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No final de agosto aconteceu o Congresso Europeu de Cardiologia, em Barcelona, na Espanha, um dos mais
importantes eventos da especialidade. Concomitantemente, a ESC publicou uma atualização de sua diretriz
para tratamento do IAM com supra-ST. O texto europeu mantém o padrão de publicações anteriores,
com uma linguagem objetiva, prática e de fácil entendimento. O artigo é focado no plano terapêutico e na
melhor abordagem a estes pacientes. Nós preparamos para vocês as principais mudanças que estão
A prioridade continua o rápido atendimento (time is muscle!) pelo protocolo de dor torácica, no qual o
paciente deve realizar, em 10 minutos, avaliação clínica direcionada, ECG de 12 derivações e administração
ECG com bloqueio de ramo: deve-se considerar angioplastia primária no paciente com dor precordial e
bloqueio de ramo novo ou presumivelmente novo, seja BRE ou BRD. A diretriz enfatiza, ainda, a
importância da estratificação invasiva com coronariografia para pacientes com dor típica e BRE ou BRD,
Oxigênio suplementar: deve ser reservado para pacientes com hipoxemia, definida como oximetria de
coronariografia precoce em até 2 horas deve ser realizada mesmo que não haja supra-ST no ECG inicial. A
ideia é contemplar casos como o IAM posterior e a obstrução da Cx, nos quais um ECG de 12 derivações
O pilar do tratamento do IAM com supra-ST é a reperfusão imediata da artéria obstruída, o que pode ser
feito por fibrinólise (trombolítico) ou angioplastia primária. Na diretriz, faz-se a definição de dois marcos
temporais: FMC, first medical contact e “diagnóstico do IAM”.
A prioridade é ter o “diagnóstico de IAM” em 10 min do FMC. Na Europa isso ocorre no serviço de
ambulância pré-hospitalar, mas em nossa realidade é pelo protocolo de dor torácica dos serviços de
emergência. A seguir, você deve decidir entre fibrinólise e angioplastia. Se a estimativa para “wire crossing”,
isto é, para abrir a lesão por angioplastia (equivalente ao tempo porta-balão das diretrizes americanas), for
superior a 120 min (incluindo transferência hospitalar) prefira a fibrinólise. Do contrário, se o tempo
A meta é 60 min para “wire crossing” em hospitais com hemodinâmica in situ e 90 min se for transferir. Ou
seja, admite-se perder até 30 min no transporte. Será isso viável em nosso país?
Houve critérios de reperfusão -> angioplastia em todos os pacientes. A novidade é que a diretriz
recomenda que seja entre 2 e 24h após início do quadro, mas deixa claro que ainda há pouca evidência
por trás dessa recomendação de tempo. O que é definitivo: todos os pacientes com IAM com supra-ST
A anticoagulação plena deve ser feita com heparina de baixo peso molecular (enoxaparina), mantida
A recomendação para stent farmacológico é colocada como nível I de evidência, ou seja, deve ser feito
salvo contraindicações.
É recomendada a estratégia de revascularização completa, isto é, tratando o vaso culpado (IRA, infarct
related artery) e outras lesões significativas (> 50-70% obstrução) presentes. O que não está claro é se
vale a pena abrir todas as lesões na angioplastia primária ou “em segundo tempo”, isto é, em um segundo
CAT dias depois. Aqui, vale ressalva que esta evidência ainda é IIa e há espaço para mais estudos, pois já
há pesquisas mostrando que, em pacientes estáveis, o ideal é usar FFR para guiar quais destas lesões
devem ser tratadas. No paciente com choque cardiogênico a história é outra: a estratégia de
48h.
Angioplastia: a preferência são os novos inibidores da P2Y12, ticagrelor ou prasugrel. Cangrelor é opção,
Inibidores IIb/IIIa: perderam espaço e ficaram reservados como medida de exceção na angioplastia difícil,
Em pacientes de alto risco, o ticagrelor pode ser mantido até 36 meses após o IAM.
As estatinas em dose máxima são mantidas como recomendação nível I, devendo ser iniciadas nas
primeiras 24 horas. Para os pacientes que permanecerem com LDL > 70 mg/dl a despeito de dose máxima
Os betabloqueadores devem ser iniciados nas primeiras 24 horas, podendo ser a 1ª dose feita por via
após a alta, com estudos recentes questionando se há necessidade de tratamento por toda a vida. Como
não há consenso ainda, a diretriz coloca como mandatório manter o betabloqueador quando a FE ≤ 40%.
Nos demais casos, ela deixa em aberto e nossa sugestão é manter nos pacientes que tolerarem bem, pois
Uma situação complexa é a ocorrência do IAM com supra-ST em pacientes anticoagulados, seja com
O momento da alta
Após a saída da terapia intensiva, avalie seu paciente no quarto ou unidade intermediária. Utilize
ferramentas para estratificar o risco, como a função sistólica do VE, um dos parâmetros prognósticos mais
importantes; escores como GRACE e TIMI e, destacado na nova diretriz, o escore PAMI-II, no qual pacientes
com < 70 anos, fração ejeção do VE > 45%, doença uni ou bivascular tratada com sucesso e sem arritmias
poderá ter alta precoce, definida como aquela 2 ou 3 dias após angioplastia primária.
Com o advento da angioplastia, a estratégia de realizar um teste funcional antes da alta tem sido deixada
de lado. A diretriz destaca que há pouca evidência para definir quando é o momento ideal de reavaliar
isquemia residual e função do VE, mas sugere que seja entre 6 e 12 semanas após a alta hospitalar.
O que é MINOCA?
MINOCA significa Myocardial Infarction with Non-Obstructive Coronary Arteries. Isto é, é o infarto sem
placa de aterosclerose obstrutiva na coronariografia. Em um paciente com supra-ST, não há como fazer
este diagnóstico antes do CAT. Por isso, as etapas iniciais do atendimento são as mesmas. Mas o que fazer
As etiologias mais comuns são IAM tipo 2, com consumo de O2 maior que oferta; doenças da parede
para avaliar estrutura miocárdica e se há de fato dano muscular. Não há um tratamento universal
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Nova diretriz para tratamento do IAM com supra-ST e mais no ROUND PEBMED
Autor:
Referências:
Authors/Task Force Members:, Borja Ibanez, Stefan James, Stefan Agewall, Manuel J. Antunes, Chiara
Bucciarelli-Ducci, Héctor Bueno, Alida L. P. Caforio, Filippo Crea, John A. Goudevenos, Sigrun Halvorsen,
Gerhard Hindricks, Adnan Kastrati, Mattie J. Lenzen, Eva Prescott, Marco Roffi, Marco Valgimigli, Christoph
Varenhorst, Pascal Vranckx, Petr Widimský, Document Reviewers: ; 2017 ESC Guidelines for the
management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation: The Task
Force for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation
https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehx393
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