Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A NOVA ERA DA
PERIODONTIA
ANDRÉ VILELA
LUIS FERNANDO FERRARI BELLASALMA
RODRIGO KIT T
A gengiva papilar, ou papila, é um dos tecidos que fazem parte do periodonto de proteção e se comporta de uma maneira
bastante particular, sendo hoje um dos maiores desafios dentro da periodontia. Por ser um tecido de extremidade, a
vascularização é mais pobre do que em qualquer outra região do tecido gengival. Por esse motivo, é um dos tecidos que sofre a
maior alteração estrutural frente a um processo inflamatório ou infeccioso. Papila é o nome que se dá ao tecido interproximal,
que é basicamente igual ao tecido vestibular, promovendo um vedamento biológico através do epitélio funcional e da inserção
conjuntiva, tendo uma relação bastante importante com a crista óssea interproximal. A diferença entre o tecido vestibular e
o tecido interproximal está na dimensão do sulco gengival, uma vez que a área de epitélio funcional e inserção conjuntiva
raramente sofre variação ao redor do mesmo dente.
O sulco gengival que se prolonga mais na região interproximal do que na região vestibular ou palatina tem uma relação direta
com a anatomia do dente em questão e da presença do ponto de contato, que faz com que esse sulco preencha o espaço até
o ponto de contato interdental. O formato anatômico do dente interfere na relação crista óssea interproximal com ponto de
contato, alterando a profundidade do sulco gengival e, consequentemente, comprometendo o preenchimento do espaço
interproximal. Segundo o trabalho clássico de Tarnow, de 1992, quando a distância entre o ponto de contato interproximal
e a crista óssea é maior que 5 mm, a papila não preenche totalmente o espaço interproximal, mas quando essa distância é
menor ou igual a 5 mm, a papila preenche totalmente o espaço interproximal. Nos casos de perda do tecido interproximal
causando o chamado Black Space, devemos avaliar dois fatores importantes: a anatomia dental, que possui relação com o
posicionamentodopontodecontato,eapossibilidadedehaverperdadecristaósseainterproximal.Ospacientesquepossuem
dentes triangulares, geralmente relacionados com um fenótipo tecidual não espesso, têm maior chance de apresentarem
black space, pela distância aumentada entre a crista óssea interproximal e o ponto de contato.
Se dividirmos os dentes em três partes, podemos relacionar de forma mais concreta a posição da papila com o ponto de
contato. Uma relação de normalidade pode ser observada quando o ponto de contato se localiza no terço médio do dente.
Porém, conforme existe a necessidade de alterar a posição do ponto de contato, dividimos o terço médio em duas partes,
o terço médio-cervical, que fica mais próximo do terço cervical, e o terço médio-incisal, que fica mais próximodo terço
incisal. Nos casos onde a causa do black space está relacionada à anatomia dental, sem perda de crista óssea interproximal,
o primeiro passo é reestabelecer o povo de contato, de forma com que ele fique sempre no terço médio-cervical do dente.
Dessa forma, devemos alterar a forma do dente com restaurações em resina composta ou com restaurações indiretas de
cerâmica.
Para a restauração direta, fazemos uma profilaxia com escova de Robinson com pedra pomes e água de forma delicada, para
não provocar sangramento gengival. Fazemos o condicionamento gengival com ácido fosfórico por no máximo 1 minuto e
após uma boa lavagem para eliminação de todos os resíduos. Após a secagem do dente, aplicamos o sistema adesivo seguido
de um leve jato de ar para eliminar todo o solvente e é feita a polimerização por 20 segundos. Posicionamos uma matriz de
poliéster por dentro do sulco gengival para acomodar a resina por toda a camada cervical, dando o contorno cervical desejado
e já posicionando o novo ponto de contato na região desejada.
Após a aplicação da resina e reanatomização do dente, fazemos o acabamento com discos diamantinos e polimento com
escovas e discos de feltro com pastas diamantadas (Enamelize – Cosmedent) para proporcionar o brilho final. Após 15 dias,
vemos uma acomodação gengival completa em relação ao novo ponto de contato, fechando totalmente o black space.
Uma das diferenças anatômicas que leva a papila se comportar de maneira diferente à margem gengival vestibular e palatina
é a profundidade do sulco gengival interproximal. Devido ao contato dente a dente formando o ponto de contato interdental,
o sulco gengival interproximal é aumentado, podendo ser até 2 mm mais profundo que o sulco gengival vestibular sem
alteração das distâncias biológicas referentes ao espaço biológico de 2,5 mm, que acaba se mantendo estável ao redor do
dente.
Ao remover um dente e imediatamente o espaço for preenchido com o Provisório Anatômico, os tecidos marginais, tanto
vestibular quanto interproximal, acabam tendo uma sustentação próxima da natural, podendo se manter em posição sem
maiores sequelas. No entanto, a ruptura da área de inserção conjuntiva no processo de exodontia acaba resultando em um
processo inflamatório que pode ser prejudicial mesmo na presença do Provisório Anatômico.
Nos casos de preservação alveolar ou de implante imediato sem ativação imediata, o provisório anatômico ideal deve penetrar
pelo menos 3 mm dentro do alvéolo para manter o suporte dos tecidos vestibular e interproximal (Figs. 7.3 e 7.4).
A técnica CPI (Cirurgia Plástica Interproximal) para ganho de papila é o último recurso após a avaliação das variáveis que justificam o black
space, mas dentre as várias técnicas para a regeneração de papila, a técnica CPI é a que se mostrou mais eficaz para esse objetivo. Uma
das indicações da técnica CPI é o posicionamento das margens gengivais dos dentes adjacentes ao black space estarem posicionadas
na posição da JCE (junção cemento-esmalte) e com o ponto de contato interdental no terço cervical dos dentes (Fig. 7.1). Fazemos uma
incisão na base da papila palatina, contornando com o bisturi na região do sulco interproximal e “empurrando” a papila palatina para a
região vestibular (Figs. 7.2 a 7.5). Fazemos uma incisão intrassulcular até as margens distais dos dentes adjacentes ao black space (Fig.
7.6). Após a incisão intrassulcular, fazemos a divisão do retalho com uma microlâmina até ultrapassar a linha mucogengival (Fig. 7.7).
Essa divisão do tecido conjuntivo com a microlâmina deve se estender acima dos dentes adjacentes ao black space para poder liberar
o tecido para um deslocamento coronário (Figs. 7.8 e 7.9). Após essa liberação do tecido vestibular com a papila palatina, uma incisão
horizontal é realizada do ponto da incisão inicial na base da papila até a distal do canino (Figs. 7.10 e 7.11). Nessa incisão, dividimos o
epitélio que será mantido, separando a área de rugosidade palatina e fazemos uma incisão interna até o periósteo para deslocar um
enxerto pediculado na região posterior à papila (Figs. 7.12 a 7.14). Após o deslocamento do pedículo, ele é passado para a região vestibular
através do espaço interproximal preenchendo todo o espaço referente à papila e estabilizado com um ponto no tecido conjuntivo
remanescente com um fio reabsorvível (Figs. 7.15 a 7.17).
1. Kan JYK, Rungcharassaeng K. Immediate placement and provisionalization of maxillary anterior single implants: A surgical and prosthodontic
rationale. Pract Periodontics Aesthet Dent. 2000; 12:817-824.
2. Kois JC. Predictable single-tooth peri-implant esthetics: Five diagnostic keys. Compend Contin Educ Dent. 2004; 25:895-896, 898, 900.
3. Ochsenbein C, Ross S. A reevaluation of osseous surgery. Dent Clin North Am. 1969; 13:87-102.
4. Seibert JL, Lindhe J. Esthetics and periodontal therapy. In: Lindhe J (ed). Textbook of Clinical Periodontology, ed 2. Copenhangen: Munksgaard, 1989,
p. 477-514.
5. Olsson M, Lindhe J. Periodontal characteristics in individuals with varying form of the upper central incisors. J Clin Periodontol. 1991; 18:78-82.
6. Olsson M, Lindhe J, Marinello CP. On the relationship between crown form and clinical features of the gingiva in adolescents. J Clin Periodontol. 1993;
20: 570-577.
7. Kan JY, Morimoto T, Rungcharassaeng K, Roe P, Smith DH. Gingival biotype assessment in the esthetic zone: Visual versus direct measurement. Int
J Period Rest Dent. 2010; 30:237-243.
8. Kois JC, Kan JYK. Predictable peri-implant gingival aesthetics: Surgical and prosthodontic rationales. Pract Proced Aesthet Dent. 2001; 13:691-698.
9. Kan JYK, Rungcharassaeng K, Lozada J. Bilaminar subepithelial connective tissue grafts for immediate implant placement and provisionalization in
the esthetic zone. J Calif Dent Assoc. 2005; 33:865-871.
10. Kan JYK, Rungcharassaeng K, Morimoto T, Lozada JL. Facial gingival tissue stability after connective tissue graft with single immediate tooth
replacement in the esthetic zone: Consecutive case report. J Oral Maxillofac Surg. 2009; 67(suppl):40-48.
11. Evans CD, Chen ST. Esthetic outcomes of immediate implant placements. Clin Oral Implants Res. 2008; 19:73-80.
12. Anderegg CR, Metzler DG, Nicoll BK. Gingiva thickness in guided tissue regeneration and
associated recession at facial furcation defects. J Periodontol. 1995; 66 397-402.
13. Chen ST, Darby IB, Reynolds EC, Clement JG. Immediate implant placement postextraction without ap elevation. J Periodontol. 2009; 80:163-172.
14. Kan JYK, Rungcharassaeng K, Sclar A, Lozada JL. Effects of the facial osseous defect morphology on gingival dynamics after immediate tooth
replacement and guided bone regeneration: 1-year results. J Oral Maxillofac Surg. 2007; 65(suppl 1):13-
19 [erratum 2008; 66:2195-2196].
15. Funato A, Salama MA, Ishikawa T, Garber DA, Salama H. Timing, positioning, and sequential staging in esthetic implant therapy: A fourdimensional
perspective. Int J Periodontics Restorative Dent. 2007; 27:313-323.
16. Kois JC. Predictable single-tooth peri-implant esthetics: Five diagnostic keys. Compend Contin Educ Dent. 2004; 25:895-896, 898, 900.
17. Wachtel H, Schenk G, Böhm S, Weng D, Zuhr O, Hürzeler MB. Microsurgical access flap and enamel matrix derivative for the treatment of periodontal
intrabony defects: A controlled clinical study. J Clin Periodontol. 2003; 30:496-504.
18. Cortellini P, Tonetti MS. A minimally invasive surgical technique with an enamel matrix derivative in the regenerative treatment of intrabony defects:
A novel approach to limit morbidity. J Clin Periodontol. 2007; 34:87-93.
19. Harrel SK, Wilson TG, Nunn ME. Prospective assessment of the use of enamel matrix proteins with minimally invasive surgery. J Periodontol. 2005;
76:380-384.
20. Cortellini P, Nieri M, Pini Prato G, Tonetti MS. Single minimally invasive surgical technique with an enamel matrix derivative to treat multiple adjacent
intra-bony defects: Clinical outcomes and patient morbidity. J Clin Periodontol. 2008; 35:605-613.
21. Cortellini P,Tonetti MS. Minimally invasive surgical technique and enamel matrix derivative in intrabony defects. I: Clinical outcomes and morbidity. J
Clin Periodontol. 2007; 34:1082-1088.
22. Cortellini P, Pini Prato G, Tonetti MS. Periodontal regeneration of human infrabony defects. II. Reentry procedures and bone measures. J Periodontol.
1993; 64:261-268.
• Dr. Luis Fernando Ferrari Bellasalma é graduado pela Universidade São Francisco (1987).
• Especialista em Periodontia pela USF Bragança Paulista e em Implantodontia pela Unicsul.
• Mestre em Periodontia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998).
• Atualmente é professor do Curso de Graduação em Odontologia da FAOA APCD,
responsável pelo curso de especialização em Periodontia da Escola de Aperfeiçoamento
Profissional da APCD Central.
• Tem experiência na área de Periodontia, Cirurgia Bucal e Implantes Dentários.
• Atua clinicamente na área de expertise e tem 30 anos de experiência profissional.
LUIS FERNANDO
FERRARI BELLASALMA
Neste trecho, trouxemos para você diferentes casos clínicos apresentados em imagens e vídeos em alta definição. Esperamos
que tenham aproveitando ao máximo o conteúdo. Para uma experiência ainda mais interativa, a obra completa traz, ao longo
dos seus 12 capítulos, diversos QRcodes para serem acessados do celular e vistos através do VR Box, óculos de realidade virtual,
que acompanha o livro.
A obra “ VIEW • A Nova Era da Periodontia” é uma mudança de paradigma na forma de aprender Periodontia e traz os anos
de experiência clínica e acadêmica dos autores André Vilela e Luis Fernando Ferrari Bellasalma, profissionais de reconhecimento
nacional e internacional.
@santospub _santospub
VIEW | A NOVA ERA DA PERIODONTIA