefícios, como a volta de doenças erradicadas e mortes evitáveis. Contudo, uma
retórica que vem crescendo e tomando espaço dentro dos espaços progressistas é a ideia de
que a ciência e/ou o conhecimento ocidental são o centro da formação intelectual e, portanto,
a única forma legítima de construir o conhecimento. Observando este movimento, nosso
grupo propôs levantar um debate acerca do conhecimento de povos antigos e sua relação com
esta ideia, tendo como perspectiva trazer ao foco dos holofotes autores de povos antigos,
como Nego Bispo e Davi Kopenawa, que foram e são invisibilizados pelo conhecimento
hegemônico. Ademais, o presente trabalho caminha sobre esta perspectiva pois reconhece a
camada de racismo que há em alimentar uma narrativa que torna o conhecimento europeu
como central. O apagamento e invisibilização dos povos antigos é um movimento que precisa
ser combatido e a construção de um conhecimento amplo e respeitoso só será possível caso
dêmos voz à compreensão destas populações.

3. Objetivos

O objetivo deste trabalho é analisar, a partir de revisão bibliográfica, sobre o


conhecimento de povos antigos e sua relação com a ideia de que a ciência e/ou o
conhecimento ocidental são o centro da formação intelectual.
Ademais, outros objetivos, porém específicos, são o de conhecer indiretamente a
cultura de povos antigos em relação ao conceito de ética, utilizando de bibliografias de
autores da área; analisar se há uma influência da cultura ocidental e branca; analisar o
racismo que toma a cultura europeia como central; dar maior visibilidade às culturas não
ocidentais e européias; além de analisar o conceito de que o
anticientificismo/pseudocientificismo vem trazendo diversos malefícios para sociedade.
4. Hipótese a ser sustentada

Este trabalho tem como intuito trabalhar com a hipótese de como o conceito de ética
surge de uma forma eurocentrista de analisar as culturas antigas orientais, ameríndias e
africanas. Dessa forma, em busca de repertório e sustentação para a tese e a pesquisa em
artigos científicos de autores que buscaram dedicar-se ao estudo de culturas antigas e ainda a
análise e comparação da estrutura dessas com a forma europeia de organização.
Para a pesquisa e a realização deste trabalho o grupo efetuou pesquisas de artigos e
revistas científicas de antropologia, e ainda a análise em documentários sobre essa temática.
E ainda, o método de análise material foi a comparação entre as diferentes culturas e a
reflexão para que quando a produção do audiovisual for efetuada esse repertório seja
utilizado para que as ideias sejam embasadas durante o desenvolvimento do vídeo.

5. Métodos materiais e técnicas utilizados para sustentar a hipótese e para coleta de


informações

O presente trabalho é estabelecido a partir do debate baseado na leitura de autores que


se afastam do eixo europeu tomado pela Filosofia Antiga, de modo que se tenha ciência de
que culturas diferentes necessitam de abordagens diferentes. Por conseguinte, a vigente
hipótese será sustentada por meio do debate apoiado na leitura de artigos antropológicos
feitos por autores como Renato Sztutman, Edson Tosta Matarezio Filho, Aílton Krenak e
Jorge Luis Gutiérrez - que versam sobre a cultura índigena sem ceder ao evolucionismo e
positivismo adotados pelos filósofos eurocêntricos para com povos antigos, e que questionam
e refletem sobre a distinção entre a filosofia moral ocidental e a de outrem que possuem
referências divergentes
Ademais, para a coleta de informações, é substancial que o método utilizado também
seja baseado na extração de conhecimentos de autores e figuras indígenas e/ou que tenham
contato com povos antigos e originários, entendendo o contexto sociocultural dessas
comunidades e sua marginalização, como Aílton Krenak, Eliane Potiguara, Davi Kopenawa
Yanomami e Daniel Munduruku

6. Métodos/técnicas de análise do material que coletarão (ou o modo como esse material
será utilizado para a produção do vídeo ou podcast).
No que diz respeito aos métodos/técnicas de análise do material coletado, é possível
afirmar que eles visam identificar os conteúdos explícitos e subjacentes presentes em todo o
material coletado, que incluem entrevistas, artigos, publicações e observações. A análise
comparativa é conduzida por meio da sobreposição das diversas categorias identificadas em
cada análise, destacando tanto os aspectos considerados semelhantes quanto aqueles
percebidos como distintos. Em resumo, o método de análise de conteúdo abrange as seguintes
etapas:
1- Realização de uma leitura abrangente do material coletado, incluindo entrevistas e
documentos;
2 - Codificação para a formulação de categorias de análise, utilizando o referencial
teórico e as diretrizes extraídas da leitura abrangente;
3 - Recorte do material em unidades de registro (palavras, frases, parágrafos)
comparáveis ​e com conteúdo semântico semelhante;
4 - Estabelecimento de categorias que se diferenciam tematicamente nas unidades de
registro, transformando dados brutos em dados organizados. A formulação dessas categorias
segue os princípios da exclusão mútua (entre categorias), homogeneidade (dentro das
categorias), pertinência na mensagem transmitida (evitando distorções), fertilidade (para
inferências) e objetividade (compreensão e clareza);
5 - Inferência e interpretação, fundamentadas no referencial teórico.

7. Plano de trabalho e cronograma

ATIVIDADES 11/ 18/ 25/ 01/ 15/ 10/ 17/ 24/ 01/ 08/ 21/ 22/12
08 08 08 09 09 11 11 11 12 12 12 até
23/12

Montagem do X
grupo e
discussão
sobre o tema

Revisão X
bibliográfica
sobre o tema

Leitura dos X X
dados
encontrados

Criação do X
documento

Retomada de X
aulas e
discussão dos
grupos

Atribuição de X
tarefas entre
os membros e
início do
manuscrito

Ajustes finais X
da
estruturação
dos tópicos e
do manuscrito

Entrega do X
roteiro e início
das gravações

Ajustes finais X
de edição das
gravações

Entrega do X
vídeo
Preencher o X
Forms

8. Proposta de vídeo

Faremos um vídeo que reúne a bibliografia utilizada, através de filmagens da


apresentação de um documentário padrão. Não realizaremos o podcast.

9. Roteiro do vídeo

a) Apresentando o tema

b) ⁠expondo os textos

c) ⁠fazendo análises e comparações

d) Exemplos de povos antigos

e) Forma como funcionava a ética nesses povos, e demonstrar como a moral deles é
diferente da nossa

f) Evidenciar como a ética deles é diferente daquele conceito ocidental que nós temos

REFERÊNCIAS

SANTANA NEVES SANTOS, TIGANÁ. A cosmologia africana dos bantu-kongo por


Bunseki Fu-Kiau: tradução negra, reflexões e diálogos a partir do Brasil. 2019.

GOLDMAN, Marcio. ‘NADA É IGUAL’. VARIAÇÕES SOBRE A RELAÇÃO


AFROINDÍGENA*. 2021.

DE JAGUN, Márcio. Ori: a cabeça como divindade. 2015.

SANTOS, Antônio Bispo dos. Quilombos: Modos e Significados. Teresina: Editora


COMEPI, 2007. 2021
Renato Sztutman e Edson Tosta Matarezio Filho. Sobre Lévi-Strauss e Filosofias Indígenas
- Entrevista Com Renato Sztutman. 2015

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