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DESPACHOS

ESPECIAIS,
PRODUTOS
CONTROLADOS,
ARMAS E
ADUANEIRO

DANILO ALBANAZ

ACESSE AQUI ESTE


MATERIAL DIGITAL!
EXPEDIENTE

Coordenador(a) de Conteúdo Revisão Textual


Cleide Tirana Nunes Possamai Carla C. Farinha
Projeto Gráfico e Capa Harry Wiese
Arthur Cantareli Silva Ilustração
Editoração Eduardo Aparecido Alves
Laura Janke Fotos
Lilian Andreia Hasse Shutterstock e Envato
Design Educacional
Fabiana Dias.

FICHA CATALOGRÁFICA

C397 Centro Universitário Leonardo da Vinci.


Núcleo de Educação a Distância. ALBANAZ, Danilo.
Despachos Especiais, Produtos Controlados, Armas e Aduaneiro /
Danilo Albanaz. - Florianópolis, SC: Arqué, 2023.

208 p.

ISBN papel 978-65-6083-173-5


ISBN digital 978-65-6083-174-2

1. Despachos 2. Especiais 3. Produtos 4. EaD. I. Título.


CDD - 343.087

Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.

Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Impresso por:
166970
RECURSOS DE IMERSÃO

P E N SA N D O JU NTO S APROFU NDANDO

Este item corresponde a uma proposta Utilizado para temas, assuntos ou con-
de reflexão que pode ser apresentada por ceitos avançados, levando ao aprofun-
meio de uma frase, um trecho breve ou damento do que está sendo trabalhado
uma pergunta. naquele momento do texto.

ZOOM NO CONHECIMENTO

PRODUTOS AUDIOVISUAIS Utilizado para desmistificar pontos


Os elementos abaixo possuem recursos que possam gerar confusão sobre o
audiovisuais. Recursos de mídia dispo- tema. Após o texto trazer a explicação,
níveis no conteúdo digital do ambiente essa interlocução pode trazer pontos
virtual de aprendizagem.
adicionais que contribuam para que
o estudante não fique com dúvidas
sobre o tema.

P L AY N O CO NH E C I M E NTO

Professores especialistas e con-


INDICAÇÃO DE FIL ME
vidados, ampliando as discus-
sões sobre os temas por meio de
Uma dose extra de
fantásticos podcasts.
conhecimento é sempre
bem-vinda. Aqui você
terá indicações de filmes
E U I ND I CO
que se conectam com o
Utilizado para agregar um con- tema do conteúdo.
teúdo externo.

INDICAÇÃO DE L IVRO
E M FO CO

Utilizado para aprofundar o Uma dose extra de

conhecimento em conteúdos conhecimento é sempre

relevantes utilizando uma lingua- bem-vinda. Aqui você

gem audiovisual. terá indicações de livros


que agregarão muito na
sua vida profissional.

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SUMÁRIO

7 UNIDADE 1

INSTRUÇÕES GERAIS PARA A FISCALIZAÇÃO DE PRODUTOS CONTROLADOS . . . . . 8

NORMAS REGULADORAS DOS PROCESSOS DE NACIONALIZAÇÃO


DE PRODUTOS CONTROLADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO DE PRODUTOS CONTROLADOS,


CONTROLE DE FRONTEIRAS E RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL . . . . . . . . . . . 58

85 UNIDADE 2

GENERALIDADES DO ARMAMENTO –
HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DAS ARMAS DE FOGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO E TIPOS DE ARMAMENTO . . . 106

DIVISÃO DA ARMA – NOMENCLATURA DAS PEÇAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122

145 UNIDADE 3

ESTATUTO DO DESARMAMENTO, SISTEMA DE GERENCIAMENTO MILITAR DE ARMAS


E SISTEMA NACIONAL DE ARMAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146

DESPACHO E
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168

REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188

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UNIDADE 1
TEMA DE APRENDIZAGEM 1

INSTRUÇÕES GERAIS PARA A


FISCALIZAÇÃO DE PRODUTOS
CONTROLADOS

MINHAS METAS
Analisar o que são instruções gerais num contexto de fiscalização com base em situa-
ções-problema que englobam produtos controlados.
Entender os conceitos dos termos e fundamentos inerentes à atuação da fiscalização de
forma geral.
Investigar situações passíveis de fiscalização de produtos controlados.
Refletir sobre a aplicação dos conceitos trazidos, criando uma correlação entre o teórico e a
prática.
Organizar os conceitos, as normas, ou instruções gerais, para a fiscalização de produtos
controlados com uma significação prática.
Conhecer a aplicabilidade da estrutura organizacional das instruções gerais sobre fiscali-
zação de produtos controlados.
Verificar a necessidade e validade do sistema de instruções gerais de fiscalização sobre
produtos controlados.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


Para iniciar esta jornada de aprendizado, é interessante que você tenha algum
ponto de partida. Então, comecemos pelo nosso tema principal. Pense: o que
poderia vir a ser “Instruções Gerais para Fiscalização”? E quanto aos “Produtos
Controlados”? Quais se encaixam nessa categoria? Já apontando um norte, essas
instruções gerais podem ser traduzidas em leis e normas. Em relação aos produ-
tos controlados, podemos pensar naqueles que necessitam de cuidados especiais
ou certas restrições para o uso geral.

Buscando trazer esse entendimento para mais próximo da nossa realidade, contudo,
você sabia que, além da fiscalização para venda de armas de fogo (produto
específico, com venda e uso restritos a determinadas pessoas), temos a fiscalização
para a venda de facas (um produto geral, de venda e uso irrestritos)?

Ao pensarmos na aquisição e no uso de armas de fogo, é mais fácil vislumbrar


normas e leis que possibilitam a fiscalização desse produto controlado, não é
mesmo? Mas como essa fiscalização acontece? São vários os aspectos a serem
considerados, como os caminhos a serem tomados diante das variáveis: quem
está realizando a importação desse produto, qual o tipo de arma está sendo im-
portado, entre outras questões que podem ser levantadas pela fiscalização.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Feito esse apontamento inicial e considerando que o conteúdo deste tema de


aprendizagem seja um tanto peculiar, afinal, o que seriam Instruções Gerais para
a Fiscalização de Produtos Controlados? Convidamos você a participar do nos-
so podcast, onde apresentaremos, de maneira mais interativa, os pontos-chave
para o entendimento dessa temática, perpassando, brevemente, por conceitos e
situações de aplicabilidade prática, com uma visão geral do assunto. Recursos
de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

Com essa perspectiva em mente, no entanto, surge uma indagação: como pode-
mos ter certeza de que essas instruções gerais realmente funcionam dentro do
sistema de normas, de modo a permitir a fiscalização dos produtos controlados?
É nesse sentido que se afirma a importância de conhecer não só as instruções
gerais para a fiscalização de produtos controlados, mas a motivação para a exis-
tência dessas normas e a eficácia de sua aplicação, bem como o posicionamento
hierárquico dentro de um ordenamento normativo,
Motivação para a
pois, ainda que sejam instruções gerais, por tratarem
existência dessas
de uma fiscalização sobre produtos específicos (con-
normas e a eficácia
trolados), tais instruções se tornam específicas diante de sua aplicação
da fiscalização de produtos gerais.

VAMOS RECORDAR?
Para que você identifique ou recorde as situações que podem ocorrer a fiscalização
de produtos controlados, é interessante que assista aos vídeos sugeridos, tendo
sempre em mente que tais fiscalizações são possíveis porque as instruções gerais
norteiam a atuação fiscal.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

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U N I AS S E LVI

ESTRUTURA GERAL DAS NORMAS

Para o entendimento das Instruções Gerais para a Fiscalização de Produtos Con-


trolados, deve-se ter em mente os fundamentos que levam o Estado, por meio de
seus órgãos e agentes públicos, a realizarem tais tipos de fiscalização. Ademais,
é certo que, compreendendo a estrutura das normas e a motivação de sua exis-
tência, podemos avaliar, com mais precisão, se a norma está sendo efetivamente
aplicada e cumprindo com o seu princípio teleológico e, dessa forma, antecipar
um procedimento de fiscalização, ou questionar a eficiência do ato fiscalizatório.
Na doutrina do Direito, temos a referência de Hans Kelsen, um renomado
jurista que nos traz orientações e instruções gerais sobre a interpretação e aplica-
bilidade das normas. Assim, interpretando a doutrina aplicada por Hans Kelsen
(2009), devemos verificar a dinâmica das normas, quem na aplicação prática,
será o fundamento de validade das normas, com base em preceitos de validade
e atendendo a uma estrutura hierárquica.
Nesse sentido, de início, devemos interpretar as Instruções Gerais como nor-
mas e, sendo normas, observar os fundamentos de validade de um ordenamento
normativo. Entre esses fundamentos, merecem destaque a legitimidade e a efeti-
vidade bem como a validade e a eficácia. Isso porque uma norma sendo legítima,
ou seja, observando todos os critérios formais para sua criação, tal norma terá
efetividade em sua aplicação. Ainda, uma norma estando vigente, ou em seu
momento de validade, a mesma norma estará com sua eficácia comprovada.
Fazendo uma interpretação, ainda que de forma superficial, em uma parte do
vasto estudo trazido por Hans Kelsen, vemos que as normas aplicadas em nosso
cotidiano devem observar uma estrutura hierárquica, que, no ordenamento ju-
rídico brasileiro, por exemplo, observará a seguinte ordem:

I) No topo, as normas constitucionais (Constituição Federal da República Federativa


do Brasil de 1988; normas gerais fundamentais).

II) Abaixo da Constituição, teremos os tratados internacionais de direitos humanos


(normas gerais que devem estar de acordo com os preceitos constitucionais para
serem recepcionadas).

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

III) Posteriormente, os atos normativos primários (leis complementares, ordinárias,


delegadas, medidas provisórias e decretos legislativos.

IV) Por fim, normas infralegais (instruções normativas, portarias, soluções de consulta etc.).

Nesse escalonamento, princípios e fundamentos constitucionais são normas


gerais que direcionarão a elaboração das normas infraconstitucionais (pontos
II e III), e estas serão melhor especificadas pelas normas infralegais, ou seja,
as normas inferiores devem atender aos preceitos das normas superiores e em
conformidade total com a Constituição Federal.
No transcorrer deste material, você observará que o entendimento dessa es-
trutura é fundamental para a compreensão e identificação das Instruções Gerais
para a Fiscalização de Produtos Controlados, visto que essa fiscalização se torna
possível pelo processo de especificação da norma ao longo da hierarquia das
normas. Dessa forma, o profissional poderá questionar a validade e eficácia da
fiscalização de produtos controlados ao saber a origem mandamental para a
realização de tal fiscalização.

E U IN D ICO

Para que você não perca o foco, especialmente, na futura atuação profissional, dei-
xo a indicação de dois vídeos que retratam o ambiente de fiscalização de produtos
controlados. A partir dessa visão prática, gostaria que refletisse, principalmente,
sobre o ponto de vista das normas que instruem esses procedimentos, com pers-
pectivas sobre a validade e eficácia, tanto das normas quanto dos procedimentos.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

Portanto, após identificar essa estrutura hierárquica das normas, comumente


denominada como Pirâmide de Kelsen, abordaremos, na sequência, normas,
primeiramente, constitucionais e, depois, administrativas e aduaneiras, as quais
estabelecem a organização das Instruções Gerais para a Fiscalização de Produtos
Controlados.

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U N I AS S E LVI

Normas constitucionais, administrativas e aduaneiras

Em função do que foi exposto anteriormente e para não fugirmos da lógica nor-
mativa hierárquica, identificaremos e analisaremos, primeiramente, com base
na Constituição Federal de 1988, algumas instruções gerais que sugerem a fis-
calização de produtos controlados de especial interesse do presente curso. Pois
bem. Em nossa Carta Magna, identificamos dois dispositivos que são literalmente
Instruções Gerais para a Fiscalização de Produtos Controlados, quais sejam:


Art. 21. Compete à União:

[...]
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
[...]
Art. 237. A fiscalização e controle do comércio exterior, essenciais
à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão exercidos pelo
Ministério da Fazenda (BRASIL, 1988).

É certo que, ao fazermos a leitura do texto constitucional, podemos identificar


outras instruções gerais de fiscalização e controle, como é o caso do Art. 200,
inciso VII, o qual estabelece que compete ao sistema único de saúde “participar
do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substân-
cias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos” (BRASIL, 1988). Mas perceba
a generalidade que há nesses dispositivos constitucionais ao informar apenas a
competência de fiscalização e do controle, não havendo detalhamento de como
se dará tais atos, quem serão os agentes responsáveis por essas ações, entre outros
requisitos intrínsecos ao objeto a ser fiscalizado e controlado.
Diante desses mandamentos constitucionais primários, ou gerais, sobre
controle e fiscalização, é necessário, também, ter o conhecimento acerca de
como o Estado poderá promover tais atos. Nesse contexto, trazemos a figura
do Direito Administrativo.

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A P RO F UNDA NDO

O Direito Administrativo, diferentemente da maioria das demais áreas do Direito,


não consiste em um conjunto de normas dispostas em uma lei específica, um có-
digo, ou regulamento base, mas é visualizado como um conjunto de princípios
e normas esparsos que direcionarão a atuação estatal, principalmente, quanto á
fiscalização e ao controle das mais variadas atividades da sociedade.

Buscando conceituar o que seria o Direito Administrativo, Mazza (2022) des-


taca o entendimento de alguns doutrinadores de referência para a área, sendo
interessante trazer algumas considerações de renomados doutrinadores, como
podemos ver a seguir:


‘O conceito de Direito Administrativo Brasileiro, para nós, sintetiza-se
no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos,
os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta
e imediatamente os fins desejados pelo Estado’ (Hely Lopes Meirelles).
‘O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que disci-
plina a função administrativa, bem como pessoas e órgãos que a
exercem’ (Celso Antônio Bandeira de Mello).
‘O conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao inte-
resse público, regem as relações jurídicas entre pessoas e órgãos do
Estado e entre este e as coletividades a que devem servir’ (José dos
Santos Carvalho Filho) (MAZZA, 2022, p. 87).

Com o intuito de compilar e dar maior clareza aos conceitos apresentados por
esses doutrinadores, Mazza (2022, p. 89) traz o conceito de que:

“Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que estuda princípios e regras


reguladores do exercício da função administrativa”.

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U N I AS S E LVI

Dos conceitos supracitados, o que mais nos interessa são os princípios e as regras.
Primeiramente, os princípios, pois eles direcionarão, ou melhor, serão a base de
eventuais normas ou instruções gerais para a fiscalização pelo Estado. Entre os
diversos princípios que regem o Direito Administrativo atualmente, especial-
mente, do ponto de vista doutrinário, nós nos ateremos, ainda que brevemente,
aos princípios previstos na Constituição Federal de 1988, dispostos no Art. 37,
vejamos: a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princí-
pios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (BRA-
SIL, 1988). Sendo tais princípios norteadores de diversas atividades do Estado,
incluindo a fiscalização de produtos controlados por agentes públicos, cumpre
trazer aqui algumas características inerentes a esses princípios (MAZZA, 2022):

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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Em suma, a legalidade deve ser a base da atuação da Administração Pública, ou seja,


todo ato praticado pelo Estado deve estar de acordo com o que está previsto em leis,
normas e instruções, caso contrário, o ato poderá ser questionado e invalidado.

PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

Trata-se de um dever imposto aos agentes públicos de atuarem objetiva e imparcial-


mente, respeitando, principalmente, o interesse público, em detrimento da promoção
própria ou de terceiros.

PRINCÍPIO DA MORALIDADE

A melhor descrição desse princípio é trazida por Mazza (2022, p. 253) ao expor que “o
princípio jurídico da moralidade administrativa não impõe o dever de atendimento à
moral comum vigente na sociedade, mas exige respeito a padrões éticos, de boa-fé,
decoro, lealdade, honestidade e probidade incorporados pela prática diária ao conceito
de boa administração”.

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

Visa à transparência dos atos praticados pela Administração Pública para que os desti-
natários do ato e até o público geral tenham ciência do que está sendo realizado.

PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

A observância a tal princípio resume-se no sentido de que o ato praticado pela Admi-
nistração Pública, além de atender aos demais princípios, deve prezar pela qualidade,
produtividade, rapidez, redução de desperdícios, entre outros valores inerentes à
eficiência propriamente dita.

Diante da conceituação desses princípios, é plenamente conclusivo que as Ins-


truções Gerais para a Fiscalização de Produtos Controlados devem estar em
sintonia para que sejam válidas, porque tais instruções e fiscalização devem estar
em conformidade com as leis, atender aos interesses públicos e à boa-fé pública,
ser transparentes, principalmente, para o sujeito objeto da fiscalização, e ser rea-
lizadas com qualidade e rapidez.

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Partindo dos princípios, que são normas gerais, podemos passar à análise das
regras, as quais são normas específicas para determinados atos, como seria o caso
de regras para a fiscalização de produtos controlados. Dessa forma, a regra, que é
específica, deve estar em conformidade com os prin-
cípios, caso contrário, poderia ter sua legitimidade e Normas específicas
para determinados
validade questionadas, principalmente, no momento
atos
de sua aplicação.
Para clarear a distinção e o objetivo prático entre princípios e regras, é válido apre-
sentar a diferenciação adotada por Mazza (2022), com base nos seguintes critérios:

QUANTO À ABRANGÊNCIA

Os princípios disciplinam maior quantidade de casos práticos; enquanto as regras são


aplicáveis a um número menor de situações concretas.

QUANTO À ABSTRAÇÃO DO CONTEÚDO

Os princípios possuem um conteúdo mais geral, dotado de acentuado nível de abstra-


ção; já as regras têm um conteúdo reduzido à disciplina de certas condutas.

QUANTO À IMPORTÂNCIA SISTÊMICA

Os princípios sintetizam os valores fundamentais de determinado ramo jurídico; enquanto as


regras não cumprem tal papel dentro do sistema, apenas regulam condutas específicas.

QUANTO À HIERARQUIA NO ORDENAMENTO JURÍDICO

Como consequência da distinção anterior, os princípios ocupam posição hierarquicamente


superior perante as regras, prevalecendo sobre elas em caso de conflito; as regras posicio-
nam-se abaixo dos princípios na organização vertical do ordenamento, tendo a validade de
seu conteúdo condicionada à compatibilidade com os princípios.

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QUANTO À TÉCNICA PARA SOLUCIONAR ANTINOMIAS

Os princípios enunciam valores fundamentais do ordenamento jurídico de modo que,


havendo colisão entre dois ou mais princípios, emprega-se a lógica da cedência recíproca,
aplicando-se ambos, simultaneamente, mas com os conteúdos mitigados; enquanto, no
conflito entre regras, surge uma questão de validade, utilizando-se da lógica do tudo ou
nada, de modo que uma regra é aplicada afastando a incidência da outra.

QUANTO AO MODO DE CRIAÇÃO

Os princípios jurídicos são revelados pela doutrina num processo denominado abstração
indutiva, pelo qual as regras específicas são tomadas como ponto de partida para identi-
ficação dos valores fundamentais inerentes ao sistema (princípios). Desse modo, o papel
desempenhado pelo legislador na criação de um princípio jurídico é indireto, pois, após
criar as diversas regras do sistema, cabe à doutrina identificar os princípios fundamentais ali
contidos; ao contrário das regras, que são criadas diretamente pelo legislador.

QUANTO AO CONTEÚDO PRESCRITIVO

Os princípios têm conteúdo valorativo que, muitas vezes, não prescreve uma ordem es-
pecífica para regulação de comportamentos; enquanto o conteúdo das regras sempre se
expressa por meio de um dos três modais deônticos existentes: permitido, proibido e obriga-
tório. Toda regra jurídica permite, proíbe ou obriga determinada conduta humana.

Pela simples interpretação dos critérios de distinção entre princípios e regras,


poderá ser identificado quando uma fiscalização de produtos controlados se
mostra como aplicação de uma regra específica, estará em conformidade com
normas superiores.
Em continuidade e utilizando os preceitos das normas, ou do direito adminis-
trativo, como elo entre as normas gerais constitucionais (princípios) e as normas
aduaneiras (regras), passaremos a observar estas ainda sob uma ótica de estrutura
geral aplicada a procedimentos de fiscalização de produtos controlados.

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Figura 1 - Fiscalização recinto/armazém

Descrição da Imagem: no centro, temos a mão de uma pessoa segurando um tablet, o qual apresenta imagens
de caixas e códigos de barras na tela. Ao redor, verifica-se um ambiente de galpão/depósito que contém caixas
e pacotes empilhados.

Seguindo para as normas aduaneiras, tomaremos como base o Regulamento


Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009), o qual já traz normas de controle mais espe-
cíficas que a constituição, que seguem os princípios administrativos, mas, ainda
assim, possuem um grau de generalidade.
O Direito Aduaneiro consiste em controlar a entrada e saída de pessoas e
bens do território nacional. Carluci (1997), ao trazer a origem etimológica da
palavra “aduana”, esclarece que ela deriva de ad-diuán, do árabe, designativa de
“escritório”, indica repartição governamental responsável pelo controle das saí-
das e entradas de mercadorias no país, vindas ou destinadas ao exterior, e pela
cobrança dos tributos relativas a elas.
Para alguns operadores e doutrinadores, como Folloni (2005), o direito aduaneiro
consistiria na união do direito administrativo e tributário, uma vez que o administrativo
traria os procedimentos a serem aplicáveis, em regra, na tributação de mercadorias que
entram e saem de determinado país. Contudo, nas palavras de Moura (2012, p. 93),

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[...] as regras a serem observadas no intercâmbio internacional abran-
gem múltiplos setores das relações humanas, veiculadas em copiosa
legislação. Assim é que as normas aduaneiras vão tratar de matérias de
Direito Internacional, Administrativo, Tributário, Comercial e Penal.

Acrescento, ainda, matérias de Direito Civil, devido à possibilidade de questionar


a responsabilidade civil sobre determinado ato no procedimento de importação
e/ou exportação, por exemplo. Logo no primeiro artigo do Regulamento Adua-
neiro, vemos que está dentro de seus objetivos fiscalizar e controlar, ao estabelecer
o seguinte: “Art. 1º A administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização,
o controle e a tributação das operações de comércio exterior serão exercidos em
conformidade com o disposto neste Decreto” (BRASIL, 2009, grifo nosso).
Conforme poderá ser visto ao longo do Decreto nº 6.759/2009, há previsões de
fiscalização e controle mais específicas do que o disposto na Constituição Federal
de 1988, porém ainda há um grau de generalidade, visto que são instruções gerais
para fiscalização e controle de produtos oriundos de trocas comerciais internacio-
nais, ou seja, importação e/ou exportação. É certo que a fiscalização, muitas das
vezes, será realizada para a verificação de procedimentos específicos, contudo não
se estabelece um objeto específico, como seria o caso de produtos controlados, os
quais possuem uma abrangência mais limitada pelos órgãos de fiscalização.

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PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVO E ADUANEIRO

Figura 2 - Fiscalização/Controle Aduaneiro

Descrição da Imagem: a figura apresenta cão de guarda, aparentemente da raça pastor alemão, sendo controlado,
por meio de um guia, por um homem, em pé, ao lado de uma esteira de raio-X.

De início, a simples leitura do título deste tópico pode causar estranheza a você,
estudante, o qual pode interpretar como uma ação policial por não cumpri-
mento das Instruções Gerais para a Fiscalização de Produtos Controlados, ou,
como apresentamos até aqui, normas (princípios e regras) administrativas sobre
determinados atos.
O Poder de Polícia administrativo, contudo, representa uma “[...] atividade
estatal restritiva dos interesses privados, limitando a liberdade e a propriedade
individual em favor do interesse público” (MAZZA, 2022, p. 696).
Trazendo o posicionamento anterior para a ótica da Fiscalização de Produtos
Controlados, significa dizer que é necessário que o Estado limite a produção e
comercialização de determinados produtos em virtude do seu grau de risco para
a sociedade como um todo, ou seja, há uma restrição de uma atividade individual
e privada para a segurança do público em geral.

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E U IN D ICO

Assista a um breve episódio de Aeroporto: Área Restrita, do Discovery Brasil, dis-


ponível no YouTube, mostra uma situação em que as autoridades do aeroporto
internacional de São Paulo vão revistar a mala de uma passageira que transporta-
va vários objetos de grande valor para a revenda sem apresentar os documentos
necessários. Esse episódio retrata a ação fiscalizatória sobre produtos controlados
do ponto de vista tributário, utilizando-se do poder de polícia. Recursos de mídia
disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Dessa forma, o poder de polícia administrativa objetiva a ordem pública, por meio
de normas que possibilitam atos praticados por agentes públicos, como os atos
de fiscalização. Assim, as normas relativas à ordem pública regulam questões de
segurança de bens e pessoas, salubridade, estabilidade econômica, cuidados
ambientais, estéticos, culturais, entre outros (BATISTA JÚNIOR, 2001).

Mais uma vez, é interessante trazer conceitos doutrinários acerca do que é o po-
der de polícia administrativo, para que possamos entrelaça-los com as instruções
gerais que regem os atos de fiscalização de produtos controlados. Para tanto,
Mazza (2022, p. 699-700) indica com precisão os seguintes:


‘[...] poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração
Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, ativi-
dades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do
próprio Estado’ (Hely Lopes Meirelles).
‘[...] a atividade da Administração Pública, expressa em atos norma-
tivos ou concretos, de condicionar, com fundamento em sua supre-
macia geral e na forma da lei, a liberdade e propriedade dos indiví-
duos, mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva,
impondo coercitivamente aos particulares um dever de abstenção a
fim de conformar-lhes os comportamentos aos interesses sociais con-
sagrados no sistema normativo’ (Celso Antônio Bandeira de Mello).

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‘[...] atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos di-


reitos individuais em benefício do interesse público’ (Maria Sylvia
Zanella Di Pietro).
‘[...] prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza a
Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da
propriedade em favor do interesse da coletividade’ (José dos Santos
Carvalho Filho).

Vemos que os conceitos supracitados corroboram com a ideia exposta no início,


de restrição e fiscalização sobre determinadas atividades em razão dos interes-
ses e benefícios da sociedade como um todo. Cumpre destacar que, no ordena-
mento legal brasileiro, a conceituação do poder de polícia administrativo e suas
implicações na sociedade estão previstas no Código Tributário Nacional, mas
com aplicação irrestrita a toda e qualquer atividade administrativa, conforme
estabelece o Art. 78, vejamos:


Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administra-
ção pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade
e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de po-
lícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da
lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio
de poder (BRASIL, 1966).

Até o momento, vimos que essas referências fazem total sentido no âmbito do direito
administrativo e na atuação do estado ao utilizar-se da figura do agente fiscalizador.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

VOCÊ SABE RESPONDER?


Mas qual seria o sentido ao apontar no título a referência ao aduaneiro?

No âmbito aduaneiro, a lógica do poder de polícia é ser mais específico do que é


aplicado ao direito administrativo, pois será uma fiscalização inerente a situações
que envolvam, principalmente, trocas comerciais internacionais.

IN D ICAÇÃO DE LI V RO

Poder de Polícia Aduaneira e os Procedimentos Especiais de


Controle Aduaneiro
Autor: Caio Roberto Souto de Moura
Editora: FISCOSoft
É interessante compreender os procedimentos de fiscalização
e controle aduaneiro de forma geral, mesmo que sua atuação
venha a ser específica – procedimentos denominados comu-
mente como Poder de Polícia Aduaneira. Este livro aborda tais
conceitos e procedimentos de forma clara e objetiva.

Diante disso, temos que o poder de polícia aduaneiro pode abranger situações em que
se busca restringir alguma atividade que possa ameaçar a segurança e ordem para a
sociedade como um todo, a exemplo, do comércio internacional de armas, merca-
dorias de origem vegetal, animal, ou que contenham elementos químicos nocivos.
Em uma visão prática, verificamos que esse poder de polícia aduaneiro abran-
ge a fiscalização de produtos controlados por diversos órgãos anuentes do comér-
cio exterior e, como exemplo, temos o Exército, que fiscaliza e controla produtos
armamentícios, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que fiscaliza e
controla produtos agrícola, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
que fiscaliza e controla produtos que possam afetar o sistema sanitário nacional.

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U N I AS S E LVI

E U IN D ICO

Na página eletrônica do Governo Federal, podemos ver uma lista de órgãos in-
tervenientes que são anuentes no licenciamento de importação, ou seja, podem
atuar na fiscalização de produtos controlados. Faz-se importante seu conhecimen-
to sobre quais seriam esses órgãos! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Esse poder de polícia aduaneira, ou ato de fiscalização, pode se dar tanto na im-
portação, para garantir a segurança nacional, quanto na exportação, com vistas
a evitar ações restritivas por parte de outros países, ao não ter sido garantida a
segurança dos produtos que estão sendo destinados ao exterior.

E M FO CO

Com o objetivo de aprimorar seu conhecimento acerca deste tema proposto, é


interessante que você tenha foco nos conceitos gerais trazidos por Hans Kelsen,
em sua Teoria Pura do Direito, que fundamenta normas e instruções gerais. Con-
comitantemente, em princípios gerais do Direito Administrativo, que regulam o
modo operante da fiscalização de um modo geral. Acesse o vídeo e venha comi-
go! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

Portanto, em que pese o conteúdo abordado possa parecer denso, com visões
profundas dos sistemas normativos como um todo, até alcançarmos o objetivo,
que são as instruções gerais para fiscalização de produtos controlados, é funda-
mental essa linha de raciocínio, a fim de que você, como futuro profissional, não
só aplique, ou cumpra as diretrizes expressas nas instruções, mas compreenda a
motivação para a existência dessas instruções.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 1

NOVOS DESAFIOS
Diante dessa breve análise dos conceitos e das bases normativas, atrelados ao
universo do Direito e que fundamentam as Instruções Gerais para a Fiscalização
de Produtos Controlados, você, estudante, estará apto para identificar as regras
que autorizarão tal fiscalização.

Esse conhecimento possibilita ao profissional interpretar essas instruções gerais


(ou regras), antecipando as exigências da fiscalização, ou mesmo questionando
a motivação do ato fiscalizatório quanto à observância de legitimidade do agente
fiscal, validade da norma, entre outros fatores intrínsecos à interpretação das
instruções gerais que regulam a fiscalização.

Além disso, como você pôde perceber ao longo desta etapa, há instruções gerais
para a fiscalização de produtos controlados de forma ampla, mas existe também a
especificação dos produtos controlados, em que cada um estará sobre o processo
de fiscalização específico, ou seja, para toda norma geral, espera-se que tenhamos
uma norma ou instrução específica.
Assim, ter uma base teórica estruturada e com um viés questionador é fun-
damental para que o profissional não apenas respeite e siga os ditames das ins-
truções de fiscalização, mas que seja capaz de avaliar o processo que originou a
norma, especialmente, quanto aos princípios norteadores das normas fundamen-
tais, pois, tendo esse raciocínio em mente, a atuação
profissional torna-se mais fluída e justa, tanto para Base teórica
quem aplica a instrução na forma de fiscalização estruturada e
quanto para quem cumpre a instrução na forma de com um viés
questionador
dar circulação ao produto controlado.

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AUTOATIVIDADE

1. As Instruções Gerais para a Fiscalização de Produtos Controlados podem ser qualificadas


em qual nível hierárquico das normas?

a) Normas gerais fundamentais.


b) Atos normativos primários e/ou normas infralegais.
c) Normas gerais internacionais recepcionadas pela Constituição.
d) Princípios gerais da Constituição.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

2. Acerca do conceito e da estrutura do Direito Administrativo, avalie as seguintes afirmativas.

I - O Direito Administrativo tem sua base normativa no Regulamento Administrativo.


II - Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que estuda princípios e regras regula-
dores do exercício da função administrativa.
III - O Direito Administrativo sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que
regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar, concreta,
direta e imediatamente, os fins desejados pelo Estado.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

3. As Instruções Gerais para a Fiscalização de Produtos Controlados são tidas, muitas vezes,
como regras dentro do direito administrativo, e tais regras se diferenciam dos princípios,
por alguns critérios especiais.

Assim, qual dos critérios a seguir está corretamente descrito?

a) As regras possuem abrangência maior de casos práticos.


b) As regras têm um conteúdo reduzido à disciplina de certas condutas.
c) Quanto à hierarquia, as regras estão em posição superior aos princípios.
d) Os princípios têm conteúdo valorativo que prescreve uma ordem específica para regu-
lação de comportamentos.
e) As regras sintetizam os valores fundamentais de determinado ramo jurídico.

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REFERÊNCIAS

BATISTA JÚNIOR, O. A. O poder de polícia fiscal. Belo Horizonte: Mandamentos, 2001.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,


DF: Presidência da República, [2022].

BRASIL. Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Regulamenta a administração das ativida-


des aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6759.
htm. Acesso em: 10 out. 2023.

BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e
institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível
em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em: 10 out. 2023.

BRASIL. Órgãos Anuentes. Gov.br, 11 jul. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/empresas-


-e-negocios/pt-br/invest-export-brasil/importar/consulte-normas-administrativas/orgaos-a-
nuentes-1. Acesso em: 10 out. 2023.

CARLUCI, J. L. Uma introdução ao direito aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1997.

FOLLONI, A. Tributação sobre o comércio exterior. São Paulo: Dialética, 2005.

KELSEN, H. Teoria Pura do Direito. Tradução de João Baptista Machado. 8. ed. São Paulo: Mar-
tins Fontes, 2009.

MAZZA, A. Manual de Direito Administrativo. 12. ed. São Paulo: Saraiva Jur, 2022.

MOURA, C. R. S. de. Poder de Polícia Aduaneira e os procedimentos especiais de controle


aduaneiro. São Paulo: FISCOSoft, 2012.

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GABARITO

1. Opção B. Atos normativos primários e/ou normas infralegais devido ao grau de especificação
inerente ao que seria uma Fiscalização de Produtos Controlados.

2. Opção D. O direito administrativo não está estruturado em um regulamento ou código,


consistindo em um conjunto normas (princípios e regras) que direcionarão a atuação admi-
nistrativa do Estado.

3. Opção B. As regras têm um conteúdo reduzido à disciplina de certas condutas, enquanto


os princípios possuem um conteúdo mais geral, dotado de nível acentuado de abstração.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 2

NORMAS REGULADORAS DOS


PROCESSOS DE NACIONALIZAÇÃO
DE PRODUTOS CONTROLADOS

MINHAS METAS
Relembrar conceitos que nortearão a compreensão das normas reguladoras dos
processos de nacionalização de produtos controlados.

Conhecer o procedimento geral de importação e nacionalização.

Perpassar pelas normas reguladoras dos processos de nacionalização mais comuns,


como base para processos específicos.

Entender a relevância hierárquica das normas no processo de regulamentação de


produtos nacionalizados.

Compreender os motivos de existência de tais normas.

Verificar os momentos de aplicabilidade das normas de reguladoras dos processos de nacionaliza-


ção de produtos controlados e a possibilidade de aplicação conjunta e/ou isolada de tais normas.

Acompanhar procedimentos práticos de autoridades fiscais de aplicação das normas regula-


doras de nacionalização de produtos controlados.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


Para iniciar mais uma jornada de estudos, gostaria, primeiramente, que você se
imaginasse na situação de importador de armas de fogo, que não é um produto
comum de ser importado, pois implica consequências para a segurança nacional.
Além das especificações e motivações para a importação, ou nacionalização, da
arma de fogo, por vezes, deve ser considerado como ela está armazenada. A partir
disso questionar quais seriam os processos para essa operação e quais seriam os
órgãos públicos envolvidos?
Nesse momento, a situação-problema a ser enfrentada por você será identi-
ficar quais são as Normas Reguladoras dos Processos de Nacionalização de Pro-
dutos Controlados. Assim, é válido perpassar por conceitos e normas inerentes
ao processo geral de nacionalização de produtos, ou importação de mercadorias,
pois, com o conhecimento do processo básico, você poderá entender a motivação
de termos normas específicas para produtos controlados.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

E para estarem mais familiarizados com o assunto a ser desenvolvido dentro deste
tema de aprendizagem, deixamos, aqui, um convite especial para acessar nosso
podcast, no qual iremos relembrar, brevemente, alguns pontos que vão nortear a
compreensão da existência das Normas Reguladoras dos Processos de Naciona-
lização de Produtos Controlados, destacando a abordagem das normas de impor-
tação, em especial, de produtos controlados. Recursos de mídia disponíveis no
conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Seguindo essa linha de raciocínio, você irá entender por que há um controle
específico para a nacionalização de determinadas mercadorias e os requisitos
que devem ser seguidos para que ocorra o desembaraço da mercadoria, além
de identificar os órgãos anuentes responsáveis pela verificação do cumprimento
das normas.
Diante dessas informações essenciais, será possível apresentar situações
em que poderá haver a incidência de uma ou mais normas reguladoras sobre
o processo de nacionalização de um único produto. Com esse conhecimento,

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

você, estudante, e futuro profissional, em sua atuação será capaz de antecipar a


fiscalização com o cumprimento dos requisitos necessários para a consequente
nacionalização dos produtos.
Por fim, após percorrer esse processo de identificação da situação-problema,
que é qualificar as normas reguladoras pertinentes, a solução do problema com
base no que as normas dispõem, e verificar a aplicação prática, é interessante que
você reflita sobre esse dinamismo como um todo. Eu entendo a importância de
assemelhar o porquê de cada ponto em função da demanda profissional que você
terá no futuro, com um desenvolvimento teórico para a atuação prática.

VAMOS RECORDAR?
No intuito de criarmos um elo entre as Instruções Gerais para a Fiscalização de
Produtos Controlados e as Normas Reguladoras dos Processos de Nacionalização
de Produtos Controlados, é interessante lembrar-se, essencialmente, do Poder de
Polícia administrativo.
Assim, gostaríamos de deixar indicado este vídeo, que retrata, na prática, a aplicação
do Poder de Polícia, em especial pela Receita Federal do Brasil de forma isolada
ou conjunta com outros órgãos anuentes ao processo de importação. Recursos
de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

CONCEITOS GERAIS APLICÁVEIS A NACIONALIZAÇÃO DE


PRODUTOS

O primeiro passo para entender as normas gerais acerca da nacionalização de


produtos, controlados ou não, é conhecer aspectos básicos inerentes à importa-
ção, que é uma situação fático-jurídica, imediatamente anterior à nacionalização.
Dessa forma, é importante distinguir importação de nacionalização, pois nem

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U N I AS S E LVI

toda importação resultará em uma nacionalização de mercadoria, conforme


veremos. No entanto, voltando a diferença entre importação e nacionalização,
Maria Helena Diniz (2010) nos traz o seguinte:

IMPORTAÇÃO

1. Direito Internacional Privado. a) Ato de trazer para um país produtos ou mercadorias


originárias de outro; b) aquilo que se importou.

NACIONALIZAÇÃO

Direito civil e direito internacional privado. 1. Ato de tornar-se nacional ou de naturalizar-


-se. [...] 3. Ação de passar para o poder exclusivo do Estado o que se encontra em posi-
ção diferente, ou de integrar à nação tudo o que não lhe pertence (DINIZ, 2010, p. 409).

Considerando as significações apresentadas, podemos visualizar dois atos dis-


tintos: o ato de nacionalização um complemento ao ato de importação. Essa
conclusão pode ser confirmada com base no que temos disposto normativamen-
te, conforme o exposto no Art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 680/2006, in
verbis (BRASIL, 2006a):


Art. 1º A mercadoria que ingressar no País, importada a título
definitivo ou não, ficará sujeita ao despacho aduaneiro de impor-
tação, salvo as exceções previstas nesta Instrução Normativa ou em
normas específicas (grifo nosso).

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Pelo dispositivo supracitado, temos mais uma afirmativa de que nem toda impor-
tação resultará em uma nacionalização, visto que a nacionalização de um produto
exige o ato confirmativo de permanência definitiva no território nacional.

IN D ICAÇÃO DE LI V RO

Noções básicas de Importação


Este livro, de forma clara e objetiva, traz conceitos básicos so-
bre diversos processos inerentes à importação, bem como a
estrutura fiscal e administrativa necessária para tornar as trocas
comerciais, no âmbito internacional, possíveis de serem reali-
zadas pelo Brasil, apresentando muito do que será tratado nes-
te tema de aprendizagem.

Reforçando de forma conceitual o que a norma nos indica, temos a importação


definitiva, que:


[...] ocorre quando a mercadoria importada é nacionalizada, as
importações não definitivas, por seu turno, são aquelas em que,
contrariamente às importações definitivas, não ocorre a naciona-
lização. E a nacionalização é a sequência de atos que transfere a
mercadoria da economia estrangeira para a economia nacional [...]
(BIZZELI, 1994, p. 46-47, grifo nosso).

VOCÊ SABE RESPONDER?


Você sabe dizer como seria o processo em que há uma importação não definitiva?

Esse processo é comumente representado pelo Regime Aduaneiro Especial de


Admissão Temporária, o qual permite a importação de bens com alguns bene-
fícios fiscais e tributários, considerando que tais bens vão permanecer no país
por um prazo fixo determinado.

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Com essa aplicação conceitual em mente, partiremos para a análise dos pro-
cedimentos inerentes à importação, tomando por base, importações realizadas
por pessoas jurídicas, ou seja, empresas importadoras.
Assim, a primeira providência a ser adotada pela empresa importadora é bus-
car se habilitar no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), seguindo
os procedimentos estabelecidos pela Instrução Normativa RFB nº 1.603/2015.
Feito esse procedimento, a empresa deverá observar todos os requisitos inerentes
ao despacho e desembaraço aduaneiro.

NORMAS REGULADORAS DOS PROCESSOS DE


NACIONALIZAÇÃO

Nesse momento, é interessante que você fique familiarizado com as normas re-
guladoras dos processos de nacionalização. Dessa forma, não se preocupe em
memorizar os números das normas, muito menos o seu conteúdo, mas é funda-
mental identificar o tema que a norma dispõe, pois o processo de nacionalização
é complexo, possui normas gerais e específicas que variam de acordo com o
produto a ser nacionalizado.

Órgãos anuentes na importação

O processo de importação e, consequentemente, nacionalização de produtos


que ocorre no Brasil é altamente fiscalizado por órgãos anuentes que possuem
normas específicas para cada produto. Esses órgãos podem atuar direta ou in-
diretamente nos processos de importação, sendo a Receita Federal do Brasil o
órgão que possui a mais ampla atuação por fiscalizar, principalmente, a incidên-
cia tributária sobre a aquisição de produtos que entram no território nacional.
Além da Receita Federal do Brasil, há outros
órgãos de suma importância que efetuam o
controle sobre a nacionalização de produtos.
Conforme apresentado pelo governo brasi-
leiro, temos 15 órgãos intervenientes que
são anuentes no licenciamento de im-
portação:

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1. Agência Nacional de Energia Elétrica – (Aneel)


2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
3. Agência Nacional do Cinema (Ancine)
4. Comando do Exército (COMEXE)
5. Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex)
6. Departamento de Polícia Federal (DPF)
7. Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)
8. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
9. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
10. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
11. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBC)
12. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro)
13. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
14. Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)
15. Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa)

Cada um dos órgãos supracitados possui normas reguladoras específicas voltadas


para determinados grupos de produtos. Dessa forma, os importadores, diante
da qualificação do produto a ser nacionalizado, deverão observar os requisitos
a serem seguidos, visto que, além de estabelecer normas, tais órgãos poderão
exercer atividades fiscalizatórias, decorrente do Poder de Polícia Administrativo.
Destarte, apenas para título explicativo sobre a denominação Poder de Polícia
Administrativo, creio que a melhor elucidação para tal termo está presente no
Art. 78, do Código Tributário Nacional, que nos traz o seguinte:


Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administra-
ção pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade
e aos direitos individuais ou coletivos (BRASIL, 1966).

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Além disso, é possível que determinado produto a ser nacionalizado esteja enqua-
drado por normas reguladoras originadas de mais de um órgão anuente, destacando
para uma atenção redobrada sobre o processo a ser adotado pelo importador.
E para que esse processo de importação, consequentemente, nacionalização,
seja efetivado de acordo com as normas reguladoras dos órgãos anuentes, é neces-
sário que o importador obtenha a chamada Licença de Importação. Essa Licença
de Importação (LI) é um documento por meio do qual o Governo autoriza a
importação realizada por uma empresa ou pessoa física, mediante verificação
do cumprimento de normas legais e administrativas. Essa licença é necessária
quando a importação que se pretende realizar está sujeita à anuência de um ou
mais órgão anuentes (como DECEX, Anvisa, Mapa, Inmetro etc.).
Para que você, estudante, tenha melhor visão prática acerca das normas
reguladoras dos processos de nacionalização de produtos controlados, serão
apresentadas, na sequência, algumas normas de seus respectivos órgãos anuentes,
os quais nos delimitaremos de maior recorrência, quais sejam: Exército, Anvisa,
Mapa e Inmetro.

Exército

Figura 1 - Fiscalização do Exército


Fonte: Envato.

Descrição da Imagem: foto-


grafia de um cão farejador e
um soldado do exército, veri-
ficando a carga de uma van
cheia de caixas de papelão.

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Atuando ao amparo do Poder de Polícia Administrativo, o Exército Brasileiro


realiza fiscalizações com base no que é estabelecido nas seguintes normas regu-
ladoras dos processos de nacionalização de produtos controlados:

DECRETO Nº 24.602, DE 6 DE JULHO DE 1934

Dispõe sobre instalação e fiscalização de fábricas e comércio de armas, munições,


explosivos, produtos químicos agressivos e matérias correlatas (BRASIL, 1934).

PORTARIA Nº 103 – MIN EX, DE 4 DE MARÇO DE 1993

Aprova Normas que para Importação de Armas de Porte de uso permitido para venda
ao comércio (BRASIL, 1993).

DECRETO Nº 3.229, DE 29 DE OUTUBRO DE 1999

Promulga a Convenção Interamericana contra a Fabricação e o Tráfico Ilícitos de


Armas de Fogo, Munições, Explosivos e outros Materiais Correlatos, concluída em
Washington, em 14 de novembro de 1997 (BRASIL, 1999).

PORTARIA DMB Nº 024, DE 25 DE OUTUBRO DE 2000

Aprova as Normas que Regulam as Atividades dos Colecionadores de Armas, Munição,


Armamento Pesado e Viaturas Militares (BRASIL, 2000).

LEI Nº 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003

Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Siste-
ma Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências (BRASIL, 2003).

LEI Nº 10.834, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2003

Dispõe sobre a Taxa de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro
– TFPC e altera dispositivos do Decreto nº 24.602, de 6 de julho de 1934, que dispõe
sobre instalação e fiscalização de fábricas e comércio de armas, munições, explosivos,
produtos químicos agressivos e matérias correlatas (BRASIL, 2003b).

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PORTARIA Nº 16-D LOG, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2004

Aprova a Norma Reguladora da Marcação de Embalagens e Cartuchos de Munição


(BRASIL, 2004).

PORTARIA 05-DLOG, DE 2 DE MARÇO DE 2005

Normatiza a concessão e a revalidação de registros, apostilamentos e avaliações téc-


nicas de produtos controlados pelo Exército, e dá outras providências (BRASIL, 2005).

PORTARIA NORMATIVA Nº 620/MD, DE 4 DE MAIO DE 2006

Aprova as Normas para Autorizar a Importação de Produtos Controlados e do Setor


de Defesa por parte dos órgãos de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas
registradas no Comando do Exército, e dá outras providências (BRASIL, 2006).

PORTARIA Nº 02-COLOG, DE 26 DE FEVEREIRO DE 2010

Regulamenta o Art. 26 da Lei nº 10.826/2003 e o Art. 50, IV, do Decreto nº 5.123/2004


sobre réplicas e simulacros de arma de fogo e armas de pressão, e dá outras provi-
dências (BRASIL, 2010).

PORTARIA Nº 115 – MD, DE 19 DE JANEIRO DE 2011

Dispõe sobre a importação, pelas Forças Armadas, de armas de fogo, suas partes e
peças, munições e acessórios (BRASIL, 2011).

PORTARIA Nº 42 – COLOG, DE 28 DE MARÇO DE 2018

Dispõe sobre procedimentos administrativos relativos às atividades com explosivos e


seus acessórios e produtos que contêm nitrato de amônio (BRASIL, 2018).

DECRETO Nº 9.847, DE 25 DE JUNHO DE 2019

Regulamenta a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, para dispor sobre a aquisi-


ção, o cadastro, o registro, o porte e a comercialização de armas de fogo e de munição
e sobre o Sistema Nacional de Armas e o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas
(BRASIL, 2019a).

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DECRETO Nº 10.030, DE 30 DE SETEMBRO DE 2019

Aprova o Regulamento de Produtos Controlados (BRASIL, 2019b).

PORTARIA Nº 118-COLOG, DE 4 DE OUTUBRO DE 2019 (LISTA DE PCE)

Dispõe sobre a lista de Produtos Controlados pelo Exército e dá outras providências


(BRASIL, 2019c).

PORTARIA Nº 1.729, DE 29 DE OUTUBRO DE 2019

Aprova as Normas Reguladoras dos procedimentos administrativos relativos ao co-


mércio exterior de Produtos Controlados pelo Exército (PCE) no âmbito do Sistema de
Fiscalização de Produtos Controlados (EB10-N-03.002), 2019 e dá outras providências
(BRASIL, 2019d).

PORTARIA Nº 1.880, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019

Altera dispositivos das Normas Reguladoras dos procedimentos administrativos relativos


ao comércio exterior de Produtos Controlados pelo Exército (PCE) no âmbito do Sistema
de Fiscalização de Produtos Controlados (EB10-N-03.002), aprovadas pela Portaria do
Comandante do Exército nº 1.729, de 29 de outubro de 2019 (BRASIL, 2019e).

Todas as normas supracitadas possuem dispositivos que vão regular os processos


de importação, e, consequentemente, nacionalização de produtos controlados,
que, no âmbito do Exército, serão, principalmente, armas de fogo, simulacros e
munições. Como exemplo mais palpável, você verá, com certa frequência, a men-
ção à Lei nº 10.826/2003, que estabelece procedimentos de registro e verificação
de importação/nacionalização de armas de fogo.

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ANVISA

Figura 2 - Anvisa
Fonte: https://seeklogo.com/vector-logo/9430/anvisa.
Acesso em: 23 out. 2023.

Descrição da Imagem: Símbolo da Agência Nacional de


Vigilância Sanitária (Anvisa).

Seguindo a lógica apresentada no tópico, serão descritas as principais normas


reguladoras dos processos de nacionalização de produtos controlados, no âmbito
da Anvisa:

RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA – RDC Nº 68, DE 28 DE MARÇO DE 2003

Estabelece condições para importação, comercialização, exposição ao consumo dos


produtos incluídos na Resolução RDC nº 305, de 14 de novembro de 2002.

RESOLUÇÃO RDC Nº 13, DE 27 DE JANEIRO DE 2004

Aprova conforme anexo o Regulamento Técnico para a Vigilância Sanitária do Ingresso,


Consumo e Saída do Território Nacional, de Mercadorias sob Vigilância Sanitária não
regularizadas perante o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, destinadas à Exposi-
ção, Demonstração ou Distribuição em Feiras ou Eventos, em anexo.

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RESOLUÇÃO RDC Nº 81, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2008

Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Bens e Produtos Importados para fins de


Vigilância Sanitária.

RESOLUÇÃO RDC Nº 16, DE 29 DE ABRIL DE 2015

Dispõe sobre a fiscalização sanitária na importação de bens e produtos sujeitos à vigi-


lância sanitária nas situações em que for decretada calamidade pública, com risco de
desabastecimento para atendimento das necessidades básicas da população.

RESOLUÇÃO RDC Nº 172, DE 8 DE SETEMBRO DE 2017

Dispõe sobre os procedimentos para a importação e a exportação de bens e produtos


destinados à pesquisa científica ou tecnológica e à pesquisa envolvendo seres huma-
nos, e dá outras providências.

RESOLUÇÃO RDC Nº 228, DE 23 DE MAIO DE 2018

Gestão de risco sanitário aplicada às atividades de controle e fiscalização, na importa-


ção de bens e produtos sob vigilância sanitária. Dispõe sobre a gestão de risco sanitá-
rio aplicada às atividades de controle e fiscalização, na importação de bens e produtos
sob vigilância sanitária, e dá outras providências.

As normas reguladoras supracitadas são apenas algumas das diversas no âmbito


fiscalizatório da Anvisa. Um exemplo prático que você poderá ver, no âmbito
dessas normas, são ações em conformidade com a Resolução RDC nº 228, de 23
de maio de 2018, a qual estabelece a classificação de risco do produto, como a
finalidade da importação, condições de armazenagem e transporte, bem como
contexto epidemiológico e sanitário internacional. Assim, podem observar que
o âmbito da Anvisa está ligado, essencialmente, a produtos orgânicos e outros
que impliquem resultados na saúde como um todo.

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E U IN D ICO

É interessante que você, enquanto futuro profissional, conheça as demais normas


inerentes a este órgão anuente. Acesse a Biblioteca de Portos, Aeroportos e Fron-
teiras, e fique informado. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do
ambiente virtual de aprendizagem.

MAPA

Figura 3 - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento / Fonte: Roque de Sá/Agência Senado

Descrição da Imagem: a figura apresenta um letreiro representativo do Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento.


As importações e exportações de animais, vegetais, seus produtos,
derivados e partes, subprodutos, resíduos de valor econômico e dos
insumos agropecuários devem atender aos critérios regulamentares
e procedimentos de fiscalização, inspeção, controle de qualidade e
análise de riscos fixados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) (BRASIL, 2023).

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

A principal norma reguladora dos processos de nacionalização de produtos


controlados no âmbito do Mapa é a Instrução Normativa nº 51/2011, a qual
estabelece os procedimentos a serem adotados, complementado pelo seu Anexo
(BRASIL, 2011-2023), que traz a relação de produtos e insumos sob sua anuência.
No âmbito do Mapa, as normas reguladoras permitem a realização de pro-
cessos de fiscalização nos mais diversos produtos, por exemplo, na importação
de uma arma de fogo, em um primeiro momento, você poderá pensar apenas
na atuação do Exército como órgão anuente responsável, devido as suas normas
específicas para armas de fogo. Contudo, se tal arma estiver armazenada em uma
caixa de madeira, que é um derivado vegetal, já seria motivo para atuação do
Mapa com base nas diretrizes da sua norma regulamentadora.

INMETRO

Figura 4 - Selo do Inmetro / Fonte: https://bit.ly/3SbVP5Y.


Acesso em: 15 set. 2023.

Descrição da Imagem: Selo do Instituto Nacional de


Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) com ca-
racterísticas técnicas de um determinado produto.

Quanto às normas reguladores dos processos de nacionalização de produtos


controlados do Inmetro, as mais relevantes são:

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U N I AS S E LVI

LEI Nº 9.933, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1999

Dispõe sobre as competências do Conmetro e do Inmetro, institui a Taxa de Serviços


Metrológicos, e dá outras providências (BRASIL, 1999).

LEI Nº 12.545, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2011

Dispõe sobre o Fundo de Financiamento à Exportação (FFEX), altera o art. 1º da Lei


nº 12.096, de 24 de novembro de 2009, e as Leis nºs 10.683, de 28 de maio de 2003,
11.529, de 22 de outubro de 2007, 5.966, de 11 de dezembro de 1973, e 9.933, de 20 de
dezembro de 1999; e dá outras providências (BRASIL, 2011).

PORTARIA INMETRO Nº 159, DE 9 DE ABRIL DE 2021

Art. 1º A liberação das importações das mercadorias sob a anuência do INMETRO


descritas nesta Portaria poderá se dar por meio do módulo Licenças, Permissões, Cer-
tificados e Outros Documentos - LPCO no Portal Único de Comércio Exterior, a que se
refere o art. 9º-A do Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992 (BRASIL, 2021).

PORTARIA INMETRO Nº 137, DE 24 DE MARÇO DE 2022

Estabelece procedimentos para a concessão da Anuência de Licenças de Importa-


ção pelo Inmetro e para a cobrança da Taxa de Anuência, dentre outras providências
(BRASIL, 2022).

Por essas normas, você poderá ver que a função do Inmetro é constatar a con-
formidade metrológica e qualidade dos produtos. Assim, de forma a comple-
mentar o raciocínio trazido com a importação de armas de fogo, vemos que de
imediato poderíamos pensar apenas nas normas do Exército. Contudo, vimos
que é possível a aplicação de normas do Mapa, considerando a armazenagem do
produto. Por fim, ainda é possível a atuação do Inmetro para atestar a qualidade,
metrologia e autenticidade da arma de fogo, utilizando-se de padrões predefini-
dos em suas normas.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 2

E U IN D ICO

Com objetivo de trazer maior dinâmica ao seu estudo, e, concomitantemente, de-


senvolvimento profissional, gostaríamos que você assistisse ao vídeo sugerido, o
qual mostra como as normas reguladoras dos processos de nacionalização de
produtos controlados são aplicadas na prática. Recursos de mídia disponíveis no
conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

E M FO CO

Chegando ao fim desse desenvolvimento profissional, gostaria de convidar você


para assistir ao vídeo com um conteúdo mais completo acerca dos Órgãos Anuen-
tes na Importação, que possuem Normas Reguladoras dos Processos de Nacio-
nalização de Produtos Controlados. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Portanto, ao longo do desenvolvimento deste tema de aprendizagem, você pôde


observar a existência de diversas normas reguladoras passíveis de aplicação
no processo de nacionalização de produtos controlados. Normas que podem
incidir de forma isolada, ou conjunta, a depender do produto que está sendo
nacionalizado, o que poderá demandar atenção aos aspectos fiscalizatórios
envolvidos no trâmite operacional a ser seguido pelo profissional que estará
realizando a nacionalização.

NOVOS DESAFIOS
Diante do conteúdo apresentado e das discussões que tra-
çamos aqui, você, estudante, está apto a identificar alguns Importar
procedimentos que antecedem a nacionalização de um um produto
produto, controlado ou não, visto que Importar um pro- não significa
duto não significa que ele será nacionalizado. Tornando-se que ele será
nacional, vimos que há processos específicos analisados, nacionalizado
como é o caso da Licença de Importação.

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U N I AS S E LVI

Tomando como norte a sua especialização profissional, destacamos as nor-


mas reguladoras dos processos de nacionalização de produtos controlados, com
atenção especial para as disposições dos órgãos anuentes com maior atuação nos
procedimentos de fiscalização (Exército, Anvisa, Mapa e Inmetro), quando se
trata de nacionalização de produtos de origem estrangeira.
Considerando, ainda, a possibilidade dessas normas serem aplicadas simul-
taneamente sobre determinado produto, a exemplo de uma nacionalização de
armas que estejam acondicionadas em caixas de madeira. Nesse caso, além da
observância às normas do Exército, é necessário, também, atenção às normas do
Mapa, quanto às condições fitossanitárias e de conservação da madeira.
Esperamos que você, estudante, diante dos conhecimentos adquiridos, sin-
ta-se cada vez mais preparado para novos desafios profissionais!

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AUTOATIVIDADE

1. Como vimos em nossos estudos, há dois processos de importação – definitiva e não definiti-
va. Diante das definições apresentadas, qual dos regimes ou operações a seguir representa
uma importação não definitiva?

a) Nacionalização.
b) Importação com ex-tarifário.
c) Admissão temporária.
d) Importação por conta e ordem de terceiros.
e) Importação por encomenda.

2. A Licença de Importação (LI) é necessária quando:

a) Em todas as importações de mercadorias.


b) Apenas nas importações definitivas.
c) Apenas nas importações não definitivas.
d) Quando houver importação de produtos sujeitos à fiscalização dos órgãos anuentes.
e) Realizada uma importação que não exija a cobrança de tributos.

3. Os órgãos anuentes nos processos de importação/nacionalização atuam através do insti-


tuto denominado Poder de Polícia Administrativo, que consiste em:

I - Fiscalizar os produtos que serão nacionalizados.


II - Autorizar a importação de produtos controlados por empresas ou pessoas jurídicas.
III - Editar normas de controle para determinados produtos.
IV - Realizar a apreensão dos indivíduos que realizam a nacionalização de produtos con-
trolados.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.

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REFERÊNCIAS

BIZZELI, J. dos S. Noções básicas de importação. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 1994.

BRASIL. Órgãos anuentes na importação. Gov.br, [2022] Disponível em: Órgãos Anuentes – Em-
presas & Negócios. Disponível em: https://www.gov.br/empresas-e-negocios/pt-br/invest-ex-
port-brasil/importar/consulte-normas-administrativas/orgaos-anuentes-1. Acesso em: 19 out.
2023.

BRASIL. Obter licença de importação. Gov.br, [2023] Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/


servicos/obter-licenca-de-importacao. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Congresso Nacional. Decreto nº 24.602, de 6 de julho de 1934. Dispõe sobre instala-
ção e fiscalização de fábricas e comércio de armas, munições, explosivos, produtos químicos
agressivos e matérias correlatas. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/atos/
decretos/1934/d24602.html. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e
institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível
em: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10581742/artigo-78-da-lei-n-5172-de-25-de-outu-
bro-de-1966. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Presidência. Decreto nº 3.229, de 29 de outubro de 1999. Promulga a Convenção In-


teramericana contra a Fabricação e o Tráfico Ilícitos de Armas de Fogo, Munições, Explosivos
e outros Materiais Correlatos, concluída em Washington, em 14 de novembro de 1997. Dispo-
nível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1999/decreto-3229-29-outubro-
-1999-369486-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Presidência. Lei nº 9.933 de 20 de dezembro de 1999. Disponível em: http://www.pla-


nalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9933.htm#:~:text=LEI%20No%209.933%2C%20DE%2020%20DE%20
DEZEMBRO%20DE%201999.&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20as%20compet%C3%AAncias%20
do,Metrol%C3%B3gicos%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em:
19 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército. Portaria nº 024 – DMB, de 25 de outubro de 2000. Apro-
va as Normas que Regulam as Atividades dos Colecionadores de Armas, Munição, Armamen-
to Pesado e Viaturas Militares. Disponível em: https://www.mariz.eti.br/portaria_24_DMB.htm.
Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003. Dispõe sobre registro,
posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas –
Sinarm, define crimes e dá outras providências. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/
legin/fed/lei/2003/lei-10826-22-dezembro-2003-490580-publicacaooriginal-1-pl.html. Aces-
so em: 19 out. 2023.

5
5
REFERÊNCIAS

BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 10.834, de 29 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a Taxa
de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro - TFPC e altera dispositivos
do Decreto nº 24.602, de 6 de julho de 1934, que dispõe sobre instalação e fiscalização de fá-
bricas e comércio de armas, munições, explosivos, produtos químicos agressivos e matérias
correlatas. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2003/lei-10834-29-de-
zembro-2003-497046-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 68 de 28 de março de 2003. Dis-


ponível em: http://antigo.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/RDC_68_2003.pdf/39b-
75f60-694c-4595-a851-f8f2c17e9e98?version=1.0. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 13 de 27 de janeiro de 2004. Dis-


ponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/rdc0013_27_01_2004.
html#:~:text=REGULAMENTO%20T%C3%89CNICO%20PARA%20A%20VIGIL%C3%82NCIA,DIS-
TRIBUI%C3%87%C3%83O%20EM%20FEIRAS%20OU%20EVENTOS. Acesso em: 18 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército. Portaria nº 16-D Log, de 28 de dezembro de 2004. Apro-
va a Norma Reguladora da Marcação de Embalagens e Cartuchos de Munição. Disponível em:
http://www.dfpc.eb.mil.br/images/Portaria_16-DLog_de_28Dez04.pdf. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército. Portaria 05-DLog, de 2 de março de 2005. Normatiza


a concessão e a revalidação de registros, apostilamentos e avaliações técnicas de produtos
controlados pelo Exército, e dá outras providências. Disponível em: https://sistema.cbtp.org.br/
public/filemanager/source/Port%20005%20DLog%20de%202%20Mar%2005%20-%20Normati-
zacao%20de%20CR_1.pdf. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército. Portaria Normativa nº 620/MD, de 4 de maio de 2006.


Aprova as Normas para Autorizar a Importação de Produtos Controlados e do Setor de Defesa por
parte dos órgãos de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas registradas no Comando do
Exército, e dá outras providências. Disponível em: http://www.dfpc.eb.mil.br/phocadownload/Por-
tarias_Portarias_MD/Portaria_620-MD_de_04Mai06.pdf. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Receita Federal – Normas. Instrução Normativa SRF nº 680/2006, de 23 de novem-


bro de 2006. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?vi-
sao=anotado&idAto=15618. Acesso em: 31 maio 2023.

BRASIL. ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 81 de 5 de novembro de 2008.


Disponível em: http://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_81_2008_COMP_.
pdf/d031f6d6-3664-4d66-ae0b-d1d0ad106178. Acesso em: 16 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército. Portaria nº 02-COLOG, de 26 de fevereiro de 2010. Dis-


põe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Na-
cional de Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências. Disponível em: https://www.
gov.br/siscomex/pt-br/legislacao/dfpc. Acesso em: 18 out. 2023.

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5
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército. Portaria 115 – MD, de 19 de janeiro de 2011. Dispõe sobre a
importação, pelas Forças Armadas, de armas de fogo suas partes e peças, munições e acessórios.
Disponível em: https://bdex.eb.mil.br/jspui/handle/1/734. Acesso em: 15 out. 2023.

BRASIL. Governo Federal. Anexo da IN Mapa 51/2011 – Relação de Produtos e Insumos


sob Anuência do Mapa. Brasília: 2011-2023. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/
pt-br/assuntos/vigilancia-agropecuaria/importacao-e-exportacao/anexos-in-51/IN_51_
de_04.11.11_15.05.23.pdf. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. MAPA. Instrução Normativa Mapa nº 51/2011 – Relação de Produtos e Insumos sob
Anuência do Mapa. Dispõe sobre os critérios regulamentares e os procedimentos de fiscaliza-
ção, inspeção, controle de qualidade e sistemas de análise de risco, fixados pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para a importação de animais, vegetais, seus produtos,
derivados e partes, subprodutos, resíduos de valor econômico e dos insumos agropecuários
que específica. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=78904. Acesso em:
19 out. 2023.

BRASIL. Presidência. Lei nº 12.545 de 14 de dezembro de 2011. Disponível em: http://www.pla-


nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12545.htm. Acesso em: 18 out. 2023.

BRASIL. ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 16 de 29 de abril de 2015. Dis-


ponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2015/rdc0016_29_04_2015.
html#:~:text=RESOLU%C3%87%C3%83O%20DA%20DIRETORIA%20COLEGIADA%20%2D%20RD-
C,das%20necessidades%20b%C3%A1sicas%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 19
out. 2023.

BRASIL. ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 172 de 8 de setembro de 2017.


Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2017/publica-
da-resolucao-sobre-produtos-para-pesquisa#:~:text=A%20RDC%20172%2F2017%20descre-
ve,exporta%C3%A7%C3%A3o%20de%20bens%20e%20produtos.&text=Foi%20publicada%2C%20
nesta%20ter%C3%A7a%2Dfeira,%C3%A0%20pesquisa%20envolvendo%20seres%20humanos.
Acesso em: 18 out. 2023.

BRASIL. ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 228 de 23 de maio de 2018. Dis-
ponível em: http://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_228_2018_.pdf/0ab-
77141-d04d-4e25-8d6b-25e313eeeb58. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército. Portaria nº 42 – COLOG, de 28 de março de 2018. Dispõe


sobre procedimentos administrativos relativos às atividades com explosivos e seus acessórios
e produtos que contêm nitrato de amônio. Disponível em: http://www.dfpc.eb.mil.br/images/
PORT42.pdf. Acesso em: 15 out. 2023.

BRASIL. Presidência. Decreto nº 9.847, de 25 de junho de 2019. 2019a. Disponível em: https://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/d9847.htm. Acesso em: 19 out. 2023.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência. Decreto nº 10.030, de 30 de setembro de 2019. 2019b. Disponível em:


https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/d10030.htm#:~:text=DE-
CRETO%20N%C2%BA%2010.030%2C%20DE%2030,de%202003%2C%20e%20no%20art. Acesso
em: 19 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército. Portaria nº 118-COLOG, de 4 de outubro de 2019 (Lista


de PCE). 2019c. Dispõe sobre a lista de Produtos Controlados pelo Exército e dá outras provi-
dências. Disponível em: http://www.dfpc.eb.mil.br/phocadownload/Portarias_EB_COLOG/Por-
tarian118.pdf. Acesso em: 18 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército. Portaria nº 1.729, de 29 de outubro de 2019. 2019d.


Disponível em: http://www.dfpc.eb.mil.br/images/Port-1729_Cmt-EB_Com_Exterior_Atualiza-
da_pela_Port_1880.pdf. Acesso em: 18 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Defesa. Portaria nº 1.880, de 12 de novembro de 2019. 2019e. Disponível


em: http://www.sgex.eb.mil.br/sg8/005_normas/01_normas_diversas/01_comando_do_exer-
cito/port_n_1880_cmdo_eb_12nov2019.html. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. INMETRO. Portaria Inmetro nº 159, de 9 de abril de 2021. Disponível em: https://www.
in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-inmetro-n-159-de-9-de-abril-de-2021-313211060. Acesso
em: 19 out. 2023.

BRASIL. INMETRO. Portaria Inmetro nº 137, de 24 de março de 2022. Disponível em: https://
www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-137-de-24-de-marco-de-2022-388635768. Acesso
em: 15 out. 2023.

DINIZ, M. H. Dicionário jurídico universitário / Maria Helena Diniz. São Paulo: Saraiva, 2010.

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GABARITO

1. Opção C. Admissão Temporária – quando é realizada a importação de um produto por tempo


fixo, predeterminado, para posterior devolução ao exterior.

2. Opção D. Os produtos sujeitos à fiscalização e controle dos órgãos anuentes necessitam de


Licença de Importação.

3. Opção D. Os órgãos anuentes possuem como característica a fiscalização, autorização ou


controle e edição de normas que visam ao bem social, a apreensão de indivíduos não está
dentro das características do poder de polícia administrativo.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 3

PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO
DE PRODUTOS CONTROLADOS,
CONTROLE DE FRONTEIRAS E
RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL

MINHAS METAS
Identificar as normas de procedimentos de fiscalização de produtos controlados mais
recorrentes.
Entender a forma e motivação dos procedimentos de fiscalização, com base nas normas
identificadas.
Compreender os conceitos de fronteira para fins de fiscalização geral e de produtos
controlados.
Verificar os principais procedimentos de fiscalização e controle realizados nas fronteiras,
com base no poder de polícia administrativo aduaneiro.
Conhecer as principais características da Responsabilidade Civil.
Analisar a aplicabilidade da Responsabilidade Penal.
Relacionar os efeitos da Responsabilidade Civil e/ou Penal em face dos procedimentos
de fiscalização de produtos controlados.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


O tema central de nossa discussão será uma situação com a problemática mais
complexa de ser enfrentada, uma vez que apresenta diversas variáveis e agentes
envolvidos. Ainda que um só processo, ou situação, envolva todas as referências
do assunto a ser desenvolvido, é necessário conhecimento prévio de cada ponto,
quais sejam: procedimentos de fiscalização de produtos controlados; controle de
fronteiras; e responsabilidade civil e penal.
Podemos citar várias situações em que o profissional despachante precisará
atuar e ter um conhecimento das normas, por exemplo, importação de medicamen-
tos ou armas de fogo, que pelas normas e leis vigentes, são considerados produtos
controlados fiscalizados quando entram no Brasil, ou seja, nos pontos de fronteira,
e dependendo da situação, o referido importador poderá responder civil e/ou pe-
nalmente. Mas, você sabe quais são as normas que regem a atuação da fiscalização
neste caso? Quando é que o importador pode ser responsabilizado juridicamente?

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Estudante, em nosso diálogo, teremos um conteúdo mais diversificado. Com base


nas normas reguladoras dos processos de nacionalização de produtos contro-
lados, veremos os procedimentos de fiscalização, especialmente, nas fronteiras.
Abordaremos, também, aspectos relacionados às responsabilidades civil e penal,
conectando esse assunto com eventuais consequências da atuação fiscal sobre
produtos controlados, portanto, acesse nosso podcast e ouça com mais detalhes
o que traremos de novo para você. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.

Você, enquanto profissional da área, ainda pode se deparar com situações em


que há uma importação de produtos controlados, como pedras preciosas, por
exemplo, e nessa situação haveria um procedimento de fiscalização predomi-
nantemente pela Receita Federal do Brasil, com o objetivo de avaliar o preço da
referida mercadoria, bem como se é uma peça legítima, se estão sendo recolhidos
os tributos devidos. Mas você sabe quais são os parâmetros e leis que embasam
a fiscalização da Receita Federal? Já ouviu falar em pena de perdimento? Quais
outros produtos a Receita Federal fiscaliza?

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

É interessante que você já busque refletir sobre a necessidade de antecipar aos


procedimentos de fiscalização de produtos controlados, com base nas disposições
das normas regulamentadoras aplicáveis, para que não tenha como consequên-
cias implicações de responsabilidade civil e/ou penal.

VAMOS RECORDAR?
Antes de darmos início ao desenvolvimento do tema proposto, é interessante
que você relembre alguns pontos conceituais relativos às Normas Reguladoras
dos Processos de Nacionalização de Produtos Controlados – acessando a breve
apresentação que preparamos. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo
digital do ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO DE PRODUTO


CONTROLADOS

Vamos conhecer os principais procedimentos adotados pelos órgãos anuentes


na importação, considerando as Normas Reguladoras dos Processos de Nacio-
nalização de Produtos Controlados.

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U N I AS S E LVI

O Brasil possui, atualmente, 15 órgãos anuentes na importação, cada um


com normas que determinam procedimentos específicos a serem adotados na
fiscalização de produtos controlados. Buscando maior foco para nossa discussão,
será dada sequência com os procedimentos de maior relevância prática para o
futuro profissional de Despachos Especiais. Portanto, traremos, procedimentos
de fiscalização advindos do Exército, Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).

Exército

O primeiro ponto a ser observado quanto aos procedimentos de fiscalização de


produtos controlados realizados pelo Exército será localizar qual norma regula
tais procedimentos. No presente caso, essa norma é a Portaria nº 1.729/2019,
“que aprova as Normas Reguladoras dos procedimentos administrativos relati-
vos ao comércio exterior de Produtos Controlados, são os chamados Produtos
Controlados pelo Exército (PCE)” (BRASIL, 2019).
Nessa norma, antes dos procedimentos propriamente ditos, merece destaque
o que podemos considerar como acordo de reconhecimento mútuo para impor-
tação (nacionalização) e exportação de produtos controlados, conforme disposto
no Art. 2º, que traz o seguinte:


Art. 2º A importação de produtos controlados para venda no comér-
cio só será autorizada se o país fabricante permitir a venda de pro-
dutos brasileiros similares em seu mercado interno (BRASIL, 2019).

Cumprido esse requisito, temos que o procedimento administrativo para a im-


portação de PCE compreende as seguintes fases: solicitação de autorização pré-
via de importação; licenciamento de importação no SISCOMEX; e controle em
Recinto Alfandegado.
No intuito de deixar o conteúdo mais dinâmico e considerando que a Por-
taria nº 1.729/2019 detalha uma série de procedimentos que serão analisados
pela fiscalização de Produtos Controlados pelo Exército, serão apresentados os
principais tópicos da norma e, quando pertinente, a indicação dos dispositivos
procedimentais de que mereçam maior atenção. Assim, temos:

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

■ Da solicitação de autorização prévia de importação:


Para a obtenção da autorização prévia para a importação, o interes-
sado, pessoa física ou jurídica, deverá encaminhar requerimento
ao Diretor de Fiscalização de Produtos Controlados, autoridade
militar a qual fica delegada a competência para a emissão do ato,
sob a supervisão do Comando Logístico.
As autorizações de importação vencidas poderão ser prorrogadas
por uma única vez.
Na discriminação do produto a importar deverá ser usado o código
e a nomenclatura do produto, constante da Relação de Produtos
Controlados, acompanhado de todas as características técnicas
necessárias à sua perfeita definição, podendo ser citado, entre pa-
rênteses, o nome comercial.
Em se tratando de importação de armas, munições, pólvoras, ex-
plosivos e seus elementos e acessórios pouco conhecidos poderá ser
exigida a apresentação, pelo interessado, de catálogos ou quaisquer
outros dados técnicos esclarecedores.

■ Da autorização prévia para órgãos e instituições públicas:


As instituições públicas estão listadas no art. 4º da Portaria nº
1.729/2019.

■ Da autorização prévia para integrantes de instituições públicas e forças


armadas
■ Da autorização prévia para pessoa física registrada no SINARM
■ Da autorização prévia para caçadores, atiradores e colecionadores re-
gistrados no SIGMA
■ Da autorização prévia para importação de peças de armas
■ Da autorização para admissão de armas de atletas estrangeiros
■ Da autorização prévia para representações diplomáticas
■ Do licenciamento de importação no Siscomex:
As importações de produtos controlados por pessoas físicas e jurí-
dicas estão sujeitas a licenciamento não automático e autorização
prévia do Exército. É obrigatório o registro do pedido de licença de
importação antes do embarque da mercadoria no exterior.

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U N I AS S E LVI

O embarque da mercadoria em desacordo com a autorização do


Exército constitui infração administrativa e está sujeito às penali-
dades previstas em lei (BRASIL, 2009; 2019).

■ Da licença de importação:
O pedido de licença de importação (LI) deverá ser registrado no
SISCOMEX pelo importador ou por seu representante legal devi-
damente habilitados pela Secretaria Especial da Receita Federal do
Brasil (RFB) operar no SISCOMEX.

■ Da efetivação do licenciamento:
A efetivação do licenciamento ocorrerá em duas fases distintas: I -
autorização de embarque; e II - deferimento.

■ Da autorização de embarque
■ Do controle em recintos alfandegados
■ Do PCE importado por pessoas físicas e jurídicas sediadas no país
■ Do PCE trazido como bagagem acompanhada:
Os viajantes brasileiros ou estrangeiros que chegarem ao país tra-
zendo armas e munições, inclusive armas de porte e armas de pres-
são e outros produtos controlados, são obrigados a apresentá-las às
autoridades alfandegárias (BRASIL, 2019).

Esses são os principais tópicos que trazem procedimentos de fiscalização


de produtos controlados pelo Exército na importação, que pode ser definitiva
(com a nacionalização do produto) ou não definitiva (em casos de armas tra-
zidas por atletas internacionais para competir no Brasil). Cumpre frisar que os
tópicos destacados são para procedimentos na importação, contudo, a Portaria
nº 1.729/2019 também traz procedimentos para exportação.

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Destaca-se, também, que o primeiro procedimento adotado pela fiscalização


de produtos controlados pelo Exército Brasileiro, no caso armas, é a verificação
de reciprocidade, no sentido de o país exportador, ou seja, um modelo de arma a
ser importada do EUA, por exemplo, deve possuir um modelo similar no Brasil,
estrutural e funcionalmente. Esse controle visa, especialmente, à equiparação de
armas com calibres equivalentes, até para motivos de segurança nacional.
Nesse sentido, uma pessoa que deseja realizar a importação de uma arma de
fogo deverá solicitar uma autorização prévia aos órgãos anuentes (Exército, Polícia
Federal e Receita Federal). Nessa solicitação, deverá haver a indicação do modelo
da arma, a finalidade (se para uso próprio ou comércio), documentos que garantem
a legitimidade para fazer a aquisição (porte e/ou posse), entre outros documentos
e licenças intrínsecas a fiscalização, devido ao objeto ser um produto controlado.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Figura 1 – Fiscalização na fronteira

Descrição da Imagem: trata-se de uma fotografia, em primeiro plano há três mulheres com máscaras no rosto,
segurando e conferindo papéis e celular, jaleco com o símbolo da Anvisa escrito Vigilância. Ao fundo se observa
uma grande fila de pessoas com malas de viagem. Todas com máscaras na face.

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Conforme disposto na própria página eletrônica da Anvisa, para importação de


Produtos Sujeitos a Controle Especial, o importador deverá providenciar o Re-
gistro de Licenciamento de Importação (LI) e a Autorização Prévia de Embarque
no Exterior, ambos solicitados por meio do Siscomex, submetendo-se, ainda, à
fiscalização pela autoridade sanitária antes de seu desembaraço aduaneiro.
Temos que as principais normas regulamentadoras que trazem procedimen-
tos de fiscalização de produtos controlados no âmbito da Anvisa são:
■ Resolução da Diretoria Colegiada – RDC Nº 81, de 5 de novembro de
2008;
■ Resolução RDC nº 74, de 2 de maio de 2016.
Com maior destaque para a RDC nº 81/2008, onde podemos dar ênfase para
os seguintes procedimentos:

Fiscalização Sanitária: procedimentos ou conjunto de procedimen-


tos de atos de análise de documental técnica e administrativa, e
de inspeção física de bens ou produtos importados, com a finali-
dade de eliminar ou prevenir riscos à saúde humana, bem como
intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente,
da produção e da circulação de bens que, direta ou indiretamente,
se relacionam com a saúde pública.
O importador deverá selecionar o procedimento administrativo
adequado ao tipo de mercadoria, quando realizar o peticionamento
e a instrução do processo de importação.
Procedimento de análise ao pedido de Licenciamento de Importa-
ção (LI) (BRASIL, 2008).

Em suma, os procedimentos de fiscalização de produtos controlados realizados


pela Anvisa, vão ter como fundamento a questão sanitária. Nesse caso, a Anvisa
atua como um órgão anuente nos procedimentos de importação de mercado-
rias, especialmente produtos controlados que tenham implicações na saúde da
população brasileira, com destaque para os medicamentos.
Todavia, ainda que tenhamos como foco a atuação, ou realização de proce-
dimentos fiscalizatórios sobre produtos controlados específicos, a Anvisa atua
de forma vasta, pois controla, também alimentos, e dessa forma possui diversos
procedimentos específicos, conforme a característica de cada produto.
Para exemplificarmos a atuação da Anvisa na fiscalização de produtos con-

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trolados a serem importados, vamos tomar como caso prático uma pessoa física
que deseja importar um medicamento específico. Nessa situação, é necessária a
reunião de todos os documentos que vão instruir o pedido de licença que vai
amparar a anuência desse órgão, por exemplo, documentos que indiquem a fina-
lidade da importação, se será para uso pessoal, para algum tratamento específico,
e se o medicamento for derivado de Cannabis, ainda será necessário apresentar
prescrição médica, com laudo de consulta, cadastrar o paciente que fará uso do
medicamento, entre outros procedimentos.
Essa vasta quantidade de requisitos pode parecer extremamente burocrática e
dificultosa num olhar superficial, mas o objetivo da Anvisa é garantir a saúde da
sociedade brasileira, bem como o bom uso do produto controlado a ser importado.

Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento

O Mapa, assim como a Anvisa, realiza procedimentos de fiscalização para fins de


controle sanitário, porém com foco em produtos de origem animal e vegetal. Da
mesma forma que os órgãos anuentes mencionados anteriormente, o procedimento
de fiscalização, realizado pelo Mapa, já se inicia quando
o produto controlado está sujeito ao deferimento da Li- Foco em produtos
de origem animal e
cença de Importação.
vegetal
A principal norma que regulamenta os procedi-
mentos de fiscalização de produtos controlados pelo Mapa é a Instrução Normativa
nº 51/2011. Tal norma traz nove procedimentos, os quais podem ser resumidos pela
realização de conferência documental, fiscalização, inspeção, controle de qualidade e
sistemas de risco a serem executados na chegada da mercadoria, antes do despacho e/
ou desembaraço aduaneiro, em recinto alfandegado ou no estabelecimento de destino
registrado ou relacionado no Mapa.
Posteriormente a essa norma tivemos a publicação do Manual do Vigiagro
estabelecido pela Instrução Normativa nº 39/2017. “A norma aprova o funcio-
namento do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional – Vigiagro, suas
regras e os procedimentos técnicos, administrativos e operacionais de controle
e fiscalização executados nas operações de comércio e trânsito internacional de
produtos de interesse agropecuário” (BRASIL, 2017).
E verificando os procedimentos de fiscalização contidos na Instrução Nor-
mativa nº 39/2017 (BRASIL, 2017), merecem destaque as seguintes definições:

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Art. 36. A fiscalização compreende os procedimentos de análise


documental, inspeção de produtos de interesse agropecuário e vis-
toria de veículos, contentores, instalações, armazéns, terminais ou
recintos, bem como compartimentos de carga e de bagagem.
Art. 37. A análise documental constitui condição obrigatória para
a liberação agropecuária de produtos de interesse agropecuário.
Art. 39. A vistoria constitui procedimento de fiscalização de veícu-
los, contentores, instalações, armazéns, terminais ou recintos, bem
como compartimentos de carga e de bagagem [...].
Art. 40. A inspeção constitui procedimento de fiscalização fundamen-
tado em análise documental e sujeita, ou não, a coleta de amostras [...].

No âmbito do Mapa, você verá uma atuação fiscalizatória sobre produtos controla-
dos de origem animal e vegetal, atestando a qualidade dos produtos, especialmente
quanto à contaminação por pragas e agentes nocivos à saúde, fauna e flora nacional.
Uma situação para exemplificar o contexto de atuação fiscalizatória do Mapa
é a importação de animais vivos, ou não, pois eles necessitam de certificações
e licenças que atestem a qualidade e segurança para a saúde do ambiente na-
cional. Esse controle será efetivado em conformidade com os artigos citados
anteriormente, ou seja, análise documental, inspeção de produtos e vistoria dos
compartimentos em que foi realizado o transporte do animal, ou até mesmo nas
instalações que o receberam.
Friso que tal procedimento de fiscalização é aplicável a qualquer tipo de im-
portação/nacionalização, seja realizado por pessoa física ou jurídica, grandes ou
pequenos volumes.

Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

O Inmetro, não fugindo à regra, inicia seu procedi-


mento de fiscalização com a análise da Licença de Im-
Focar na avaliação
portação (LI) registrada no Siscomex, considerando de conformidade
o tratamento administrativo específico do Inmetro. do produto que está
Em síntese, os procedimentos de fiscalização sendo importado
adotados pelo Inmetro vão focar na avaliação de
conformidade do produto que está sendo importado. Podemos verificar que os
principais procedimentos estão dispostos nas seguintes normas:

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

• Portaria nº 137, de 24 de março de 2022: estabelece procedimentos para


a concessão da Anuência de Licenças de Importação pelo Inmetro e para a
cobrança da Taxa de Anuência.

• Portaria nº 200, de 29 de abril de 2021: aprova os Requisitos Gerais de Certificação


de Produtos (RGCP).

Dessa forma, o Inmetro tem por objetivo regulamentar e fiscalizar os padrões


metrológicos de produtos importados de uma forma geral, mas com cuidados
especiais quanto aos produtos controlados, visto a necessidade de Licenças e
Anuência do órgão, garantindo a procedência e segurança do produto. Um bom
exemplo de atuação desse órgão seria na importação de armas de fogo, quan-
do é extremamente necessário ter assegurado as conformidades e condições de
funcionamento para que não acarrete riscos além dos previstos e controlados no
manuseio de tal objeto.
É possível afirmar que nos últimos anos, a atuação do Inmetro no controle de
produtos importados tenha aumentado consideravelmente, e isso pode ser resul-
tado do aumento das compras de produtos originados da China, principalmente,
no que tange aos componentes eletrônicos. Para tornar prática essa fiscalização,
o Inmetro seleciona algumas Nomenclaturas Comuns do Mercosul (NCMs):
são códigos numéricos que identificam produtos) de interesse para controle. A
depender do produto é necessário requerer a licença de importação, bem como
outros certificados que atestem documentalmente a qualidade do produto, o que
não quer dizer que tal produto ao chegar em território brasileiro estará livre de
uma possível conferência física.

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CONTROLE DE FRONTEIRAS

Figura 2 - Controle de Fronteira


Fonte: https://blogitnoticias.com/texas-creo-una-barrera-de-acero-con-autos-policiales-en-la-frontera/.
Acesso em: 1 nov. 2023.

Descrição da Imagem: representação do controle de fronteira realizado por um carros da autoridade policial,
fiscalizando um ponto de fronteira representado pela estrutura de uma cerca que divide dois países. Observa-se
que pelas características do veículo, bem como a cerca delimitando a fronteira, pode-se dizer que se trata da
fronteira dos EUA com o México.

O Controle de Fronteiras é uma das premissas do Estado Brasileiro, por ser um


mecanismo de garantia da soberania e autonomia do país perante outras nações.
Dessa forma, podemos encontrar na Constituição Federal de 1988 diversos dis-
positivos que trazem o assunto fronteira, vejamos:

Art. 20. São bens da União:


[...]
I - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das for-
tificações e construções militares, das vias federais de comunicação
e à preservação ambiental, definidas em lei;
[...]

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§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao


longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira,
é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua
ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Art. 21. Compete à União:
[...]
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão:
[...]
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos
brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites
de Estado ou Território;
[...]
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e
de fronteiras;
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do
Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania
nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como
membros natos:
[...]
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
[...]
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispen-
sáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo
uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a
preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsa-
bilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e
da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos:
[...]
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, des-
tina-se a:
[...]
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fron-
teiras (BRASIL, 1988).

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U N I AS S E LVI

Além da Constituição Federal, o ordenamento jurídico brasileiro possui diversas


normas infralegais que vão dispor de assuntos inerentes à utilização de zonas de
fronteira e seu controle.

A P RO F UNDA NDO

Normas infralegais, também conhecidas como regulamentos ou decretos, são


atos normativos emitidos por autoridades administrativas ou órgãos governamen-
tais com o objetivo de detalhar e implementar as leis aprovadas pelo Poder Le-
gislativo. Essas normas têm um papel fundamental na operacionalização das leis
e podem abordar aspectos técnicos, procedimentos, regulamentações e outras
diretrizes específicas.
Normas infralegais são utilizadas para preencher lacunas na legislação, estabele-
cer critérios de aplicação e fornecer orientações práticas para os órgãos de exe-
cução e para o público em geral. Elas têm força de lei, desde que estejam em
conformidade com os princípios e limites estabelecidos pela legislação superior.
É importante notar que as normas infralegais são emitidas pelas autoridades adminis-
trativas dentro de suas áreas de competência e podem variar em termos de hierarquia
e abrangência. Portanto, é essencial compreender como essas normas se encaixam no
sistema legal de um país e como elas afetam a implementação das leis.

Como norma mais recente que trata de assuntos fronteiriços, especialmente


no que tange à proteção, temos o Decreto nº 8.903/2016. Tal decreto institui o
Programa de Proteção Integrada de Fronteiras, “o qual tem por objetivo o for-
talecimento da prevenção, do controle, da fiscalização e da repressão aos delitos
transfronteiriços, contando com uma atuação integrada e coordenada dos órgãos
federais, estaduais e municipais para combater infrações administrativas e penais
em caráter transfronteiriço” (BRASIL, 2016).
Deve ser destacado, também, o controle de fronteira exercido pela Receita
Federal do Brasil, que tem como base normativa o Decreto nº 6.759/2009 (Re-
gulamento aduaneiro), o qual destaca o controle aduaneiro em todos os pontos
de entrada do país, ou seja, além das fronteiras consideradas pontos limítrofes
do território brasileiro, o controle é realizado nos aeroportos internacionais, por
receberem pessoas e produtos originados de outros países (BRASIL, 2009).

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E U IN D ICO

Para o presente tema de aprendizagem, eu indico a série Operação Fronteira,


que demonstra o Controle de Fronteira realizado pelas autoridades do Brasil,
alertando para consequências tanto no âmbito de responsabilidade civil quanto
penal. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual
de aprendizagem.

Com base no que foi exposto, o Controle de Fronteiras consiste na garantia da


soberania nacional, por meio da fiscalização realiza-
da por diversos órgãos estatais. Merecendo destaque, Controle de
Fronteiras consiste
os controles realizados com o objetivo de fiscalizar a
na garantia da
entrada de pessoas e produtos no Brasil. soberania nacional
Ademais, esse Controle de Fronteiras, possuindo
uma ação conjunta dos órgãos já mencionados nos tópicos anteriores, estará
amparado por diversas normas regulamentadoras de procedimentos de fiscali-
zação de produtos controlados. E, caso seja verificado o não atendimento a tais
normas é passível de responsabilização o sujeito “infrator”, civil e/ou penalmente,
conforme a gravidade do ato de desconformidade praticado. Nesse sentido, serão
abordados a seguir alguns pontos inerentes à responsabilidade.

RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL

A princípio, podemos dizer que responsabilidade configura-se no ato de respon-


der por seus próprios atos ou de outros , a depender
Responsabilidade
da relação jurídica existente entre pessoas, que neste
configura-se no ato
caso pode ser representada na responsabilidade de de responder por
um pai para com seu filho em suas obrigações pa- seus próprios atos
rentais e civis. ou de outros
Conforme apresentado por Pablo Stolze Gaglia-
no (2022, p. 1189), a palavra “‘responsabilidade’ tem sua origem no verbo latino
respondere, significando a obrigação que alguém tem de assumir com as conse-
quências jurídicas de sua atividade, contendo, ainda, a raiz latina de spondeo,
fórmula através da qual se vinculava, no direito romano, o devedor nos contratos

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U N I AS S E LVI

verbais”. Continuando, Gagliano (2022, p. 1190) conclui que “responsabilidade,


para o Direito, nada mais é, portanto, que uma obrigação derivada — um dever
jurídico sucessivo — de assumir as consequências jurídicas de um fato, conse-
quências essas que podem variar (reparação dos danos e/ou punição pessoal do
agente lesionante) de acordo com os interesses lesados”.
Cumpre salientar que no início dos estudos do direito, mais precisamente, no
antigo direito romano, não havia uma divisão explícita entre responsabilidade
civil e penal, havendo algum fato que contrapunha o direito do próximo era ava-
liada a extensão da responsabilidade e, consequentemente, aplicada uma pena.
Com o avanço dos estudos do direito verificamos a divisão entre responsa-
bilidade civil e penal, com a especificação de obrigações e penas impostas sobre
determinado ato praticado.
Destarte, atualmente, a responsabilidade se especializa em diversas esferas
jurídicas, sendo assim, temos a responsabilidade administrativa, tributária, am-
biental, entre outras.
Com um objetivo prático para o tema geral, desenvolvido neste material, vou
buscar apresentar situações relacionadas a procedimentos de fiscalização de produ-
tos controlados aptas de implicar a responsabilidade civil ou penal sobre o sujeito
que está realizando a importação/nacionalização de produtos.

Responsabilidade Civil

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Conforme apresentado no Dicionário Jurídico, a responsabilidade civil:


Consiste na aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano
moral e/ou patrimonial causado a terceiro em razão de ato do próprio im-
putado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal
sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal. A responsabilidade
civil requer prejuízo a terceiro, particular ou Estado, de modo que a vítima
poderá pedir reparação do dano, traduzida na recomposição do statu quo
ante ou de uma importância em dinheiro (DINIZ, 2010, p. 509).

A análise da responsabilidade civil deve ser feita com base em três pressupos-
tos, ou elementos, quais sejam: conduta (positiva ou negativa); dano; e nexo de
causalidade.

AP RO F U N DA NDO

Para que haja uma avaliação acerca da responsabilidade civil, um agente (pessoa)
deve realizar uma conduta (ex.: importar um componente eletrônico) que cause
danos (ex.: que não corresponde às qualificações originais, capazes de lesar o con-
sumidor final) com o nexo de causalidade entre esses elementos (ex.: o consumi-
dor adquiriu o componente eletrônico importado, mas que não correspondia às
especificações originais, acarretando danos ao sistema elétrico de sua residência).

Outro ponto peculiar acerca da responsabilidade civil é a classificação em res-


ponsabilidade civil subjetiva ou objetiva.

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RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA

O dano é resultado de um ato doloso ou culposo, causado por um agente, que terá o
dever jurídico de reparar. Assim é trazido pelo Código Civil:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, vio-
lar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Nesse contexto de responsabilidade civil subjetiva, podemos exemplificar com a impor-
tação de brinquedos contrafacionados, ou seja, que simulam um original. O importador
que realiza tal operação omissa à informação de que os brinquedos não são originais,
mas devido ao controle de fronteira, é identificada ação ilícita, acarretando o dever jurídi-
co de reparar eventuais danos sofridos por terceiros, destinatários dos brinquedos.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

O dolo ou culpa do agente é irrelevante, considerando-se apenas um nexo causal para


o dever de indenizar.

Na prática jurídica adotada pelo Brasil, temos por base a responsabilidade civil
subjetiva, pois, além da conduta, dano e nexo de causalidade, é avaliada a culpa
ou dolo do agente.

Responsabilidade Penal

Mais uma vez buscando trazer um conceito mais direto, apresentamos o signi-
ficado de responsabilidade penal com base no Dicionário Jurídico, o qual nos
informa que a responsabilidade penal:


pressupõe lesão aos deveres de cidadãos para com a sociedade , acar-
retando um dano social determinado pela violação de norma penal,
exigindo, para restabelecer o equilíbrio, a aplicação de uma pena ao
lesante. É a que decorre da prática de contravenção penal ou de crime
comissivo ou omissivo pelo agente imputável que for chamado a res-
ponder por ela penalmente, arcando com as consequências jurídicas
de seu ato, incorrendo nas sanções previstas na lei penal. O lesante
suporta a respectiva repressão (DINIZ, 2010, p. 510).

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Contudo, a responsabilidade penal não será aplicada apenas pelo fato do agente
ter descumprido uma norma emanada do Estado, devendo ser avaliado, também,
“a ‘imputabilidade penal’, em que é questionado se o sujeito, no momento da
conduta, tinha capacidade intelecto-volitiva (de entender e querer)” (DAMÁSIO,
2011, p. 323).

A P RO F UNDA NDO

Para exemplificar a responsabilização penal, podemos dizer que é comum, no âm-


bito das importações, a aplicação da pena de perdimento, que pressupõe uma
lesão à sociedade, mais especificamente um dano ao erário da União. Nesse sen-
tido, vamos pensar na importação de pedras preciosas, que podem ser conside-
radas produtos aptos de procedimentos de fiscalização e controle específicos nas
zonas alfandegadas (fronteiras). Contudo, verifica-se que os valores declarados
sobre tais pedras preciosas estão abaixo do valor de mercado, consequentemen-
te, houve um recolhimento menor de tributos, gerando um dano ao erário, por-
tanto, aplicável a pena de perdimento sobre a mercadoria, onde o importador não
terá mais direito sobre a mercadoria que passa a estar sob controle da União.
Essa é apenas uma situação dentre outras previstas no artigo 689 do Decreto nº
6.759/2009, que faz incidir a pena de perdimento, pois é passível de gerar lesão
aos interesses da sociedade.

Por fim, concatenando o que foi apresentado no decorrer do conteúdo, temos


que, existe um rol de normas que vão nortear os procedimentos de fiscalização
de produtos controlados. Essas normas e procedimentos são passíveis de apli-
cação no Controle de Fronteiras, sendo que as fronteiras brasileiras são rotas de
diversos produtos controlados, principalmente, em operações de importação, nas
quais serão tomados cuidados especiais para a garantia da segurança nacional.
Quando verificado por agentes fiscais que determinado produto controlado não
está em conformidade com as especificações estabelecidas pelos órgãos compe-
tentes, será passível de responsabilização cível e/ou penal, a depender do grau da
infração e lesão ao interesse público.

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E U IN D ICO

Com foco no assunto trazido até aqui, indico para você vídeos que demonstram
um pouco sobre a fiscalização e controle de fronteiras brasileiras, acarretando a
responsabilidade penal das pessoas que são alvo da fiscalização.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Gostou do que vimos até aqui? Então, acesse o vídeo e veja o que preparamos
para você em relação ao Direito Internacional, para nos aprofundarmos ainda mais
nesse assunto. Venha comigo! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digi-
tal do ambiente virtual de aprendizagem.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 3

NOVOS DESAFIOS
O objetivo deste tema de aprendizagem foi levar uma síntese e direcionamento
do que o profissional encontrará de mais prático em uma atividade de despacho
especial, pois, além de resgatar as normas de regulação para nacionalização de
produtos controlados, verificamos os procedimentos estabelecidos por tais nor-
mas, merecendo destaque os procedimentos elencados por órgãos anuentes na
importação.
A análise acerca do Controle de Fronteiras também se faz fundamental para
o profissional, pois é nas fronteiras que os agentes do Estado realizam boa parte
dos procedimentos de fiscalização, os quais podem ocorrer durante ou antes dos
processos de despacho e desembaraço aduaneiro.
O conhecimento acerca da responsabilidade civil e penal é a parte mais sen-
sível para o profissional, visto que ao não observar uma norma ou procedimento
de fiscalização, estará sujeito a penas e multas. E no âmbito aduaneiro, principal-
mente, nos procedimentos de nacionalização de produtos, controlados, ou não,
temos estabelecido no Decreto nº 6.759/2009, uma parte dedicada às infrações e
penalidades decorrentes de ações ou omissões que cominem em responsabilida-
de civil e penal. Ainda que tal decreto não apresente penas de caráter puramente
penal (criminal), a conduta de uma pessoa que descumpre as normas, pode ter
reflexo na esfera criminal, portanto, com base no que foi exposto, você já pôde
perceber que o principal desafio a ser enfrentado pelo profissional é se antecipar
à ação fiscalizatória, tomando por norte as normas que instruem a fiscalização de
produtos controlados, e que são controlados nas fronteiras do Brasil, de maneira
a estarem livres de qualquer imputação de responsabilidade civil ou penal.

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AUTOATIVIDADE

1. Indique o procedimento de fiscalização para produtos controlados que não é exclusivo


para o Exército.

a) Licenciamento de importação no Siscomex.


b) Autorização para admissão de armas de atletas estrangeiros.
c) Autorização prévia para importação de peças de armas.
d) Autorização prévia para caçadores, atiradores e colecionadores registrados no sigma.
e) Autorização prévia para integrantes de instituições públicas e forças armadas.

2. Considerando o que foi apresentado quanto ao Controle de Fronteiras, indique os órgãos


da administração pública que estão diretamente envolvidos na fiscalização de fronteiras:

I - Exército.
II - Marinha.
III - Polícia Federal.
IV - Receita Federal do Brasil.
V - Guarda Nacional.

Estão corretas as afirmativas:

a) I e IV, apenas.
b) II e V, apenas.
c) I, II, III e IV, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) I, II, III, IV e V.

3. Quais são as fases do procedimento de fiscalização de produtos controlados realizada


pelo Exército:

I - Solicitação de autorização prévia de importação.


II - Licenciamento de importação no Siscomex.
III - Controle em Recinto Alfandegado.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. [1988]. Constituição Federal da República Federativa do Brasil. Disponível em: https://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 out. 2023.

BRASIL. RDC nº 81/2008. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Bens e Produtos Impor-
tados para fins de Vigilância Sanitária. Disponível em: https://antigo.anvisa.gov.br/docu-
ments/10181/2718376/RDC_81_2008_COMP_.pdf/d031f6d6-3664-4d66-ae0b-d1d0ad106178.
Acesso em: 20 out. 2023.

BRASIL. Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Regulamenta a administração das ativida-


des aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6759.
htm. Acesso em: 20 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Agricultura e Pecuária. Instrução Normativa MAPA nº 51/2011. Disponível


em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/vigilancia-agropecuaria/importacao-e-
-exportacao/anexos-in-51. Acesso em: 20 out. 2023.

BRASIL. Decreto nº 8.903, de 16 de novembro de 2016. Institui o Programa de Proteção Inte-


grada de Fronteiras e organiza a atuação de unidades da administração pública federal para sua
execução. Brasília: Diário Oficial da União, 17 de novembro de 2016. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/D8903.htm. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Agricultura e Pecuária. Instrução Normativa MAPA Nº 39/2017. Disponí-


vel em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-normativa-n-39-de-27-de-novembro-
-de-2017-638853. Acesso em: 20 out. 2023.

BRASIL. Portaria nº 1.729/2019. [2019a]. Aprova as Normas Reguladoras dos procedimentos


administrativos relativos ao comércio exterior de Produtos Controlados pelo Exército (PCE) no
âmbito do Sistema de Fiscalização de Produtos Controlados (EB10-N-03.002) e dá outras pro-
vidências. Disponível em: http://www.dfpc.eb.mil.br/images/Port-1729_Cmt-EB_Com_Exte-
rior_Atualizada_pela_Port_1880.pdf. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Decreto nº 10.030, de 30 de setembro de 2019. [2019b]. Aprova o Regulamento de


Produtos Controlados. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2019/de-
creto-10030-30-setembro-2019-789175-publicacaooriginal-159118-pe.html. Acesso em: 19 out.
2023.

BRASIL. Ministério da Economia – INMETRO. Portaria nº 200, de 29 de abril de 2021. Disponível


em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-200-de-29-de-abril-de-2021-317630544.
Acesso em: 20 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Economia – INMETRO. Portaria nº 137, de 24 de março de 2022. Disponível


em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-137-de-24-de-marco-de-2022-388635768.
Acesso em: 20 out. 2023.

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REFERÊNCIAS

DAMÁSIO, A. R. E o cérebro criou o homem. São Paulo: Cia. das Letras, 2011.

DINIZ, M. H. Dicionário jurídico universitário. São Paulo: Saraiva, 2010.

GAGLIANO, P. S. Manual de Direito Civil. 6. ed. São Paulo: SaraivaJur, 2022.

ROCHA, C. Base normativa e proposições legislativas sobre fronteiras no Brasil. Disponível


em: https://bd.camara.leg.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/31819/base_normativa_rocha.
pdf?sequence=1. Acesso em: 20 out. 2023.

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GABARITO

1. Opção A, pois o Licenciamento de Importação no Siscomex também está presente para


outros órgãos anuentes, ou seja, não é exclusivo do Exército.

2. Opção E. Conforme as disposições constitucionais e infralegais apresentadas, a Guarda


Nacional não é um órgão/entidade com competência específica para realizar o controle
nas fronteiras.

3. Opção E, de acordo com a Portaria nº 1.729/2019, Art. 6º.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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UNIDADE 2
TEMA DE APRENDIZAGEM 4

GENERALIDADES DO ARMAMENTO
– HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DAS
ARMAS DE FOGO

MINHAS METAS

Conhecer as generalidades do armamento, o histórico e a evolução das armas de fogo..

Buscar significar o tema do armamento dentro da ideia de despachos especiais e produ-


tos controlados.

Apresentar critérios que caracterizam as armas como produtos especiais e controlados,


de forma a evidenciar a necessidade de conhecermos as generalidades do armamento.

Contextualizar, historicamente, a criação e a evolução das armas de fogo até os dias atuais.

Saber que existe um universo imenso de armas, orientado de acordo com cada grupo
específico, e conhecer os conceitos básicos sobre armas e suas definições..

Verificar aspectos práticos, de forma que possam ser aplicados de modo funcional, os
fundamentos e os conceitos no cotidiano profissional do estudante.

Compreender que é por meio do entendimento de conceitos e do conhecimento histórico


que podemos avaliar o presente, buscando uma evolução para o futuro..

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


Observando atentamente as regulamentações e os procedimentos de controle de
produtos especiais — realizados, principalmente, pelo Exército Brasileito (órgão
anuente no processo de importação) —, verificamos que o principal produto
controlado são as armas de fogo.
Nesse momento, não veremos situações práticas nem conteúdos que auxiliem
na resolução de problemas profissionais, visto que o foco maior são os conceitos
e a historicidade do tema, o que não deve ser descartado, visto que é por meio do
entendimento de conceitos e do conhecimento histórico que podemos avaliar o
presente, buscando uma evolução para o futuro.
Assim, no que tange às generalidades do armamento, vamos nos aprofundar
em conceitos sobre armas, classificações e características funcionais, já segmen-
tando no plano das armas de fogo. Por fim, faremos uma abordagem evolu-
cionista das armas de fogo ao longo da história, trazendo desde as invenções
armamentistas mais rudimentares (que se enquadrem no critério de arma de
fogo), até os armamentos atuais.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Convido você, estudante, para dar o play em nosso podcast Generalidades do Ar-
mamento: Evolução Histórica das Armas de Fogo, no qual vamos introduzir e es-
clarecer a abordagem deste tema de aprendizagem.
Recursos de mídia disponível no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

VAMOS RECORDAR?
Vale recordarmos sobre os Procedimentos de Fiscalização de Produtos
Controlados, Controle nas Fronteiras e Responsabilidade Civil e Penal, e, para isso,
deixo a indicação de dois vídeos. Eles detalham procedimentos e operações de
produtos controlados trazidos por pessoas em viagens para o exterior do Brasil.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de
aprendizagem.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


IN D ICAÇÃO DE LI V RO

Coleção Armamento – armas, munições, equipamentos policiais


Autor: Maurício Corrêa Pimentel Machado.
Sobre o livro: apresenta um material bem detalhado e concei-
tuado acerca de armamentos de fogo dos mais diversos tipos.
Portanto, é um material bem interessante para aqueles que
gostariam de aprofundar os conhecimentos acerca das armas
de fogo.

GENERALIDADES DO ARMAMENTO

Figura 1 – Armas de fogo / Fonte:h ttps://br.freepik.com/vetores-gratis/conjunto-monocromatico-de-ar-


mas-e-armas_4431396.htm#query=armas%20de%20fogo&position=34&from_view=search&track=ais.
Acesso em: 20 set. 2023.

Descrição da Imagem: a figura representa um conjunto diversificado de armas de fogo, desde armas de pequeno
calibre até armas de calibre mais longo e maior poder de fogo.

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O primeiro ponto a ser entendido, nesse momento, é o que seriam ou o que


poderiam significar as generalidades do armamento. Tomando o significado das
palavras, temos que a generalidade pode ser definida como algo que é comum,
geral, costuma ser ou acontecer. No que diz respeito ao armamento, a generali-
dade pode ser entendida como ato ou efeito de armar.
Dessa forma, neste tópico, veremos questões inerentes sobre as armas de
forma bem geral, abordando conceitos, classificações e funcionamentos básicos
das armas.
De início, é interessante conhecer conceitos básicos sobre armas, conforme
nos traz o Dicionário Jurídico:
■ Arma branca: Medicina legal. É confeccionada em ferro ou aço polido,
ferindo com a ponta ou com o gume. Exemplo: espada, faca, punhal etc.
■ Arma contundente: Medicina legal. Instrumento que contém saliências
obtusas ou superfícies duras e que atuam violentamente contra o corpo
da vítima, causando-lhe lesões superficiais ou profundas, como equimo-
ses, hematomas, bolsas sanguíneas, escoriações, feridas lácero-contusas,
ruptura de partes moles ou de órgãos internos, luxações ou fraturas ósseas
etc. Exemplos desse tipo de arma são o soco-inglês, a palmatória, o bastão,
o cassetete, o chicote etc.
■ Arma cortante: Medicina legal. Instrumento que produz ferimentos cau-
sados por gume mais ou menos afiado, seccionando tecidos, retalhando
ou separando o corpo da vítima. Por exemplo: cutelo, guilhotina, faca,
navalha, espada, bisturi, canivete etc. Tal arma causa a ferida incisa, que
poderá ser: a) simples, se o instrumento apenas penetrar os tecidos numa
direção mais ou menos perpendicular à superfície do corpo; b) com reta-
lho, se penetrar obliquamente, provocando um retalho cortado em bisel,
que penderá de um lado, ficando preso na extremidade; c) mutilante, se
atravessar os tecidos lado a lado, retirando uma parte do corpo.
■ Arma cortocontundente: Medicina Legal. É aquela que, além de cortar,
contunde o corpo. Exemplo: foice, machado, facão, enxada etc.
■ Arma de fogo: 1. Medicina legal. Aquela que, pela deflagração da pólvora,
arremessa projéteis, como a pistola e a espingarda, provocando perfuração
e contusão na vítima. 2. Direito administrativo. a) arma de pequeno poder
ofensivo utilizável por cidadão idôneo para sua defesa pessoal ou patrimo-
nial, desde que autorizado por autoridade competente e obtenha o Certifi-

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cado de Registro de Arma de Fogo; b) arma de maior poder ofensivo cuja


utilização requer habilitação especial. 3. Direito militar. Arma que dispara
projéteis, empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão
de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está soli-
dária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão
do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil.
■ Arma Perfurante: Medicina legal. É a que causa perfurações no corpo da
vítima, por ser um instrumento longo, terminado em ponta mais ou me-
nos aguda. Por exemplo: lima, agulha, alfinete, prego, florete, espinho, etc.
■ Arma Perfurocortante: Medicina legal. Instrumento formado por uma
lâmina que pode apresentar um ou mais gumes. Por exemplo: punhal
(dois gumes); faca e espada (um gume); estilete triangular ou quadrangu-
lar (mais de dois gumes). Tal arma causa feridas perfuroincisas, podendo
acarretar afastamento e secção das fibras.

Ainda, de acordo com o Glossário das Forças Armadas, temos as seguintes de-
finições de armas:

ARMA CONVENCIONAL

Aquela que, quando utilizada, atende a usos e costumes da guerra e, por isso, não
é motivo de contestações. Atualmente, não se incluem nesta categoria as armas
nucleares, radiológicas, biológicas e químicas, exceto as que produzem fumaça, que
são incendiárias e utilizadas contra o controle de distúrbios.

ARMA DE BAIXA LETALIDADE

Arma que, empregada de forma adequada, visa evitar dano permanente ou fatal
em pessoas.

ARMA DE DESTRUIÇÃO EM MASSA

Arma dotada de um elevado potencial de destruição e que pode ser empregada


de forma a destruir um grande número de pessoas, infraestruturas ou recursos de
qualquer espécie.

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ARMA DE ENERGIA DIRECIONADA

Arma dotada de extrema capacidade de potência eletromagnética, visando à


destruição física dos meios oponentes ou à redução de sua capacidade de operar,
por interferir ou degradar a operação dos sensores inimigos com a geração de fortes
campos eletromagnéticos. Pode ser utilizada para desorientar os sensores eletrônicos
da plataforma inimiga e contra as pessoas (lasers de alta energia, armas de feixe de
partículas e micro-ondas de alta potência).

ARMAS COMBINADAS

Organização de uma Força com elementos de diferentes Armas e especialidades


(de combate, de apoio logístico e de apoio ao combate) em quantidade variável, de
acordo com a missão/operação a executar.

Não podemos deixar de mencionar que, além da diversidade de armas letais,


ainda temos a classificação de armas não letais, que são dispositivos ou equi-
pamentos projetados para incapacitar ou controlar alvos humanos ou animais
sem causar ferimentos fatais. Elas são usadas principalmente em situações onde a
força letal não é necessária ou é indesejada. Aqui estão alguns exemplos de armas
não letais e como elas são utilizadas:

SPRAYS DE PIMENTA

Esses sprays contêm uma substância química irritante que, quando pulverizada
no rosto de um agressor, causa dor intensa nos olhos, nariz e garganta. São
frequentemente usados por forças de segurança e cidadãos para autodefesa.

TASERS

Um taser é um dispositivo de eletrochoque que emite descargas elétricas para


incapacitar temporariamente uma pessoa. Ele interrompe temporariamente a função
muscular, permitindo que o agressor seja controlado e detido.

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BALAS DE BORRACHA

Estas são munições não letais projetadas para causar dor e incapacidade temporária,
mas com baixa probabilidade de causar ferimentos graves. São usadas por forças
policiais em situações de controle de multidões.

ARMAS DE CHOQUE ACÚSTICO

Emitindo um som ensurdecedor, essas armas podem causar desconforto e desorientação


em pessoas próximas. São usadas para dispersar multidões ou como medida de dissuasão.

ESPARGIDORES DE GÁS LACRIMOGÊNEO

Dispositivos que dispersam gás lacrimogêneo em uma área, causando irritação nos olhos
e na pele. São usados para controlar distúrbios civis e como medida de autodefesa.

ARMAS DE CHOQUE ELÉTRICO

Além dos tasers, existem outras armas que emitem choques elétricos, como bastões
elétricos. Elas são projetadas para incapacitar temporariamente alvos sem causar
ferimentos graves.

REDES DE CAPTURA

Usadas para envolver um alvo, limitando sua mobilidade. São frequentemente


utilizadas para capturar animais perigosos ou em situações de controle de multidões.

O uso de armas não letais é destinado a reduzir o risco de ferimentos graves


ou morte, especialmente em situações de segurança pública ou autodefesa. No
entanto, é importante notar que o uso inadequado ou excessivo dessas armas
ainda pode resultar em danos ou lesões, portanto, a formação adequada e o uso
responsável são fundamentais ao empregar esses dispositivos.
Por todo o exposto até aqui, podemos ver que existe um universo imenso de
armas, orientado de acordo com cada grupo específico. Contudo, vamos nos de-
dicar às generalidades do armamento que compreende o grupo das armas de fogo.
Assim, é interessante apresentar conceitos mais específicos sobre o que é uma
arma de fogo. Nas palavras de França (2008), armas de fogo:

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São peças construídas de um ou dois canos, abertos numa das ex-
tremidades e parcialmente fechados na parte de trás, por onde se
coloca o projétil, o qual é lançado à distância através da força ex-
pansiva dos gases pela combustão de determinada quantidade de
pólvora. Produzido o tiro, escapam pela boca da arma o projétil ou
projéteis, gases superaquecidos, chama, fumaça, grânulos de pól-
vora incobusta e, em alguns casos, a bucha (FRANÇA, 2008, p. 93).

Aprofundando um pouco mais a conceituação do que é uma arma de fogo, Do-


mingos Tocchetto nos apresenta o seguinte:


Armas de fogo são exclusivamente aquelas armas de arremesso
complexas que utilizam para expelir seus projéteis, as força expan-
siva dos gases resultantes da combustão da pólvora. Seu funciona-
mento, em princípio, não depende do vigor da força do homem.
As armas de fogo são, na realidade, máquinas térmicas, fundadas
nos princípios da termoquímica e da termodinâmica. É por este
motivo que a maioria delas são projetadas e construídas por en-
genheiros mecânicos e metalúrgicos (TOCCHETTO, 2005, p. 2).

Além desses conceitos doutrinários, o antigo Decreto nº 3.665/2000, hoje


revogado, trazia em seu Art. 3º, inciso XIII, uma definição conceitual comple-
mentar ao que foi citado anteriormente. Vejamos, in verbis:


Arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos
gases gerados pela combustão de um propelente confinado em
uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que tem
a função de propiciar continuidade à combustão do propelente,
além de direção e estabilidade ao projétil

Agora que temos uma base conceitual bem sólida do que pode ser entendido
como arma — e, mais precisamente, armas de fogo —, passaremos à análise de
outras generalidades das armas de fogo. Buscamos apresentar uma classificação
mais completa o possível das características que diferenciam um determinado
tipo de arma de fogo para outro:

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1) QUANTO À ALMA DO CANO

A alma é identificada como a parte oca do interior do cano da arma de fogo.


Geralmente, está localizada desde a culatra (ou câmara de explosão) até a boca do
cano, destinada a resistir à pressão dos gases produzidos pela combustão da pólvora
e outros explosivos e a orientar o projétil, podendo ser lisa ou raiada.
a) Alma lisa: o interior do cano é totalmente polido, não necessitando de raiamentos
para estabilização do projétil (por exemplo, espingardas).
b) Alma raiada: o interior do cano possui sulcos helicoidais dispostos no eixo
longitudinal destinados a forçar o projétil a um movimento de rotação, além de
garantir maior estabilidade ao projétil.

2) QUANTO AO TAMANHO

a) Armas curtas: são identificadas como aquelas que podemos operar utilizando
apenas uma mão ou as duas, sem a necessidade de apoio nos ombros (por
exemplo, pistolas).
b) Armas longas: possuem dimensões maiores, podendo ser portáteis ou não (por
exemplo, rifles, espingardas, metralhadoras).

3) QUANTO AO SISTEMA DE CARREGAMENTO

a) Antecarga: o carregamento de munição é feito pela boca do cano.


b) Retrocarga manual: o carregamento é feito pela parte posterior do cano, ou
culatra.
c) Retrocarga automática: o carregamento é feito pela parte posterior do cano,
em regra por meio do aproveitamento da energia do disparo, dispensando a
intervenção humana.

4) QUANTO AO SISTEMA DE FUNCIONAMENTO

a) Repetição: arma que, ao realizar um disparo, necessita empregar sua força física
sobre um componente do mecanismo para concretizar as operações prévias e
necessárias ao disparo seguinte.
b) Semiautomático: arma que realiza todas as operações de funcionamento
automaticamente, com exceção do disparo. As operações de extração, ejeção e
realimentação se darão pelo reaproveitamento dos gases oriundos de cada disparo.
c) Automático: arma em que o carregamento, o disparo e todas as operações de
funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado.

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5) QUANTO AO SISTEMA DE ACIONAMENTO

a) Ação simples: o disparo ocorre com apenas uma operação acionando o gatilho.
b) Ação dupla: duas ações são necessárias; A primeira é armar o conjunto de disparo,
e a segunda é realizar o disparo propriamente dito.
c) Dupla ação: a execução do disparo pode ser realizada pelas duas
ações anteriores.

6) QUANTO À PORTABILIDADE

a) De porte: arma de fogo de dimensões e peso reduzidos. Pode ser portada por um
indivíduo em um coldre e disparada, comodamente, com somente uma das mãos
pelo atirador.
b) Portátil: arma cujo peso e cujas dimensões permitem ser transportada por um
único homem, mas não pode ser conduzida em um coldre, exigindo, em situações
normais, ambas as mãos para a realização eficiente do disparo.
c) Não portátil: arma que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, não pode ser
transportada por um único homem.

7) QUANTO AO USO

a) Restrito: geralmente, são qualificadas como armas com poder de fogo/destruição


elevada, sendo de uso das forças armadas e de segurança do Estado.
b) Permitido: ao contrário das armas de uso restrito, apresenta como característica
geral o poder de fogo reduzido.

8) QUANTO AO CALIBRE

a) Real: medido da boca do cano, corresponde ao diâmetro interno da alma do cano,


sendo, portanto, uma grandeza concreta.
b) Nominal: é sempre designativo de um tipo particular da munição e da arma na
qual essa munição deve ser usada corretamente.

Essas são as mais relevantes generalidades do armamento, considerando, prin-


cipalmente, as características pertinentes às armas de fogo.

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HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DAS ARMAS DE FOGO

Figura 2 – Armas de fogo / Fonte: Freepik

Descrição da Imagem: a figura representa a evolução das armas de fogo, destacando modelos rudimentares.

Estudos indicam que as primeiras armas de fogo teriam surgido na China, logo
após a invenção da pólvora, por volta do século IX. O mecanismo utilizado con-
sistia em tubos de bambu, uma mistura de salitre, enxofre e carvão vegetal, que
explode em contato com o fogo. A arma era usada para atirar pedras.
Registros históricos apontam que, posteriormente, por volta do século XIII,
os árabes aperfeiçoaram o mecanismo desenvolvido pelos chineses, criando uma
espécie de canhão, com uma estrutura feita de madeira e reforçada por cintas
de ferro. Logo no século seguinte, o canhão foi aperfeiçoado, sendo fabricado
em uma estrutura de bronze, dando maior segurança e potência ao armamento.

Analisando os períodos históricos, podemos constatar que as armas de fogo tiveram


como marco temporal inicial o período compreendido pela Idade Média. Percebe-
se, também, que as armas construídas nesse período não eram o que chamamos de
armas de porte: tinham uma estrutura robusta e de grandes calibres, sendo capazes
de projetar pedras ou metais de formatos esféricos.

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Avançando para o século XIV, começou-se a se pensar e a fabricar armas


de menor porte, possibilitando o transporte por apenas uma pessoa. Esses ar-
mamentos eram denominados pequenas bombardas. Caminhando para o final
desse mesmo século, foi identificado o surgimento do Arcabuz, que seria uma
arma que nos dá a ideia da espingarda moderna.
Foi também com o arcabuz que se adotou como regra a mecha, que possibili-
tava que o atirador medieval estivesse longe do fogo e, assim, dispensasse o ferro
em brasa como fonte de ignição. O canal de inflamação foi colocado de lado, o
que tornava o tiro mais prático. A inflamação era ainda manual.
Já no século XV, foi introduzido ao arcabuz um mecanismo que consis-
tia num simples ferro em S, no qual se prendia a mecha. Assim, começaram
os ­mecanismos de disparar. Isso proporcionava ao atirador uma melhor pontaria,
sem se preocupar se a mecha ia ao lugar certo ou não.
É ainda no século XV que verificamos o surgimento da pistola. Com essa
arma, foi introduzida a serpe, um mecanismo que fazia acionar, através da ação
sobre o gatilho, uma pequena garra na qual estava presa a mecha, a qual baixava
até à caçoleta, onde incendiava a escorva. Era um método mecânico mais rigo-
roso e confiável que o praticamente artesanal usado no arcabuz.
Diante dessa evolução e com constantes conflitos armados, o avanço tecnoló-
gico dos armamentos acelerou de forma surpreendente no período imediatamen-
te posterior à Idade Média, que conhecemos como Idade Moderna (1453 - 1789).

Conforme apontado em estudos, as principais características das armas com


projéteis disparados como reação à utilização do fogo, eram: arma de carregar pela
boca (antecarga); alma lisa; projétil esférico com calibre inferior ao da alma do cano.

Em 1517, Krepus introduziu o fecho de roda. Nesse sistema, substituía-se


o morrão por uma pederneira colocada entre as maxilas da serpe, que levou
o nome de cão. No fundo da caçoleta, apareciam os dentes de uma roda. Com
uma chave que se colocava no eixo da roda, preparava esta, fazendo-a girar
menos de uma volta.
Escorvada a caçoleta, baixava-se o cão à mão até a pederneira tocar os dentes da
roda. Quando se premia o gatilho, a roda se soltava girando contra a pederneira e

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produzindo faíscas que inflamavam a escorva. Esse invento possibilitava que o efe-
tuasse um disparo em qualquer momento, sem necessidade de manter a mecha acesa.

A P RO F UNDA NDO

As armas continuavam a ser de antecarga. No fim do século XVI, um armeiro de


Nuremberga construiu uma arma de estrias helicoidais. Imprimindo ao projéctil um
movimento de rotação em torno do seu próprio eixo, proporcionava maior alcance,
maior penetração e maior justeza (combinação de precisão e regulação do tiro).

A seguir, podemos ver algumas evoluções em sequência:

FECHO DE SÍLEX OU PEDERNEIRA

Data do século XVI. O fecho de sílex era composto por duas peças principais: o cão e o
fuzil, peça inteiramente nova que deu o nome às armas que adotaram esse sistema. O cão
retinha entre os dentes e a pederneira envolvida num pedaço de chumbo ou couro para
poder ser melhor apertada pelo parafuso. Pressionando o gatilho, o armador se libertava
do entalhe da noz que, por ação, da mola, rodava e, com ele, rodava o cão. Este feria o fuzil,
ocorrendo faísca ao mesmo tempo que a caçoleta era aberta pelo levantamento do fuzil.

FECHO DE PERCUSSÃO

No fim do século XVIII, aparecem as pólvoras fulminantes e o fecho de percussão. O


cão foi substituído por uma só peça que funcionava como martelo, sendo o fuzil, a
mola e a caçoleta substituídos por uma peça chamada chaminé. Furada interiormente,
ela se enroscava noutra peça chamada borracha (de metal), igualmente furada
interiormente, a qual, por sua vez, se enroscava no ouvido da espingarda.O fulminante
se colocava na parte superior da chaminé e era detonado ao receber a pancada do
cão; sua chama, através da chaminé e da borracha, inflamava a carga.

BAIONETA

No final do século XVII, apareceu a baioneta. Supõe-se que, usada pelos


contrabandistas Gascões, consistia numa navalha atada ao cano do mosquete.
Posteriormente, evoluiu-se para a baioneta com um cabo de madeira que era
introduzido no cano da arma, impedindo-a de fazer o tiro.

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Finalizando as evoluções trazidas no período da Idade Contemporânea, inicia-


do no século XIX, tivemos como destaque primordial a introdução dos canos
raiados, aplicando rotação e precisão nos disparos. No intuito de deixar mais
didática a explanação sobre as inovações surgidas, a seguir, citamos as principais:
■ Travamento por compressão: Delvigne resolveu o problema aumen-
tando a rapidez de carregamento com a adoção do sistema de travamento
por compressão. O cano terminava numa câmara de calibre inferior ao
da alma. Depois de lançada a pólvora na câmara, introduzia-se a bala,
que era travada por sucessivas pancadas com a vareta. Disso, resultava
um aumento da sua seção transversal e deformação da curvatura da sua
superfície superior.
Esse tipo de deformação tinha como consequência o aumento da resis-
tência ao ar e o deslocamento do seu centro de gravidade. Ao mesmo
tempo, prejudicava-se sua velocidade com o calçamento da carga,
que era reduzida a polverim. Delvigne propõe a adoção do projétil
cilíndrico-ogival, conhecido pelo nome de projéctil primitivo, que
dispunha de uma ranhura para a introdução de um fio ensebado para
lubrificar o cano. Pantcharra introduziu um taco de madeira para que
a compressão do projétil não afetasse a pólvora; contudo, essa ideia
não foi muito bem aceita, pois provocava muitos estilhaços à saída do
cano da arma.
■ Travamento Thauvenin: neste tipo de travamento, a câmara da arma
tinha um diâmetro igual ao do cano, mas dispunha a meio uma haste
aparafusada ao fundo da culatra, em torno da qual se colocava a carga. O
travamento continuava a ser executado por pancada da vareta.
■ Travamento por expansão – Minié: Minié propôs a adoção de um
projéctil de calibre inferior ao da arma, cuja parte inferior tinha uma
cavidade tronco-cónica, na qual se alojava um taco de ferro. Por ter se
mostrado de difícil fabricação, foi suprimido o taco, ficando apenas a cavi-
dade onde os gases resultantes da explosão exerciam ação, comprimindo
as paredes do projéctil contra o cano.
■ Travamento por inércia – Lorentz: em 1855, Lorentz obteve o trava-
mento por inércia só pela inércia que o projétil opõe à ação dos gases. O
projétil tem duas caneluras circulares, de tal forma que, sob a pressão dos
gases, a parte posterior do projétil avança, comprimindo a parte ­superior,

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 4

que, em virtude da inércia, se mantém imóvel o suficiente para produ-


zir a dilatação do projétil que entrava assim nas estrias. No entanto, o
travamento perfeito só é obtido depois do aparecimento das armas de
retrocarga: o chamado travamento por ductilidade.
■ Travamento por ductilidade: este tipo de travamento é obtido com
o emprego de um projéctil de diâmetro superior ao da alma do cano.
Para isso, o material do projétil tem que ser feito de um metal maleável,
a exemplo do cobre.
■ Retrocarga: em 1860, generalizam-se as armas de retrocarga ou carre-
gamento pela culatra com cartucho de invólucro combustível. Aparece,
assim, o primeiro cartucho completo, utilizado na espingarda Dryse. É
também necessário utilizar o primeiro percutor. No entanto, essas armas
trouxeram um problema: a fuga de gases para a retaguarda. Diante disso,
foram utilizados três processos para conseguir a obturação.

Sistemas de obturação:
■ Obturação por justaposição: consiste na justaposição de duas super-
fícies, uma na entrada da câmara e outra na culatra, cujo ajustamento
provocava a obturação. Essas superfícies eram tronco-cônicas para que
os gases, quando ocorria a explosão, obrigassem que elas apertassem uma
de encontro à outra. Era um sistema imperfeito por nunca ser possível
um contato íntimo entre as superfícies.
■ Obturação por dilatação-compressão: consistia no emprego de uma
peça (obturador) ligada à cabeça da culatra, a qual, quando se fechava,
ficava comprimida entre ela e a câmara. Ao dar o tiro, a pressão dos gases
aumentava a compressão dessa peça que, dilatando-se, produzia a ob-
turação. Na espingarda Chassepôt, os gases atuavam diretamente sobre
um compressor metálico com forma de calote esférica, que apertava o
obturador de cauchu de encontro à cabeça da culatra fixa, dilatando-se
e, por isso, provocando a obturação.
■ Obturação por dilatação-expansão: é o processo mais perfeito, pois per-
mite uma obturação completa, e hoje é universalmente adotado. Consiste
no emprego do cartucho completo, que, quando o tiro é dado, se expande
em todos os sentidos e se ajusta à superfície da câmara, retomando depois a
sua forma inicial, devido à elasticidade do metal, facilitando a sua extração.

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■ Obturação por sistema misto: é adotado em poucas armas e consiste na


combinação de dois sistemas: justaposição e dilatação-compressão. Com
a adoção da arma de retrocarga e do cartucho completo, o carregamento
é simplificado a três tempos: 1. abrir a culatra; 2. introduzir o cartucho na
câmara; 3. fechar a culatra. Em 1870, generalizou-se o uso do cartucho
completo metálico, das armas de retrocarga e das armas de repetição.
Generalizaram-se os grandes calibres (17.5-11 mm). Em 1880, houve o
aparecimento da pólvora sem fumo, que evita denunciar a posição do ati-
rador. Em 1883, apareceu a espingarda Maxim, utilizando como sistema
de automatismo o recuo de toda a arma.


Em 1884, a metralhadora Maxim foi a primeira arma a resolver o
problema balístico do automatismo. Foi nessas duas últimas datas
que ocorreu a grande revolução do aproveitamento dos gases para o
recuo de partes móveis. Aparece, em 1887, a espingarda de repetição
Winchester. A partir de 1900, começa o grande desenvolvimento
das armas automáticas e semiautomáticas, que se estendeu até os
nossos dias.

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema.


Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem

NOVOS DESAFIOS
Como dito no início deste tema de aprendizagem, os conceitos e as informa-
ções históricas apresentadas vão instruir o profissional na identificação dos
mais diversos tipos de armas. Essas informações são imprescindíveis para a
correta classificação e verificação de documentos por parte de um despachante
aduaneiro ­especializado em produtos controlados, que, no presente caso, serão
­armas de fogo.

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AUTOATIVIDADE

1. Armas de fogo são exclusivamente aquelas armas de arremesso complexas que utilizam
para expelir seus projéteis, as força expansiva dos gases resultantes da combustão da
pólvora. Seu funcionamento, em princípio, não depende do vigor da força do homem.

Com base no trecho apresentado, qual das armas a seguir depende do uso da força humana
para causar algum dano à vítima?

a) Espingarda.
b) Pistola.
c) Arcabuz.
d) Pequenas bombardas.
e) Punhal.

2. Qual dos conceitos a seguir indica características das armas de fogo?

a) É confeccionada em ferro ou aço polido, ferindo com a ponta ou com o gume.


b) Instrumento que contém saliências obtusas ou superfícies duras, que atuam violenta-
mente contra o corpo da vítima, causando-lhe lesões superficiais ou profundas.
c) Instrumento que produz ferimentos causados por gume mais ou menos afiado, seccio-
nando tecidos, retalhando ou separando o corpo da vítima.
d) Aquela que, pela deflagração da pólvora, arremessa projéteis, como a pistola e a espin-
garda, provocando perfuração e contusão na vítima.
e) É aquela que, além de cortar, contunde o corpo.

3. De acordo com o conteúdo apresentado até o momento, a arma de fogo é um produto


controlado por qual órgão anuente na importação?

I - Mapa.
II - Anvisa.
III - Exército Brasileiro.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Defesa. Glossário das Forças Armadas. 5. ed. Brasília: Ministério da Defe-
sa, 2016.

SERVIÇO DE ARMAMENTO E TIRO. Cartilha de armamento e tiro. [s.l.], 2017. Disponível em: ht-
tps://www.gov.br/pf/pt-br/assuntos/armas/cartilha-de-armamento-e-tiro.pdf. Acesso em: 20
set. 2023.

DINIZ, M. H. Dicionário jurídico universitário.São Paulo: Saraiva, 2010.

FRANÇA, G.V. Medicina Legal. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008

GENERALIDADE. In: PROJETO Vade Mecum Brasil, c2019-2023. Disponível em: https://vademe-
cumbrasil.com.br/palavra/generalidade. Acesso em: 20 set. 2023.

REDAÇÃO MUNDO ESTRANHO. Qual é a origem das armas de fogo? História Mundo Estranho,
Revista Superinteressante, 18 abr. 2011. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estra-
nho/qual-e-a-origem-das-armas-de-fogo. Acesso em: 20 set. 2023.

TOCCHETTO, D. Balística forense: aspectos técnicos e jurídicos. 4. ed. Campinas, SP: Millen-
nium, 2005.

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GABARITO

1. Opção E. O punhal é a única arma das listadas que necessita de força humana para causar
dano a vítima.

2. Opção A. A utilização da pólvora como mecanismo de arremesso de projéteis e exclusivo


das armas de fogo.

3. Opção D. Entre os órgãos citados, apenas o Exército Brasileiro realiza procedimentos de


controle na importação das armas de fogo.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 5

CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO
DAS ARMAS DE FOGO E TIPOS DE
ARMAMENTO

MINHAS METAS
Conhecer a classificação geral das armas de fogo, conforme alguns critérios, como di-
mensão, funcionamento, modo de carregar, sistema de percussão, tipo de cano e calibre.

Investigar conceitos inerentes a armas de fogo, classificações e tipos de armamento, volta-


dos para procedimentos de importação de produtos controlados, como as armas de fogo.

Possibilitar o entendimento geral de armas e armamentos, suas especificações, de modo


a identificar as características de cada tipo.

Refletir sobre os tipos de armamento, destacando a peculiaridade de cada um e a im-


portância da conexão entre eles para a prática profissional relacionada à fiscalização.

Destacar os conceitos, de forma que se tornem fundamentos teóricos com aplicabilidade


prática, na identificação de modelos de armamentos.

Conhecer, além dos modelos de armamentos, informações inerentes às estruturas bási-


cas dos componentes, que, em conjunto, dão forma ao produto arma de fogo.

Conhecer os tipos de armamentos mais comuns, especialmente para o mercado civil.

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INICIE SUA JORNADA

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Convido você, estudante, a acessar o podcast, no qual apresento, de forma mais


interativa, o atual tema de prendizagem, de modo que você esteja preparado para
absorver as informações e os conhecimentos que o esperam. Então, não deixe de
ouvir o podcast. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente
virtual de aprendizagem.

Nesse momento, teremos como problemática principal aprofundar-nos em al-


guns conceitos sobre armas de fogo, que é um produto controlado. Àmedida
que evoluirmos nas discussões, você poderá perceber, com um pequeno esfor-
ço compreensivo, que os assuntos abordados, apesar de, à primeira vista, apre-
sentarem especificações temáticas peculiares, conectam-se entre si – mesmo na
abordagem de procedimentos específicos, como a importação (nacionalização)
de armas de fogo, produtos especiais controlados.
Assim, para atuar como profissional especializado, você passa por conteúdos
que vão proporcionar conhecimentos para o entendimento conceitual e técnico.
Portanto, é importante que você compreenda que estará recebendo infor-
mações cujos principais fundamentos vão nortear sua atuação profissional, mas,
no seu dia a dia, haverá situações em que alguns procedimentos podem fugir
dos padrões, devido a diversos fatores, como peculiaridades dos produtos e dos
procedimentos, dúvidas dos agentes que promovem a fiscalização etc.

VAMOS RECORDAR?
Para recordar sobre a evolução histórica das armas de fogo, que embasam a
compreensão das discussões que faremos aqui, recomendo que você assista ao
breve documentário a seguir, sobre armas inovadoras do século XIX.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital no ambiente virtual de
aprendizagem.

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DESENVOLVA SEU POTENCIAL


CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO

Conceito

O objetivo, nesse momento, será apresentar conceitos gerais sobre armas de fogo,
para que você tenha um entendimento completo do que são esses produtos,
específicos de sua rotina profissional. Dessa forma, buscando ser objetivo nas
indicações, trago, primeiramente, o conceito apresentado pelo Dicionário Jurí-
dico sobre armas de fogo:

Arma de Fogo: 1. Medicina legal. Aquela que pela deflagração da pólvora, arremessa
projéteis, como a pistola e a espingarda, provocando perfuração e contusão na
vítima. 2. Direito administrativo. a) Arma de pequeno poder ofensivo utilizável por
cidadão idôneo para sua defesa pessoal ou patrimonial, desde que autorizado por
autoridade competente e obtenha o Certificado de Registro de Arma de Fogo; b)
arma de maior poder ofensivo cuja utilização requer habilitação especial. 3. Direito
militar. Arma que dispara projéteis, empregando a força expansiva dos gases gerados
pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente,
está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão
do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil (DINIZ, 2010, s. p).

O Manual de Armamento e Manuseio Seguro de Armas de fogo, elaborado pelo


Tribunal de Justiça do Estado do Amazona (2012, p. 5), conceitua arma de fogo
como “dispositivo que impele um ou vários projéteis através de um cano pela pres-
são de gases em expansão produzidos por uma carga propelente em combustão”.

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De maneira mais detalhada, Domingos Tocchetto traz o seguinte:


Armas de fogo são exclusivamente aquelas armas de arremesso
complexas que utilizam, para expelir seus projetis, a força expansiva
dos gases resultantes da combustão da pólvora. Seu funcionamen-
to, em princípio, não depende do vigor, da força física do homem.
As armas de fogo são, na realidade, máquinas térmicas, fundadas
nos princípios da termoquímica e da termodinâmica. É por este
motivo que a maioria delas são projetadas e construídas por enge-
nheiros mecânicos e metalúrgicos (TOCHETTO, 2005, p. 2).

Na mesma linha do pensamento anterior, França (2008, p. 93) conceitua armas


de fogo da seguinte forma:


São peças construídas de um ou dois canos, abertos numa das ex-
tremidades e parcialmente fechados na parte de trás, por onde se
coloca o projétil, o qual é lançado à distância através da força ex-
pansiva dos gases pela combustão de determinada quantidade de
pólvora. Produzido o tiro, escapam pela boca da arma o projétil ou
projéteis, gases superaquecidos, chama, fumaça, grânulos de pólvo-
ra incombusta e, em alguns casos, a bucha (FRANÇA, 2008, p. 93).

Por fim, trazendo um conceito com base legal, temos o antigo Decreto nº
3.665/2000 (atualmente revogado), o qual apresentava diretrizes para a Fisca-
lização de Produtos Controlados e para armas de fogo, dispondo do seguinte
conceito:


Art. 3º Para os efeitos deste Regulamento e sua adequada aplicação,
são adotadas as seguintes definições:
[...]
XIII - arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força
expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente confi-
nado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que
tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente,
além de direção e estabilidade ao projétil; [...] (BRASIL, 2000).

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Portanto, diante desses conceitos, em suma, e de maneira simplificada, concluímos


que as armas de fogo são objetos utilizados para arremessar um projétil sem a
aplicação de esforço físico humano, devido à força expansiva de gases pelo efeito
da combustão da pólvora, culminando na impulsão do projétil pelo cano da arma.

Classificação das Armas de Fogo

Em pesquisa rápida na internet, ao colocarmos uma busca por armas de fogo,


veremos uma enorme diversidade de modelos com tamanhos distintos e va-
riadas finalidades (caça, defesa pessoal, coleção, forças armadas, policiais etc.),
com diversos calibres, formas e tecnologia empregada. Diante disso, buscarei
apresentar a classificação mais completa sobre armas de fogo, tomando como
base a classificação adotada por Eraldo Rabelo, o qual esclarece o seguinte:


Muitas armas de fogo com características sensivelmente semelhan-
tes, possuem organização mecânica e propriedades sensivelmente
diferentes, sendo essas diferenças, em não poucos casos, decisivas, já
para positivar a distinção entre uma arma original e uma imitação,
já para estabelecer, com segurança, a categoria a qual pertence, já
para determinar o seu padrão de qualidade e segurança e induzir
da possibilidade ou não de, com ela, ocorrer um tiro eficaz em de-
terminadas circunstâncias (RABELO, 1967, p. 10).

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Para que você tenha noção de como será a classificação abordada, tomarei como
norte alguns critérios, como dimensão, funcionamento, modo de carregar, siste-
ma de percussão, tipo de cano e calibre. Já antecipando, de forma esquemática,
a classificação geral das armas de fogo, temos o seguinte:

1. QUANTO À ALMA DO CANO

1.1. Lisa
1.2. Raiadas
1.2.1. Número de raias par
1.2.2. Número de raias ímpar
1.2.2.1. Dextrogiras (giram em sentido horário)
1.2.2.2. Sinistrogiras (giram em sentido anti-horário)

2. QUANTO AO SISTEMA DE CARREGAMENTO

2.1. De antecarga
2.2. De retrocarga
2.2.1. Propriamente dita
2.2.2. Com culatra de antecarga

3. QUANTO AO SISTEMA DE INFLAMAÇÃO

3.1. Por mecha (obsoleto)


3.2. Por atrito
3.2.1. Fecho de roda (wheellock)
3.2.2. Fecho de miniquelete (flintlock)
3.3. Por percussão
3.3.1. Extrínseca - armas de antecarga
3.3.2. Intrínseca
3.3.2.1. Pino lateral (obsoleta)
3.3.2.2. Central radial (direta/indireta)

4. QUANTO AO FUNCIONAMENTO

4.1. De tiro unitário (simples/múltipla)


4.2. De repetição (não automática/semiautomática/automática)

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5. QUANTO À MOBILIDADE DE USO

5.1. Fixas
5.2. Móveis
5.2.1. Tração extrínseca
5.2.2. Automotrizes
5.3. Semi-portáteis
5.4. Portáteis
5.4.1. Longas
5.4.1.1. Coletivas
5.4.1.2. Individuais
5.4.2. Curtas

Passarei, a seguir, a apresentar uma interpretação e os conceitos para cada tipo


de classificação citado:

■ Quanto à alma do cano: a alma da arma é a parte interna do cano. É iden-


tificada como a parte oca do interior do cano da arma de fogo, a qual, geral-
mente, está localizada desde a culatra, ou câmara de explosão, até a boca do
cano, destinada a resistir à pressão dos gases produzidos pela combustão da
pólvora e outros explosivos e a orientar o projétil, podendo ser lisa ou raiada.
a. Lisa: o interior do cano é totalmente polido, não necessitando de raia-
mentos para estabilização do projétil.
b. Raiada: o interior do cano possui sulcos helicoidais dispostos no eixo
longitudinal destinados a forçar o projétil a um movimento de rotação,
além de garantir maior estabilidade a ele.
■ Quanto ao sistema de carregamento:
a. De antecarga: o carregamento de munição é feito pela boca do cano.
b. De retrocarga: são aquelas em que o sistema de carregamento da munição
se dá pela parte de trás do cano, pela culatra.
■ Quanto ao sistema de inflamação: irei me limitar quanto à inflamação
por percussões extrínseca e intrínseca, por serem as mais comuns.
a. Extrínseca: refere-se exclusivamente às armas de portáteis de antecarga, nas
quais a cápsula de espoletamento é uma peça isolada, colocada externamente
sobre um pequeno tubo saliente, denominado por alguns de chaminé, que se
comunica por um ouvido com a carga de pólvora contida no interior do cano.

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b. Intrínseca: refere-se às armas de retrocarga. Coloca-se a munição na câ-


mara de combustão existente na culatra. A munição vem acondicionada
em cartuchos, já providos com sistema de ignição (espoleta), que contém
uma mistura iniciadora responsável pela iniciação da queima da pólvora
na ocasião do tiro.
■ Quanto ao funcionamento:
a. Automática: é aquela em que o carregamento, o disparo e todas as ope-
rações de funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho
estiver sendo acionado (esgotam o carregador atirando em rajadas).
b. Semiautomática: o funcionamento é similar ao da automática – todas as
operações de funcionamento são feitas automaticamente, porém, a ex-
ceção é a do momento do disparo, o qual, para ocorrer, requer um novo
acionamento do gatilho. Nesse sistema, a arma dispara um tiro por vez,
não dá rajadas.
c. De repetição (não automática): é a arma em que o atirador, após a reali-
zação de cada disparo, decorrente da sua ação sobre o gatilho, necessita
empregar sua força física sobre um componente do mecanismo da arma
para concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo seguinte,
tornando-a pronta para realizá-lo.
■ Quanto à mobilidade de uso: neste ponto, não irei me ater a armas fixas,
pois não geram mobilidade de uso, mas buscarei apresentar padrões que
façam mais sentido quanto à aplicabilidade prática e de mercado.

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Arma de porte: Arma portátil:

Possui dimensões e peso reduzi- É a arma cujo peso e cujas dimen-


dos e pode ser portada por um in- sões permitem que seja transporta-
divíduo em um coldre e disparada, da por um único homem, mas não
comodamente, com somente uma conduzida em um coldre, exigindo,
das mãos pelo atirador. em situações normais, ambas as
mãos para a realização eficiente do
disparo.

Arma não portátil: Arma de emprego coletivo:

É aquela que, devido às suas di- É aquela que, para ser utilizada e
mensões ou ao seu peso, não pode para ter o efeito esperado de sua
ser transportada ou acionada por utilização eficiente, destina-se ao
um único homem. proveito da ação de um grupo.

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TIPOS DE ARMAMENTO

É certo que, a cada ano que passa, a indústria bélica busca sempre evoluir os
armamentos produzidos, seja com armas de maior potencial bélico destrutivo,
ou com maior praticidade para o operador da arma no porte, o manuseio e
no disparo.
No entanto, buscando ser objetivo, apresentarei os tipos de armamentos mais
comuns, especialmente para o mercado civil. Assim, analisarei o revólver, a pis-
tola e algumas armas longas.

Revólver

O revólver pode ser definido como uma arma curta, de repetição, não automá-
tica, composta por quatro partes fundamentais: armação, tambor, cano e meca-
nismo. O comprimento do cano, o número de raias, a direção do raiamento, o
tamanho da armação, a capacidade do tambor e o tipo de mecanismo variam de
arma para arma e são particularidades que servem para a identificação genérica
dos revólveres.
A característica básica do revólver é apresentar um único cano para várias
câmaras de combustão. Seu disparo ocorre quando o cão, liberado pela pressão
na tecla do gatilho, é impulsionado por uma mola, denominada mola real, e faz
com que o percussor atinja a base do cartucho de munição.

Para a realização de um segundo disparo, o atirador deve pressionar novamente


a tecla do gatilho. Essa pressão terá dois efeitos concomitantes, ou seja, o de

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rotacionar o tambor para fazer alinhar o cano com outra câmara de combustão
(com um novo cartucho) e, ao mesmo tempo, afastar o cão para um novo tiro.

Nas pistolas semiautomáticas, toda vez que ocorre um disparo, os gases decorrentes
da explosão da pólvora destacam o projétil de seu encaixe no estojo e o impulsionam
com grande potência através do cano. Da mesma maneira, esses gases empurram
para trás o estojo, que é ejetado. Esse retorno é feito com tal violência, que as
irregularidades da cultura ficam impressas no estojo e poderão servir para eventual
identificação da arma. No revólver, essa força é perdida, uma vez que a culatra é fixa
e serve apenas para impedir que o estojo saia pela parte de trás, atingindo o atirador.

Para melhor aproveitar a energia perdida no recuo do estojo, surgiram as armas


de repetição semiautomáticas, que utilizam a força expansiva dos gases (exercida
sobre o estojo) para sua realimentação, e as armas de repetição automáticas, que
utilizam a força dos gases para realimentação e deflagração de novos disparos.
As pistolas semiautomáticas poderiam ser definidas, portanto, como armas
que aproveitam a força expansiva dos gases apenas para sua realimentação, de-
pendendo, cada disparo, do acionamento do gatilho pelo atirador.
Podemos concluir que as pistolas são um aprimoramento dos revólveres.

Espingarda e escopeta

O termo espingarda deriva do francês espingarde e serve para designar qualquer


arma de fogo longa, com cano de alma lisa. As espingardas podem ser dotadas
de um ou dois canos, paralelos ou colocados um sobre o outro.

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Quanto ao sistema de alimentação, ele pode ser ou não de repetição (pump action
ou semiautomáticas). O termo escopeta é usado para designar as armas de alma
lisa de cano curto e grosso calibre, reservando-se a denominação espingarda para
as armas de cano longo e calibres menores.

Carabina

De origem italiana, o termo carabina designa armas de fogo portáteis, de repe-


tição, cano longo e alma raiada. O cano das carabinas mede entre 18” e 20” (de
45 cm a 51 cm), e é exatamente pelo comprimento menor que elas diferem dos
rifles, que têm canos maiores. O sistema de alimentação e carregamento das ca-
rabinas é feito geralmente pelo sistema de bomba (pump action) ou de alavanca.

Rifle

Os rifles são armas de fogo longas, portáteis, de carregamento manual (não auto-
máticos) ou de repetição, cano longo e alma raiada. Sua diferença em relação às ca-
rabinas reside exatamente no comprimento maior do cano, que atinge 24” (61 cm).

Os rifles possuem um ou dois canos, e o sistema de carregamento pode ser por


ferrolho, alavanca (lever action), bomba (pump action) ou semiautomático.

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Fuzil

É uma arma de fogo longa, portátil, automática, com alma raiada, calibre potente
e, normalmente, de uso militar, podendo ser utilizada para caça de grande porte.
O fuzil é uma arma automática, que apresenta uma cadência de tiro entre 650
e 750 disparos por minuto.

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Acesse e confira a aula referente a esse tema. Recursos de mídia disponíveis no


conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Finalizado mais um tema de aprendizagem, demos mais um passo nesse pro-
cesso de especialização com assuntos bem técnicos, mas que são extremamente
necessários para uma atuação profissional qualificada.
Retomando o pensamento proposto no início, percebe-se que os desafios a
serem superados são inerentes ao conhecimento acerca de assuntos especializa-
dos, além da conexão entre esses conteúdos. É certo que o objetivo deste livro
didático é dar esse direcionamento, mas uma análise pura e simples dos tópicos,
relacionados ao armamento, pode gerar muitas dúvidas aos profissionais comuns.
Portanto, nosso objetivo é trazer conhecimentos cada vez mais específicos,
que possuam sentido teórico e organizacional, para que você tenha uma qualifi-
cação acima da média em um ambiente profissional voltado para procedimentos
de importação de produtos controlados, como as armas de fogo.

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AUTOATIVIDADE

1. Apresente, com suas próprias palavras, um conceito para armas de fogo (mínimo de três
linhas).

2. Qual dos conceitos abaixo aplica-se às armas de fogo?

a) É confeccionada em ferro ou aço polido, ferindo com a ponta ou com o gume.


b) Dispositivo que impele um ou vários projéteis através de um cano pela pressão de gases
em expansão produzidos por uma carga propelente em combustão.
c) Instrumento que contém saliências obtusas ou superfícies duras, que atuam violenta-
mente contra o corpo da vítima.
d) Instrumento que produz ferimentos causados por gume mais ou menos afiado, seccio-
nando tecidos, retalhando ou separando o corpo da vítima.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. São características das armas de fogo:

I - Seu funcionamento, em princípio, não depende do vigor e da força física do homem.


II - São peças construídas de um ou dois canos, abertos numa das extremidades e parcial-
mente fechados na parte de trás, por onde se coloca o projétil.
III - Instrumento formado por uma lâmina.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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REFERÊNCIAS

DEL-CAMPO, E. R. A. Armas. Enciclopédia Jurídica da PUCSP,1 de ago. 2020. Disponível em:


https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/412/edicao-1/armas. Acesso em: 21 set. 2023.

DINIZ, M. H. Dicionário jurídico universitário. São Paulo: Saraiva, 2010

FRANÇA, G. V. de. Medicina Legal. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS. Manual de armamen-


to e manuseio seguro de armas de fogo. Diretoria do Fórum Ministro Henoch Reis: Manaus,
2012. Disponível em: https://www.tjam.jus.br/phocadownloadpap/manuseio_seguro_arma_fo-
go-mar_2012.pdf. Acesso em: 21 set. 2023.

RABELO, E. Introdução à balística forense. 2 vol. Rio Grande do Sul: Imprensa Oficial Editora,
1967.

TOCCHETTO, D. Balística forense: aspectos técnicos e jurídicos. 4. ed. Campinas: Millennium,


2005.

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GABARITO

1. O estudante deve apresentar seu entendimento conceitual sobre o tema. Pode-se dizer que,
em suma, e de maneira simplificada, as armas de fogo são objetos utilizados para arremessar
um projétil sem a aplicação de esforço físico humano, devido à força expansiva de gases
pelo efeito da combustão da pólvora, culminando na impulsão do projétil pelo cano da arma..

2. Opção B. As outras opções remetem a armas brancas.

3. Opção C. O item III está incorreto, pois armas de fogo não são formadas por lâminas.

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TEMA DE APRENDIZAGEM 6

DIVISÃO DA ARMA –
NOMENCLATURA DAS PEÇAS

MINHAS METAS

Apresentar, de forma geral, a estrutura de uma arma de fogo.


Ressaltar que, embora a arma de fogo seja composta por centenas de partes e compo-
nentes, é possível identificar partes mais comuns e que são de fácil visualização, como o
cano, o carregador, o cabo e o gatilho.
Conhecer tipos de armamentos que se classificam como revólveres, espingardas, pistolas
e fuzis.
Refletir sobre a importância de conhecermos não apenas os tipos de armas de fogo, mas
também os detalhes estruturais das armas, como sua divisão e nomenclatura das peças,
para uma melhor qualificação profissional do estudante.
Conceituar a divisão das armas de fogo, primeiramente, de forma geral, descrevendo
peças que são comuns a variados tipos de armas.
Demonstrar variados modelos de armas de fogo, suas respectivas divisões e nomencla-
tura das peças.

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INICIE SUA JORNADA


O assunto em foco, nesse momento, ainda será sobre o universo das armas de
fogo. Todavia, o nosso intuito é aprofundar o tema de forma que, após vermos
as generalidades do armamento, o histórico e a evolução das armas de fogo, o
conceito e a classificação das armas de fogo e os tipos de armamentos, teremos
uma nova situação: entender a estrutura das armas.
Conhecer a estrutura das armas de fogo, mais precisamente a divisão da arma
e a nomenclatura das peças, é de suma relevância para darmos continuidade ao
planejamento do curso, uma vez que são componentes intrínsecos ao funciona-
mento das armas. Além disso, pode haver peças que sejam comuns a qualquer
tipo de arma de fogo e outras que sejam específicas de determinado modelo.
Destarte, com um olhar voltado para a prática profissional, podemos ter si-
tuações em que será necessário identificar uma única peça a ser nacionalizada
para o reparo de uma arma específica. Nesse sentido, as autoridades competentes
podem vir a solicitar informações quanto à operação, como forma de fiscalizar
produtos controlados.
Portanto, vemos que a especificação de cada tema de aprendizagem é de suma
importância para entendermos o contexto geral de atuação do profissional que
vai realizar serviços especializados de consultoria em despachos aduaneiros sobre
produtos controlados — nesse caso, as armas.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Neste tema de aprendizagem, vamos nos aprofundar ainda mais no universo das ar-
mas de fogo, trazendo especificações quanto à divisão da arma e à nomenclatura das
peças. No intuito de apresentar melhor esse novo conteúdo, convido você a acessar
nosso podcast, para que possa ser apresentado ao material de forma interativa.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

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VAMOS RECORDAR?
Como parte essencial de nossos materiais, trazemos um assunto relevante para
que o estudante relembre alguns conceitos tratados no tema de aprendizagem
anterior. Buscando ser objetivos e dinâmicos, indicamos um breve documentário,
denominado Entenda a classificação das armas de fogo!, o qual traz informações
quanto à classificação das armas de fogo.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL

DIVISÃO DA ARMA – NOMENCLATURA DAS PEÇAS

Considerando que haja uma certa compreensão sobre temas como generalidades
do armamento, o histórico e a evolução das armas de fogo, o conceito e a clas-
sificação das armas de fogo e tipos de armamento. Nesse momento, voltaremos
nosso olhar para a divisão da arma e nomenclatura das peças, ou seja, nos dedi-
caremos a conhecer cada estrutura que compõe uma arma de fogo.
Para deixar o entendimento desse conteúdo mais didático e de mais fácil
compreensão, traremos, de forma simultânea, aspectos inerentes à divisão da
arma e à nomenclatura das peças que a compõem. De acordo com material dis-
ponibilizado pelas Nações Unidas sobre Armas de Fogo, são partes consideradas
como essenciais para operação de uma arma de fogo:


[...] qualquer elemento ou componente de substituição projetado
especificamente para uma arma de fogo e essencial para a sua ope-
ração, incluindo um cano, armação ou receptáculo, tambor ou cilin-
dro, trava ou gatilho e qualquer dispositivo projetado ou adaptado
para diminuir o som causado pelo disparo de uma arma de fogo
(NAÇÕES UNIDAS, 2022, on-line).

Nesse material das Nações Unidas, é informado que, quanto a armas pequenas e
armamento leve, suas munições e outros materiais relacionados, a Convenção da

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Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) se refere


às peças, aos componentes e a outros materiais relacionados como:


[...] todos os componentes, partes ou peças de reserva para armas
pequenas ou leves ou munições necessárias para o seu funciona-
mento; ou qualquer substância química que sirva como mate-
rial ativo usado como agente propulsor ou explosivo (NAÇÕES
­UNIDAS, ­2022, on-line).

Você verá que uma arma de fogo é composta por centenas de partes e com-
ponentes. Entretanto, numa primeira análise, podemos identificar partes mais
comuns e que são de fácil visualização, quais sejam: o cano, o carregador, o cabo
e o gatilho. Considerando essas partes, uma que merece destaque é o cano da
arma de fogo, pois é pelo cano que o projétil percorre após ser propulsionado
por uma ação explosiva.
O cano está ligado a um receptáculo que abriga as partes operáveis da​​ arma
de fogo, incluindo um carregador, que contém a munição. Por exemplo: a troca
de um cano de arma de fogo impossibilita a identificação de uma bala disparada
com a mesma arma, uma vez que as marcações do novo cano são diferentes das
marcações do cano original. Além disso, o novo cano pode ter um número de
série diferente do original ou, até mesmo, não ter número de série, criando difi-
culdades na identificação física da arma de fogo.
A seguir, traremos uma apresentação geral das principais partes e componen-
tes de um arma de fogo, acompanhada de sua respectiva descrição:

FERROLHO

O ferrolho é uma parte mecânica de uma arma de fogo (principalmente de pistolas


semiautomáticas) que bloqueia a câmara traseira enquanto dispara e se desloca para
permitir a inserção de outro cartucho.

CANO

O cano é formado por um cilindro de metal oco, por onde o projétil percorre após ser
disparado. A parte interior do cano é chamada de alma, a qual pode ser lisa ou raiada.

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CULATRA

É outra parte essencial da arma de fogo: sustenta o mecanismo de disparo, onde a


munição está inserida.

OBTURAÇÃO

Parte móvel do sistema de disparo que sela o momento do disparo, prevenindo a


saída de gases. A maioria das armas de fogo pequenas modernas usa um ferrolho.

CÂMARA

Parte do cano ou extensão do cano e que o cartucho é inserido quando está na


posição de disparo.

CLIP

Dispositivo que contém várias munições. Acopla-se o carregador de uma arma de


fogo e o alimenta.

CILINDRO OU TAMBOR

É uma parte cilíndrica e rotativa de um revólver que contém várias câmaras para inserir
cartuchos.

CARREGADOR

É o dispositivo de armazenamento e alimentação da munição de uma arma de fogo.


É interno ou anexado a uma arma de fogo de repetição. Os carregadores podem ser
removíveis ou integrados à arma de fogo.

SLIDE

A maioria das pistolas semiautomáticas possui um escorregador que, geralmente,


abriga o pino de disparo e o extrator, servindo como trava. Por meio de uma mola,
carrega nova munição para a câmara caso o carregador não esteja vazio.

GATILHO

É o mecanismo que aciona a sequência de ações de disparo da arma de fogo.

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Após você conhecer os componentes básicos que fazem parte da divisão de uma
arma de fogo e a nomenclatura das principais peças, partiremos para uma análise
mais específica acerca desse tema. Para tanto, utilizaremos variamos modelos de
armamentos.
Dessa forma, num olhar imediato, você poderá identificar os componentes
básicos de uma arma de fogo, assim como também poderá distinguir peças es-
pecíficas de tipos de armamentos diversos. Assim, tomaremos como base tipos
de armamentos que se classificam como revólveres, espingardas, pistolas e fuzis.
Buscando trazer um material mais didático e informativo o possível,
utilizaremos os manuais e os exemplos disponibilizados pela fabricante de
armamentos Taurus.

Revólver

Figura 1 – Partes de um revólver / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: representação ilustrada de um revólver preto com fundo branco, onde temos descritas
todas as peças importantes da arma.

Esse modelo de revólver é denominado pela Taurus como revólver políme-


ro trilíngue. Na sequência, é possível ver cada peça que compõe a estrutura
­desse ­revólver.

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Figura 2 – Estrutura do revólver / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: ilustração de um revólver desmontado, mostrando detalhadamente cada uma das peças.

Como podem ver, além das peças indicadas como básicas das armas de fogo, esse
revólver é composto por outras dezenas de peças.
A seguir, vejamos a nomenclatura de cada peça desse revólver:

1. ARMAÇÃO COM CANO 2.6 MOA EXTERNA DO EXTRATOR


1..1 VÉRTICE DE MIRA 2.7 ANEL DA MOLA DO EXTRATOR
1.2 TAMPA FRONTAL DO SUPORTE 2.8 SUPORTE DO TAMBOR
DO TAMBOR 2.9 PINO DE FIXAÇÃO DO SUPORTE
1.3 MOLA DA VÉRTICE DE MIRA 2.10 PORCA DO PINO DE FIXAÇÃO DO
1.4 PARAFUSO DE AJUSTE DA SUPORTE DO TAMBOR
VÉRTICE DE MIRA 2.11 MOL DO PINO DE FIXAÇÃO DO
2. TAMBOR 5T SUPORTE
2.1 BUCHA ELÁSTICA FIXA 2.12 VARETA DO EXTRATOR
2.2 ANEL ESPAÇADOR 2.13 EIXO DO SUPORTE DO TAMBOR
2.3 EXTRATOR 2.14 MOLA DO EIXO DO SUPORTE DO
2.4 HASTE CENTRAL TAMBOR
2.5 MOLA DA HASTE CENTRAL 3. CONJUNTO DO CÃO

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3.1 CÃO 6.3 MOLA DO IMPULSOR DO


3.2 PARAFUSO TRAVA (*) TAMBOR
3.3 ALAVANCA DE ARMAR 6.4 IMPULSOR DO TAMBOR
3.4 ESFERA DO PARAFUSO TRAVA (*) 6.5 CONJUNTO DA MOLA DO
3.5 MOLA DA ALAVANCA DE ARMAR GATILHO
3.6 MOLA DO PARAFUSO TRAVAR(*) 6.5.1 HASTE DA MOLA DO GATILHO
3.7 PINO LIMITADOR DA TRAVA (*) 6.5.2 MOLA DO GATILHO
3.8 CONJUNTO DA MOLA REAL 6.5.3 ENCOSTO DA MOLA DO GATILHO
3.8.1 HASTE DA MOLA REAL 7. CONJUNTO DA MASSA MIRA
3.8.2 MOLA REAL 7.1 MASSA DE MIRA
7.2 INSERTO DA MASSA DE MIRA
3.9 EIXO DO CÃO
7.3 PINO DA MASSA DE MIRA
3.10 PORCA DO EIXO DO CÃO
8.1 DEDAL SERRILHADO
4. PUNHO
8.2 PARAFUSO DO DEDAL
4.1 PORCA DO PUNHO
SERRILHADO
4.2 PARAFUSO SUPERIOR DO
8.3 MOLA DO PERCUTOR
PUNHO
8.4 PERCUTOR
4.3 PARAFUSO INFERIOR DO PUNHO
8.5 BARRA DE PERCURSSÃO
5.1 CONJ. DO CABO DE BORRACHA
8.6 FERROLHO
5.1.1 CABO DE BORRACHA CURTO
8.7 MOLA DO FERROLHO
5.1.2 SIGLA TAURUS CURTO
8.8 RETÉM DO TAMBOR
5.1.3 PARAFUSO DO CABO DE 8.9 PINO DO RETÉM DO TAMBOR
BORRACHA CURTO 8.10 MOLA DO RETÉM DO TAMBOR
5.2 CONJ. DO CABO DE BORRACHA 8.11 PARAFUSO DO GATILHO
LONGO 8.12 PARAFUSO DO RETÉM DO
5.2.1 CABO DE BORRACHA LONGO TAMBOR
5.2.2 SIGLA TAURUS LONGO 8.14 PINO DO PERCUTOR
5.2.3 PARAFUSO DO CABO DE 9. CONJUNTO DA CHAPA DA MOLA
BORRACHA LONGO 9.1 CHAPA DA MOLA REAL
6. CONJUNTO DO GATILHO 9.2 BUCHA DO EIXO DO CÃO
6.1 GATILHO
6.2 PINO DO IMPULSOR DO TAMBOR (*) Opcional

Quadro 1 – Nomenclaturas das peças de um revólver / Fonte: o autor.

Espingarda

Passaremos, agora, para a identificação de uma espingarda, também produzida


pela Taurus. Vamos detalhar o modelo denominado Circuit Judge.

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Figura 3 – Espingarda modelo Circuit Judge / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: ilustração de uma espingarda com o cano na cor preta e base na cor madeira. Está descrita
cada peça do armamento.

Nessa visão inicial, também podemos identificar as peças descritas inicialmente.


Assim como demonstramos no revólver, a espingarda é composta por dezenas
de peças, como podemos ver a seguir:

Figura 4 – Peças da espingarda. / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: ilustração de uma espingarda desmontada, mostrando detalhadamente cada uma das ­peças.

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Trazemos, na sequência, a nomenclatura de cada peça:

1 EXTRATOR 48 MOLA DO PINO DE FIXAÇÃO DO


2 BUCHA ELÁSTICA FIXA SUPORTE
3 HASTE CENTRAL 49 PINO DE FIXAÇÃO DO SUPORTE
4 MOLA DA HASTE CENTRAL 50 PARAFUSO DA PLACA DE MECANISMO
5 MOLA DO EXTRATOR 69 ANEL ESPAÇADOR
6 EXTRATOR ROD COLLAR 73 PROTEÇÃO DIREITA
6 TAMBOR 74 PORTEÇÃO ESQUERDA
8 SUPORTE DO TAMBOR 75 CORONHA
9 TRAVA DO SUPORTE DO TAMBOR 76 BASE PARA SOLEIRA
10 TRAVA DO SUPORTE 77 SOLEIRA
11 MOLA DA TRAVA DO SUPORTE DO 78 PARAFUSO DA SOLEIRA
TAMBOR 79 SUPORTE DIANTEIRO DA BANDOLEIRA
12 PINO DE MOLA DO RETÉM DO TAMBOR 80 SUPORTE TRASEIRO DA BANDOLEIRA
13 PINO DA TRAVA DO SUPORTE DO 81 ARRUELA DA GUARNIÇÃO
TAMBOR 82 PARAFUSO DE FIXAÇÃO DA CORONHA
14 VARETA DO EXTRATOR 83 SOLEIRINHA
15 CANO 84 ARRUELA DO PARAFUSO DA SOLEIRINHA
16 ARMAÇÃO 85 PARAFUSO DA SOLEIRINHA
17 DEDAL SERRILHADO 86 GUARNIÇÃO
87 PARAFUSO DA GUARNIÇÃO
18 PARAFUSO DO DEDAL SERRILHADO
88 CONJUNTO DA MASSA DE MIRA
19 PERCUSSOR
90 BASE DO VISOR
20 MOLA DO PERCUSSOR
91 CONJUNTO DA MASSA DE MIRA
21 PINO DO PERCUSSOR
92 PARAFUSO DA MASSA DE MIRA
22 FERROLHO
94 SUPORTE DA LUNETA (opcional)
23 MOLA DO FERROLHO
95 PARAFUSO DA MASSA DE MIRA
24 CONJUNTO DO CÃO
96 EXTENSOR DO CÃO (opcional)
25 PARAFUSO TRAVA
98 INSERTO DAS CÂMARAS (opcional)
26 MOLA DO PARAFUSO TRAVA 101 BOTÃO DA GUARNIÇÃO
27 ESFERA DO PARAFUSO TRAVA 102 MOLA DO IMPULSOR DA TRAVA
28 PINO DO PARAFUSO TRAVA 103 PARAFUSO DA MOLA DO IMPULSOR
29 ALAVANCA DE ARMAR 104 TAMPA DA GUARNIÇÃO
30 MOLA DA ALAVANCA DE ARMAR 105 PINO DA TRAVA DO SUPORTE DO
31 CÃO TAMBOR
32 BARRA DE PERCUSSÃO 106 SUPORTE DA GUARNIAÇÃO
33 MOLA DO IMPULSOR DO TAMBOR 107 PARAFUSO DO SUPORTE DA GUARNIÇÃO
34 PINO DA MOLA DO IMPULSOR 108 INSERTO DO SUPORTE DA LUNETA
35 CONJUNTO DO GATILHO 109 PARAFUSO DO INSERTO DO SUPORTE DA
36 CONJUNTO MOLA DO GATILHO LUNETA
37 HASTE DA MOLA DO GATILHO 110 MOLA DO RETÉM DO TAMBOR
38 MOLA DO GATILHO 111 MOLA DA VERETA DO EXTRATOR
39 ENCOSTO DA MOLA DO GATILHO 112 EIXO DA TRAVA DO SUPORTE DO
40 CONJUNTO DA BOLA REAL TAMBOR
41 HASTE DA MOLA REAL 113 MOLA DA TRAVA DO COJUNTO DO
42 MOLA REAL TAMBOR
43 CHAPA DA MOLA REAL 114 TRAVA DO CONJUNTO DO TAMBOR
44 RETÉM DO TAMBOR 115 CLIP DE TRANCAMENTO DA GUARNIÇÃO
45 IMPULSOR DO TAMBOR 116 SUPORTE DA GUARNIÇÃO
46 PLACA DO MECANISMO 117 TAMPA DA SOLEIRA (POLY)
47 PARAFUSO DO SUPORTE DO TAMBOR

Quadro 2 – Nomenclaturas das peças de uma espingarda / Fonte: o autor.

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Pistola

Seguindo a mesma lógica, o próximo armamento a ser apresentado, com divisão


e nomenclatura de peças, será a pistola Taurus modelo TS Series:

Figura 5 – Pistola Taurus – modelo TS Series / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: ilustração de uma pistola com suas peças descritas.

Como é possível visualizar a seguir, esse modelo de pistola contém menos peças
que os armamentos anteriores, mas não deixa de ser um dispositivo complexo:

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Figura 6 – Peças de uma pistola Taurus / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: Ilustração de uma pistola Taurus desmontada, mostrando detalhadamente cada uma
das peças.

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A seguir, a nomenclatura de cada peça desse modelo de pistola:

1 FERROLHO 25 BOTÃO DO RETÉM DO


2 CANO CARREGADOR
3 PINO DO INDICADOR DA MUNIÇÃO 26 PINO SPIROL
4 MOLA DO INDICADOR DA 27 PINO SPIROL
MUNIÇÃO 28 PINO DE FIXAÇÃODO BACKSTRAP
5 CONJUNTO DE MOLA 29 CONJUNTO DO CARREGADOR
RECUPERADORA 30 BACKSTRAP EXTRA BAIXO
6 EIXO DA ALAVANCA DE 31 BACKSTRAP BAIXO
DESMONTAR 32 BACKSTRAP MÉDIO
7 EIXO DO GATILHO 33 BACKSTRAP ALTO
8 SUPORTE CENTRAL 34 MOLA DO DESCONECTOR
9 ALVANCA DE DESMONTAR 35 PINO
10 MOLA DO RETÉM DO FERROLHO 36 SUPORTE TRASEIRO
11 MOLA DO GATILHO 37 PINO
12 RETÉM DO FERROLHO 38 CONJUNTO DO GATILHO
13 INDICADOR DE MUNIÇÃO NA 39 GUIA DO PERCURSSOR DIREITO
CÂMARA 40 PERCUSSOR
14 PINO 41 GUIA DO PERCUSSOR DIREITO
15 CULATRA 42 CHAPA DE ACIONAMENTO DO
16 TRAVA DO PROFESSOR DESCONECTOR
17 CONJ. DO RETÉM DO 43 MOLA DA TRAVA DO PERCUSSOR
CARREGADOR E TRAVA MANUAL 44 EXTRATOR
18 MOLA DA BARRA DO GATILHO 45 PINO DA TAMPA DO FERROLHO
19 DESCONECTOR 46 TAMPA DO FERROLHO
20 EJETOR 47 MOLA DO PERCUSSOR
21 MOLA DA ALAVANCA DE 48 MOLA DO EXTRATOR
DESMONTAR 49 CONJUNTO DA VÉRTICE DE MIRA,
22 PUNHO TRITUM
23 PINO SPIROL 50 CONJUNTO DA MASSA DE MIRA,
24 MOLA DO BOTÃO DO RETÉM DO TRITUM
CARREGADOR

Quadro 3 – Nomenclatura das peças de uma pistola Taurus / Fonte: o autor.

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Fuzil

Por fim, apresentamos a divisão e a nomenclatura das peças que fazem parte de
um fuzil fabricado pela Taurus, mais especificamente, o modelo T4 Series:

Figura 7 – Fuzil / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: na figura, temos ilustrado um fuzil, com a descrição de suas peças.

Visualmente, já percebemos que esse armamento é mais complexo do que os


anteriores. Além disso, esse modelo de fuzil possui algumas variações trazidas
pela Taurus. Entretanto, no intuito de simplificarmos essa análise inicial, apre-
sentaremos apenas as peças referentes ao modelo T4 guarda-mão quad rail:

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Figura 8 – Peças de um fuzil modelo T4 guarda-mão quad rail / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: ilustração de um fuzil desmontado, mostrando detalhadamente cada uma das peças.

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Figura 9 – Peças de um fuzil modelo T4 guarda-mão quad rail / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: ilustração de um fuzil desmontado mostrando detalhadamente cada uma das peças.

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Concluindo, vemos, a seguir, a nomenclatura de cada peça:

1 CAIXA DO MECANISMO (SEMI OU 40 PINO SPIROL CLDP .094X .625


AUTO) HBK
2 PINO DE DESMONTAGEM TRASEIRO 41 CJ. TAMPA DA JANELA DE EJEÇÃO
3 TRAVA DO PINO DE DESMONTAGEM 42 EIXO DA TAMPA DA JANELA DE
4 PINO DE DESMONTAGEM FRONTAL EJEÇÃO
5 MOLA DA TRAVA DO PINO DE 43 MOLA DA PORTA DE EJEÇÃO
DESMONTAGEM 44 ANEL TRÊS PONTAS EIXO ∅3,2
6 SELETOR DE TIRO (SEMI OU AUTO) 45 CANO
7 TRAVA DO SELETOR DE TIRO 46 EXTENSÃO DO CANO
8 LIMITADOR DE BUFFER 47 PINO POSICIONADOR DO CANO
9 MOLA DO LIMITAR DE BUFFER 48 CONJUNTO SUPORTE DA MASSA DE
10 EMPUNHADEIRA MIRA -A1
11 PARAFUSO ALLEN ¼-28 X ¾ 49 QUEBRA CHAMAS STANAG
12 ARRUELA DENTADA DA 50 PINO DE FIX. SUPORTE DA MASSA DE
EMPUNHADEIRA MIRA
13 GATILHO (SEMI OU AUTO) 51 CAPA DO GUARDA MÃO
14 CJ. DISPARADOR (SOMENTE AUTO) 52 CJ. ANEL DELTA
15 MOLA DO GATILHO 53 CJ. TUBO DE GÁS
16 MOLA DO CÃO
54 GUARDA DE MÃO QUADRAIL
17 RETÉM DO CARREGADOR
SUPERIOR
18 MOLA DO RETÉM DO CARREGADOR
55 GUARDA DE MÃO QUADRAIL
19 BOTÃO LIBERADOR DO RETÉM DO
INFERIOR
CARREGADOR
56 PORCA DO QUEBRA CHAMAS –
20 MOLA DO RETÉM DO FERROLHO
STANAG
21 RETÉM DO FERROLHO
57 FERROLHO
22 PINO SPIROL CLDP .094X .500
58 EXTRATOR
HBK
59 EJETOR
23 PINO ACIONADOR DO RETÉM DO
60 PINO DO EXTRATOR
FERROLHO
24 PINO SPIROL CLDP .125X .625 61 MOLA DO ESTRATOR
HBK 62 INSERTO DA MOLA DO EXTRATOR
25 PINO DO CÃO E GATILHO 63 PINO SPIROL CLDP .062X .375
26 CJ. CÃO (SEMI OU AUTO) HBK
27 DESCONECTOR (SEMI OU AUTO) 64 ANEL DO FERROLHO
28 MOLA DO DESCONECTOR 65 CONUNTO DE BUFFER
29 PINO DO DISPARADOR (SOMENTE 66 PUNO CAME
AUTO) 67 CJ. IMPULSOR DO FERROLHO
30 MOLA DO EJETOR E DO SELETOR DE 68 MOLA RECUPERADORA
TIRO 69 CONJUNTO ALAVANCA DE MANEJO
31 CJ. GUARDA MATO POLIMERO 70 PERCUSSOR
32 PARAFUSO DIN 913 M3x8 71 CJ. CARREGADOR AÇO
33 CJ. CORONHA 72 CONTRA PINO DO PERCUSSOR
34 TUBO DA CORONHA MIL-SPEC 73 CJ. ALÇA DE MIRA TRASEIRA
35 PORCA DA CORONHA 74 PARAFUSO CAB CIL SEXT INT M3X12
36 COLAR TRAVADOR DA CORONHA DIN 912
37 CAIXA DA CULATRA 75 PINO SPIROL CJ. TUDO DE GÁS
38 CJ. BOTÃO FORÇADOR 76 CJ. CARREGADOR POLÍMERO
39 MOLA DO BOTÃO FORÇADOR

Quadro 4 – Nomenclatura das peças de um fuzil / Fonte: o autor.

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Em resumo, o conhecimento da divisão de armas e da nomenclatura das peças


desempenha um papel vital para profissionais da área de fiscalização. Isso não
apenas facilita a compreensão e o cumprimento das regulamentações relacio-
nadas a armas de fogo, mas também auxilia na identificação e prevenção de
possíveis irregularidades, especialmente em um cenário onde o tráfico de armas
frequentemente se baseia na aquisição fragmentada e na adaptação de compo-
nentes. Portanto, o domínio desses conhecimentos é essencial para garantir o
cumprimento da legislação e a segurança pública no contexto das armas de fogo.

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema.


Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem

NOVOS DESAFIOS
Finalizando este tema de aprendizagem, podemos dizer que fechamos um ciclo
de conhecimento sobre um produto controlado e apto a receber fiscalização
especial em procedimentos de despachos de nacionalização; nesse caso, as ar-
mas de fogo. Como dito no início, é fundamental que você, futuro profissional
especializado, conheça desde os mais amplos conceitos sobre armas de fogo
até detalhes mais específicos, como os que foram tratados aqui. Isso porque é
possível que o profissional se depare com um procedimento que visa entender
a necessidade de determinada peça no conjunto da arma. Tendo conhecimen-
to desses fundamentos, você será capaz de aplicar conhecimento teórico ao
mundo prático.

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AUTOATIVIDADE

1. Observando uma arma de fogo, de maneira geral, podemos dizer que as partes operáveis são:

I - Cano.
II - Carregador.
III - Munição.
IV - Massa de Mira.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.

2. Qual a parte é peça essencial para uma arma de fogo?

a) Ferrolho.
b) Gatilho.
c) Cano.
d) Carregador.
e) Massa de mira.

3. Podemos dizer que as principais peças na divisão de um revólver são:

I - Cabo.
II - Cano.
III - Gatilho.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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REFERÊNCIAS

AMAZONAS. Manual de armamento e manuseio seguro das armas de fogo. Manaus: Tribunal
de Justiça do Estado do Amazonas, 2012. Disponível em: https://www.tjam.jus.br/phocadown-
loadpap/manuseio_seguro_arma_fogo-mar_2012.pdf. Acesso em: 22 set. 2023.

MACHADO, M. C. P. Coleção armamento: armas, munições e equipamentos policiais. Cascavel:


Gráfica Tuicial, 2010.

MANUAIS. Taurus armas: compromisso com a excelência. [s.l.], 2023. Disponível em: https://
www.taurusarmas.com.br/manuais. Acesso em: 22 set. 2023.

NAÇÕES UNIDAS. Série de Módulos Universitários: Armas de Fogo; Módulo 2: Fundamentos


sobre Armas de Fogo e Munições - Partes e componentes das armas de fogo. [s.l.], [2022]. Dis-
ponível em: https://www.unodc.org/unodc/en/firearms-protocol/the-firearms-protocol.html.
Acesso em: 22 set. 2023.

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GABARITO

1. Opção D, considerando apenas o que foi trazido no conteúdo deste tema de aprendizagem,
embora haja outras peças essenciais para que uma arma seja operável.

2. Opção C. Cano, por ser a peça responsável por direcionar o projétil no momento do disparo.

3. Opção E. O cano é essencial para qualquer arma; para o revólver, podemos incluir o cabo e
o tambor, conforme ilustrado no texto deste tema de aprendizagem.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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UNIDADE 3
TEMA DE APRENDIZAGEM 7

ESTATUTO DO DESARMAMENTO,
SISTEMA DE GERENCIAMENTO
MILITAR DE ARMAS E SISTEMA
NACIONAL DE ARMAS

MINHAS METAS

Identificar algumas situações prá­ticas, principalmente quanto ao registro e às permissões


para uso de armas de fogo.

Conhecer o Sistema Nacional de Armas (Sinarm) e Sistema de Gerenciamento Militar de


Armas (SIGMA).

Dominar os aspectos fundamentais da Lei nº 10.826/2003 e suas regulamentações.

Compreender os conceitos legais e normativos, conforme a necessidade técnica de cada


assunto a ser desenvolvido.

Familiarizar-se com o SIGMA, que é utilizado pelas Forças Armadas.

Informar a necessidade de absorver e buscar atualização como forma de excelência


profissional.

Adquirir conhecimento sobre o Sinarm, utilizado pelas autoridades policiais.

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U N I AS S E LVI

INICIE SUA JORNADA


Como poderemos ver, a problemática deste tema de aprendizagem será as leis e
as regulamentações que envolvem, entre outros procedimentos, a aquisição, o re-
gistro, a posse, o porte, o cadastro e a comercialização nacional de armas de fogo,
munições e acessórios. Ademais, vamos falar sobre como disciplinar as atividades
de caça excepcional, caça de subsistência, tiro desportivo e colecionamento de
armas de fogo, munições e acessórios.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Iniciando mais uma jornada para aprimorar o conhecimento especializado, convid-


amos você a acessar nosso podcast, nos qual trazemos uma introdução ao assun-
to sobre a divisão de armas, suas nomenclaturas e peças. Dê o play!
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

O conhecimento de leis e regulamentações é de fundamental importância para


você, futuro profissional, pois está alinhado ao conhecimento absorvido no tema
de aprendizagem anterior (sobre divisão das armas e nomenclatura das peças),
uma vez que será possível identificar os procedimentos que devem ser adotados
em cada situação mencionada anteriormente.
No avançar deste tema de aprendizagem, você poderá identificar algumas
situações práticas, principalmente quanto ao registro e às permissões para uso
de armas de fogo.
Por fim, teremos reflexões necessárias acerca do conteúdo transmitido, indi-
cando a relevância desse conteúdo no ambiente profissional que você vai ­encontrar.

VAMOS RECORDAR?
Para você retomar a ideia que envolve o assunto, especialmente no que tange ao
Estatuto do Desarmamento, gostaria que acessasse o vídeo, o qual discute pontos
relevantes sobre esse assunto tão controverso em nossa sociedade. Recursos de
mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 7

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Podemos dizer que o conteúdo deste tema de aprendizagem é estritamente legal.
Serão apresentadas leis, decretos, portarias e outros atos normativos, quando
pertinentes para o entendimento da aquisição de produtos controlados — nesse
caso específico, armas de fogo.

AP RO F U N DA NDO

Os melhores materiais que você poderia ter para aprofundar os estudos são os própri-
os instrumentos normativos, uma vez que, neste material, nosso foco será apresentar
os principais pontos inerentes ao Estatuto do Desarmamento, ao Sistema de Gerenci-
amento Militar de Armas (SIGMA) e ao Sistema Nacional de Armas (Sinarm).

■ Lei n.º 10.826, de 22 de dezembro de 2003: dispõe sobre registro, posse e com-
ercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas
– Sinarm, define crimes e dá outras providências.
■ Decreto n.º 10.030, 30 de setembro de 2019: aprova o Regulamento de Produ-
tos Controlados.
■ Decreto nº 9.847, 25 de junho de 2019: regulamenta a Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003, para dispor sobre a aquisição, o cadastro, o registro, o porte
e a comercialização de armas de fogo e de munição e sobre o Sistema Nacion-
al de Armas e o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas.
■ Portaria nº 136, de 8 de novembro de 2019: dispõe sobre o registro, o cadastro
e a transferência de armas de fogo do SIGMA e sobre aquisição de armas de
fogo, munições e demais Produtos Controlados de competência do Comando
do Exército.
■ Portaria nº 1.541, de 21 de junho de 2021: estabelece os procedimentos para a
tramitação e aprovação de Planejamento Estratégico para Aquisição de Produ-
tos Controlados pelo Exército (PCE) de uso restrito pelos órgãos, instituições e
corporações elencados no art. 34, incisos de I a XIII do Decreto nº 9.847, de 25
de junho de 2019.
■ Decreto nº 11.615, de 21 de julho de 2023: regulamenta a Lei nº 10.826, de 22
de dezembro de 2003, para estabelecer regras e procedimentos relativos à
aquisição, ao registro, à posse, ao porte, ao cadastro e à comercialização na-
cional de armas de fogo, munições e acessórios, disciplinar as atividades de
caça excepcional, de caça de subsistência, de tiro desportivo e de coleciona-
mento de armas de fogo, munições e acessórios, disciplinar o funcionamento
das entidades de tiro desportivo e dispor sobre a estruturação do Sistema Na-
cional de Armas — Sinarm.

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U N I AS S E LVI

LEI Nº 10.826/2003 (ESTATUTO DO DESARMAMENTO)


E SUAS REGULAMENTAÇÕES

Texto

Primeiramente, é necessário um esclarecimento sobre a denominação dada à Lei


nº 10.826/2003, popularmente chamada de Estatuto do Desarmamento. Essa
lei não visa ao desarmamento em si, mas, como sua própria ementa traz, visa
ao registro, à posse e à comercialização de armas de fogo e munição. Portanto,
o chamado Estatuto do Desarmamento deveria ser chamado de Lei de Armas.
Com esse esclarecimento inicial, teremos como foco alguns pontos da Lei nº
10.826/2003 e suas regulamentações de maior relevância. Tomando por base o
texto legal, teremos como norte temas inerentes ao registro da arma de fogo, à
posse, ao porte em território nacional, à comercialização, aos crimes e às penas
aplicáveis em situações irregulares, bem como outras disposições complemen-
tares. Como regulamentação pertinente, verificamos o Decreto nº 9.847/2019.
Assim, para cada tema previsto na Lei nº 10.826/2003, teremos uma regulamen-
tação complementar disposta no Decreto nº 9.847/2019.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 7

Buscando uma apresentação lógica e didática do que a Lei nº 10.826/2003


nos traz, iniciaremos com algumas considerações acerca do porte de arma de
fogo, para que você saiba quem são as pessoas que podem ou não ter o porte de
arma de fogo em território nacional.
Conforme estabelecido no Art. 6º da Lei n.º 10.826/03, “é proibido o porte de
arma de fogo no território nacional, salvo para os casos previstos em legislação
própria e para as pessoas identificadas nesta Lei” (BRASIL, 2003). Destarte, pela
interpretação desse trecho, percebemos que o porte de arma de fogo é uma proi-
bição geral para todas as pessoas que estejam no território brasileiro. Contudo,
há situações em que o porte de arma será permitido, em razão, muitas vezes, do
cargo ocupado pela pessoa. Dessa forma, temos que o porte de arma de fogo é
permitido para as seguintes pessoas:


I – os integrantes das Forças Armadas;
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V do
caput do art. 144 da Constituição Federal e os da Força Nacional de
Segurança Pública (FNSP);
• Art. 144, da Constituição Federal, incisos: I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros
militares.
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados
e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com
mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos
mil) habitantes, quando em serviço;
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência
e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segu-
rança Institucional da Presidência da República;
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no
art. 52, XIII, da Constituição Federal;
• Art. 51, IV, da Constituição Federal: Polícia da Câmara dos
Deputados;
• Art. 52, XIII, da Constituição Federal: Polícia do Senado Federal.

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VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisio-


nais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias;
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores
constituídas, nos termos desta Lei;
IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente cons-
tituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de
fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no que
couber, a legislação ambiental;
X – integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do
Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal
e Analista Tributário;
XI – os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Cons-
tituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Estados,
para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efeti-
vamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma de
regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ
e pelo Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP;
XII – aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cinco)
anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo para
prover sua subsistência alimentar familiar será concedido pela Po-
lícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para
subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1
(um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16
(dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessidade
em requerimento (BRASIL, 2003).

Ainda quanto às pessoas que podem ter o porte de arma de fogo, é interessante
destacar que os integrantes das Forças Armadas, da Polícia Federal, da Polícia
Rodoviária Federal, da Polícia Ferroviária Federal, das Polícias Civis, das Polí-
cias Militares, dos Corpos de Bombeiros Militares, os agentes operacionais da
Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança
do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, das Polícias
da Câmara de Deputados Federal e das Polícias do Senado Federal terão direito
de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva
corporação ou instituição mesmo quando fora de serviço.
Esse direito é estendido aos integrantes do quadro efetivo de agentes e guar-
das prisionais, desde que estejam submetidos a regime de dedicação exclusiva,

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sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento, e subordinados a


mecanismos de fiscalização e de controle interno.
Verificada a capacidade para o porte de arma, também deverão ser observa-
dos os aspectos inerentes ao registro da arma de fogo. Conforme estabelece a Lei
nº 10.826/2003, o registro da arma de fogo é obrigatório e deve ser realizado no
órgão competente. Para realizar o registro da arma de fogo de uso permitido, a
pessoa interessada deverá observar os seguintes requisitos:


I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões
negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal,
Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquéri-
to policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por
meios eletrônicos;
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita
e de residência certa;
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica
para o manuseio de arma de fogo.

Ainda quanto ao registro, temos alguns pontos de interesse que merecem


ser destacados aqui. O primeiro ponto se refere à aquisição de munição, que
só poderá ser feita no calibre correspondente à arma registrada e na quantidade
estabelecida em lei. Na sequência, quanto à responsabilidade sobre a venda,
a empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é obrigada a
comunicar a venda à autoridade competente, como também deve manter um
banco de dados com todas as características da arma e a cópia dos documentos
previstos em lei. Já quanto à comercialização, a empresa que comercializa ar-
mas de fogo, acessórios e munições responde legalmente por essas mercadorias,
ficando registradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas.

Dessa forma, verifica-se a importância do Certificado de Registro de Arma de


Fogo (CRAF). Isso porque, uma vez que tem validade em todo o território nacional,
ele autoriza o proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior
de sua residência, domicílio ou dependência desses, ou ainda no seu local de
trabalho — desde que seja o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou
pela empresa.

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O último ponto a ser destacado na Lei nº 10.829/2003 diz respeito a crimes e


penas relacionados à posse, ao porte, à comercialização, ao uso e ao comércio
ilegal ou irregular de armas de fogo. Diante disso, destacamos os crimes e as penas
que entendemos como mais relevantes.
Começando pela posse irregular de arma de fogo de uso permitido, a lei
dispõe que possuir ou manter, sob guarda pessoal, arma de fogo, acessório ou
munição de uso permitido mas de modo que esteja em desacordo com a deter-
minação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou em seu local de
trabalho — desde que seja o titular ou responsável legal do estabelecimento ou
empresa — poderá acarretar na pena de detenção de 1 a 3 anos e multa.
Também é considerado crime o porte ilegal de arma de fogo de uso per-
mitido. Nessa situação, enquadra-se: portar, deter, adquirir, fornecer, ter em
depósito, transportar, ceder (ainda que gratuitamente), emprestar, remeter, em-
pregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de
uso permitido sem autorização e em desacordo com determinação legal ou re-
gulamentar. Nesse caso, será aplicada a pena de 2 a 4 anos de reclusão e multa.
Ainda quanto aos crimes e penas e considerando a especialização do presente
curso, é interessante destacar dois crimes. O primeiro, inerente ao comércio
ilegal de arma de fogo, compreende-se nas situações em que a pessoa adquirir,
alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, mon-
tar, remontar, adulterar, vender, expor à venda ou, de qualquer forma, utilizar,
em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
arma de fogo, acessório ou munição sem autorização ou em desacordo com de-
terminação legal ou regulamentar, com pena de 6 a 12 anos de reclusão e multa.
Por fim, temos o tráfico internacional de arma de fogo, que consiste em
importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer
título, de arma de fogo, acessório ou munição sem autorização da autoridade
competente, cabendo uma pena de 8 a 16 anos de reclusão, e multa.
Quanto às regulamentações pertinentes ao Estatuto do Desarmamento,
primeiramente, temos o Decreto nº 9.847/2019. Ele traz disposições acerca da
aquisição, do cadastro, do registro, do porte e da comercialização de armas de
fogo e de munição e acerca do Sistema Nacional de Armas (Sinarm) e do Siste-
ma de Gerenciamento Militar de Armas (SIGMA) — com maior destaque para
o SIGMA. Por dispor de informações mais relevantes quanto ao SIGMA e ao

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Sinarm, é interessante que as informações referentes a essas regulamentações


sejam abordadas nos tópicos seguintes.

Mais recentemente, tivemos a publicação do Decreto nº 11.615/2023, o qual


regulamenta a Lei nº 10.826/03. O decreto em questão visa estabelecer regras e
procedimentos relativos à aquisição, ao registro, à posse, ao porte, ao cadastro e
à comercialização nacional de armas de fogo, munições e acessórios, assim como
busca disciplinar as atividades de caça excepcional, de caça de subsistência, de
tiro desportivo e de colecionamento de armas de fogo, munições e acessórios,
disciplinar o funcionamento das entidades de tiro desportivo e dispor sobre a
estruturação do Sinarm. Nessa nova regulamentação, destacamos a parte que
busca disciplinar atividades de caça, tiro desportivo e colecionamento de armas.
Quanto ao Sinarm, a explanação no seu respectivo tópico será mais didática.

No contexto da fiscalização de armas de fogo, a sigla “CAC” se refere a “Clube de


Caça e Tiro". Os CACs são entidades ou associações, normalmente constituídas
por entusiastas de esportes de tiro, caça esportiva e atividades afins, que têm como
objetivo principal promover e regulamentar essas atividades de forma segura e
legal. Os CACs desempenham um papel importante no controle e na fiscalização
de armas de fogo em muitos países, incluindo o Brasil.

AP RO F U N DA NDO

No Brasil, os CACs estão sujeitos à regulamentação da Polícia Federal e devem


seguir rigorosas normas de controle e segurança. Eles desempenham um papel
importante no cenário de controle de armas, ajudando a garantir que as ativi-
dades relacionadas a armas de fogo sejam realizadas de acordo com a lei e de
­maneira segura.

Portanto, nos tópicos a seguir, serão destacados pontos inerentes às atividades


de caça excepcional, de caça de subsistência, de tiro desportivo, de coleciona-
mento de armas de fogo, munições e acessórios e porte de arma de fogo para
defesa pessoal.

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Caça excepcional

Conforme prevê o Art. 39 do Decreto nº 11.615/2023, a caça excepcional possui


a exclusiva finalidade de controle de fauna invasora em locais onde o abate se
mostre imprescindível para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação pre-
datória ou destruidora de animais. Ela somente será autorizada pelo Comando
do Exército mediante a apresentação de determinados documentos, quais sejam:


I - documento comprobatório da necessidade de abate de fauna
invasora, expedido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama, que indique:
a) a espécie exógena;
b) o perímetro abrangido;
c) a autorização dos proprietários dos imóveis localizados no pe-
rímetro a que se refere a alínea “b”;
d) as pessoas físicas interessadas em executar a caça excepcional; e
e) o prazo certo para o encerramento da atividade;
II - Certificado de Registro apostilado para a atividade de caça ex-
cepcional, autorizada nos termos do disposto no inciso I; e
III - especificação da arma de fogo apropriada para o abate da es-
pécie invasora e do quantitativo de munição necessário à execução
do manejo, observados os seguintes limites:
a) até seis armas de fogo, das quais duas poderão ser de uso restrito,
sendo estas autorizadas pelo Comando do Exército; e
b) até quinhentas munições por ano, por arma (BRASIL, 2023).

Caça de subsistência

Aos maiores de 25 anos de idade, residentes em áreas rurais e que comprovem


depender do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar
familiar, será concedido pela Polícia Federal, na categoria caçador para subsis-
tência, o porte de uma arma de uso permitido, de tiro simples, com um ou dois
canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16, desde que o interessado
comprove a efetiva necessidade em requerimento, ao qual deverão estar anexados
os seguintes documentos:

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I - documento de identificação pessoal;
II - comprovante de residência em área rural; e
III - atestado de bons antecedentes.
• O caçador para subsistência que der uso diferente do autorizado
à sua arma de fogo, independentemente de outras tipificações
penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou por
disparo de arma de fogo de uso permitido (BRASIL, 2023).

Do tiro desportivo

O Decreto nº 11.615/2023 nos traz que, nos termos do disposto na Lei nº 9.615,
de 24 de março de 1998, e na Lei nº 14.597, de 14 de junho de 2023, a prática de
tiro desportivo com emprego de arma de fogo como modalidade de desporto de
rendimento ou de desporto de formação ocorrerá exclusivamente em entidades
de tiro desportivo e será permitida aos maiores de 18 anos de idade, por meio da
concessão do Certificado de Registro, em conformidade com o referido decreto
e as normas expedidas pelo Comando do Exército.
No decorrer dos Arts. 34 a 38 do Decreto nº 11.615/2023, verificamos diver-
sos procedimentos a serem observados por aqueles que almejam realizar a prática
de tiro esportivo, com destaque para: Concessão de Certificado de Registro de
Pessoa Física a atirador desportivo; Limites para aquisição de armas de fogo e
munições; e Concessão de Certificado de Registro de Pessoa Jurídica a entidades
de tiro desportivo.

Do colecionamento de armas de fogo

A prática da atividade de colecionamento de armas de fogo será permitida aos


maiores de 25 anos de idade e dependerá da concessão prévia do Certificado de
Registro, nos termos do disposto em regulamentação do Comando do Exército.
A respeito da atividade de colecionamento, é interessante trazer as seguintes
vedações quanto aos tipos de armas de fogo colecionáveis:


I - automáticas de qualquer calibre ou longas semiautomáticas de
calibre de uso restrito cujo primeiro lote de fabricação tenha menos
de setenta anos;
II - de mesmo tipo, marca, modelo e calibre em uso nas Forças ­Armadas;

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III - químicas, biológicas e nucleares de qualquer tipo ou ­modalidade;


IV - explosivas, exceto se desmuniciadas e inertes, que serão con-
sideradas como munição para colecionamento; e
V - acopladas com silenciador ou supressor de ruídos (BRASIL, 2023).

Do porte de arma de fogo para defesa pessoal

Em suma, temos que o porte de arma de fogo de uso permitido, vinculado à pré-
via expedição de Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF) e ao cadastro
nas plataformas de gerenciamento de armas do Sinarm, será expedido pela Polí-
cia Federal, no território nacional, em caráter excepcional, desde que atendidos
os requisitos previstos no § 1º do Art. 10 da Lei nº 10.826/2003.
Deve ser destacado que o porte de arma de fogo é um documento obrigatório
que conterá as seguintes informações:


I - abrangência territorial;
II - eficácia temporal;
III - características da arma;
IV - número do cadastro da arma no Sinarm;
V - identificação do proprietário da arma; e
VI - assinatura, cargo e função da autoridade concedente.

Além disso, é importante dizer que o porte de arma de fogo é pessoal, intransfe-
rível e revogável a qualquer tempo e será válido apenas em relação à arma nele
especificada, mediante apresentação do documento de identificação do portador.

SISTEMA DE GERENCIAMENTO MILITAR DE ARMAS (SIGMA)

O SIGMA, instituído no âmbito do Comando do Exército do Ministério da De-


fesa, é um sistema criado para manter o cadastro nacional das armas de fogo
importadas, produzidas e comercializadas no país. Dessa forma, o SIGMA fun-
cionará como um sistema para cadastro e registro de armas de fogo, cuja respon-
sabilidade administrativa é do Comando do Exército.

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Assim, serão cadastradas no SIGMA as seguintes armas de fogo:


I - institucionais, constantes de registros próprios:
a) das Forças Armadas;
b) das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares dos
Estados e do Distrito Federal;
c) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
II - dos integrantes:
a) das Forças Armadas;
b) das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares dos
Estados e do Distrito Federal;
c) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
III - obsoletas;
IV - das representações diplomáticas; e
V - importadas ou adquiridas no País com a finalidade de servir
como instrumento para a realização de testes e avaliações técnicas.
• O disposto no § 2º aplica-se às armas de fogo de uso permitido.
• Serão, ainda, cadastradas no Sigma as informações relativas às im-
portações e às exportações de armas de fogo, munições e demais
produtos controlados.
• Os processos de autorização para aquisição, registro e cadastro de ar-
mas de fogo no Sigma tramitarão de maneira descentralizada, na forma
estabelecida em ato do Comandante do Exército (BRASIL, 2023).

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SISTEMA NACIONAL DE ARMAS (SINARM)

O Sinarm, assim como o SIGMA, funciona como um sistema de controle de armas


no território nacional. Entretanto, ao contrário do SIGMA, que está sob controle
do Comando do Exército, o Sinarm foi instituído no âmbito da Polícia Federal.
O Sinarm tem por finalidade realizar os seguintes procedimentos:


I - manter cadastro geral, integrado e permanente:
a) das armas de fogo importadas, produzidas e comercializadas no País,
com a identificação de suas características, de suas propriedades e de
modificações que alterem as suas características ou o seu f­ uncionamento;
b) das autorizações de porte de arma de fogo e das renovações ex-
pedidas pela Polícia Federal;
c) das transferências de propriedade, dos extravios, dos furtos, dos
roubos e de outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados ca-
dastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de
segurança privada e de transporte de valores;
d) das apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a pro-
cedimentos policiais e judiciais;
e) dos armeiros em atividade no País e das respectivas licenças para
o exercício da atividade profissional;
f) dos produtores, dos atacadistas, dos varejistas, dos exportadores e dos
importadores registrados no Comando do Exército e por este autoriza-
dos a produzir ou comercializar armas de fogo, munições e acessórios; e

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g) da identificação do cano da arma e das características das impres-


sões de raiamento e de microestriamento de projétil disparado, con-
forme marcação e testes de realização obrigatória pelo fabricante;
II - informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do
Distrito Federal:
a) as concessões, as suspensões e as cassações de CRAF, de CRPF
e de CRPJ; e
b) as autorizações de porte de arma de fogo nos respectivos terri-
tórios; e
III - manter os seus cadastros atualizados, em articulação com o
Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais,
de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de
Digitais e de Drogas - Sinesp (BRASIL, 2023).

Continuando, é importante apontar algumas competências aplicáveis à Polícia


Federal no que diz respeito ao Sinarn, quais sejam:


I - definir, padronizar, sistematizar, normatizar e fiscalizar os se-
guintes procedimentos e as seguintes atividades:
a) registro de armas de fogo e cadastro de munições e acessórios, exceto as
armas, as munições e os acessórios das Forças Armadas, das polícias mili-
tares e dos corpos de bombeiros militares dos Estados e do Distrito Federal
e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
b) concessão de porte de arma de fogo pessoal e de suas renovações;
c) transferência de propriedade, registro de perda, de furto, de rou-
bo, de extravio e de outras ocorrências relativas às armas de fogo, às
munições e aos acessórios suscetíveis de alterar os dados cadastrais,
inclusive as decorrentes do encerramento das atividades de empre-
sas de segurança privada e de transporte de valores;
d) atividade de armeiro e seu vínculo com as entidades de tiro;
e) instrução em armamento e tiro e comprovação de capacidade
técnica e aptidão psicológica; e
f) concessão e emissão da guia de tráfego;
II - assegurar a publicação periódica das informações sobre armas de
fogo, munições e acessórios registrados e comercializados no País;
III - estabelecer as quantidades de armas de fogo, de munições, de
insumos e de acessórios passíveis de aquisição pelas pessoas físicas

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e jurídicas autorizadas a adquirir ou portar arma de fogo, vinculadas


ao Sinarm, observados os limites estabelecidos neste Decreto;
IV - cadastrar as apreensões de armas de fogo, por meio eletrônico,
inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
V - cadastrar no Sinarm:
a) imagens que permitam a identificação e a confrontação de pro-
jéteis e estojos com as respectivas armas, abrangidas todas as armas
de fogo produzidas, importadas ou vendidas no País; e
b) imagens de projéteis e estojos encontrados em locais de crimes
ou de armas apreendidas;
VI - recolher e gerenciar o procedimento de entrega voluntária de
armas de fogo por qualquer pessoa;
VII - estabelecer as normas e os parâmetros técnicos necessários à
integração, à interoperabilidade e à acessibilidade entre o Sigma e
o Sinarm;
VIII - disponibilizar, por meio de plataforma eletrônica, às Secreta-
rias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal, infor-
mações sobre concessões, suspensões e cassações de CRAF, CRPF,
CRPJ e autorizações de porte de arma de fogo nos respectivos ter-
ritórios e manter o seu registro atualizado para consulta; e
IX - disciplinar, em articulação com o os órgãos competentes, os pa-
râmetros técnicos necessários ao oferecimento de serviços públicos
digitais simples e intuitivos, caracterizados pela interoperabilidade e
pela integração, consolidados em plataforma única, nos termos do
disposto na Estratégia de Governo Digital (BRASIL, 2023).

Por fim, o Decreto nº 11.615/2023 nos traz uma vasta lista de pessoas e procedi-
mentos que devem ser cadastrados no Sinarm, dos quais destacamos os seguintes:


I - os armeiros em atividade no País e as suas licenças para o exer-
cício da atividade profissional;
II - os produtores, os atacadistas, os varejistas, os exportadores e os
importadores autorizados de armas de fogo, acessórios e munições;
III - os instrutores de armamento e tiro credenciados para a aplica-
ção de teste de capacidade técnica, ainda que digam respeito a arma
de fogo de uso restrito;

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 7

IV - os psicólogos credenciados para a aplicação do exame de ap-


tidão psicológica a que se refere o inciso III do caput do art. 4º da
Lei nº 10.826, de 2003;
V - os caçadores de subsistência;
VI - as ocorrências de extravio, de furto, de roubo, de recuperação e
de apreensão de armas de fogo de uso permitido ou restrito;
VII - armas importadas, produzidas e comercializadas no País, de
uso permitido ou restrito, exceto aquelas pertencentes às Forças
Armadas, às polícias militares e aos corpos de bombeiros militares
dos Estados e do Distrito Federal, e ao Gabinete de Segurança Ins-
titucional da Presidência da República, e as demais que constem
dos seus registros próprios;
VIII - apreendidas, ainda que não constem dos cadastros do Si-
narm ou do Sigma, incluídas aquelas vinculadas a procedimentos
policiais e judiciais; e
IX - institucionais, constantes de cadastros próprios.

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema. Recurso de mídia disponível no


conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

NOVOS DESAFIOS
Finalizando mais um tema de aprendizagem, podemos concluir que o novo de-
safio que você precisa superar para atuar profissionalmente é estar sempre atento
às leis e às regulamentações aplicáveis às questões que dizem respeito ao uso, ao
porte, à posse e à comercialização de armas de fogo. Isso porque ser um profis-
sional qualificado e atualizado é fundamental para o melhor direcionamento
ao cidadão que busca adquirir uma arma de fogo, considerando que existem
diversas situações a serem analisadas.

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AUTOATIVIDADE

1. Humberto, maior de 25 anos, residente de área rural, depende da caça de subsistência


para sua alimentação e de sua família, apresenta todos os documentos necessários para o
porte e uso de arma de fogo de uso permitido. Com o Certificado de Registro e porte em
mãos, realiza a compra de uma arma de fogo com as seguintes características: espingarda,
tiro simples, dois canos, calibre inferior a dezesseis e alma de cano raiada. Qual dessas
características está em desacordo com a determinação legal?

a) Espingarda.
b) Tiro simples.
c) Dois canos.
d) Calibre inferior a dezesseis.
e) Alma de cano raiada.

2. Das pessoas citadas na sequência, indique para qual delas o porte de arma de fogo
é ­negado.

a) Integrantes das Forças Armadas.


b) Policial Ferroviário Federal.
c) Policial Civil.
d) Bombeiro Militar.
e) Guarda Municipal dos municípios com menos de 50.000 habitantes.

3. São requisitos para o registro da arma de fogo de uso permitido:

I - Ser brasileiro.
II - Apresentar documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa.
III - Comprovar capacidade técnica e aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003. Dispõe sobre registro, posse e comerciali-
zação de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, define crimes
e dá outras providências. Brasília: Ministério da defesa, 2003.

BRASIL. Lei nº 14.597, de 14 de junho de 2023. Institui a Lei Geral do Esporte. Brasília: Ministério
do Esporte, 2023.

BRASIL. Decreto nº 10.030, de 30 de setembro de 2019. Aprova o Regulamento de Produtos


Controlados. Brasília, 2019a.

BRASIL. Decreto nº 9.847, de 25 de junho de 2019. Regulamenta a Lei nº 10.826, de 22 de


dezembro de 2003, para dispor sobre a aquisição, o cadastro, o registro, o porte e a comercia-
lização de armas de fogo e de munição e sobre o Sistema Nacional de Armas e o Sistema de
Gerenciamento Militar de Armas. Brasília, 2019b.

BRASIL. Portaria nº 136, de 08 de novembro de 2019. Dispõe sobre o registro, o cadastro e


a transferência de armas de fogo do SIGMA e sobre aquisição de armas de fogo, munições e
demais Produtos Controlados de competência do Comando do Exército. Brasília: Ministério da
Defesa, 2019c.

BRASIL. Portaria nº 1.541, de 21 de junho de 2021. Estabelece os procedimentos para a trami-


tação e aprovação de Planejamento Estratégico para Aquisição de Produtos Controlados pelo
Exército (PCE) de uso restrito pelos órgãos, instituições e corporações elencados no art. 34,
incisos de I a XIII do Decreto nº 9.847, de 25 de junho de 2019. Brasília, 2021.

BRASIL. Decreto nº 11.615, de 21 de julho de 2023. Regulamenta a Lei nº 10.826, de 22 de de-


zembro de 2003, para estabelecer regras e procedimentos relativos à aquisição, ao registro, à
posse, ao porte, ao cadastro e à comercialização nacional de armas de fogo, munições e aces-
sórios, disciplinar as atividades de caça excepcional, de caça de subsistência, de tiro desportivo
e de colecionamento de armas de fogo, munições e acessórios, disciplinar o funcionamento
das entidades de tiro desportivo e dispor sobre a estruturação do Sistema Nacional de Armas -
Sinarm. Brasília, 2023.

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GABARITO

1. Opção E. A lei estabelece que a alma do cano deve ser lisa.

2. Em nenhuma hipótese, é permitido o porte de arma de fogo para guardas municipais em


municípios com menos de 50.000 habitantes.

3. Opção D. A Lei nº 10.826/2003 não estabelece que se deve ser brasileiro para realizar o
registro de arma de fogo de uso permitido.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 8

DESPACHO E
LEGISLAÇÃO ADUANEIRA

MINHAS METAS
Conhecer os procedimentos e a legislação aplicável aos despachos em matéria aduaneira.

Verificar o significado de cada etapa do despacho, a fim de construir um entendimento


sobre o processo.

Analisar a prática do procedimento de despacho e seus desdobramentos no comércio


exterior.

Refletir sobre a necessidade e, concomitantemente, sobre a importância da Legislação


Aduaneira e do despacho como uma estrutura de segurança e fruição do comércio
internacional.

Entender os conceitos inerentes ao procedimento de despacho de aos procedimentos


mais relevantes da Legislação Aduaneira.

Idealizar situações práticas em que, com base na legislação aplicável, ocorreria o proce-
dimento de despacho aduaneiro.

Avaliar os principais pontos da Legislação Aduaneira e os procedimentos do despacho


dentro de um processo geral de comércio exterior.

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INICIE SUA JORNADA


Nesse momento, como situação-problema, você deverá identificar os procedi-
mentos de despacho na importação e na exportação, que podem ser simples
ou depender de ações mais específicas, conforme o produto a ser despachado.
Alinhado a isso, você verá que a legislação aduaneira possui certa complexidade,
pois há muitas normas esparsas regulando diversos assuntos, as quais, por vezes,
se conectam para estabelecer diretrizes e procedimentos acerca dos processos de
importação e exportação.
Considerando a situação anteriormente apresentada, primeiramente, trarei
conceitos que servirão de base para seu entendimento sobre o assunto, bem como
as legislações aplicáveis. Dessa forma, você verá a importância de o procedimento
de despacho aduaneiro ser devidamente instruído, assim como terá conhecimen-
to das possíveis implicações de os procedimentos estabelecidos por leis e normas
não serem observados.

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Antes de, na sequência, demonstrar breves situações práticas advindas das leis e
normas que instituem os procedimentos aduaneiros, gostaria que você acessasse
nosso podcast, no qual vamos apresentar o assunto como um todo, bem como
suas implicações gerais e a importância de um ser um profissional atento às atua-
lizações normativas. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital no ambiente
virtual de aprendizagem.

Na prática, pensamos que, em uma situação ideal, você vai instruir o despa-
cho com todos os documentos necessários para que o processo flua da forma
prevista na legislação. Contudo, haverá situações — especialmente envolvendo
despacho de importação — em que a autoridade competente vai precisar de es-
clarecimentos sobre o procedimento de despacho em curso, devido a um exame
de documentos e à conferência física da mercadoria importada. Nesses casos, é
interessante que você, já como profissional, busque, em um primeiro momento,
atender às exigências feitas pela autoridade; porém, em caso de divergência de
entendimentos quanto à atuação da autoridade, haverá a possibilidade de apre-
sentar sua defesa ou seus questionamentos no âmbito de processos administra-

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 8

tivos. Dessa forma, você deverá estar preparado para lidar com diversos cenários
que envolvam o despacho.

VAMOS RECORDAR?
Por fim, no intuito de trazer à memória alguns aspectos ligados ao despacho
aduaneiro e à atuação do despachante aduaneiro, deixo a indicação de um vídeo
abaixo, no qual há uma apresentação introdutória, tanto sobre o tema em destaque
quanto sobre a profissão.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


Entendo que o assunto a ser desenvolvido no decorrer deste material é um tanto
sensível para você; pois, ainda que tenhamos um fluxo lógico do procedimento
de despacho, nossa Legislação Aduaneira não é unificada. Embora exista, na
nossa legislação, um Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009) que traga
assuntos de maneira geral, regulamentando a administração das atividades adua-
neiras, a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior,
verificamos diversas normas esparsas que estabelecem diretrizes específicas para
determinados procedimentos e processos. Um exemplo disso é o procedimento
de despacho aduaneiro.
Apesar de eu ter desmembrado o tema de referência do conteúdo em dois
momentos — despachos e, na sequência, Legislação Aduaneira —, no momento
de despachos, vocês já poderão ter contato com parte da Legislação Aduaneira,
mas com uma visão mais específica do processo. No momento em que trato da
Legislação Aduaneira, o intuito é apresentar ela como um todo, indicando (ainda
que de forma superficial) pontos de interesse para você.

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A P RO F UNDA NDO

Para aprofundar no assunto, especialmente no que tange à legislação aduanei-


ra, deixo a indicação de leitura do Regulamento Aduaneiro Comentado (ROCHA,
2018), o qual nos traz uma uma visão ampla e mais completa das normas que
regem o comércio exterior no Brasil.

DESPACHO ADUANEIRO

O despacho aduaneiro consiste em um processo no qual é realizada uma série


de ações em operações de importação ou exportação, tendo como objetivo de-
sembaraçar a mercadoria, ou seja, na importação, o despacho será realizado
para que a mercadoria entre no território brasileiro; na exportação, o despacho
promoverá a saída da mercadoria do território brasileiro.

Trazendo uma definição mais conceitual, temos que o despacho aduaneiro, ou


alfandegário, consiste no processo pelo qual se desembaraça a mercadoria
importada; cumprimento de formalidades e operações necessárias para a retirada
da mercadoria da alfândega (DINIZ, 2010). A esse conceito, cumpre acrescentar uma
ressalva quanto à finalidade do procedimento, visto que também poderá se dar para
fins de exportação.

No Brasil, os procedimentos de despachos de importação ou exportação são rea-


lizados por um sistema específico, denominado Sistema Integrado de Comércio
Exterior (SISCOMEX), no qual são registrados os processos de importação ou
exportação.
A respeito desses trâmites, um despacho aduaneiro pode conter mais de um
Registro de Exportação (RE) ou Registro de Importação (RI), desde que tais
registros se refiram, cumulativamente: ao mesmo exportador ou importador;
ao mesmo país de destino no caso da exportação; a mercadorias negociadas na
mesma moeda e na mesma condição de venda; à mesma repartição fiscal para
despacho; ao mesmo local de embarque e desembaraço; a operações com o mes-

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mo enquadramento; e a um único Conhecimento de Carga (CARLUCI, 2000).


Feitas essas breves considerações introdutórias, vou passar a apresentar, com
mais detalhes, os procedimentos de despacho aduaneiro na importação e na
exportação. É importante que você dê uma atenção especial ao processo de des-
pacho na importação.

Despacho de Importação

De início, temos que o Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6759/2009) nos


traz considerações importantes acerca do despacho de importação, conforme
estabelecido nos seguintes artigos:


Art. 542. Despacho de importação é o procedimento mediante o
qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador
em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados
e à legislação específica.
Art. 543. Toda mercadoria procedente do exterior, importada a
título definitivo ou não, sujeita ou não ao pagamento do imposto
de importação, deverá ser submetida a despacho de importação,
que será realizado com base em declaração apresentada à unidade
aduaneira sob cujo controle estiver a mercadoria (BRASIL, 2009).

Antes da disposição trazida por esse regulamento, o Decreto-Lei nº 37/1966,


como origem da Legislação Aduaneira no Brasil, já trazia redação legal seme-
lhante, conforme podemos ver no artigo a seguir:


Art. 4 - Toda mercadoria procedente do exterior por qualquer via,
destinada a consumo ou a outro regime, sujeita ou não ao pagamento
do imposto, deverá ser submetida a despacho aduaneiro, que será
processado com base em declaração apresentada à repartição adua-
neira no prazo e na forma prescritos em regulamento (BRASIL, 1966).

Atualmente, de forma mais específica e no âmbito normativo, temos a Instrução


Normativa SRF nº 680/2006, a qual está em constante atualização, disciplinando
todo despacho de importação.

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Diante dessas leis e normas, é totalmente pertinente a ideia trazida por Ro-
drigo Mineiro ao dizer que:


[...] a interpretação da referida previsão legal deve ser efetuada de
forma sistemática, considerando as previsões regulamentares típicas
da matéria aduaneira. Esta, por ser uma atividade eminentemente
regulatória e administrativa, contém, diversas previsões e detalha-
mentos em seus atos infralegais (FERNANDES, 2018, p. 61).

Assim, o objetivo é trazer conceitos e determinações gerais estabelecidas pelo


Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009) e, de forma específica, no que
for pertinente, as normas dispostas na Instrução Normativa SRF n.º 680/2006.
Tendo em mente que toda mercadoria vinda do exterior deverá passar pelo
procedimento de despacho aduaneiro, você deve saber o que está compreendido
nesse procedimento. Quanto a isso, o Art. 2º da Instrução Normativa SRF nº
680/2006 nos traz o seguinte:


I - despacho para consumo, inclusive da mercadoria:
a) ingressada no País com o benefício de drawback;
b) destinada à ZFM, à Amazônia Ocidental, a Área de Livre Co-
mércio (ALC) ou a Zona de Processamento de Exportação (ZPE);
c) contida em remessa postal internacional ou expressa ou, ain-
da, conduzida por viajante, se aplicado o regime de importação
comum; e
d) admitida em regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas
especiais, na forma do disposto no inciso II, que venha a ser sub-
metida ao regime comum de importação; e
II - despacho para admissão em regime aduaneiro especial ou apli-
cado em áreas especiais, de mercadoria que ingresse no País nessa
condição (BRASIL, 2006).

Sabendo quais situações devem ser submetidas ao despacho de importação, é


imprescindível que você também tenha conhecimento de onde são realizados os
despachos. Embora os procedimentos tendam a ser feitos no ambiente digital, a
mercadoria passará por meios/locais físicos.

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Então, quais seriam esses locais onde que ocorre o despacho? Conforme disposto
no Art. 544 do Decreto nº 6.759/2009, “o despacho de importação poderá ser
efetuado em zona primária ou em zona secundária” (BRASIL, 2009).

Nesse ponto, antes de darmos continuidade às questões inerentes ao despacho,


cumpre esclarecer o que são zona primária e zona secundária no âmbito adua-
neiro. A zona primária pode ser compreendida como os locais de fronteira
alfandegados, ou seja, todos os lugares por onde pessoas e mercadorias chegam
e saem do Brasil. Já a zona secundária compreende o restante do território
nacional ou aduaneiro. Nos termos do que dispõe o Regulamento Aduaneiro,
verifica-se o seguinte:


Art. 3º [...]
I - a zona primária, constituída pelas seguintes áreas demarcadas
pela autoridade aduaneira local:
a) a área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, nos por-
tos alfandegados;
b) a área terrestre, nos aeroportos alfandegados; e
c) a área terrestre, que compreende os pontos de fronteira alfan-
degados; e
II - a zona secundária, que compreende a parte restante do territó-
rio aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo.
(BRASIL, 2009).

Feita essa consideração, voltemos ao que concerne ao despacho de importação.


Já sabendo quando e onde o despacho será realizado, partiremos para o enten-
dimento do fluxo do despacho aduaneiro.
O primeiro ato de um despacho de importação é o registro da Declaração de
Importação (DI). Essa declaração “será formulada pelo importador nos Siscomex
e consistirá na prestação das informações [...] de acordo com o tipo de declaração
e a modalidade de despacho aduaneiro” (BRASIL, 2006).
Ainda nesse momento do procedimento, é interessante saber se a mercadoria
a ser importada necessita de Licença de Importação (LI). Isso ocorre caso se trate
de mercadoria que demande manifestação de órgãos anuentes na importação. Em
casos de importação de armas de fogo, por exemplo, será necessária manifestação
de anuência do Exército Brasileiro.

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De forma concomitantemente ao registro da DI e eventual LI, é necessário que


sejam recolhidos os tributos devidos na importação, pois o comprovante de pa-
gamento dos tributos incidentes vai instruir o procedimento de despacho.
Além do recolhimento dos tributos, há outros documentos essenciais que
instruem o despacho de importação, quais sejam:
■ Conhecimento de Carga: também conhecido como conhecimento de
transporte emitido pelo transportador, define a contratação da operação
de transporte internacional, comprova o recebimento da mercadoria na
origem e a obrigação de entregá-la no lugar de destino, constitui prova
de posse ou propriedade da mercadoria e é um documento que ampara
a mercadoria e descreve a operação de transporte.
■ Fatura Comercial: é o documento de natureza contratual que espelha a
operação de compra e venda entre o importador brasileiro e o exportador
estrangeiro.
■ Romaneio de Carga (Packing-List): é o documento de embarque que dis-
crimina todas as mercadorias embarcadas ou todos os componentes de
uma carga em quantas partes estiver fracionada.
■ Regime de Origem: é um conjunto de documentos solicitados, devidos em
razão de acordos comerciais formalizados entre países, em sua os documen-

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tos são os seguintes: as regras de origem; a maneira pela qual a origem será
comprovada; e os procedimentos de verificação e controle dessas regras.
■ Manifesto de Carga: nas unidades de fronteira terrestre abrangidas pelo
ATIT (Acordo sobre Transporte Internacional Terrestre), o Manifesto
Internacional de Carga Rodoviária/Declaração de Trânsito Aduaneiro
– MIC/DTA (transporte rodoviário) ou o Conhecimento-Carta de Porte
Internacional/Declaração de Trânsito Aduaneiro – TIF/DTA (transporte
ferroviário), deve ser apresentado à repartição aduaneira, juntamente
com o extrato da DI e demais documentos que a instruem.
■ Documentos Comprobatórios da Transação Comercial (BRASIL, 2014,
on-line).

Diante dessa documentação, a próxima fase no fluxo do despacho é a parametri-


zação no Siscomex por Canais de Conferência. Conforme disposto no Art. 21,
da Instrução Normativa SRF nº 680/2006, temos quatro canais de conferência,
quais sejam:


verde, pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático
da mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação
da mercadoria;
amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não sen-
do constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro,
dispensada a verificação da mercadoria;
vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada
após a realização do exame documental e da verificação da mer-
cadoria; e
cinza, pelo qual será realizado o exame documental, a verificação
da mercadoria e a apuração de elementos indiciários de fraude
(BRASIL, 2006).

Conforme a descrição apresentada para cada canal, quando o despacho da mer-


cadoria importada passa pelo Canal Verde, há o desembaraço automático, ou
seja, o fluxo do despacho é finalizado com a liberação da mercadoria. Entretanto,
caso a mercadoria seja selecionada nos demais canais, será feita a distribuição
do processo para a autoridade fiscal competente, ou seja, para o Auditor Fiscal

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da Receita Federal do Brasil, que realizará os procedimentos necessários para


conferência de acordo com as especificações de cada canal de conferência.
Realizada a conferência e constatada a veracidade dos documentos e a con-
formidade material da mercadoria descrita, chegaremos ao final do processo de
despacho, com a figura do desembaraço aduaneiro. Conforme disposto no Art.
571 do Regulamento Aduaneiro, o desembaraço aduaneiro consiste no ato em
que a conclusão da conferência aduaneira é registrada para imediata liberação
da mercadoria.
Portanto, sintetizando o processo de despacho na importação, temos o fluxo
descrito. Contudo, para que você conheça todos os meandros e as disposições
pertinentes, é extremamente recomendável a leitura do Regulamento Aduaneiro
(Decreto nº 6.759/2009, Arts. 542 a 579-A) e da Instrução Normativa SRF nº
680/2006.

Despacho de Exportação

Passando para a outra forma de despacho prevista nas leis e nas normas vigentes,
temos o despacho de exportação, que tende a ser menos burocrático do que o
despacho de importação. Isso porque, além da análise documental, que é comum
em ambos os tipos de despacho, na importação, existe a questão de segurança
nacional das mercadorias que estão entrando em território brasileiro, bem como
os tributos a serem recolhidos.
Dessa forma, assim como foi apresentado no despacho de importação, para
tratar do despacho de exportação, partiremos de uma base legal e normativa, de
maneira a direcionar para uma visão geral do processo.
O despacho de exportação também possui sua base legal no Regulamento
Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009, Arts. 580 a 596) e seu fundamento normati-
vo na Instrução Normativa SRF nº 28/1994. Conceituando o processo de modo
sintético, podemos afirmar que


[...] o despacho de exportação é processado através do SISCOMEX
e é iniciado após o registro de exportação no sistema e tem por base
declaração formulada pelo exportador à unidade da SRF, através de
terminal computador conectado ao sistema, em qualquer ponto do
território nacional (CARLUCI, 2000, p. 425).

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Em termos legais, o Regulamento Aduaneiro estabelece o seguinte:


Art. 580. Despacho de exportação é o procedimento mediante o
qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo exportador
em relação à mercadoria, aos documentos apresentados e à legis-
lação específica, com vistas a seu desembaraço aduaneiro e a sua
saída para o exterior.
Art. 581. Toda mercadoria destinada ao exterior, inclusive a ree-
xportada, está sujeita a despacho de exportação, com as exceções
estabelecidas na legislação específica (BRASIL, 2009).

De forma semelhante, mas trazendo informações complementares ao que


está contido nos dispositivos anteriores, temos a Instrução Normativa SRF n.º
28/1994, que estabelece o seguinte:


Art.1º A mercadoria nacional ou nacionalizada destinada ao exte-
rior, a título definitivo ou não, fica sujeita a despacho de exportação.
§ 1º Sujeita-se, ainda, a despacho de exportação a mercadoria que,
importada a título não definitivo, deva ser objeto de reexportação,
ou seja, de retorno ao exterior.
§ 2º Entende-se por despacho aduaneiro de exportação, o
procedimento fiscal mediante o qual se processa o desembaraço
aduaneiro de mercadoria destinada ao exterior, conforme disposto
nesta Instrução Normativa.
Art. 2º O despacho de exportação será processado através do Siste-
ma Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX.
§ 1º O despacho somente poderá ter início após o registro de
exportação – RE, no SISCOMEX, e dentro do prazo de validade
desse registro (BRASIL, 1994).

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Podemos dizer que a IN SRF nº 28/1994 foi um marco normativo que disciplinou
o despacho de exportação. Contudo, recentemente, e em virtude do modelo de
Declaração Única de Exportação (DU-E), tivemos a publicação da Instrução
Normativa RFB nº 1.702/2017. Quanto ao conceito de despacho de exportação,
o mesmo foi mantido.
Primeiramente, o que é interessante destacar nessa nova instrução normativa
são algumas definições que vão nortear o despacho de exportação, quais sejam:


I - declarante, a pessoa responsável por apresentar a DU-E e pro-
mover o despacho de exportação em nome próprio, se for o expor-
tador, ou em nome de terceiro, quando se tratar de pessoa jurídica
contratada para esse fim;
II - despacho domiciliar, aquele realizado em local solicitado pelo
exportador, situado fora de recinto aduaneiro e sob sua responsa-
bilidade;
III - exportador, qualquer pessoa que promova a saída de merca-
doria do território aduaneiro;
IV - exportação própria, aquela cujo declarante é o próprio expor-
tador; (BRASIL, 2017).

Semelhantemente ao que acontece no despacho de importação, o despacho de


exportação poderá ser realizado em recintos aduaneiros localizados em zona
primária ou zona secundária.
Conforme dito anteriormente, atualmente, o despacho de exportação se dá
pela Declaração Única de Exportação (DU-E), que é um documento eletrônico
com informações de natureza aduaneira, administrativa, comercial, financeira,
tributária, fiscal e logística e que caracteriza a operação de exportação da mer-
cadoria. Sendo um documento eletrônico, essa declaração será preenchida em
campo próprio no Portal Único do Siscomex.
Esse procedimento de preenchimento e registro da DU-E no Portal Único do
Siscomex é o início do despacho. Após isso, haverá um controle administrativo
a ser realizado pelos órgãos anuentes ao comércio exterior, ou seja, pela Admi-
nistração Pública Federal. Nesse controle, haverá a verificação dos documentos
que instruem a exportação, como licenças, certificados de origem, notas fiscais,
entre outros que se façam necessários conforme a especificação da mercadoria.

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Portanto, em linhas gerais, vocês, atuando profissionalmente como despa-


chantes, deverão observar os fundamentos do despacho de exportação: elabo-
ração da DU-E; registro da DU-E no Siscomex; conferência documental pela
Administração Pública; e desembaraço para exportação. Assim como na impor-
tação, o desembaraço é o procedimento que finaliza o fluxo do despacho.

LEGISLAÇÃO ADUANEIRA

Para início deste tópico, é fundamental conhecer o significado da composição do


termo Legislação Aduaneira. Assim, vou trazer os conceitos dessas palavras em
separado, para depois pensarmos na essência do que é Legislação Aduaneira e,
por conseguinte, dar desenvolvimento ao assunto de maneira prática.
Primeiramente, para o termo “legislação”, temos as seguintes definições:


1. Ato de legislar do poder competente; atividade legiferante, que é
considerada a fonte formal estatal. 2. Conjunto de leis de um país, de
um Estado-membro ou Município. 3. Complexo de leis sobre deter-
minado assunto de um ramo jurídico. 4. Ciência das leis. 5. Processo
pelo qual um ou vários órgãos estatais formulam normas jurídicas
de observância geral. 6. Conjunto de atos jurídicos brasileiros, in-
cluindo a Constituição, leis, decretos, códigos, regulamentos, por-
tarias, resoluções e instruções normativas (DINIZ, 2010, p. 362).

Para “aduaneira”, são apresentados os conceitos a seguir:


1. Alfândega ou local onde se pagam os impostos devidos pela en-
trada de mercadorias estrangeiras num país. 2. Órgão fiscal que
trata dos impostos sobre produtos em sua entrada ou saída do país,
velando para impedir importações ou exportações que estejam ve-
dadas legalmente. 3. Imposto ou direito pago, na repartição com-
petente, em razão de importação ou exportação de mercadorias.
É o tributo sobre o comércio internacional (DINIZ, 2010, p. 27).

Diantes desses conceitos para “legislação” e “aduaneira”, podemos concluir que a


Legislação Aduaneira é um complexo jurídico composto que, em sua estrutura,

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contém desde a Constituição Federal até portarias e atos normativos que vão
regular a entrada e a saída de mercadorias do país, bem como cobrar os tributos
devidos nessas operações (importação e exportação).
Assim, vou apresentar a legislação aduaneira vigente, tomando por funda-
mento a importância hierárquica e apontando os assuntos mais pertinentes de
cada texto legal.

Nesse sentido, o mais importante a ser suscitado é a Constituição Federal de 1988.


Ainda que a nossa Carta Magna não contenha um vasto conteúdo aduaneiro, temos
as principais diretrizes tributárias que incidiram nas operações de comércio exterior
e a delegação de competência quanto à fiscalização e ao controle do comércio
exterior, que serão exercidos pelo Ministério da Fazenda (BRASIL, 1988).

Voltando no tempo, mas ainda orientando alguns procedimentos aduaneiros


nos dias de hoje, temos o Decreto-Lei nº 37/1966, que dispõe sobre o imposto
de importação e reorganiza os serviços aduaneiros.
Ademais, atualmente, englobando diversos temas que compõem a temática
aduaneira, temos o Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009), que busca
abordar os assuntos mais essenciais para a prática de comércio exterior. Assim, é
interessante destacar aqui os livros que estruturam esse regulamento:

• Livro I - da jurisdição aduaneira e do controle aduaneiro de veículos


• Livro II - dos impostos de importação e de exportação
• Livro III - dos demais impostos, e das taxas e contribuições, devidos
na importação
• Livro IV - dos regimes aduaneiros especiais e dos aplicados em áreas
especiais
• Livro V - do controle aduaneiro de mercadorias
• Livro VI - das infrações e das penalidades
• Livro VII - do crédito tributário, do processo fiscal e do controle
administrativo específico
• Livro VIII - das disposições finais e transitórias (BRASIL, 2009).

Podemos dizer que esses são os principais estatutos jurídicos que norteiam a
legislação aduaneira brasileira, mas há uma infinidade de leis, instruções nor-
mativas e portarias que vão regular procedimentos específicos. Um exemplo

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é a Instrução Normativa RFB nº 1.986/2020, que dispõe do procedimento de


fiscalização utilizado no combate às fraudes aduaneiras.
O certo é que, para termos uma legislação mais coerente e em conformidade
com o que temos em outros países, alguns estudiosos do assunto discutem a ne-
cessidade de um Código Aduaneiro, considerando a importância dessa temática
atualmente, devido ao crescimento das trocas comerciais internacionais. Um
exemplo a ser considerado é o Código Aduaneiro do Mercosul/CAM — Decisão
CMC 27/2010, assinado pelos governos de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no con-
teúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem

NOVOS DESAFIOS
Nesse momento, diante do conteúdo que foi passado aqui, espera-se que você
esteja preparado para enfrentar os desafios do ambiente profissional atrelados
ao despacho e à legislação aduaneira. Como seria a aplicação da teoria na prática
profissional? Vejamos que o assunto todo se conecta com a ideia de comércio
internacional; nesse sentido, você vai atuar em conformidade com as leis e as
normas pertinentes.
Vamos tomar alguns exemplos, sendo o primeiro relacionado à importação
de uma mercadoria. Com base no processo de despacho de importação, você vai
preparar toda a documentação necessária para instruir essa importação, ou seja,
você vai preencher a Declaração de Importação dessa mercadoria com todas as
informações necessárias à análise das autoridades fiscais competentes. Caso seja
necessário, no transcorrer desse processo, você vai complementar as informações
para que o despacho finalize seu fluxo com a liberação da mercadoria por meio
do desembaraço.
Ainda nesse cenário, pense na importação de uma arma de fogo. Você vai
instruir o despacho, registrando a Declaração de Importação com todas as in-

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formações, apresentação de comprovantes de pagamento de tributos e licenças.


Entretanto, se a autoridade aduaneira desejar realizar a conferência e solicitar
mais informações, você deverá estar preparado para agir em conformidade com
as implementações requeridas.
Outro exemplo é em relação ao despacho de exportação, em que você seria
o despachante responsável pela exportação de carros produzidos no Brasil. Na
função de despachante, você vai promover o preenchimento da Declaração de
Exportação com todos os requisitos necessários para que o carro seja desemba-
raçado rumo ao exterior.
Alinhado a esses processos, é fundamental que você conheça a legislação
aduaneira, pois ela é que rege todos esses processos de importação e exportação.

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AUTOATIVIDADE

1. Com base nos locais em que ocorrem os despachos de importação, podemos dizer que são
realizados em todos os locais listados, a seguir, menos um.

a) Aeroportos Internacionais.
b) Fronteiras terrestres alfandegadas.
c) Portos alfandegados.
d) Zonas primárias.
e) Aeroportos alfandegados.

2. Em que consiste o despacho aduaneiro?

a) Na liberação de carros apreendidos pela Receita Federal.


b) Em um documento decisório acerca da liberação de mercadorias importadas.
c) Em um processo em que são realizadas uma série de ações em operações de importação
ou exportação, com o objetivo de desembaraçar a mercadoria.
d) Na elaboração de instruções normativas em matéria aduaneira.
e) No processo de venda de mercadorias interestaduais.

3. O despacho aduaneiro é necessário em quais das operações descritas a seguir?

I - Importação.
II - Exportação.
III - Reexportação.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto-lei nº 37, de 18 de novembro de 1966. Dispõe sobre o imposto de importação,


reorganiza os serviços aduaneiros e dá outras providências. Presidência da República. Brasília,
1966.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da


República, 1988.

BRASIL. Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Regulamenta a administração das ativida-


des aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior.
Presidência da República. Brasília, 2009.

BRASIL. Receita Federal. Instrução Normativa SRF nº 28/1994. Disciplina o despacho aduaneiro
de mercadorias destinadas à exportação. Diário Oficial da União. Brasília, 1994.

BRASIL. Receita Federal. Instrução Normativa SRF nº 680/2006. Disciplina o despacho aduanei-
ro de importação. Diário Oficial da União. Brasília, 2006.

BRASIL. Receita Federal. Documentos de Instrução do despacho. Gov.br, 28 nov. 2014. Dispo-
nível em: https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e-comercio-exterior/
manuais/despacho-de-importacao/topicos-1/despacho-de-importacao/documentos-instru-
tivos-do-despacho. Acesso em: 1 nov. 2023.

BRASIL. Receita Federal. Instrução Normativa RFB nº 1.702/2017. Disciplina o despacho adua-
neiro de exportação processado por meio de Declaração Única de Exportação (DU-E). Diário
Oficial da União. Brasília, 2017.

CARLUCI, J. L. Uma Introdução ao direito aduaneiro. 2.ed. São Paulo: Aduaneiras, 2000.

DINIZ, M. H. Dicionário Jurídico Universitário. São Paulo: Saraiva 2010.

FERNANDES, R. M. Introdução ao Direito Aduaneiro. São Paulo: Editora Intelecto, 2018.

ROCHA, P. C. A. Regulamento Aduaneiro: comentado com textos legais transcritos. 20. ed. São
Paulo: Aduaneiras, 2018.

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GABARITO

1. Opção A. Em que pese os aeroportos serem internacionais, eles devem ser alfandegados e
demarcados pela autoridade aduaneira para que seja efetuado o despacho de importação.

2. Opção C. Com base nos conceitos apresentados no tema de aprendizagem.

3. Opção E. Todas as operações listadas necessitam de despacho aduaneir.o

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MINHAS ANOTAÇÕES

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TEMA DE APRENDIZAGEM 9

REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS

MINHAS METAS
Entender em que situações os Regimes Aduaneiros Especiais podem ser utilizados.

Aprender o significado dos Regimes Aduaneiros Especiais numa perspectiva econômica.

Analisar a praticidade desses regimes, conforme o objetivo jurídico e aduaneiro em que


cada um deles foi proposto.

Refletir sobre a amplitude e a aplicabilidade dos regimes aduaneiros especiais.

Conhecer os conceitos de alguns Regimes Aduaneiros Especiais.

Verificar a aplicação prática dos Regimes Aduaneiros Especiais em função das operações
comerciais realizadas por empresas negociantes no comércio internacional.

Avaliar a aplicabilidade de cada regime, considerando seus critérios e seus requisitos de


utilização.

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INICIE SUA JORNADA


Na busca por expandir o mercado no comércio internacional, países e empresas
alinham seus interesses à busca de novos consumidores, pois, com mais vendas e
entrada de capital nas empresas, maior será o recolhimento de tributos aos cofres
públicos. Concomitantemente, a administração (ou fazenda pública) também
ganha com isso. Nesse contexto de competitividade comercial no âmbito global,
qual seria a alternativa para que o produto tenha um preço mais atrativo para o
consumidor final de outro país?

P L AY N O CO NHEC I M ENTO

Na busca por um esclarecimento contextual para o questionamento anterior, con-


vido você a ouvir nosso podcast, no qual buscamos trazer o desenrolar histórico
dos Regimes Aduaneiros. Portanto, não deixe de acessar e agregar conhecimento
no início dessa jornada. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital no ambien-
te virtual de aprendizagem.

Pensando numa solução para a problemática sugerida anteriormente e toman-


do como exemplo o Brasil, temos a implementação de Regimes Aduaneiros
Especiais. Em sua maioria, eles têm como característica uma exceção à regra de
incidência de tributos na cadeia produtiva de mercadorias que serão exporta-
das, além de tratamentos aduaneiros diferenciados. Dessa forma, as empresas
brasileiras conseguem colocar seus produtos fora do país com preços mais
competitivos, além de haver maior eficiência logística, dependendo do regime
aduaneiro especial utilizado.
Trazendo essa ideia para o campo prático, um regime aduaneiro especial utili-
zado por uma empresa do setor automotivo, por exemplo, possibilitaria que a fabri-
cante de carros adquirisse insumos ou componentes para o veículo a ser exportado,
com benefícios tributários (reduções ou isenções de impostos) e tratativas alfande-
gárias com maiores facilitações em comparação aos procedimentos comuns. Claro
que, para ter esses benefícios, há algumas contrapartidas ou compromissos a serem
seguidos pela empresa solicitante do regime aduaneiro especial.
Portanto, uma reflexão pertinente a ser feita sobre o tema é acerca da rele-
vância da utilização de regimes aduaneiros especiais por empresas que atuam no

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mercado comercial internacional, visto que esses regimes podem ser considera-
dos mecanismos de alavancagem da economia da empresa e do país como um
todo. Pense o seguinte: se uma empresa cresce com suas vendas, ela precisará de
mais empregados para continuar sua expansão; por conseguinte, terá que recolher
outros tributos que incidem sobre a receita gerada. Assim, consequentemente,
cria-se uma engrenagem econômica que faz o país ter ganhos econômicos. Esse é
o raciocínio lógico que temos por trás dos regimes aduaneiros especiais, que ,em
uma visão superficial, só nos faria enxergar os benefícios imediatos para aqueles
que usam tais regimes.

VAMOS RECORDAR?
Para recordar esse tema de forma rápida, deixo a indicação de um vídeo que traz
considerações pontuais quanto aos Regimes Aduaneiros Especiais.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

DESENVOLVA SEU POTENCIAL


IN D ICAÇÃO DE LI V RO

Regimes Aduaneiros Especiais


Autora: Liziane Angelotti Meira
Sobre o Livro: para se aprofundar no tema, entendo ser interes-
sante que você busque conteúdos mais profundos neste livro,
que traz uma sólida base teórica para o desenvolvimento do
seu estudo.

REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS

A ideia por trás do que são os Regimes Aduaneiros Especiais já foi introduzida
no começo deste material. Todavia, com o objetivo de abrir caminho para o
desenvolvimento do tema e considerando sua importância conceitual, entendo

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como fundamental abordá-lo para fixarmos uma base de orientação. Assim, é


importante que tenhamos como norte o entendimento firmado pela Adminis-
tração Pública que regulamenta os regimes e controla a utilização. O principal
órgão responsável por tais diretrizes é a Receita Federal, que aponta possibilida-
des estratégicas com a utilização desses regimes, quais sejam:


a) o armazenamento, no País, de mercadorias estrangeiras, por
prazo determinado, permitindo ao importador manutenção de
estoques estratégicos e o pagamento de tributos por ocasião do
despacho para consumo;
b) realização de feiras e exposições comerciais; e
c) o transporte de mercadorias estrangeiras com suspensão de im-
postos, entre locais sob controle aduaneiro (BRASIL, 2022).

Como podem ver, as oportunidades de utilização dos Regimes Aduaneiros Es-


peciais vão além do fomento à exportação de mercadorias. Tomando o Regula-
mento Aduaneiro (Decreto nº 6.759/2009, Arts. 307 e seguintes) como instrução,
podemos ver diversos regimes com as mais variadas aplicabilidades econômicas,
com as seguintes denominações:

■ Trânsito aduaneiro
■ Admissão temporária
■ Drawback
■ Entreposto aduaneiro
■ Recof
■ Recom
■ Exportação temporária
■ Repetro
■ Repex
■ Reporto
■ Loja franca
■ Depósito especial
■ Depósito afiançado
■ Depósito alfandegado certificado
■ Depósito franco (BRASIL, Decreto nº 6.759/2009)

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Desses regimes aduaneiros especiais, pretendo desenvolver aqueles que têm uma
aplicabilidade mais ampla, partindo de um viés econômico. Portanto, trarei para
vocês, de forma mais categórica, os seguintes regimes: drawback (e suas mo-
dalidades); Recof; e Trânsito Aduaneiro. Como fator principal dessa escolha,
considero uma maior movimentação econômica gerada pela utilização desses
Regimes Aduaneiros Especiais.

Drawback

Em linhas gerais, podemos dizer que o drawback é considerado a porta de


entrada dos Regimes Aduaneiros Especiais, primeiro, por ser considerado
o mais antigo no mundo e, segundo, por possibilitar que diversos setores
da economia o utilizem. Podemos dizer, ainda, que ele se resume na deso-
neração dos tributos que incidem sobre os insumos da cadeia produtiva da
mercadoria a ser exportada.
No Brasil, o drawback foi instituído pelo Decreto-Lei nº 37/1966, permi-
tindo a suspensão ou a eliminação dos tributos incidentes sobre a importação
de insumos empregados na industrialização de produtos a serem exportados.
Originalmente, eram previstas três modalidades de drawback, quais sejam: sus-
pensão, isenção e restituição.
Dessas três, a modalidade restituição é a menos utilizada, visto que se equipara
a um pedido de restituição/compensação de tributos que é facilmente operado por
outros meios — desde que exista um crédito tributário correspondente. Não entrando
no mérito desse assunto, vou me ater apenas às modalidades suspensão e isenção.
Antes de entrar nos detalhes sobre as modalidades suspensão e isenção, é perti-
nente deixar registrada a base legal e normativa que abrange ambas as modalidades.

No Brasil, o drawback surge legalmente com o Decreto-Lei nº 37/1966, mais


precisamente no Capítulo III, que trata das importações vinculadas às exportações.
O regime também é regulamentado pelo Decreto nº 6.759/2009 (Arts. 383 a 403).
Mais recentemente, tivemos a Portaria SECEX nº 44/2020, que traz mais detalhes
sobre a aplicação e os procedimentos inerentes às modalidades.

Começando pelo drawback suspensão, podemos dizer que ele consiste na desone-
ração de certos tributos que incidem sobre os insumos utilizados na industrialização

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de produtos a serem exportados, ou seja, há uma condição final para a desoneração


tributária, qual seja, a exportação. A denominação Suspensão é dada porque, com a
sendo mercadoria exportada, não haverá a necessidade de recolhimento dos tributos;
porém, caso a empresa não cumpra esse requisito, será necessário o recolhimento dos
tributos. De forma mais precisa, temos o disposto pela Portaria SECEX nº 44/2020:


Art. 2º A aquisição no mercado interno ou a importação, de forma
combinada ou não, de mercadoria para emprego ou consumo na
industrialização de produto a ser exportado poderá ser realizada
com suspensão do Imposto de Importação – II, do Imposto sobre
Produtos Industrializados – IPI, da Contribuição para o Programa
de Integração Social e o Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público (PIS/Pasep) e da Contribuição para o Financia-
mento da Seguridade Social (Cofins), da Contribuição para o PIS/
Pasep-Importação, da Cofins-Importação e do Adicional ao Frete
para a Renovação de Marinha Mercante – AFRMM (BRASIL, 2020).

Além desses tributos, o Convênio ICMS nº 27/90 prevê, em sua cláusula primei-
ra, que a empresa será isenta do ICMS nas operações de aquisição de insumos
amparadas pelo regime de drawback suspensão.
Ainda, pelo artigo citado anteriormente, você já identifica quais os tributos
estarão suspensos com a vigência do regime. Ademais, no decorrer da Portaria
SECEX nº 44/2020 (Arts. 2º a 47), você encontrará outras peculiaridades que
caracterizam o regime.
Na visão prática do regime, temos que, além de ele ser utilizado por empre-
sas que realizam a industrialização de produtos, também pode ser aplicado em
operações de reparo, criação, cultivo ou atividade extrativista de produto a ser
exportado. Diante disso, podemos ver que é um regime que pode ser utilizado
por diversos setores produtivos da economia.

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Para fazer uso desse regime, a empresa deverá cumprir alguns requisitos for-
mais e documentais, solicitando o ato concessório à Subsecretaria de Operações
de Comércio Exterior (SUEXT). Com a concessão aprovada, o prazo de vigência
do regime será de um ano, com possibilidade de prorrogação para mais um.
Caso a empresa não cumpra esse compromisso — a exportação —, além de
recolher os tributos que estavam suspensos, poderá ser exigido juros e multa. Em
função desse risco de não cumprimento da obrigação de exportar, a modalidade
Suspensão pode não ser muito vantajosa para empresas que estão iniciando os
caminhos do comércio exterior.
Na Figura 1, temos um exemplo do fluxo a ser seguido no drawback suspensão:

Figura 1 – Fluxo drawback suspensão / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: na figura, temos um esquema de fluxo interligando os processos.

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Passamos agora para a outra modalidade de drawback, denominada de isenção,


a qual também está prevista na Portaria SECEX nº 44/2020 (Arts. 48 a 75). Ao
contrário da modalidade suspensão, na isenção, a empresa terá o direito a adquirir
insumos utilizados na fabricação de produtos já exportados com a isenção de de-
terminados tributos, ou seja, nesse caso, o benefício é para a reposição do estoque
de insumos. De forma mais categórica, temos o que estabelece a Portaria SECEX:


Art. 48. A aquisição no mercado interno ou a importação, de
forma combinada ou não, de mercadoria equivalente à empre-
gada ou consumida na industrialização de produto exportado
poderá ser realizada com isenção do II e com redução a zero do
IPI, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, da Contri-
buição para o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação
(BRASIL, 2020).

Comparando o dispositivo supracitado com o que foi indicado para a moda-


lidade suspensão, já podemos ver algumas diferenças. A primeira, como já
mencionado, é que a modalidade Isenção não visa à exportação futura, mas
considera a exportação que já ocorreu para que a empresa faça jus aos benefí-
cios da isenção tributária.
Outra diferença é referente à abrangência de tributos. Ao comparar os ar-
tigos, você verá que a modalidade isenção não abrange o Adicional ao Frete
para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), além do ICMS, conforme
consta o Convênio ICMS 27/90. Dessa forma, a empresa tem uma desvantagem
econômica em vista da amplitude de benefícios contemplados pela modalidade
Suspensão. Entretanto, a modalidade isenção traz a segurança de não sofrer pe-
nalidades caso não cumpra o compromisso de exportar, visto que a exportação
dos produtos que utilizaram os insumos já ocorreu.

Semelhantemente à modalidade suspensão, a isenção também pode ser aplicada


em operações de reparo, criação, cultivo ou atividade extrativista. Dentro das
características e dos requisitos para utilização da modalidade isenção, a empresa
que for solicitar o ato concessório deve observar alguns prazos. Um desses prazos
é análogo ao prazo da modalidade suspensão, que é o período de vigência do
regime: após ser confirmado o ato concessório da Isenção, a empresa terá um ano,
prorrogável por mais um.

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O outro prazo é referente à comprovação da exportação e dos insumos utilizados


na industrialização dos produtos, conforme estabelecido no Art. 59, §1º, inciso II:


II - somente poderá ser utilizada declaração de importação ou nota fiscal
com data de registro ou emissão, conforme o caso, não anterior a 2 (dois)
anos da data de apresentação da respectiva solicitação de ato concessório
de drawback isenção ou não anterior a 5 (cinco) anos, da mesma data,
na hipótese de mercadorias empregadas ou consumidas na produção de
bens de capital de longo ciclo de fabricação (BRASIL, 2020).

Portanto, para utilizar a modalidade Isenção, a empresa terá maior tranquilidade


quanto ao compromisso de exportar, mas deverá estar atenta aos documentos
(notas fiscais, declarações de importação e declaração de exportação) para que
não ocorra a decadência sobre o benefício tributário.
Na Figura 2, temos um exemplo do fluxo a ser seguido no drawback isenção:

Figura 2 – Fluxo drawback isenção / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: na figura, temos um esquema de fluxo interligando os processos.

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Recof

O Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatiza-


do (Recof) é bem semelhante ao drawback, pois permite que a empresa beneficiária
importe ou adquira, no mercado interno, com suspensão do pagamento de tributos
(II, IPI, PIS/Pasep, Cofins e AFRMM), insumos que serão utilizados na industria-
lização de produtos destinados à exportação ou ao mercado interno.
Como você pode ver nesse conceito inicial, já é possível identificar a primeira
diferença entre o Recof e o drawback: a possibilidade de destinar os produtos
industrializados para o mercado interno. No caso do drawback, o benefício só
é garantido com a destinação para exportação.
Atualmente, o Recof é regido, de forma geral, pelo Regulamento Aduaneiro
(Decreto nº 6.759/2009, Arts. 420 a 426), com normativas mais específicas tra-
zidas pela Instrução Normativa RFB nº 2.126/2022; de forma complementar,
temos a Portaria Coana nº 114/2022.
Podemos afirmar que o Recof tem duas modalidades, mas elas vão se dife-
renciar em função do sistema a ser utilizado na vigência do regime. Dessa forma
temos o Recof Sistema e o Recof Sped:


I - Recof Sistema, quando o controle informatizado for efetuado
pela utilização de sistema informatizado de controle, integrado aos
sistemas corporativos da empresa; ou
II - Recof Sped, quando o controle informatizado for efetuado
com a utilização do Sistema Público de Escrituração Digital (BRA-
SIL,2022).

As empresas que estiverem amparadas pelo Recof – seja o Sistema ou o Sped -


estão limitadas a realizar as seguintes operações:

I- montagem;
II - transformação;
III - beneficiamento;
IV - acondicionamento ou reacondicionamento; e
V- renovação ou recondicionamento.

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O maior impeditivo para que as empresas utilizem o Recof é a questão de com-


partilhamento de informações contábeis do estoque de insumos diretamente
com a Receita Federal, que é a entrega e controle do Bloco K (livro de escrituração
contábil digital).
De forma similar ao drawback, o prazo de vigência do Recof será de um ano,
prorrogável por mais um, contado da data da liberação da mercadoria que consta
na respectiva declaração de importação para admissão no regime ou aquisição
no mercado interno.
Conforme consta na Instrução Normativa RFB nº 2.126/2022, o regime Recof
será extinto com a ocorrência de uma das seguintes situações:


I - exportação:
a) de produto no qual a mercadoria, nacional ou estrangeira, admi-
tida no regime tenha sido incorporada;
b) da mercadoria estrangeira no estado em que foi importada; ou
c) da mercadoria nacional no estado em que foi admitida;
II - reexportação da mercadoria estrangeira admitida no regime
sem cobertura cambial;
III - despacho para consumo, com o recolhimento dos tributos sus-
pensos:
a) das mercadorias estrangeiras admitidas no regime e incorporadas
a produto industrializado ao amparo do regime; ou
b) da mercadoria estrangeira no estado em que foi importada;
IV - destruição, sem o recolhimento dos tributos devidos, às expen-
sas do interessado e sob controle aduaneiro, na hipótese de merca-
doria importada sem cobertura cambial;
V - retorno ao mercado interno de mercadoria nacional, no estado
em que foi admitida no regime, ou após incorporação a produto
acabado, com o recolhimento, na qualidade de responsável tributá-
rio, dos tributos suspensos e dos acréscimos legais devidos, obser-
vado o disposto na legislação específica; ou
VI - venda direta a empresas comerciais exportadoras com fim es-
pecífico de exportação para o exterior (BRASIL, 2022).

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Figura 3 – Fluxo da importação ou compra no mercado interno / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: Na imagem, temos um esquema de fluxo interligando os processos.

Em suma, podemos dizer que o Recof seria um concorrente ao drawback, este


já consolidado como principal Regime Aduaneiro Especial em uso no Brasil
que oferece desonerações tributárias. No entanto, o Recof vem ganhando forças,
principalmente pela possibilidade de destinar parte da produção ao mercado
interno sem a incidência de juros ou multa por eventual descumprimento do
compromisso de exportar, o que já ocorre no drawback suspensão.
No Quadro 1, temos um comparativo relacionando as operações contempla-
das pelo Recof e pelo drawback suspensão:

RECOF DRAWBACK SUSPENSÃO

Montagem Montagem

Transformação Transformação

Beneficiamento Beneficiamento

Acondicionamento e Acondicionamento e
reacondicionamento reacondicionamento

Renovação ou recondicionamento Renovação ou recondicionamento

Criação, cultivo e atividade extrativista

Quadro 1 – Comparativo Recof e drawback suspensão. / Fonte: o autor.

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T E MA DE A PRE ND IZAGEM 9

Vejam que o drawback possui uma vantagem em relação ao Recof, motivo pelo
qual, além dos setores industriais, o drawback vem sendo utilizado pelo setor
do agronegócio.

Trânsito Aduaneiro

De início, ainda que bem familiar aos atuantes da área aduaneira, é importante
trazer os conceitos introdutórios inerentes ao regime de Trânsito Aduaneiro para
termos uma sequência lógica de raciocínio sobre o tema. A Receita Federal do
Brasil (BRASIL, 2022) traz a definição de Trânsito Aduaneiro como um regime
especial que permite o transporte de mercadoria sob controle aduaneiro de um
ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão do pagamento de tributos,
com base no Art. 315, do Regulamento Aduaneiro.

Conforme apresentado por Liziane Meira (2002, p. 178):

[...] o Regime Especial de Trânsito Aduaneiro é aquele concedido com o intuito de


permitir, sob controle aduaneiro e em lapso de tempo determinado (compatível
com a distância ser percorrida e com o veículo), o transporte de produto
estrangeiro ou desnacionalizado dentro do território aduaneiro nacional sem o
pagamento dos impostos incidentes sobre a operação de importação.

Para o presente estudo, devemos entender as referidas repartições como trânsito entre
zona primária e zona secundária, mas, principalmente, trânsito entre zonas primárias.

Diante desses conceitos iniciais, é possível vislumbrar, em síntese, três moda-


lidades de trânsito: trânsito de importação; trânsito de passagem; e trânsito de
exportação. Tais modalidades podem apresentar as seguintes características:
I - Trânsito de importação (mercadorias procedentes do exterior e des-
tinadas ao interior do Brasil):
■ o transporte de mercadoria procedente do exterior, do ponto de descarga
no território aduaneiro até o ponto onde deva ocorrer outro despacho;
■ o transporte de mercadoria estrangeira de um recinto alfandegado si-
tuado na zona secundária a outro;

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■ o transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente do


exterior, conduzida em veículo em viagem internacional até o ponto
em que se verificar a descarga.
II - Trânsito de passagem (mercadorias procedentes do exterior e a ele
destinadas):
Inclui-se na modalidade de trânsito de passagem, devendo ser objeto de pro-
cedimento simplificado:
■ o transporte de materiais de uso, reposição, conserto, manutenção e re-
paro destinados a embarcações, aeronaves e outros veículos, estrangeiros,
estacionados ou de passagem pelo território aduaneiro;
■ o transporte de bagagem acompanhada de viajante em trânsito; e
■ o transporte de partes, peças e componentes necessários aos serviços de
manutenção e reparo de embarcações em viagem internacional.
III - Trânsito de exportação (mercadorias previamente submetidas a des-
pacho de exportação ou de reexportação):
■ o transporte de mercadoria nacional ou nacionalizada, verificada ou despa-
chada para exportação, do local de origem ao local de destino, para embar-
que ou para armazenamento em área alfandegada para posterior embarque;
■ o transporte de mercadoria estrangeira despachada para reexportação, do
local de origem ao local de destino, para embarque ou armazenamento
em área alfandegada para posterior embarque;
■ o transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria estrangeira, nacio-
nal ou nacionalizada, verificada ou despachada para reexportação ou para
exportação e conduzida em veículo com destino ao exterior.

A base legal para o Regime de Trânsito Aduaneiro se encontra no decreto-lei nº


37/1966, mais precisamente nos Arts. 73 e 74. Com um pouco mais de detalha-
mento, temos o Regulamento Aduaneiro no Decreto nº 6.759/2009, Arts. 315 a
352, com as disposições gerais identificadas na sequência, as quais são comple-
mentadas pela Instrução Normativa SRF nº 248/2002:
■ Conceito e Modalidades.
■ Beneficiários do Regime.
■ Habilitação ao Transporte.

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■ Despacho para Trânsito.


■ Concessão e Aplicação do Regime.
■ Conferência para Trânsito.
■ Cautelas Fiscais.
■ Desembaraço para Trânsito.
■ Procedimentos Especiais.
■ Garantias e Responsabilidades.
■ Interrupção e Conclusão do Trânsito.
■ Avaria e Extravio no Trânsito.

Com essas considerações, temos que esse regime pode ser utilizado em operações
de transporte de qualquer mercadoria originada no exterior ou destinada a ele.
Mas ela pode ser usada, principalmente, quando estão vindo do exterior, visto o
benefício de recolhimento de tributos apenas na zona aduaneira de destino final.

E M FO CO

Acesse e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no con-
teúdo digital no ambiente virtual de aprendizagem.

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U N I AS S E LVI

NOVOS DESAFIOS
Diante do que foi apresentado, o principal desafio que você vai enfrentar no âmbito
profissional será identificar as oportunidades de aplicação dos Regimes Aduaneiros
Especiais em função das operações realizadas por uma empresa.
Nesse sentido, tome como exemplo uma empresa do setor do agronegócio.
Qual(is) regime(s) seria(m) interessante(s) para essa empresa utilizar? Com base
no que você pode observar, de início, o regime Recof estaria fora dessa lista de
opções, visto que suas operações desse regime não abrangem criação, cultivo
ou atividade extrativista, que são atividades intrínsecas do agronegócio. Logo,
restaria a você, profissional, oferecer algumas das modalidades do Drawback
(Suspensão ou Isenção). Seria possível também utilizar o regime de Trânsito
Aduaneiro, na hipótese de essa empresa estar realizando a importação de insu-
mos ou equipamentos, os quais seria interessante fazer o despacho e o desem-
baraço aduaneiro em uma zona aduaneira secundária, ou seja, mais próximo ao
destino nacional final da mercadoria.
Como foi apresentado no início deste tema de aprendizagem, nossa legisla-
ção traz uma variedade de Regimes Aduaneiros Especiais. Conforme o exemplo
prático demonstrado anteriormente, você deverá adequar ao uso os regimes que
serão mais vantajosos do ponto de vista econômico e logístico.

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AUTOATIVIDADE

1. As modalidades suspensão e isenção, do drawback, apesar de possuírem funções diferen-


tes são bem semelhantes, exceto por um ponto:

a) Podem ser aplicados em operações de reparo, criação, cultivo ou atividade extrativista


b) Necessitam da comprovação de uma exportação.
c) Abrangem a desoneração dos mesmos tributos.
d) São regidos pela mesma portaria.
e) Foram concebidos com a ideia de importações de insumos vinculadas às exportações
de mercadorias.

2. Entre os benefícios inerentes aos Regimes Aduaneiros Especiais, qual das alternativas não
apresenta um regime propriamente dito?

a) O armazenamento, no país, de mercadorias estrangeiras por prazo determinado.


b) Realização de feiras e exposições comerciais.
c) Prioridade nos despachos em função do certificado OEA.
d) Permite ao importador a manutenção de estoques estratégicos e o pagamento de tri-
butos por ocasião do despacho para consumo.
e) Transporte de mercadorias estrangeiras com suspensão de impostos entre locais sob
controle aduaneiro.

3. Considere as afirmativas a seguir e marque a opção correta.

I - O drawback isenção é identificado como um regime para reposição de estoque de in-


sumos.
II - O Recof pode ser aplicado em operações do agronegócio.
III - No drawback suspensão, é possível direcionar parte da produção para o mercado interno.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto-lei n.º 37, de 18 de novembro de 1966. Dispõe sobre o imposto de importação,
reorganiza os serviços aduaneiros e dá outras providências. Presidência da República. Brasília,
1966. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0037compilado.
htm. Acesso em: 22 set. 2023.

BRASIL. Decreto n.º 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Regulamenta a administração das ativi-
dades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior.
Presidência da República. Brasília, 2009. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2009/decreto/d6759.htm. Acesso em: 22 set. 2023.

BRASIL. Ministério da Economia. Receita Federal. Regimes Aduaneiros Especiais. Brasília, s.d.
Disponível em: https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e-comercio-exte-
rior/manuais/subportais-aduana-e-comercio-exterior/regimes-aduaneiros-especiais. Acesso
em: 22 set. 2023.

BRASIL. Ministério da Fazenda. Convênio ICMS 27/1990. Brasília, 1990. Disponível em: https://
www.confaz.fazenda.gov.br/legislacao/convenios/1990/CV027_90. Acesso em: 22 set. 2023.

BRASIL. SISCOMEX. Portaria SECEX nº 44/2020 (atualizada pelas Portarias SECEX nº 68, de
03/12/2020; nº 208, de 24/08/2022; e nº 216, de 30/09/2022). Ministério da Economia, 2020.
Disponível em: https://www.gov.br/siscomex/pt-br/legislacao/PortariaSECEXn.44_2020.pdf.
Acesso em: 22 set. 2023.

BRASIL. Receita Federal. Instrução Normativa RFB nº 2126, de 29 de dezembro de 2022. Diário
Oficial da União. Brasília, 2022. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2con-
sulta/link.action?idAto=128149. Acesso em: 22 set. 2023.

BRASIL. Receita Federal. Portaria Coana nº 114, de 30 de dezembro de 2022. Diário Oficial da
União. Brasília, 2022. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.
action?idAto=128149. Acesso em: 22 set. 2023.

BRASIL. Receita Federal. Conceitos e Definições. Gov.Br. Brasília, 2019. Disponível em: https://
www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e-comercio-exterior/manuais/transito-a-
duaneiro/introducao. Acesso em: 22 set. 2022.

MEIRA, L. A. Regimes Aduaneiros Especiais. São Paulo: IOB, 2002.

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GABARITO

1. Opção C. Não abrangem os mesmos tributos.

2. Opção C. A certificação OEA diz respeito a outro tema aduaneiro não ligado a Regimes
Aduaneiros Especiais.

3. Recof não é utilizado no agronegócio porque não contempla operações de criação, cultivo e
atividade extrativista. No drawback suspensão, é exigida a destinação das mercadorias para
o exterior sob pena de juros e multa incidentes sobre tributos suspensos.

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MINHAS ANOTAÇÕES

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MINHAS ANOTAÇÕES

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