Você está na página 1de 8

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

TÉCNICO EM QUÍMICA

Lucas Andrade Costa


Marlon Victor Pereira
Micaela Vitoriano Lima
Rebeca Oliveira de Carvalho

ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE
Staphylococcus aureus
EM MANIPULADORES SADIOS

BELO HORIZONTE
2023
1 INTRODUÇÃO

Os humanos estão constantemente expostos a microrganismos, estes seres


considerados ubíquos, estão sempre presentes no ar, na água e nos alimentos,
sendo encontrados quando estes estão frescos, preparados e até mesmo
conservados (MADIGAN, 2010).
Analisando os microrganismos presentes em alimentos, pode-se separá-los
em três grandes grupos com características em comum. No primeiro grupo
encontram-se os causadores de deterioração microbiana, microrganismos capazes
de gerar modificações nos alimentos, podendo modificar as texturas, sabor, cor, odor
e aparência. O segundo grupo engloba todos microrganismos presentes no alimento
que trazem risco à saúde humana ou animal, dentre diversos fatores, tendo
potencialmente chegado aos alimentos pela falta de higiene dos manipuladores ou
do ambiente durante as etapas de preparação, distribuição e armazenamento do
alimento. Já o terceiro grupo se compreende como os microrganismos causadores
de alterações benéficas aos alimentos, adicionados intencionalmente ou já presente
neles (BRINQUES, 2015).
Dentre as formas de contaminação, destaca-se a preparação de alimentos
para consumo, seja na indústria alimentícia, âmbito comercial ou doméstico, pela
presença do manipulador (BORELLI, 2021). A transmissão de doenças infecciosas
pelas mãos de manipuladores foi demonstrada há 120 anos atrás por Semmelweis
(ALMEIDA, 1995), o ser humano possui consigo incontáveis centenas de espécies
de microrganismos em quantidades incontáveis de células microbianas individuais
que são coletivamente referidas como microbiota normal (MADIGAN, 2010) que
podem apresentar microrganismos oportunistas , ou seja, possíveis patogênicos
residentes no organismo, como bactérias do gênero Staphylococcus.
Em vista disso, esse relatório tem como objetivo compreender as diferentes
técnicas de isolamento de S. aureus em manipuladores sadios e identificar
morfologicamente e por testes bioquímicos as cepas de S. aureus.
2 METODOLOGIA

Para dar início à etapa prática do experimento, coletou-se, com auxílio de um swab
estéril, amostras de mucosa de diferentes áreas, sendo elas:

- Boca
- Nariz
- Olhos
- Ouvidos

Em seguida, inoculou-se no meio de cultura sólido, BHI, as amostras referentes à


boca, ouvido e nariz, utilizando a técnica de estriamento em placa. Nas placas de
Petri contendo caldo baird parker inoculou-se amostras de olho, ouvido e boca e no
meio líquido, tioglicolato, foi realizado o inóculo das amostras de olho e boca,
incubou-as a 36ºC por 24-48 horas em estufa.
As colônias que se desenvolveram foram selecionadas através de suas
características macroscópicas para a realização da técnica de coloração de gram.
Os esfregaços foram confeccionados com as colônias isoladas obtidas
anteriormente, em seguida cobriu-se o esfregaço com cristal violeta, descartando-o
após 1 minuto. Adicionou-se lugol por 1 minuto sendo, em sequência, lavado.
Utilizou-se álcool-acetona por 5 segundos para descorar o esfregaço e, novamente,
lavado. Por fim, foi utilizado fucsina por 30 segundos, lavado em água destilada e
deixado secar em temperatura ambiente.
Finalizado o período de secagem das lâminas, foi realizada a análise microscópica
e identificação morfológica da mesma.
Para a realização da prova da catalase pingou-se uma gota de peróxido de
hidrogênio na superfície da lâmina com uma pequena amostra do crescimento
microbiano e efetuou-se a leitura dos resultados.
A prova de DNase foi iniciada com a inoculação em linha reta no Ágar DNase (dois
inóculos por placa) e em seguida foram incubadas a 36ºC por 24 horas.
Após este período, adicionou-se superficialmente no meio HCl 1M e a análise dos
resultados foi feita após alguns minutos de espera.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após o inóculo das amostras, analisando as placas A, B e C que continham ágar


Baird Parker, observou-se o crescimento de colônias circulares, amarelas e pequenas
nas placas A e B, enquanto que na placa C não houve crescimento algum, como
nota-se na figura 1. O ágar Baird Parker é um meio de cultura usado para isolamento
seletivo de espécies de estafilococos gram positivos, apresentando como
características de colônias típicas coloração negra, brilhante, convexa, cercadas por
zona clara podendo apresentar uma borda opaca. Dito isso, observa-se que não há
presença de colônias típicas em nenhuma das placas, o que não exclui a opção de ser
o S. aureus dado a existência de variadas cepas.

Figura 1: Placas A, B e C, contendo ágar BP e


Crescimento de colônias atípicas.
Analisando as placas D, E e F que continham caldo BHI, nota-se o crescimento de
colônias circulares e brancas, mostradas na Figura 2. O caldo BHI é um meio de
cultura altamente nutritivo para o crescimento de microrganismos, sendo necessário
realizar testes bioquímicos para a confirmação de Staphylococcus aureus.

Figura 2: Placas de petri D, E e F contendo


Estriamento em meio de cultura BHI

Analisando os tubos A e B que continham o tioglicolato, foi-se observado turvação e


crescimento, como mostrado na Figura 3.

Figura 3: Tubos de ensaio A e B contendo caldo Tioglicolato


Para teste de presença ou ausência de turbidez
Analisando as placas do teste de DNASE, observou-se nas placas A e D formação
de um halo transparente ao redor das colônias assim que foi adicionado HCI, como
mostrado na figura 4 e 5, devido à despolimerização do DNA, indicando DNASE
positivas nas respectivas placas. Já nas placas B e E não houve crescimento de
microrganismos conforme mostrado nas mesmas figuras.

Figuras 4 e 5: Placas de Petri contendo teste de DNASE

No que se refere ao teste de catalase, as colônias de todas as placas (A,B,D,E)


aferiram positivo, já que houve a formação de bolhas de oxigênio depois da adição do
peróxido de hidrogênio, indicando a decomposição do H2O2 em água e oxigênio
gasoso.
Por fim, analisou-se a microscopia óptica da coloração de gram, concluiu-se que
as bactérias se apresentaram em arranjos de estafilococos, com coloração roxa, como
mostrado na Figura 6, indicando serem gram-positivas, sugerindo a presença de
Staphylococcus aureus.
Figuras 6:Microscopia óptica de lâminas com arranjo
de estafilococos e gram positivas

4 CONCLUSÃO

Com a realização desta prática, conclui-se, a partir das inoculações e da leitura dos
resultados, que a aplicação das técnicas de isolamento de Staphylococcus aureus
em manipuladores sadios revelou-se eficaz, especialmente através do uso de ágar
Baird Parker e caldo BHI, tanto para identificar morfologicamente, quanto por testes
bioquímicos possíveis cepas de Staphylococcus aureus. Os resultados corroboram o
sucesso das técnicas empregadas na identificação morfológica de Staphylococcus
aureus. A combinação de ágar Baird Parker para isolamento seletivo e caldo BHI
para enriquecimento nutritivo demonstrou ser uma abordagem robusta e vantajosa
na detecção e identificação dessa cepa bacteriana.

5 REFERÊNCIAS
BRINQUES, Graziela Brusch (org.). Microbiologia dos alimentos. 1. ed. São Paulo, SP:
Pearson, 2015. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br.
Acesso em: 03 nov. 2023.

SANTANA, E. H. W. DE . et al.. ESTAFILOCOCOS EM ALIMENTOS. Arquivos do Instituto


Biológico, v. 77, n. 3, p. 545–554, jul. 2010.

ALMEIDA, R. C. DE C. et al.. Avaliação e controle da qualidade microbiológica de mãos de


manipuladores de alimentos. Revista de Saúde Pública, v. 29, n. 4, p. 290–294, ago. 1995.

TORTORA, G. J.; CASE, C. L.; FUNKE, B. R. Microbiologia - 12ª Edição. [s.l.] Artmed Editora,
2017.

BORELLI, Beatriz et al. Apostila Microbiologia Industrial Curso Integrado. Segunda Série Curso
Modular - Módulo II. Belo Horizonte: CEFET-MG, 2021.

Você também pode gostar