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Curso de Licenciatura em Enfermagem 2023 - 2024

FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA

DOCENTES: JOÃO MANUEL GARCIA DO NASCIMENTO GRAVETO (Regente)


ANABELA DE SOUSA SALGUEIRO-OLIVEIRA
ELISABETE PINHEIRO ALVES MENDES FONSECA
MARIA DO CARMO MARTINS FERNANDES
TERESA MARGARIDA ALMEIDA NEVES
AGENDA

i. Procedimentos Gerais e técnica(s) de


Preparação, administração, controlo e registo de
terapêutica por via endovenosa (continuação):

 Cateterismo venoso periférico


PARA AS DIFERENTES VIAS

 DEFINIÇÃO

 FINALIDADES/OBJETIVOS

 VANTAGENS/DESVANTAGENS/CONTRA-INDICAÇÕES

 RECURSOS MATERIAIS

 EXECUÇÃO DE PROCEDIMENTOS
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Vias Parentéricas: 10 Princípios Orientadores

Ações de enfermagem Justificação

1. Verificar a prescrição médica e comparar com a 1. Prevenir erros;


folha de registo de terapêutica;

2. Conferir a folha de registo de terapêutica com o 2. Prevenir erros;


respetivo medicamento;

3. Lavar as mãos antes e após a execução do 3. Prevenir contaminação;


procedimento;
4. Prevenir erros;
4. Preparar o material necessário e transportá-lo
para a unidade da pessoa; Economizar tempo;
Vias Parentéricas: 10 Princípios Orientadores

Ações de enfermagem Justificação


5. Identificar pessoa; 5. Prevenir erros;

6. Explicar o procedimento à pessoa e pedir 6. Informar e estimular a sua


a sua colaboração; independência;

Criar uma relação de confiança;

7. Se necessário fechar a porta, a cortina 7. Promover a privacidade;


e/ou o biombo;
Vias Parentéricas: 10 Princípios Orientadores

Ações de enfermagem Justificação


No final de cada procedimento:

8. Reinstalar a pessoa, se necessário; 8. Proporcionar conforto;

9. Providenciar a recolha e arrumação do 9. Economizar tempo;


material;
Prevenir a contaminação;

10. Assinar a folha de registo de terapêutica 10. Confirmar a administração da


e efetuar notas de evolução. terapêutica.

Nota: A não administração também deve ser registada, identificando o motivo.


HIGIENE DAS MÃOS: MODELO CONCEPTUAL DOS 5 MOMENTOS

Algoritmo dos cinco momentos para higiene das mãos

Fonte: Direcção-Geral de Saúde (2019)


Preparação do Medicamento a Administrar

Terapêutica Parentérica

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Terapêutica Parentérica

• Técnica Asséptica Rigorosa

• Seleção do local de administração

• Prevenir lesão de tecidos e/ou nervos

• Vigiar cuidadosamente

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VIA ENDOVENOSA
Cateterismo
venoso periférico
Seleção da Veia
Critérios para a Seleção da Veia

 Procurar uma veia que não esteja endurecida ou inflamada.

 Quando possível, a primeira opção deve recair numa veia distal dos
membros superiores (esquerdo, se o doente é dextro; direito, em doentes esquerdinos),
optando sequencialmente por:
1. Dorso da mão - veias metacarpianas. Vantagem - permite a mobilidade do membro e, se ocorrer
alguma complicação, permite utilizar uma veia mais proximal;

2. Antebraço - veias cefálicas ou basílicas;


3. Face interna do cotovelo - veias cefálicas ou basílicas. São indicadas para infusões rápidas ou
colheita de sangue. Não devem ser utilizadas em perfusões prolongadas (limitam mobilização do membro);

4. Excecionalmente, pode ser puncionada uma veia dos membros inferiores (veia safena);

(Castilho & Loreto, 2000)


Locais de
Venopunção
Locais de Venopunção

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Cateterismo
venoso periférico
Cateterismo venoso
periférico

Consiste nas intervenções a desenvolver


durante a introdução de um cateter numa
veia periférica.
(ACSS, 2011)
60% a 90% das pessoas internadas necessitam de, pelo menos,
um cateter venoso periférico para cumprir o plano terapêutico

Procedimento hospitalar invasivo mais comum, a nível mundial…

(Helm, Klausner, Klemperer, Flint, & Huang, 2015)


Cateterismo
venoso
periférico
Assegurar o acesso ao sistema venoso
periférico com fins terapêuticos e/ou
diagnósticos.
Objetivo
Orientações Gerais

• Executar técnica assética (mantida SEMPRE na inserção/manipulação);

• Cateterizar preferencialmente nos locais de eleição para administração de


terapêutica intravenosa como o dorso da mão e antebraço (Infusion Nurses Society,
2021);

• Iniciar a cateterização, preferencialmente, pela zona mais distal do membro,


para preservar a rede venosa (Royal College of Nursing, 2016);

• Atender ao tempo de atuação do antissético;


Orientações Gerais:
Evitar Puncionar:
• Membro dominante da pessoa;

• Locais anatómicos de flexão;

• Membro afetado em pessoa com hemiplegia;

• O membro superior do lado onde se realizou mastectomia com esvaziamento ganglionar;

• Membro com fístula arteriovenosa ou prótese vascular para hemodiálise;

• Bifurcações venosas, veias esclerosadas, zonas de contusão, de queimadura ou com tatuagens e


anteriores locais de punção;

• Membros inferiores, pela alta taxa de complicações associadas, especialmente em pessoas com
comprometimento de índole neuro-vascular
(Infusion Nurses Society, 2021; Royal College of Nursing, 2016).
Recursos Materiais
Recursos Materiais

Carro ou tabuleiro com:

• Resguardo descartável;

• Luvas não esterilizadas (Direção-Geral da Saúde, 2015);

• Garrote descartável (ou reutilizável, previamente descontaminado);

• Cateter(s) endovenoso(s) adequado(s) à finalidade (sempre que possível de menor calibre);

• Dispositivo para tricotomia com lâmina descartável ou tesoura (se necessário);

• Antissético, preferencialmente gluconato de cloro-hexidina com concentração >0,5% em


solução alcoólica. Em alternativa, poderá ser utilizado álcool isopropílico a 70% (Infusion Nurses Society, 2021);

• Compressas/bolas de tecido-não-tecido para antissepsia e hemostase;


Recursos Materiais

Carro ou tabuleiro com:

• Penso de película esterilizado com zona de transparência;

• Adesivo antialérgico (se necessário, com tiras previamente cortadas);

• Penso rápido (se necessário);

• Conector indicado (exemplos: válvula unidirecional antirrefluxo, conector, prolongador, ou


torneira de três vias) (Royal College of Nursing; 2016);

• Seringa com solução estéril isotónica (exemplo: soro fisiológico a 0,9%) para flush do cateter
venoso periférico e dispositivo (National Infusion and Vascular Access Society, 2019);
Recursos Materiais

Carro ou tabuleiro com:

• Recipiente para corto-perfurantes;

• Saco ou recipiente para resíduos hospitalares (Direção-Geral da Saúde, 2014);

• Almofada (se necessário);

• Tecnologias de deteção e seleção de acessos venosos periféricos (se necessário, como ultrassom e
luz quase-infravermelha);

• Caso se aplique, fármaco para administração e material necessário (ver Guia de Preparação de
Medicação Parentérica).
Procedimento

Polpa dos dedos é mais sensível para avaliação!


Para dilatar mais a veia, se necessário:
Procedimento • A pessoa pode colaborar, fechando e apertando a
mão;

• Tocar a veia com os dedos (previamente à antissepsia da pele);

• Pender ligeiramente o braço;

• Aplicar compressa quente na zona (previamente à


antissepsia da pele)

(JBI, 2019)

Atrito vigoroso e múltipla percussão de uma veia pode causar


hematoma, particularmente em idosos!
Procedimento

21. Tracionar a pele circundante à zona de punção respeitando


a técnica no touch.
Procedimento
Procedimento
Procedimento
Procedimento
Procedimento
Procedimento
Flebite Infiltração

Via Endovenosa

Extravasamento
Obstrução
Tromboflebite
Exteriorização acidental do cateter
Hematoma
Lesões de vasos e/ou nervos
Efeitos de instalação rápida de efeitos indesejáveis
Complicações… Reação vasovagal
Embolia gasosa
Septicémia

Via Endovenosa: complicações
Cateterismo
venoso Antissepsia da pele
periférico
Fixação e estabilização

Flushing

Áreas de Seleção e punção de veias


melhoria…
Antissepsia da pele

 Preferencialmente, gluconato de cloro-hexidina


com concentração > 0,5% em solução alcoólica.
Em alternativa, poderá ser utilizado álcool
isopropílico a 70% (Infusion Nurses Society, 2021);

 Respeitar tempo de atuação do antissético (secar 30


a 60 segundos).
 Não deve impedir circulação periférica ou circuito de

Cateterismo prolongadores/conectores;

venoso  Substituição de pensos de acordo com semi-vida (ver

periférico folheto informativo do dispositivo) ou quando


integridade comprometida;

 Fixação, preferencialmente, com penso de película


transparente.
Fixação e estabilização
Cateterismo  Flush e aspiração antes de cada utilização;

venoso  Entre administrações múltiplas de terapêutica, deverá

periférico ser realizado flush;

 O flush deve ser feito com Cloreto de Sódio 0,9%


(sem aditivos).

Flushing

Administração, através de seringa, de soro fisiológico no lúmen do cateter.


Objetivo: limpar a parede e evitar a formação de coágulos/fibrina ou precipitação de
fármacos.
Cateterismo
venoso
periférico

Flushing
Flush com soro fisiológico!
Sem risco de trombocitopenia associado à administração de heparina!
Recomendações

Flush do cateter venoso periférico e dispositivo:

• Recomenda-se um volume mínimo que perfaça o dobro do volume interno do


cateter e dispositivos conectados.

• Todavia, um volume entre 5 e 10 mL apresenta melhores resultados na remoção de


depósitos de fibrina e precipitado farmacológico do lúmen interno do cateter.

(Infusion Nurses Society, 2016)


Cateterismo
venoso
periférico LUZ QUASE INFRAVERMELHA

 Aumenta sucesso de cateterização à 1ª tentativa

 Reduz complicações locais (ex. hematoma)

Seleção e punção de veias  Reduz tempo procedimental


(tecnologias inovadoras)  Aumenta satisfação da pessoa
Cateterismo
venoso
periférico ECOGRAFIA/ULTRASSOM

 Método inócuo, não invasivo, imagem em tempo real

 Imagem gerada de acordo com a densidade das


estruturas:
Seleção e punção de veias
 Menos denso – imagem mais escura - preto (ex: sangue)
(tecnologias inovadoras)
 Mais denso – imagem mais clara - branco (ex: osso)
Útil para:

Cateterismo 

Veias não visíveis e/ou palpáveis;
Obesidade;

venoso  Edemas.

periférico

Vantagens:
 Avaliação da profundidade/calibre da veia;
Seleção e punção de veias
 Identificar trajeto da veia;
(tecnologias inovadoras)
 Visualização do bisel do cateter.
Cateter
Como proceder? obstruído
Cateterismo
venoso Clinicamente indicado
periférico
Sinais de flebite

Sinais de infeção

Remover, se… Cateter não funcionante/permeável

(JBI, 2018)
Bibliografia

• Administração Central do Sistema de Saúde. (2011). Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Ministério da Saúde, Lisboa.

• Direção-Geral da Saúde. (2014). Resíduos Hospitalares (Documento de Orientação) (pp.1-45). Direção-Geral da Saúde: Direção de Serviços de
Prevenção da Doença e Promoção da Saúde, Divisão de Saúde Ambiental e Ocupacional.

• Direção-Geral da Saúde. (2015). Norma nº 013/2014 de 07/08/2015: Uso e Gestão de Luvas nas Unidades de Saúde (pp. 1-36). Direção-Geral da
Saúde.

• Direção-Geral da Saúde. (2019). Norma nº 007/2019 de 16/10/2019: Higiene das Mãos nas Unidades de Saúde (pp. 1-46). Direção-Geral da Saúde.

• Dougherty, L., & Lister, S. (2015). The Royal Marsden Hospital manual of clinical nursing procedures (9th ed., pp. 1-1030). Wiley-Blackwell.

• Infusion Nurses Society (2016). Infusion therapy standards of pratice. J Infus Nurs, 39, 1-160.

• Organização Mundial de Saúde. (2016a). Decontamination and Reprocessing of Medical Devices for Health-care Facilities. (pp. 1-118). Genebra, Suíça:
Organização Mundial de Saúde.

• Organização Mundial de Saúde. (2016b). WHO guideline on the use of safety-engineered syringes for intramuscular, intradermal and subcutaneous
injetions in health care settings. (pp. 1-49). Genebra, Suíça: Organização Mundial de Saúde.

• Stephenson, M. (2019). Evidence Summary. Intramuscular Injetion: Technique. The Joanna Briggs Institute EBP Database.

• The Joanna Briggs Institute (2019). Recommended Practice. Peripheral Intravenous Cannula: Insertion. The Joanna Briggs Institute EBP Database,
JBI@Ovid. 2019; JBI14046.

• The Joanna Briggs Institute. Recommended Practice. Peripheral Intravenous Cannula: Removal. The Joanna Briggs Institute EBP Database, JBI@Ovid.
2018; JBI14047.

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