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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOCAMBIQUE

MESTRADO EM FINANÇAS E COMÉRCIO INTERNACIONAL

Módulo de Análise Financeira e Avaliação de Empresas

FUSÕES E AQUISIÇÕES- INFLUÊNCIA DA COMPETIÇÃO NA AVALIAÇÃO DE


EMPRESAS

Mestranda: Virgínia Varyny Naprimo Luante

Docente: Belchior Cole

Maputo- 2023
Índice

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................3
CONTEXTUALIZAÇÃO...............................................................................................................4
OBJECTIVOS.................................................................................................................................5
Geral.............................................................................................................................................5
Específicos...................................................................................................................................5
METODOLOGIA…………………………………………………………………………………5
ABORDAGENS TEÓRICAS.........................................................................................................6
Conceitos de Fusão e Aquisição..................................................................................................6
Tipos de Aquisições.........................................................................................................................6
Aquisições de Activos..................................................................................................................6
Aquisição da empresa em operação.............................................................................................7
Etapas do Processo de Aquisição de Empresas...............................................................................8
Avaliação do alvo de aquisição....................................................................................................8
Negociação de termos de aquisição.............................................................................................8
Due diligence...............................................................................................................................9
Estruturação da transação.............................................................................................................9
Obtenção de aprovações regulatórias...........................................................................................9
Integração pós-aquisição..............................................................................................................9
Modalidades de Fusão e Aquisição...............................................................................................10
Competição no procedimento de aquisição...................................................................................10
Exemplos de Fusão e aquisição de empresas................................................................................13
CONCLUSÃO...............................................................................................................................18
BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................................19
INTRODUÇÃO

Os processos de fusão e aquisição de empresas constituem uma maneira rápida de uma firma
crescer, entrar em mercados, defender-se de aquisições indesejadas e aproveitar oportunidades de
investimento. A partir da segunda metade do século XX as aquisições e fusões se tornaram
estratégias importantes usadas pelas grandes e pequenas empresas para crescer e vencer desafios
competitivos (KRISHNAN; JOSHI; KRISHAN, 2004).

Deste modo, a globalização tomou conta do cotidiano de pessoas e empresas em todo o mundo,
influenciando uma diversidade de efeitos em todos os sectores.

Contudo, as empresas necessitam sobreviver num mercado cada vez mais globalizado e
competitivo. E, perante os desafios associados à elevada pressão da concorrência, torna-se
essencial promover constantemente o espírito de mudança, a inovação e a diversificação de
produtos, serviços e processos como forma de criação de valor e obtenção de vantagem
competitiva face aos concorrentes. Neste contexto, uma das medidas estratégicas mais rápidas,
eficazes e rentáveis que contribuem para que as empresas diversifiquem as suas actividades e se
tornem mais robustas e competitivas é através da realização de Fusões e Aquisições (SILVA et
al., 2004).

Assim, o presente trabalho tem o enfoque direcionado às fusões e aquisições e sua influência da
competição na avaliação de empresas.
Neste sentido, o trabalho tem como objectivo central de analisar os factores que influenciam as
decisões no processo de operações da fusão e aquisição, bem como as técnicas de avaliação das
mesmas.

Quanto a estrutura do trabalho, este está dividido em três partes: Introdução, Desenvolvimento e
Conclusão.
CONTEXTUALIZAÇÃO

As Fusões e Aquisições constituem poderosas ferramentas para o crescimento e expansão das


empresas, permitindo a penetração em novos mercados sem aguardar pela maturidade de
determinados investimentos internos (Rasmussen,1989).

Do ponto de vista de Suen e Kimura (1997), os motivos subjacentes às Fusão e Aquisição são o
crescimento e a diversificação de atividades e o aumento de competências e capacidades. Em
conformidade com estas afirmações Santos e Moura (2011) referem que a escolha pela
realização de Fusão e Aquisição justifica-se pela rapidez do processo no crescimento
empresarial, na quebra das barreiras estruturais, culturais e de informação e na aquisição de
conhecimentos, técnicas, patentes e tecnologias. Neste sentido, as motivações gerais assentes na
concretização de Fusão e Aquisição são a diversificação de atividades, o aumento de poder de
mercado, as economias de escala a aquisição de know-how e recursos complementares, a maior
dimensão estrutural, a obtenção de sinergias financeiras e benefícios para os acionistas e
investidores

Fusão é uma operação em que duas empresas se unem para formar uma nova organização. É um
movimento amigável, voluntário, em que as organizações combinam seus recursos e meios
visando obter benefícios, como ampliar o portfólio de produtos/serviços oferecido e aumentar a
sua participação no mercado.
OBJECTIVOS
Geral
 Analisar os factores que influenciam as decisões no processo de operações da fusão e
aquisição, bem como as técnicas de avaliação das mesmas.

Específicos

 Identificar as técnicas de avaliação aplicadas pelas empresas;


 Compreender o processo de fusão e aquisição de empresas
 Identificar as etapas do processo de aquisições, bem como as formas de fusão
aplicadas pelas empresas.

METODOLOGIAS

Para a concretização dos objectivos da pesquisa foi usada a pesquisa quantitativa (através de
obtenção de informações por meio de ferramentas como pesquisas online, exploratória e
descritiva) e a pesquisa bibliográfica (através de levantamento de referências teóricas já
analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas
de web sites).

Quanto as técnicas de pesquisa usadas neste trabalho foram: O método que foi usado nesta
pesquisa é o método indutivo.

Segundo Lakatos e Marconi (2007, p.86) este método é responsável pela generalização, isto é,
partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral. Contudo, a Indução é um
processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente
constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas.
Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais
amplo do que o das premissas nas quais se basearam.

O documentário é a técnica de pesquisa usada neste trabalho (através de colecta de informações


de fontes anteriores, como pesquisas externas, livros, etc).
ABORDAGENS TEÓRICAS

Conceitos de Fusão e Aquisição

Da Silva apud Chirrime (1986, p.456) define a fusão como sendo uma reunião, numa só, de duas
ou mais sociedades.

A fusão define-se como operação pela qual várias empresas decidem reunir o seu património
passando a formar uma única.

A fusão resulta da combinação de duas ou mais empresas para formar uma empresa inteiramente
nova.

Segundo Robinson (1995:84-85), define a aquisição como sendo controle de um agente


económico por outro, onde o agente adquirido desaparece como pessoa jurídica, mas a
adquirente mantém a identidade jurídica anterior ao acto.

A aquisicao é uma alternativa rápida porque permite a posse total. Em teoria as mudanças podem
ser levadas acabo rapidamente. Mas na teoria, só muito raramente isso é assim tão simples e
numerosas aquisições falham durante essa fase.

Deste modo, aquisição é a combinação de duas ou mais empresas, na qual a empresa resultante
mantém a identidade de uma delas, em geral a maior.

Em geral, a empresa adquirente é aquela que busca controlar a outra chamada empresa adquirida
ou visada. Assim, a empresa adquirente identifica, avalia e negocia com os administradores e/ou
accionistas da empresa visada. Há casos em que, os próprios administradores das empresas
visadas dão início à negociação com a empresa adquirente.

Tipos de Aquisições

Aquisições de Activos

Uma empresa, por vezes pode ser adquirida pelo seu potencial de gerar lucros. Mas esse
potencial está nos seus activos aglomerados, geralmente activos permanentes. O preço a pagar
depende de saber se é toda a empresa a ser adquirida ou se são certos activos.
Se a compra dirige-se a toda empresa que não vai ter continuidade e seu preço será o de
liquidação, tendo em consideração os prejuízos fiscais enquanto que se a compra apenas
contempla certos activos importantes deve-se pagar apenas o valor de mercado desses activos. A
decisão da compra deve depender da relação custo-benefício esperado que se pode medir atraves
de indicadores de viabilidade de investimento, tais como VAL, TIR Etc.

Aquisição da empresa em operação

A compra de uma empresa obedece ao princípio básico de qualquer dispêndio de capital,é feito
para adquirir activos que proporcionarão resultados positivos ou seja para aumentar a riqueza dos
accionistas. Entretanto, a forma de cálculo requer que se introduza algumas alterações no custo
de capital, devido à mudanças verificadas na estrutura de capital que pode afectar o risco
financeiro total da empresa. O custo de capital apenas não se altera quando se adquire uma
empresa com a mesma estrutura de capital. Portanto, sempre que se adquire uma empresa com
uma estrutura de capital diferente antes de aplicar as técnicas de orçamento de capital deve-se
ajustar adequadamente o custo de capital.

Forma de Aquisição

São três formas de comprar empresas. Uma possibilidade é juntar as duas empresas, caso em que
uma empresa assume automaticamente todos os activos e todos os passivos da outra. Tal
aquisição tem de ter a aprovação de pelo menos 50% dos accionistas de cada uma das empresas.

Uma alternativa é simplesmente, comprar as acções da vendedora na bolsa, pagando em


dinheiro, com acções ou outros títulos. Neste caso, o comprador pode decidir negociar
individualmente com os accionistas da empresa à venda. Os gestores da empresa em venda
podem não estar envolvidos, embora se procure a sua aprovação e cooperação.

A terceira abordagem é comprar algumas ou todos os activos do vendedor. Neste último caso, a
propriedade dos activos tem de ser transferida e o pagamento é feito à empresa em venda , em
vez de directamente aos seus accionistas

Por vezes, os administradores de uma empresa organizam-se para, em conjunto, tomar a


totalidade ou parte da empresa e transformá-la numa empresa não aberta ao público.
Vulgarmente, a administração partilha a propriedade com um pequeno grupo de investidores
externos.

Etapas do Processo de Aquisição de Empresas

Segundo Santos (2011), o processo de aquisição de empresas é uma série de etapas que uma
empresa segue para adquirir outra empresa, parte de uma empresa ou seus ativos. Essas etapas
incluem:

 Avaliação do alvo de aquisição,


 A negociação de termos de aquisição,
 A due diligence,
 A estruturação da transação,
 A obtenção de aprovações regulatórias e,
 A integração pós-aquisição.

Avaliação do alvo de aquisição

O primeiro passo no processo de aquisição de empresas é a identificação e avaliação do alvo de


aquisição. A empresa compradora deve avaliar a adequação do alvo de aquisição em relação a
seus objetivos estratégicos, recursos financeiros, tecnologia, recursos humanos e cultura
organizacional. Alguns fatores importantes a serem considerados incluem o tamanho e a
estabilidade financeira do alvo, sua posição no mercado, seu potencial de crescimento e suas
vantagens competitivas.

Negociação de termos de aquisição

Uma vez que a empresa compradora tenha identificado um alvo de aquisição adequado, ela
precisa negociar os termos da aquisição com o proprietário ou representantes do alvo. Os termos
de aquisição podem incluir o preço de compra, a forma de pagamento, o prazo de pagamento, o
escopo da aquisição, as garantias e responsabilidades do vendedor e outras cláusulas importantes.

Due diligence

A due diligence é uma avaliação completa e sistemática dos aspectos financeiros, legais e
operacionais do alvo de aquisição. A due diligence ajuda a empresa compradora a identificar e
avaliar os riscos e oportunidades associados à aquisição. A due diligence pode incluir uma
análise detalhada das finanças, operações, recursos humanos, propriedade intelectual, contratos,
litígios e passivos do alvo de aquisição.

Estruturação da transação

Uma vez que a empresa compradora tenha concluído a due diligence e negociado os termos da
aquisição, ela precisa estruturar a transação de forma eficiente e econômica. A estruturação da
transação pode incluir a escolha da forma jurídica, a definição dos direitos e obrigações das
partes envolvidas, a elaboração de contratos e documentos legais, e a obtenção de financiamento,
se necessário.

Obtenção de aprovações regulatórias

Em alguns casos, a empresa compradora pode precisar obter aprovações regulatórias antes de
concluir a aquisição. As aprovações regulatórias podem incluir a aprovação de órgãos
governamentais, reguladores do setor ou outras autoridades competentes. A obtenção dessas
aprovações pode exigir tempo e recursos adicionais e pode afetar a estruturação e os termos da
transação.

Integração pós-aquisição

Após a conclusão da transação, a empresa compradora deve integrar o alvo de aquisição em suas
operações existentes. Isso pode incluir a integração de sistemas, processos e cultura
organizacional, bem Como a gestão de recursos humanos e a reorganização das atividades
comerciais. A integração pós-aquisição é um processo crítico que pode afectar o sucesso da
aquisição.

O processo de fusões e aquisições no ambiente microeconómico tem como principais objectivos:

 Uma forma rápida de uma empresa crescer;


 Um modo de entrar em mercados e defender – se de aquisições indesejadas;
 Um meio de aproveitar oportunidades de investimentos;e
 Uma maneira de alguns participantes desses processos lucrar em detrimento de outros.
Modalidades de Fusão e Aquisição

Para Ross, Westerfield e Jaffe (1995), uma fusão e aquisição pode ser:

 Horizontal: quando ocorre entre duas firmas atuantes no mesmo ramo de actividade,
geralmente concorrentes entre si;
 Vertical: quando resulta em união entre firmas que fazem parte da mesma cadeia
produtiva, podendo ser para cima (montante), em direcção aos fornecedores, ou para
baixo (jusante), em direcção aos distribuidores;
 Em conglomerados ou co- seguro: quando envolve firmas em ramos de actividades não
relacionados, cujo principal objectivo normalmente é a diversificação de investimentos,
visando reduzir riscos e aproveitas as oportunidades de crescimento

Competição no procedimento de aquisição

Segundo Filho (2016), diversos autores identificaram o baixo nível de competição em leilões
para adquirir empresas. Andrade, Mitchell e Stafford (2001), Moeller, Schlingemann e Stulz
(2007), Betton, Eckbo e Thorbun (2008) evidenciaram que uma aquisição hostil consiste em
negociações bilaterais e, até mesmo quando existe mais de um comprador, em diversas situações
apenas um deles oferece lances.

Em geral, de acordo com Aktas, Bodt e Roll apud Filho (2010, p. 243), esses números
demonstram baixo nível de competição observável. Boone e Mulherin (2008) defendem que
apenas o número de licitantes não seja o melhor modo de medir a competição. Usando dados da
Security Exchange Comission (SEC), esses autores elaboraram medidas mais apropriadas
considerando quantos potenciais compradores foram contatados e fizeram um lance.

Os resultados mostraram que ainda assim somente uma pequena fração desses compradores
realmente oferecera um lance, reforçando a baixa competição observável no procedimento de
aquisição.

Contrariando as informações apresentadas, Ruback (1983, p. 142) em resumo encontrou


resultados consistentes com o mercado competitivo por controlo corporativo, que preconiza
ganhos potenciais significativamente diferentes de zero. O autor explica que a competição no
mercado por controlo corporativo é caracterizada em termos dos ganhos gerados pelas empresas
licitantes potenciais. Isto significa que o preço da firma alvo aumenta até que o fluxo de caixa
presente da aquisição seja negativa para todos os licitantes não bem-sucedidos. O autor apontou
que especificamente o ganho potencial estimado da oferta de lance não bem-sucedido é negativo,
quando o licitante deseja ofertar um valor maior que o lance vencedor.

Portanto, em média, as ofertas bem-sucedidas exaurem o ganho potencial dos lances maiores que
poderiam ser ofertados. Observando que as fusões ocorrem periodicamente, Toxvaerd (2008, p.
1) avaliou os efeitos da pressão competitiva em fusões e aquisições.

Primeiro, construiu um modelo que demonstra uma relação de trade–off : por um lado,
compradores poderiam postergar suas aquisições, porém do outro arriscariam perder a empresa
alvo para os demais competidores. Esse trade–off leva a um contínuo equilíbrio e compartilha
características com o comportamento das ondas marítimas, ou seja, as fusões e aquisições
ocorrem em períodos de altas e baixas (TOXVAERD, 2008).

O modelo de Toxvaerd (2008, pp. 4 – 5), isto é, a representação matemática das etapas da
negociação da aquisição de uma empresa, onde dois licitantes competem por uma firma alvo, é
expandido para uma negociação global dinâmica, introduzindo ruídos informacionais sobre a
probabilidade de fusão.

Os resultados de Toxvaerd (2008) são:

 A ocorrência de fusões deve aumentar em condições favoráveis econômicas;


 E em razão da pressão competitiva, fusões ocorrem anteriormente do que sugerido
somente pela lucratividade.

Esse estudo mostra a importância da pressão competitiva dentro do grupo de compradores na


definição do cronograma de fusões (TOXVAERD, 2008, p. 23). Também contrapõem os
resultados encontrados por Boone e Mulherin (2008), mostrando que a competição está presente
até mesmo na ausência de múltiplas ofertas. A presença de competição, mesmo na falta de
ofertas múltiplas é temática importante para o trabalho de Aktas, Bodt e Roll (2010).

A competição em potencial baseia-se na construção de Baumol (1982) de mercado


perfeitamente contestáveis.
O estudo de Baumol (1982) está centrado na competitividade em um contexto de oligopólio, em
linha com a ideia de competitividade de Bertrand.

O autor demonstra que um agente observando a ganância de uma empresa em ofertar um produto
com preço maior que o custo marginal dele pode realizar uma investida rápida no mercado e
oferecer o mesmo produto por um preço um pouco menor e obter receitas suficientes para fazer
frente as despesas realizadas e ainda obter lucro na operação.

Vantagens e desvantagens do processo de Fusão e Aquisição

Em resumo, como pudemos observar, as Fusões e Aquisições propiciam redução de custos


operacionais e otimização na produção. Como vantagens podemos ainda citar:

 Redução da concorrência;
 Aumento de crescimento;
 Adquirir novos talentos;
 Abertura de novos mercados;
 Acesso a novos mercados;
 Compartilhamento de conhecimento;
 Diversidade no portfólio de produtos ou serviços;
 Expansão da base de clientes;
 Economia de tempo na estratégia de crescimento; e
 Aumento nas vendas ao comercializar produtos ou serviços complementares.

Todavia, existem também algumas desvantagens as quais é preciso ficar atento:

 Limitar o seu poder sobre a gestão da empresa em caso de venda parcial;


 Impossibilitar a atuação naquele setor por determinado período, por meio de um acordo
de não competição;
 Gerar um possível ócio na sua vida até que consiga estruturar outra demanda para se
dedicar.

Exemplos de Fusão e aquisição de empresas


Em Moçambique a título de exemplo temos:

Fusão: entre a MCEL – Moçambique Celular e as Telecomunicações de Moçambique que


resultam na TMCEL – Moçambique Telecom, SA; e

Aquisição: a compra do Banco Terra Moçambique pelo Banco Moza que mantém a identidade
desta última entidade e, a compra do Barclays Bank pelo Absa Moçambique que acabou por
manter a identidade actual do Grupo Absa.

A pandemia da Covid – 19 retirou a liquidez de muitas instituições pelo que, uma das melhores
alternativas para garantir, os ganhos dos sócios das instituições envolvidas e tornar atraente o
processo da fusão ou aquisição por longo prazo, a utilização do Quociente de Troca é, a técnica
mais apropriada para a negocição entre as empresas.

O Quociente de Troca (QT) é, a razão entre o valor pago por acção da empresa adquirida ou
visada (EV) e o preço de mercado da acção da empresa adquirente (EA), ou seja: QT = EV/ EA.

Assim uma empresa X que tenha as suas acções avaliadas no mercado em MT 10 e no acto da
sua aquisição exige o preço de MT 20 a empresa adquirente Y, com acções avaliadas no mercado
ao preço de MT 15, então o QT = 20/15 = 1,33.

A empresa Y deve oferecer 1,33 acção para adquirir 1 acção da empresa X pelo que, ao
considerar que a empresa X tem 5.000 acções vai obrigar a empresa Y a emitir 6.650 (5.000 x
1,33) acções, como forma amigável de executar este processo da fusão.

O Quociente de Troca tem efeitos sobre, o lucro por acção tanto para a empresa adquirente e
adquirida, relativamente ao preço pago por acção que, tem impacto directo nos índices
preço/lucro (P/L). Assim:

O índice P/L é: = Preço de mercado da acção/ Lucro por acção (LPA); e

O Lucro por acção (LPA) é: = Lucro disponível após o imposto de renda/ número de acções.

O índice preço sobre o lucro (P/L) é, um indicador que relaciona o valor do mercado de uma
acção, com o lucro corrente e projectado no horizonte temporal da empresa em análise.

Assim, a relação existente entre, os efeitos dos índices preço/ lucro (P/L) sobre o lucro por acção
(LPA) são, as seguintes:
Neste caso em concreto, com a fusão a empresa adquirente Y espera, uma redução inicial do
lucro por acção mais que, a longo prazo os seus efeitos da fusão sobre esse lucro costumam ser
bastante favoráveis.

Ao pagar mais do que o valor actual por metical de lucros para adquirir cada metical (P/L pago >
P/L da adquirente), a adquirente (Y) transfere o direito sobre parte de seus lucros antes da fusão
para os proprietários da empresa visada (X). Com a fusão, o LPA da empresa visada X aumenta
e o da aquirente Y diminui.

O principal factor para que a adquirente Y obtenha LPA futuro mais alto é, a expectativa de que
ocorra uma elevação dos lucros atribuíveis à empresa visada X, a um ritmo mais rápido do que
resultante dos seus próprios activos, antes da fusão (os efeitos das sinergias).

A sinergia é a condição pela qual, o valor da acção de mercado da empresa combinada (PM XY),
resultante da fusão existente entre as empresas X e Y deve superar, a soma do valor da acção de
mercado das duas partes (PMX e PMY), já a fusão é a combinação de duas empresas ou mais para
formação de uma única organização.

Na fusão sinérgica, o valor pós – fusão é maior a soma dos valores pré – fusão das empresas
separadas, ou seja: Sinergias = PMXY – (PMX+ PMYP).

O valor ou preço de mercado da empresa visada X (PM X) e, o valor ou preço de mercado da


empresa adquirente Y (PMY) correspondem aos valores de mercado das empresas X e Y, se
forem empresas de capitais cotadas na bolsa de valores, e que as sinergias se identificam com os
ganhos que, quando positivos, resultam PMXY > (PMX+ PMY).
A melhor quantificação das sinergias recorre – se, a seguinte equação:

t ICFt

Sinergias = ∑ −−−−−−−−−

t=1
(1+ r)t

Onde: ICFt corresponde ao “cash flow” incremental na data t da fusão;

r é a taxa de actualização ajustada, ao risco que geralmente se identifica com, a taxa de


rendibilidade esperada para os capitais próprios, da empresa visada.

Os cash flows incrementais dependem das origens das sinergias: acréscimos de proveitos (IR t);
reduções de custos (ICt); redução de impostos (ITt) e investimentos incrementais em capital
fixam e fundo de maneio necessário (IIt), ou seja: ICFt = IRt – ICt – ITt – IIt

Na decisão da fusão, a empresa adquirente simplesmente realiza uma análise típica de orçamento
para determinar – se, o valor presente dos fluxos de caixa que se espera que resultem da fusão
supera, o preço a pagar pela empresa visada, e se o valor presente líquido (VPL) é positivo, o
comprador prossegue com aquisição, ou seja:

T ICFt

VPL da Fusão = ∑ −−−−−−−−− – Prémio

t=1
(1+ r)t

Onde:

O Prémio é: = Preço ou valor de mercado da acção da empresa combinada (PM XY) – Preço ou
valor de mercado da acção da empresa adquirente (PMY).

A decisão de aquisição pelo comprador de forma sumaria baseia -se, nos seguintes
comportamentos do VPL da fusão:

VPL > 0: O comprador prossegue com aquisição;

VPL = 0: É indiferente a aquisição ou não, pelo comprador; e

VPL < 0: O comprador não prossegue com aquisição.


.Assim presumido que, o valor ou preço do mercado esperado da empresa combinada (PM XY), é
de MT 60 após a fusão entre as empresas X e Y, já podemos cálcular, os seguintes indicadores da
decisão:

Sinergia = PMXYEsperado – (PMX + PMY) = 60 – (10 + 15) = MT 35 – Justifica a fusão económica ou


estratégica que, tem por objectivo tirar proveitos das economias de escala;

PMXYPresente = PMXYEsperado – Pagamentos = 60 – 20 = MT 40

Prémio = PMXYPresente – PMY = 40 – 15 = MT 25

VPL da fusão para Y = 35 – 25 = MT 10 – Justifica a fusão financeira que, tem por finalidade de
reestruturar a empresa adquirida, melhorado seu fluxo de caixa e liberando seu valor oculto.

O Quociente de troca em termo do preço de mercado (QTPM) indica, o preço de mercado por
acção da adquirente (PMAD) que, foi pago por metical do preço de mercado da acção da empresa
visada (PMEV), ou seja: QTPM = (PMAD x QT)/ PMEV.

O Quociente de troca em termo do preço de mercado (QTPM) geralmente, costuma ser maior
que 1, indicado que, para adquirir uma empresa, a adquirente precisa pagar um prémio além do
preço de mercado.

Os proprietários ou sócios da empresa adquirente mesmo com a realização do pagamento do


prémio podem sair ganhando, porque a acção da empresa combinada (aquela resultante da fusão
das empresas X e Y), pode ser negociada a um índice preço/lucro superior aos índices
individuais antes da fusão. Este aumento do valor da acção da empresa combinada é, devido a
melhor relação entre o risco e retorno percebida por accionistas e demais investidores como
demostramos.

O administrador financeiro deve reconhecer que, o valor da acção de mercado da empresa


combinada, só aumentará se ela for correctamente administrada. Se a empresa não puder atingir
lucros suficientemente elevados frente ao risco, não haverá garantias de que o preço da acção de
mercado da empresa combinada atinja o valor previsto.

As fusões e aquisições são especialmente atraentes quando o preço da acção da adquirente é


elevado, uma vez que menos acções precisarão ser trocadas na transacção.
O factor critica para muitas das negociações das fusões e aquisições fracassarem entre, a empresa
adquirente e a empresa visada é, o preço por acção oferecido em dinheiro ou reflectido no
quociente de troca.

CONCLUSÃO

As Fusões e Aquisições constituem mecanismos estratégicos adoptados por parte das empresas
como meio de diversificação de produtos/serviços e obtenção de sinergias financeiras, pelo que a
sua evolução e importância é cada mais notória tanto no mercado mundial como nacional.

As Fusões e Aquisições afetam os recursos (competências, experiência, informação e meios


tecnológicos) a uma gestão mais eficiente. No entanto é importante salientar que o crescimento
organizacional e o sucesso das Fusões e Aquisições são determinados pela gestão adequada e
simultânea dos aspetos financeiros e não financeiros tais como a cultura organizacional,
motivação e satisfação.
Neste sentido, as fusões e aquisições são operações relativamente comuns, que ganham grande
repercussão quando acontecem em empresas de capital aberto. Elas ocorrem com alguma
frequência porque as grandes organizações estão constantemente se movimentando
para aumentar sua participação no mercado.

E o principal objetivo das fusões e aquisições é justamente esse: aumentar a competitividade


e expandir o universo de clientes e a capacidade de gerar receitas da empresa.

BIBLIOGRAFIA

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of Financial Economics, Elsevier BV, v. 98, n. 2, p. 241–255, Nov 2010. ISSN 0304-
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 ANDRADE, G.; MITCHELL, M. L.; STAFFORD, E. New evidence and perspectives on
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 CHIRRIME, SANSÃO. Fusões e Aquisições como estratégias de desenvolvimento
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 SANTOS, T. A., & MOURA, T. G. (2011). Fusões e aquisições como formas de
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 SUEN, A., & KIMURA, H. (1997). Caderno de Pesquisas em Administração. Fusão e
Aquisição Como Estratégia de Entrada no Mercado Brasileiro, 2. São Paulo, Brasil:
Caderno de Pesquisas em Administração, Programa de Pós-graduação da FEA/USP.

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