Curso de Direito

Estágio Curricular Obrigatório

Eixo III – Práticas Processuais

DIREITO CONSTITUCIONAL

Peça Prático-Profissional

Enunciado

O presidente da República, preocupado com os direitos dos contribuintes, editou a Medida

Provisória YY/22, que altera o Código Tributário Nacional e inclui o direito ao contribuinte de
ser notificado previamente ao lançamento tributário.

O Partido Político XX, que tem projeto semelhante em tramitação no Congresso Nacional e
possui representatividade em ambas as Casas do Parlamento Nacional, deseja impugnar a
referida MP e contratou você, na qualidade de advogado (a) para tal função.

Elabore a peça processual adequada para a impugnação da referida medida provisória,

considerando que ela ainda não foi convertida em lei e não foi rejeitada pelo presidente do
Senado, ou seja, que ela está em tramitação na Câmara dos Deputados ou no Senado
Federal.

Obs.: a peça deve abordar todas os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para
dar respaldo à pretensão. A mera citação do dispositivo legal não será avaliada.

Gabarito comentado

O examinando deve propor Ação Direta de Inconstitucionalidade genérica, a ser proposta

perante o Supremo Tribunal Federal (CR/88, art. 102, inciso I, “a”). A peça deve ser
endereçada ao ministro presidente do Supremo Tribunal Federal.

O objeto da ADI é a MP YY/22, que inclui direitos no Código Tributário Nacional. O

examinando deve ter noção de que o CTN, apesar de originariamente ser uma lei ordinária,
foi recepcionado pelo atual normativo constitucional (CR/88, art. 146) e pelo Supremo
Tribunal Federal (RE 636972) como lei complementar e que lei complementar não pode ser
objeto de medida provisória (CR/88, art. 62, § 1º, inciso III).
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O Partido Político possui legitimidade para propor a ADI (CR/88, art. 103, inciso VIII), pois é
considerado legitimado universal e não se sujeita ao exame da pertinência temática, já que
seu papel é a defesa institucional e legal, o que o autoriza a promover referida ação (STF, ADI
1407).

O fundamento da ADI se consubstancia na impossibilidade de edição de medida provisória

para alterar o Código Tributário Nacional, mesmo que o partido político possua proposta
legislativa semelhante e mesmo que seja para beneficiar o contribuinte.

O examinando deve requerer concessão de medida cautelar, nos termos do que prevê o art.
10 da Lei nº 9868/99, objetivando suspender a vigência da referida medida provisória. Deve
apontar os pressupostos para a concessão de medida cautelar, como o “fumus boni iuris” e o
“periculum in mora”. A fumaça do bom direito está configurada no fato de que a
Constituição da República veda, expressamente, a edição de MP para tratar de assuntos
reservados a lei complementar e que o CTN é uma lei complementar. O perigo na demora
está consubstanciado no fato de que, caso não haja a suspensão dos efeitos da MP, diversos
processos administrativos tributários poderão ser anulados, ocasionando perdas ao erário e
custos com ações judiciais.

No mérito, o examinando deve mostrar que há regra constitucional proibindo a edição de

MP para tratar de regras em lei complementar, ainda que seja para beneficiar o
contribuinte.

No fim, deve o examinando (a) requerer expressamente declaração de inconstitucionalidade

da medida provisória editada e requerer expressamente a medida cautelar.

Deve, ainda, ser requerida a oitiva do Advogado-Geral da União para a defesa da MP e do

Procurador-Geral da República.

Desempenho

ITEM AVALIAÇÃO AUTOCORREÇÃO

Preâmbulo
1. Endereçada ao Ministro presidente do Supremo Tribunal 0,0/5%
Federal (5%).
2. Legitimidade ativa: Partido Político XX (5%), conforme artigo
103, inciso VIII, da CR/88 (2%). 0,0/2%/5%/7%
3. Deve ser indicado que o ato normativo foi editado pelo
presidente da República (5%). 0,0/5%
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Fundamentação Jurídica
4. Ato normativo impugnado: MP YY/22 (5%). 0,0/5%
5. Cabimento da ADI – Ato normativo estadual dissonante da regra
constitucional (10%), conforme previsão na Constituição da 0,0/2%/10%/12%
República, art. 62, §1º, inciso III (2%).
6. A Carta Magna proíbe edição de MP para tratar de assunto
relativo a matérias tratadas por lei complementar (10%), nos
termos do art. 62, §1º, inciso III da CR/88 (2%). 0,0/2%/10%/12%
Fundamentos para a concessão da medida cautelar
7. A patente inconstitucionalidade demonstrada nos fundamentos
de mérito (10%) embasada no art. 10 da Lei nº 9868/99 (2%). 0,0/2%/10%/12%
10. O “periculum in mora”está presente na possibilidade de
nulidade dos procedimentos administrativos (5%) e o “fumus boni 0,0/5%/10%
iuris” consistente no fato da constituição proibir a edição de MP
para tratar de matéria relacionada a lei complementar (5%).
Pedidos e requerimentos
11. Concessão da medida cautelar com o objetivo de sustar a
eficácia da MP YY/22 (10%). 0,0/10%
12. Declaração de inconstitucionalidade da MP YY/22 (10%). 0,0/10%
13. Pedido de oitiva do AGU para defesa da MP (5%) e do PGR 0,0/5%/10%
(5%).
Fechamento da peça
14. Local, Data, Advogado e OAB (2%) 0,0/2%