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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE LINGUAGENS
CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS/LÍNGUA PORTUGUESA

WAGNER APARECIDO DA SILVA

RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO I:


LÍNGUA PORTUGUESA

Cuiabá – MT
OUTUBRO/2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE LINGUAGENS
CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS/LÍNGUA PORTUGUESA

WAGNER APARECIDO DA SILVA

RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO I:


LÍNGUA PORTUGUESA

Relatório de Estágio Supervisionado I: Língua


Portuguesa sob a orientação da Profa. Dra. Caroline
Pereira de Oliveira apresentado como exigência
parcial para a aprovação na disciplina citada.

Cuiabá – MT
Outubro/2023
SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................... 3

INTRODUÇÃO............................................................................................................... 4

1 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 6

1.1 O que são gêneros textuais? ............................................................................... 6

1.2 E sobre o estudo dos Contos? ............................................................................ 7

1.3 Como ficam os elementos Gramaticais? ............................................................ 8

2 OBSERVAÇÃO ..................................................................................................... 10

2.1 Dia 1 ................................................................................................................. 10

2.2 Dia 2 ................................................................................................................. 12

2.3 Dia 3 ................................................................................................................. 14

2.4 Dia 4 ................................................................................................................. 15

2.5 Dia 5 ................................................................................................................. 19

2.6 Dia 6 ................................................................................................................. 21

2.7 Dia 7 ................................................................................................................. 22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 26

APÊNDICES ................................................................................................................. 27
3

RESUMO

A faculdade de Letras – Habilitação em Língua Portuguesa – exige como disciplina


obrigatória o Estágio Supervisionado, ministrado nos dois últimos anos da graduação. Sendo
o primeiro ano reservado ao Estágio Supervisionado de Observação, neste momento cada
aluno deverá passar pela experiência de sala de aula, encarando o andamento da regência de
um professor na disciplina de Língua Portuguesa na Educação Fundamental II.
Minha experiência abrangeu a observação em uma Escola Municipal de Educação
Básica de nível Fundamental II – 7º a 9 ºs anos. O tempo total de estágio observado foi de 25
horas, conforme o registro diário existente na ficha de frequência em anexo neste trabalho.
Nesta unidade realizei sete dias de observação. Tive contato com os alunos e com a didática
da professora, a disciplina era regida conforme planejamento, que por sua conta estava de
acordo com aquilo proposto pela secretaria municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer
da Prefeitura de Várzea Grande (SMECEL).
Palavras-chave: Estágio, Observação, Língua Portuguesa, Várzea Grande, Educação
Fundamental II.
4

INTRODUÇÃO

O presente relatório almeja discorrer sobre as experiências apreendidas durante as


aulas ministradas semanalmente do período de 02-08 a 10-08 de 2023. A instituição de ensino
escolhida para a observação é uma Unidade da Secretaria Municipal de Educação, Cultura,
Esporte e Lazer (SMECEL) da Prefeitura de Várzea Grande: EMEB Manoel Corrêa de
Almeida, sita à rua Manoel Lino Moreira, S/N °, bairro Alameda, telefone: 36852834, e-mail
emebmanoelcorrea@gmail.com, coordenadora professora Ida Rigo e diretor professor Jalme
Santana de Figueiredo.
Este trabalho é referente ao Estágio Supervisionado I de Observação em Língua
Portuguesa do curso de Letras, habilitação em Língua Portuguesa da UFMT. Coordenado pela
professora Doutora Caroline Pereira de Oliveira e supervisionado pela Professora Ida Rigo,
coordenadora pedagógica dos últimos anos do Ensino Fundamental II da unidade educacional
supracitada.
O objeto deste estágio é a observação de aulas referentes à disciplina de Língua
Portuguesa em ambiente escolar de nível fundamental II. As turmas escolhidas foram regidas
pela professora Marbenes Sotomayor, pedagoga e formada em Letras.
A escola atende crianças na educação infantil II até jovens do 9º. ano, além deste
nível, a prefeitura ainda oferece o projeto Escola em Tempo Ampliado (E.T.A.) para jovens
do Nível Fundamental II e períodos alternados de aulas de reforço com professores
específicos para cada disciplina. O E.T.A. não é obrigatório, sendo oferecido como um
complemento à educação normal, incluindo Educação Física.
A escola possui quatro pavilhões:
Pavilhão 1: Diretoria, Secretaria, Cozinha e Refeitório.
Pavilhão 2: Sala de Vídeo, Sala dos professores, Salas de aula
Pavilhão 3: Salas de aula dos anos finais e anos iniciais.
Pavilhão 4: Biblioteca e Coordenação Pedagógica.
A estrutura antiga foi uma escola estadual municipalizada, desde então, não sofreu
uma adequada reforma.
Pontos negativos: Rede de esgoto deficitário, Banheiros com estrutura antiga não
alcançando as necessidades de crianças abaixo de dez anos.
Pontos positivos: Salas climatizadas, Carteiras e cadeiras em ótimo estado de
conservação, Cozinha equipada e refeitório amplo, Quadra poliesportiva coberta,
extremamente útil para a realização de esportes e outros eventos.
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Quanto à alimentação a escola oferece cinco refeições: Lanche pela manhã (Educação
Infantil), Almoço na metade da manhã, Lanche da tarde (Educação Infantil), Almoço ao
meio-dia para o E.T.A. Almoço na metade da tarde.
Os profissionais educadores são permitidos se alimentarem durante o turno de
trabalho, resguardando sempre o direito dos estudantes.
A primeira aula começa às 7h da manhã, com dez minutos de tolerância. São exigidas
pontualidade e indumentária de uniforme, embora não exista na prática a proibição de entrada
fora da pontualidade ou sem a indumentária necessária. É a política da SMECEL, em todas as
unidades escolares e Creches Municipais não existe a proibição do estudante entrar nas
instituições, ainda que sejam estimulados a serem pontuais e a utilizarem uniformes. Existe o
cuidado de não misturar indivíduos menores que sexto ano com os demais indivíduos
maiores, devido ao comportamento próprio do adolescente e da criança e isso reflete,
inclusive, nos horários diferenciados do recreio para a merenda. As crianças saem primeiro,
os jovens quinze minutos após o retorno das crianças.
Salas de aula com quadros de vidro temperado (2m50cm x 1m50cm) de versos
pintados em tinta branca, este são chumbados à parede. As salas têm as paredes azulejadas
até a altura de 1m50cm em piso branco. A Escola utiliza de material didático em todas as
disciplinas, uma espécie de apostilão em brochura. Os estudantes são estimulados a terem um
caderno, onde terão de copiar os exercícios, respondendo as questões nos cadernos.
A professora Marbenes Sotomayor além de discente formada em Letras, é pedagoga.
Suas aulas seguem a estrutura do planejamento que SMECEL incentiva, em outras palavras, a
Gramática Normativa impera.
Cada turma tem características muito específicas que se tornam distintas à medida que
se envelhecem. São enturmados em questões de artes, sejam elas cênicas, esportivas e quando
existe alguma espécie de concurso literário participam dentro dos limites que a atividade lhes
impõe. São cinco turmas, números bem variáveis de matriculados e presentes. Entre vinte e
quinze alunos, sem lugares cativos.
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1 REFERENCIAL TEÓRICO

De uma maneira geral o estágio supervisionado de observação se fundamentou no


estudo do texto, dos gêneros textuais. Pormenores como gêneros das palavras, transitividade
dos verbos, vírgula, figuras de linguagem, ortografia e vocabulário apareciam sempre dentro
do estudo do texto enquanto gênero.

Nas unidades da SMECEL sobretudo nas EMEB’s tra balham sobre datas.
Exploram no mês de Agosto o folclore nacional (dia 22 de agosto é o dia do folclore no
Brasil). A partir deste fato fazem todas as atividades, seja em L. Portuguesa, História,
Geografia, Artes, etc. Assim, o conto foi o texto mais explorado dentro do conceito
estabelecido. Além do próprio texto elucidativo sobre o que são Contos e Lendas.

1.1. O QUE SÃO GÊNEROS TEXTUAIS?

A linguística é um campo repleto de gêneros textuais diversos, como se pode


facilmente descobrir através de uma bibliografia abrangente. A variedade de textos pode
abranger desde estudos gramaticais até teorias linguísticas complexas. Uma compreensão
mais ampla das diversas formas de obras escritas ajuda a compreender com maior facilidade
o mundo multifacetado da linguística. Esses trabalhos também podem ajudar um estudante,
acadêmico ou pesquisador interessado a encontrar mais facilmente uma área de interesse na
área. Com muitos textos para escolher, esta bibliografia pode ser um tesouro de
conhecimento para quem deseja aprender mais sobre as artes da linguagem. Em vários
ramos da teoria linguística e da comunicação, o tópico dos gêneros textuais continua sendo
um foco predominante. Vários pontos de vista foram explorados, resultando em uma
compreensão mais profunda da essência do texto e da interação interpessoal. Dê uma olhada
na lista de fontes bibliográficas a seguir para investigar mais detalhadamente os gêneros
textuais no domínio da linguística.

Vários autores tentam definir ou elucidar os gêneros textuais:

Bakhtin (1986) explora a natureza dos tipos de fala e como eles refletem
diferentes áreas da atividade humana. Centra-se na interação entre locutor e ouvinte,
enfatizando a importância do tipo de texto na construção do significado.
7

Swales (1990) propõe uma abordagem sistemática para analisar gêneros


textuais, particularmente em contextos acadêmicos e de pesquisa. Ele introduziu o conceito
de movimento no gênero acadêmico, mostrando como diferentes partes de um texto
contribuem para seu propósito comunicativo.

Martin & Rose (2008) exploram como os gêneros textuais se relacionam com as
estruturas sociais e culturais. Os autores propõem uma teoria de como os gêneros emergem
das práticas sociais e como são usados para construir significados em diferentes contextos.

Fairclogh oferece uma perspectiva crítica sobre os gêneros textuais, examinando


como eles são usados para manter relações de poder e ideologia. Propõe métodos para
analisar o discurso (incluindo tipos de texto) em contextos sociais e político.

Eggins & Martin (2004) fornecem uma visão abrangente de diferentes gêneros
textuais e registros discursivos. Os autores destacam as diferenças de estrutura e linguagem
entre os gêneros, dependendo do contexto em que são utilizados.

Esses trabalhos representam apenas uma pequena parte do amplo campo de


estudo dos tipos de texto em linguística. Demonstram como os gêneros são fundamentais
para nossa compreensão da comunicação humana, refletindo não apenas estruturas
linguísticas, mas também práticas sociais, culturais e políticas.

1.2. E SOBRE O ESTUDO DO CONTO?

Nos campos da linguística e da teoria literária, o estudo da estrutura do texto do


conto é uma área de pesquisa que abrange uma variedade de métodos e teóricos. Diferentes
estudiosos analisaram a estrutura textual dos contos, examinando elementos como enredo,
personagem, tempo, espaço e narrador. Aqui estão alguns teóricos notáveis que
contribuíram para o campo:

a) Vladimir Propp: Propp é mais conhecido por seu trabalho “A morfologia do


conto maravilhoso” (1928), no qual identificou trinta e uma funções narrativas recorrentes
nos contos de fadas russos. Ele descreveu a estrutura básica do conto de fadas em termos de
personagens e ação, estabelecendo um modelo para análise posterior.

b) Claude Lévi-Strauss: O Antropólogo Estruturalista CLS, introduziu o coneito


de estrutura profunda nas narrativas populares no seu livro “O Pensamento Selvagem”
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(1962), ele acreditava que os mitos e contos populares seguiam padrões estruturais
universais e revelavam aspectos fundamentais do pensamento humano.

c) Roland Barthes: propôs a análise estrutura dos contos em seu ensaio “A


Estrutura do Texto Narrativo” (1966), Ele identifica diferentes funções nos textos narrativos
como função de ação, função comunicativa, função referencial e função temática que
contribuem para uma compreensão mais profunda da estrutura do texto.

d) Tzvetan Todorov: Todorov contribuiu com a teoria da narrativa quando


incluiu o conceito de “Equilíbrio” e “desequilíbrio” na estrutura da narração. Argumenta
que em vários contos há um padrão de equilíbrio inicial, depois uma perturbação,
culminando em uma busca para recuperar aquilo que foi perdido.

O conto, então, conforme diversos autores é um elemento universal que pode ou


não apresentar uma estrutura comum, mas que expressam dentro de sociedades diferentes,
elementos comuns culturais e sociais.

1.3. COMO FICAM OS ELEMENTOS GRAMATICAIS?

É muito amplo o estudo dos elementos gramaticais. Seja o emprego da vírgula,


das figuras de linguagem, da transitividade verbal, assim, neste momento debaterei sobre a
importância da gramática normativa e de uso em sala de aula.

Conforme Possenti (2012), a gramática normativa é a voz de uma classe social


de prestígio, sob o debate de Zolin-Vesz (2019) a Gramática Normativa vê-se também
apoiada em grandes escritores canônicos para ratificar seu predomínio nos meios oficiais –
sob uma perspectiva de exclusão e dominação do poder. Em sala de aula não se deve abolir
a normativa, mas se deve contemporaneizar o ensino e estudo da língua portuguesa sob o
viés da Gramática de Uso ou como prefere Posssenti, não excluir a Gramática Internalizada
e a Gramática Descritiva. A estrutura na qual a Língua Portuguesa está alicerçada nas
instituições de ensino confunde Ensino de Língua Portuguesa com Ensino de Gramática
Normativa, excluindo e apagando as outras frentes, excluindo falares, dizeres, realidades em
que se demonstra que a língua é muito mais ampla. Cria-se um processo de Diglossia:
ensina-se uma língua na sala de aula, mas se falam e escrevem outra no cotidiano. A
Gramática Normativa, assim, é muito estreita, não é suficientemente capaz de abraçar o
contexto, elemento este, aliás, inimigo da normativa.
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Não expresso aqui o desejo de se excluir a Gramática Normativa do ambiente


escolar, outrossim, confirmo que a Gramática de Uso deve ser apresentada como elemento
de identidade, comparando-se à Gramática Normativa enquanto expressão, visando assim
não excluir, não apagar outras vozes.
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2 OBSERVAÇÃO

2.1 Dia 1

Cheguei um pouco atrasado. Falei com a Coordenadora Pedagógica do Ensino


Fundamental II. Encaixei-me na sala onde encontrava-se a professora de Língua Portuguesa.
Era um dia de jogo da copa do mundo, dia 2 de agosto de 2023. A aula atrasou um pouco,
na sala apenas uma aluna e a professora estavam. Conversei com a professora.
Apresentamo-nos, perguntou-me sobre minha formação atual e passada, perguntou-me se eu
já estive em sala de aula. Ela me explicou como eram as aulas ministradas por ela, incluindo
uma breve análise dos alunos daquela sala.

Ela me apresentou como um professor da UFMT, vindo para a unidade para fazer
uma pesquisa em sala de aula. Alguns já me conheciam pela atribuição que já exerço na
SMECEL na unidade como TDI (Técnico em Desenvolvimento Infantil).

Ao ser inquerida sobre a competência de leitura daquela sala, a professora decidiu


fazer uma aula de leitura de um texto do próprio livro didático. Diagnostiquei: problemas
com leitura ansiedade, nervosismo, não respeitam os sinais de pontuação, não entendem a
prosódia das palavras, principalmente em verbos no Pretérito Mais que Perfeito simples que
confundem com o Futuro do Presente Simples.

Na sala há dois Venezuelanos – um deles se prontificou a ler, mas sua leitura se


remeteu a tentar adequar as palavras portuguesas à prosódia/ortoépia espanhola, o outro
estudante se recusou a ler, embora eu tenha observado que fala com certa facilidade o
português com seus colegas. Dois outros alunos vieram até mim – ao saber que teriam de ler
em público – e pediram para ler em voz baixa de meu lado. A professora permitiu e eles
leram e leram bem, respeitando dentro dos limites medianos de uma leitura normal.

A partir deste exemplo meio que suspeitei que não é, de fato, uma atividade
estimulada em sala de aula. Acredito que a professora não tenha praticado exatamente como
é uma aula regular aquilo que observei.

De uma maneira geral, eles são mais tranquilos, existem momentos mais difíceis que
outros. As saídas para o banheiro ou beber água são bem comuns e em boa parte acontece
simplesmente para conversar com alguém de outra sala. A professora consciente disso, não
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lhes libera o tempo todo. Um problema é o celular, a professora por vezes criticou
salientando que seria convidado a ir até a sala da coordenação para conversar com a
Coordenadora por conta do celular.

O “bullying” foi algo marcante. Seja por conta de nacionalidade (Um dos
venezuelanos era chamado de “mexicano”), seja por conta de um contexto de
comportamento afeminado ou por conta de times de futebol. Até este momento a professora
não agiu, apenas pediu silêncio e seguiu com a disciplina.

A professora não usou nenhuma mídia eletrônica de apoio em sua aula. Utilizou os
exercícios que exploravam o texto do livro didático que, aliás, era o mesmo que o a
Secretaria de Estado de Educação utiliza. A rotina diária é que cada aluno copie os
exercícios no caderno e os resolva.

Na escola exige-se uniforme e cada aluno possui de 2 a 3 pares de camiseta e


Bermuda (acessório). A professora exigiu cobrando de que está sem pelo menos a camiseta.
Normas da escola/ gestão: na terceira vez os pais serão alertados. Séries finais e uma
interrogação sobre esta conduta. Na Educação Infantil isso funciona bem.

As turmas do primeiro dia são tranquilas – dentro do parâmetro de que pode se


esperar de adolescente e pré-adolescentes. Eles leem em sua maioria bem, parecem
compreender a leitura com os exercícios que resolvem.

A professora trabalho na maioria das salas Gênero Textual – O Conto. Um resumo


na lousa de vidro com canetão preto sobre Conto e Suas Características. Segue abaixo o
texto que os alunos copiaram no caderno:

Gênero Conto
Um conto é um tipo de narrativa curta e ficcional que conta uma história envolvente
e emocionante em um espaço limitado. Ele possui todos os elementos básicos de uma
história, como personagens, cenário, enredo e mensagem, mas é escrito de forma concisa,
geralmente em poucas páginas.

Características do Conto:
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1. Extensão curta: ao contrário de romances ou novelas, os contos são mais curtos,


o que permite que a história seja lida em pouco tempo.
2. Enredo focado: o conto tem um enredo bem definido que se concentra em um
único evento ou conflito central. Isso torna a história mais focada e direta.
3. Personagens limitados: em geral os contos têm um número menor em comparação
com outras formas literárias, permitindo ao leitor se concentrar mais neles.
4. Clímax e resolução: mesmo sendo curtas as histórias de contos têm um ponto
culminante emocionante e uma resolução satisfatória.
5. Mensagem ou moral: Muitos contos trazem consigo uma lição de vida ou moral,
que o leitor pode aprender ao fim da história.
Há vários tipos de contos: realistas, populares, fantásticos, de terror de humor,
infantis de fadas, psicológicos. A estrutura deste gênero textual é composta por quatro
partes:
- Apresentação de enredo;
- Desenvolvimento dos acontecimentos;
- Momento de tensão, e
- Solução / Desfecho.

2.2 Dia 2

É uma continuação do dia anterior, na mesma temática de Gênero Textual.

Os lugares são cativos, ao menos nesta disciplina nas salas cada qual senta-se em
uma cadeira específica. A professora explica cada tópico de forma satisfatória, existem
reflexos de compreensão com os alunos que fazem devolutivas das questões criadas
oralmente pela professora. O índice de participação é razoável. Um das salas é bem
silenciosa, o que me causa certo estranhamento. Somos acompanhados por uma colega
TDEE (funcionária da SMECEL responsável pela inclusão, acompanhamento, cuidado,
orientação de aluno com alguma espécie de especialidade, seja motor ou cognitivo –
Técnico em Desenvolvimento Educacional Especializada), P. é responsável por um garoto
autista nível médio. Este aluno tem esse acompanhamento e na administração escolar isso
significa que ele tem vários laudos médicos aprovados pela SMECEL – somente jovens
laudados têm o direito a este acompanhamento especializado. O rapaz é silencioso, não
verbal, pareceu-me muito tranquilo. Escreve e copia o texto da lousa, mas não lê e não
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interage, seja fazendo exercícios ou com outros alunos. P. me alertou que ele não faz nada,
em qualquer que seja a disciplina, não tem aptidão em matemática, educação física, ou
qualquer que seja a disciplina – exceto: artes, pinta e desenha razoavelmente.

As salas possuem um aluno que representa a turma: o líder. A chamada é feita na


metade do período da aula. As aulas possuem na prática uma hora de duração, exceto a que
antecede o intervalo. Saem dez minutos depois para a segurança dos alunos da Educação
Infantil I e II – é o tempo que as professoras usam para organizar os pequeninos nas mesas
do refeitório. Outro ponto importante é que só saem da sala com autorização ou comando da
professora.

De uma maneira geral, existe um afastamento entre professora e aluno bem marcado.
O que me causa estranhamento, visto que eu como TDI tenho uma aproximação maior com
os indivíduos que sou responsável. É uma tática específica desta professora na tentativa de
viabilizar o respeito e impor uma autoridade. Não é nem um posicionamento da professora,
conhecendo com mais intimidade estas turmas, vejo que eles possuem condutas que
impedem uma aproximação. Há uma objetividade rígida, sem aproximação afetuosa ou uma
atenção desarmada. Em nossa conversa inicial ela descreve os alunos como arrogantes,
devidamente observado com minha presença.

Em outra sala, um novo aluno especial, com uma nova TDEE. Isso é
EXTREMAMENTE comum em todas as unidades educacionais da SMECEL de Várzea
Grande. Nesta unidade são poucos, visto que em outras unidades nas quais fui atribuído em
anos anteriores existem dois ou três por sala e cada um com um profissional TDEE. Abro
um recorte aqui para mostrar minha impressão.

A inclusão nas escolas da SMECEL de V.G. é feita apenas encaixando o aluno


dentro do sistema. Simples e direto. As TDEE’s até participam de formações oferecidas pela
Secretaria de Educação, muito embora tais formações não alcancem os objetivos pelos quais
foram produzidos. Na maioria das vezes as colegas TDEE’s não possui uma “especialidade”
de fato, testemunhei apenas uma TDEE’s que sabe exatamente como se movimentar –
movimento conforme Swales (1990) – em um momento em que um autista estava em crise.
Até mesmo a Coordenadora não possui discernimento sobre o que fazer. Explicando:
“crise” se entende uma agitação agressiva e chorosa, um efeito de algum elemento externo
(ruído, elementos claustrofóbicos, muita luz, movimentos exagerados) que incomodou o
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autista. A maneira que apresenta melhores resultados ao se lidar com o indivíduo autista
nesta situação é afastando-o da fonte do problema. A TDEE retira o aluno com
tranquilidade da sala e o tranquiliza por meia hora e aos poucos o convence a retornar à
sala. A coordenadora advertiu a colega que o autista jamais deve ser retirado da sala, que ela
deve tranquilizar o aluno dentro do ambiente da aula. Isso é inapropriado. Fiz este recorte,
apesar de ser um elemento específico da Pedagogia, porque isso também interfere em uma
aula de Língua Portuguesa, ainda que não seja de fato a temática. Nós, como professores,
temos de ter um conhecimento mais amplo e estar preparados para saber lidar com estas
situações – nem todos os autistas têm laudos e estes não possuirão um TDEE que o
acompanhará. Minha crítica aqui reside na falta de interesse do poder público em melhorar
esta “inclusão”, oferecendo ao aluno autista um melhor ambiente seja físico, seja didático
ou educacional para que ele possa, assim, desenvolver suas habilidades e não ser apenas um
participante que não entende o meio em que ele está inserido. É claro que existe uma
variedade imensa de elementos que impedem ou dificultam isso. Seja o interesse da família
destes alunos, seja a política gestora da SMECEL/Unidade escolar, seja a incapacidade do
funcionário em lidar com a própria função que lhe é atribuída.

Uma das salas é uma turma bem agitada. Ao sair da turma anterior e acompanhar a
professora para a nova sala deparei-me com a Coordenadora dos Anos Finais do Ensino
Fundamental em plena advertência por conta da indisciplina geral. Assim que a professora
se colocou em sala, os ânimos se acalmaram. Há um aluno com paralisia cerebral com
limitação de locomoção, neurodivergente cognitivamente – este aluno também é
acompanhado por uma profissional TDEE. O livro utilizado pela professora é o “apostilão”
do estado: “Geração Alpha, Língua Portuguesa – Autores: Cibele Lopresti Costa, Everaldo
Nogueira e Greta Marchetti.” O movimento aqui é continuação da aula anterior, correção de
exercícios feita de maneira oral. Todos os alunos parecem interessados em fazer. Eles
procuram se expressar sempre procurando no texto as respostas.

2.3 Dia 3

As aulas mantiveram-se nos mesmos patamares do Gênero Textual. Falando sobre


contos. Os jovens participam muito, em específico uma aluna de doze anos. Ela participou
durante toda a aula, interagindo com o material, com a professora e, até mesmo, com os
colegas. Eu a entrevistei. M.A.L. lê livros infanto-juvenis em sua casa não se mantém
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apenas com o livro didático. Ela pretende ser Advogada. É a menina dos olhos da Unidade,
vencedora de concursos de redação/literários tanto em Cuiabá quanto em V.G. Tive a
oportunidade de dar aula de redação na unidade e ao ler as redações dessa aluna pude
comprovar que ela segue de forma bem satisfatória os estágios/movimentos do gênero
redação. Infelizmente os demais não seguem o mesmo ritmo o que faz de M.A.L. um ponto
fora da curva nesta unidade. De forma geral, ninguém se interessa por escrever ou ler fora
do ambiente escolar.

Apesar de a escola possuir uma televisão com tela gigantesca sensível ao toque, não
se fez uso deste equipamento em qualquer momento da aula de Língua Portuguesa. No dia
de hoje houve um vídeo sobre Consciência Negra na aula de História, mas não foi
compartilhado com a aula de L. Portuguesa. Vi nesta situação uma oportunidade perdida
para que todos pudessem desenvolver um texto, criando uma redação sobre a temática
tratada no vídeo durante a disciplina na qual acompanho a professora.

A estrutura das aulas preparam as turmas para a chegada do Folclore. Por isso se
estudou sobre Gênero Textual. Não houve nenhum movimento diferente nas aulas, visto que
a temática manteve-se a mesma, ainda que lidasse com 7ºs, 8ºs e 9ºs anos.

2.4 Dia 4

Os alunos trabalhavam com um conto policial do autor José Joaquim de Campos da


Costa de Medeiros e Albuquerque (Recife, 4 de setembro de 1867 — Rio de Janeiro, 9 de
junho de 1934) chamado Se eu fosse Sherlock Holmes. É uma temática que se refere à
Literatura Policial no Brasil e o texto na íntegra encontra-se abaixo:

Se eu fosse Sherlock Holmes


Os romances de Conan Doyle me deram o desejo de empreender alguma façanha no
gênero das de Sherlock Holmes. Pareceu-me que deles se concluía que tudo estava em
prestar atenção aos fatos mínimos. Destes, por uma série de raciocínios lógicos, era
sempre possível subir até o autor do crime.
Uma noite, fui convidado por Madame Guimarães para uma pequena reunião
familiar. Em geral, o que ela chamava de “pequenas reuniões” eram reuniões de 20 a 30
pessoas, da melhor sociedade. Dançava-se, ouvia-se boa música e quase sempre se exibia
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algum “número” curioso: artistas de teatro, de music-hall ou de circo, que contratava para
esse fim.
Em certo momento, quando Madame estava cercada por uma boa roda, apareceu
Sinhazinha Ramos. Sinhazinha era sobrinha de Madame Guimarães; casara-se pouco antes
com um médico de grande clínica. Vindo só, todos lhe perguntaram:
— Como vai seu marido?
— Tem trabalhado por toda a noite, com uma cliente.
— É admirável como os médicos casados têm sempre clientes noturnas...
— Má-língua! — replicou ela. — Ele sempre as teve.
Outra senhora, Madame Caldas, acudiu:
— Os maridos, quando querem passar a noite fora de casa, acham sempre pretextos.
O Dr. Caldas não gostou da afirmação da mulher. O embaraço dele se dissipou,
porque Madame Guimarães perguntou à sobrinha:
— Onde deixaste tua capa?
— No meu automóvel. Não quis ter a chateação de subir.
A casa era de dois andares e Madame Guimarães, nos dias de festas, tomava a si
arrumar capas e chapéus femininos no seu quarto:
— Serviço de vestiário é exclusivamente comigo. Não quero confusões.
Fechado esse parêntesis, a conversa voltou ao ponto em que estava. Nisto, uma das
senhoras presentes veio despedir-se de Madame Guimarães. Precisava de seu chapéu.
A dona da casa, que, para evitar trocas e desarrumações, era a única a penetrar no
quarto que transformara em vestiário, levantou-se e subiu para ir buscar o chapéu da
visita, que desejava partir.
Não se demorou muito tempo. Voltou com a fisionomia transtornada:
— Roubaram-me. Roubaram o meu anel de brilhantes...
Todos se reuniram em torno dela. Como era? Como não era? Não havia, aliás,
nenhuma senhora que não o conhecesse: um anel com três grandes brilhantes de um certo
mau gosto espetaculoso, mas que valia de sessenta a oitenta contos.
Sherlock Holmes gritou dentro de mim: “Mostra o teu talento, rapaz!”.
Sugeri logo que ninguém entrasse no quarto. Ninguém! Era preciso que a Polícia
pudesse tomar as marcas digitais que por acaso houvesse na mesa de cabeceira de Madame
Guimarães. Porque era lá que tinha estado a joia.
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Saltei ao telefone, toquei para o delegado Alves Calado, que se achava de serviço
nessa noite, e preveni-o do que havia, recomendando-lhe que trouxesse alguém, perito em
datiloscopia.
Subi, então, com todo o grupo para fecharmos a porta a chave. Antes de se fechar,
era, porém, necessário que Madame Guimarães tirasse as capas que estavam no seu leito.
Todos ficaram no corredor, mirando, comentando. Eu fui o único que entrei, mas com um
cuidado extremo, um cuidado um tanto cômico de não tocar em coisa alguma. Como
olhasse para o teto e o assoalho, uma das senhoras me perguntou se estava jogando “o
carneirinho-carneirão, olhai para o céu, olhai para o chão”.
Retiradas as capas, o zum-zum das conversas continuava. Ninguém tinha entrado no
quarto fatídico. Todos o diziam e repetiam.
Foi no meio dessas conversas que Sherlock Holmes cresceu dentro de mim.
Anunciei:
— Já sei quem furtou o anel.
De todos os lados surgiam exclamações. Algumas pessoas se limitavam a
interjeições:
“Ah!”, “Oh!”. Outras pessoas perguntavam quem tinha sido.
Sherlock Holmes disse o que ia fazer, indicando um gabinete próximo:
— Eu vou para aquele gabinete. Cada uma das senhoras aqui presentes fecha-se ali
em minha companhia por cinco minutos.
Houve uma certa hesitação. Algumas diziam estar acima de qualquer suspeita,
outras que não se submetiam a nenhum inquérito policial. Venceu, porém, o partido das
que diziam “quem não deve não teme”. Eu esperava, paciente. Por fim, quando vi que
todas estavam resolvidas, lembrei que seria melhor quem fosse saindo despedir-se e partir.
E a cerimônia começou. Cada uma das senhoras esteve trancada comigo justamente
os cinco minutos que eu marcara.
Quando a última partiu, saiu do gabinete, achei à porta, ansiosa, Madame
Guimarães:
— Venha comigo — disse-lhe eu.
Aproximei-me do telefone, chamei o Alves Calado e disse-lhe que não precisava
mais tomar providência alguma, porque o anel fora achado.
Voltando-me para Madame Guimarães entreguei-o então. Ela estava tão nervosa
que me abraçou e até beijou freneticamente. Quando, porém, quis saber quem fora a ladra,
não me arrancou nem uma palavra.
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No gabinete, ao ver Sinhazinha Ramos entrar, tínhamos tido, mais ou menos, a


seguinte conversa:
— Eu não vou deitar verdes para colher maduros, não vou armar cilada alguma. Sei
que foi a senhora que tirou a joia de sua tia.
Ela ficou lívida. Podia ser medo. Podia ser cólera. Mas respondeu firmemente:
— Insolente! É assim que o senhor está fazendo com todas, para descobrir a
culpada?

— Está enganada. Com as outras converso apenas, conto-lhes anedotas. Com a


senhora, não; exijo que me entregue o anel.
Mostrei-lhe o relógio para que visse que o tempo estava passando.
— Note — disse eu — que tenho uma prova, posso fazer ver a todos.
Ela se traiu, pedindo:
— Dê sua palavra de honra de que tem essa prova!
Dei. Mas o meu sorriso lhe mostrou que ela, sem dar por isso, confessara
indiretamente o fato.
— E já agora — acrescentei — dou-lhe também a minha palavra de honra que
nunca ninguém saberá por mim o que fez.
Ela tirou a joia do seio, deu-ma e perguntou:
— Qual é a prova?
— Esta — disse-lhe eu apontando para uma esplêndida rosa-chá que ela trazia. — É
a única pessoa, esta noite, que tem aqui uma rosa amarela. Quando foi ao quarto de sua
tia, teve a infelicidade de deixar cair duas pétalas dela. Estão junto da mesa de cabeceira.
Abri a porta. Sinhazinha compôs magicamente, imediatamente, o mais encantador, o
mais natural dos sorrisos e saiu dizendo:
— Se este Sherlock fez com todas o mesmo que fez comigo, vai ser um fiasco
absoluto.
Quando sinhazinha chegara, subira, logo. Graças à intimidade que tinha na casa,
onde vivera até a data do casamento, podia fazer isso naturalmente. Ia só para deixar a sua
capa dentro de um armário. Mas, à procura de um alfinete, abriu a mesinha de cabeceira,
viu o anel, sentiu a tentação de roubá-lo e assim fez. Lembrou-se de que tinha de ir para a
Europa daí a um mês. Lá venderia a joia. Desceu então novamente com a capa e mandou
pô-la no automóvel. E como ninguém a tinha visto subir, pôde afirmar que não fora ao
andar superior.
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Eu estraguei tudo.
Mas a mulherzinha se vingou: a todos insinuou que provavelmente o ladrão tinha
sido eu mesmo, e, vendo o caso descoberto antes da minha retirada, armara aquela
encenação para atribuir a outrem o meu crime.
O que sei é que Madame Guimarães, que sempre me convidava para as suas
recepções, não me convidou para a de ontem... Terá talvez sido a primeira a acreditar na
sobrinha.
Medeiros e Albuquerque. Se eu fosse Sherlock Holmes. In: Histórias de detetive. São
Paulo: Ática, 2011. p. 37-43 (Para Gostar de Ler, v. 12) (Adaptado).

Durante a leitura do texto os jovens estão em um misto de tranquilidade e conversas


baixas não coincidentes sobre a atividade. A maioria está fazendo os exercícios que são
interpretativos semânticos (buscando o sentido das expressões). As questões são ruins! A
resposta praticamente está no enunciado, não oferece ao aluno a oportunidade uma
intepretação intertextual, interdisciplinar nem mesmo capaz de fornecer ao aluno qualquer
informação nova. Em meia hora de aula a maioria apenas copiou o enunciado. Fiz uma tour
pela sala em silencia e identifiquei um temor, os jovens silenciavam-se e passaram a
adiantar as cópias.

Conversei com a TDEE desta sala, o aluno dela possui TDAH cumulado com
autismo. Tem problemas em reter informações. Habilidade como um dos alunos especiais
também em artes. A profissional acredita que ele seguirá no negócio da família, visto que se
a gestão da Educação na cidade se manter com esta política ele não conseguirá apenas com
as atividades atuais se nivelar ao que se exige de um aluno para desenvolver habilidades
outras. A expectativa é que siga no negócio da família que possui uma padaria no bairro.

2.5 Dia 5

A professora tratará sobre Folclore.

Título: Conhecendo o Folclore Brasileiro


Você sabia que o Brasil é um país cheio de histórias mágicas e personagens
encantadoras? Essas narrativas, passadas de geração em geração em geração são
chamadas de Folclore.
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Elas têm o poder de nos transportar para um universo repleto de mistérios e


encantos onde a cultura e a tradição se unem em belas e divertidas aventuras. O folclore
brasileiro é sinônimo de cultura popular brasileira e representa a identidade da
comunidade de suas criações culturais, coletivas e individuais é também uma parte da
cultura do Brasil. Podemos definir o folclore como um conjunto de mitos e lendas que as
pessoas passam de geração para geração. Muitas nascem da pura imaginação das pessoas
principalmente dos moradores das regiões do interior do Brasil. Muitas dessas histórias
foram criadas para passar mensagens importantes ou apenas para assustar as pessoas. O
folclore pode ser dividido em lendas e mitos muitos deles deram origem às festas populares
pelos quatro cantos do país.
As lendas são histórias contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos
tempos. Misturam fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da fantasia.
As lendas procuram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais.

É um texto trazido pela professora em requerimento e satisfação de uma rotina das


unidades escolares da SMECEL. Existe contexto interdisciplinar aqui que envolverá
História e Artes. A professora transcreveu à lousa o texto. Os jovens copiam. Ela lê
comentando e questionando os jovens. Todas as demais salas seguem o fluxo semelhante.

É necessário deixar evidente que: A unidade possui um déficit em resultados. A


SMECEL avalia os alunos de anos ímpares (1º, 3º, 5º, 7º, 9º anos). Tenho informações
claras porque, como funcionário atribuído na unidade escolar pela SMECEL, participo
como qualquer outro funcionário de reuniões mensais sobre todos os aspectos que regem a
gestão e a política da Unidade. Isto é exigido e sou avaliado quanto à presença nestas
reuniões. Alunos dos anos finais do Ensino Fundamental têm dificuldade em leitura e
escrita. Quando leem, poucos fazem uma leitura interpretativa, o que identifico é uma
leitura mecânica. Escrevem com déficit de coordenação mecânica. Posso interpretar que o
hábito de copiar da lousa em vez de material físico a uma estratégia da professora em
obrigar o aluno a escrever.

As aulas são tradicionais e presenciais. Salas de aula compartilhadas: manhã anos


fianis (Ensino Fundamental II), tarde anos iniciais (Ensino Fundamental I). Todas as salas
têm ar condicionado funcional. Carteira e cadeiras com bom aspecto e funcionalidade –
respeitando a altura média dos alunos (1m50cm a 1m80cm). As únicas estantes das salas
são de padrão de aço, seve para “amontoar” livros didáticos não cedidos. As paredes são
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poluídas com cartazes, de alfabeto, combate ao trabalho infantil, autoajuda em E.V.A.


(Espuma Vinílica Acetinada). E um espaço em T.N.T. (Tecido Não Tecido) vermelho para
exposição de trabalhos.

As aulas são continuidade de assuntos não terminados. Tipos de contos. Novamente


transcrito na lousa e os alunos copiam. Ela lê e explica, alunos não participaram desta vez.

Em outro momento há um material em papel A4. Apesar da política da Unidade (não


usar muito papel) ela prefere utilizar o material xerocado com uma atividade de leitura com
caça-palavras embutidas. Material no Anexo. Os alunos trabalham em silêncio e parecem
desenvolver a leitura e encontrar as palavras com certo conforto. Se a intenção era silenciar
aqui ela conseguiu seu objetivo. Muito embora seja uma atividade distrativa, não existe algo
que faça o aluno desenvolver algum senso crítico daquilo que lê, apenas o estimula a
entender a estrutura ortográfica das palavras. O material foi produzido pela professora,
impresso e xerocado a partir de uma problemática impressora na Secretaria da E.M.E.B.

2.6 Dia 6

Hoje a professora não esteve presente. Estava doente com atestado médico
apresentado na secretaria da escola. Quem está ministrando é uma Professora
Pedagoga M. Foi empregado um exercício. Uma folha sobre o Folclore – “22 de
agosto, Dia do Folclore”. Há um questionário e um exercício que remete a palavras
cruzadas. O questionário reflete um método de diagnóstico de leitura. Os jovem
sentaram-se em duplas, raros aluinos de fato copiam, leem ou fazem os exercícios
nesta sala. Há muitos burburinhos, alunos levantam-se, e falam sobre assuntos
paralelos: leia-se – Jogos Interclasses.

Jogos Interclasses acontecem anualmente e acontecem entre salas diferentes


do Ensino Fundamental II. As modalidades são Voleibol, Futebol de Salão,
masculinos e femininos. Os jogos acontecem na providencial Quadra Coberta da
Escola durante 5 dias. As salas só possuem as duas primeiras aulas as três demais são
reservadas aos jogos. Traduzindo: são dias que as duas primeiras aulas não possuem
muita função. Os alunos estão agitados, ansiosos, preocupados com adornos de
torcida, com meias e tênis. Ainda não estavam acontecendo os jogos e já senti esse
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desleixo e conforme os professores me confidenciaram, eles não entendem porque


não liberam das aulas durante toda a semana, porque as duas horas iniciais destes
dias são tempo perdido.

Conversei neste dia com alguns alunos, perguntando o que pretendem fazer da
vida. As respostas foram em sua maioria dispersas.

(Aluno 1) Meu pai tem duas lojas, não estudou. Por que eu deveria continuar
estudando?

(Aluna 2) Eu não vim estudar, não. Vim só por conta da comida e para jogar.

(Aluno 3) Minha mãe diz que trabalhar é melhor que estudar.

Aqui no discurso não transcrito o “trabalhar” parece abarcar o “roubar”. Isso


me chocou, impedindo que eu seguisse a entrevista, ainda que o fizesse de forma
tranquila e lúdica, procurando deixá-los à vontade.

Existem ótimos alunos sendo poluídos por alunos “desinteressados”.

As folhas dos exercícios foram utilizadas nas cinco turmas deste dia. Segue-se
o mesmo procedimento em todas as turmas.

2.7. Dia 7
Atividade de poesia sobre Queimadas. A professora explicou sobre captar
informações sobre o assunto. Ler em casa sobre queimadas. Em uma forma didática
ela recomendou maneiras para adquirir conhecimentos, argumentos, léxico. A
professora passará uma lista de assuntos a serem pesquisados. Estudar lendo, vendo
vídeos. Direcionou a buscar informações verídicas e procurar ver mais telejornais ou
informações jornalísticas.

Atividade para o fim de semana:

Procurar sobre o tema Queimadas em:


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1. Artigo de opinião sobre prevenção de queimadas,

2. Reportagem,

3. Poemas ou Canções,

4. Textos informativos e

5. Entrevistas.

Produzir um texto original, inédito, criativo em prosa ou poesia sobre


Queimadas.

Essa atividade é para um Concurso realizado pelo Corpo de Bombeiros de um


dos batalhões Várzea-grandenses. Há inclusive premiações: Tablets, mochilas e
bicicletas.

Tive a oportunidade de ajudar na correção destes textos fora do período de


estágio. Foi um tremendo desastre. Cópias de sites, cópias de cópias. Erros idênticos
identificados em diversos textos. Novamente, a mais indicada para participar do
concurso foi a aluna M.A.L. que, inclusive, foi uma das vencedoras deste concurso.

A impressão que eu tive durante as aulas que fui convocado a ministrar


durante um dia na unidade é que não queriam participar, que não gostavam de
escrever, que só fizeram porque a professora daria um ponto na média pela
participação. Eles são extremamente objetivos e diretos, não têm qualquer pudor em
serem francos contigo como professor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dividirei em três momentos minha análise. O primeiro é a Gestão. Pressionada por


resultados não se encontra ainda certa de que caminho tomar frente à pressão da SMECEL e
dos pais. Então, a professora apesar de conhecimento não pode fazer muito, seu planejamento
é registrado conforme o interesse que a Unidade Escolar tem que por sua vez é apoiada pela
SMECEL. A regra da SMECEL é que os recursos da Gramática Normativa sejam empregados
plenamente. Existiram oportunidades que deveriam ser melhor utilizados para explorar a
Gramática de Uso de nossa região, a Baixada Cuiabana.

O Folclore apesar de rico nem sequer foi tomado como parâmetro. Em uma conversa
informal questionei um rapaz sobre as lendas ou aspectos folclóricos da Baixada: sequer se
lembrou do “Minhocão do Pari”, nem mesmo o linguajar ribeirinho foi lembrado. Finalmente
os alunos, eles são o item mais sensível, não levam em sua maioria a sério nada do que é
proposto. Até existem indivíduos interessados, participantes, compromissados com sua
educação e andamento na educação.

Assuntos sensíveis em sala de aula: Xenofobia, Homofobia, Sexualização Precoce. Em


um momento fora de sala um dos alunos foi ofendido com termos do tipo “Bicha” e se sentiu
muito ofendido, ainda que houvesse sinais de afeminação – o que não justifica nem legitima a
ofensa. A professora em sala, muito modesta retomou o assunto levando a reflexão de todos
os envolvidos. Foi o único momento em que a professora tomou a dianteira em algum assunto
mais sensível.

A língua portuguesa é mantida conforme os mesmos moldes de Gramática Normativa,


muito criticada por Sírio Possenti na obra “Por que (não) Ensinar Gramática Na Escola”.
Continua apagando, excluindo pessoas, falares, dizeres, perdendo oportunidades de integração
e interação com isso. É complexo este debate, porque o professor, infelizmente por mais que
tenha a liberdade para agir diferente, ainda se vê como um funcionário de uma secretaria de
administração municipal no melhor dos dizeres: “Manda quem pode e obedece quem tem
juízo”.

O aluno não é chamado a participar mais ativamente do processo educacional.


Infelizmente a professora coloca com suas próprias justificativas um obstáculo entre ela e o
aluno, impedindo uma aproximação e uma ação mais direta do aluno em seu destino como
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educando. Não é algo fácil, é evidente que todos os professores já pegam um sistema em
movimento, embora não seja impossível alterar este caminho, usufruir das próprias estruturas
– ainda que poucas – que a Unidade tem para oferecer um ensino mais dinâmico, atraente e
transformador.

A educação especial como disse infelizmente não faz na prática nenhuma inclusão.
Autistas, portadores de TDAH, PCD’s são apenas jogados em sala de aula na presença de um
profissional que mais se parece como um cuidador e não um educador, que ao final são mais
agentes de manutenção de um problema do que de uma dinamização do processo educacional
destes indivíduos. Existe uma concepção muito inadequada do que seja INCLUSÃO em
ambiente escolar e não é só nesta Unidade Escolar da SMECEL da Administração de Várzea
Grande, mas na baixada cuiabana.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAKHTIN, M. M. (1986). Speech Genres and Other Late Essays. Austin: University of Texas
Press.
BARTHES, Roland et al. (2021) Análise Estrutura da Narrativa. São Paulo: Editora Vozes.
EGGINS, S., & MARTIN, J. R. (2004). Genres and Registers of Discourse. In A Handbook
of Discourse Analysis, Ed. D. Schiffrin, D. Tannen, & H. Hamilton. Oxford: Blackwell.
FAIRCLOGH, N. (2003). Analyzing Discourse: Textual Analysis for Social Research.
London: Routledge.
LÉVI-STRAUSS, Claude. (1976) O Pensamento Selvagem. São Paulo: Ed. Nacional.
MARTIN, J. R., & ROSE, D. (2008). Genre Relations: Mapping Culture. London: Equinox.
POSSENTI, Sírio. (2012). Por que (Não) Ensinar Gramática na Escola. Campinas: Mercado
de Letras.
PROPP, Vladimir. (1968). Morphology of the Folktale. Austin: University of Texas Press.
SWALES, J. M. (1990). Genre Analysis: English in Academic and Research Settings.
Cambridge: Cambridge University Press.
TODOROV, Tzvetan. (2006) As Estruturas Narrativas. São Paulo: Perspectiva.
ZOLIN-VESZ, Fernando, et al. Minha Pátria é Minha Língua: A Celebração do Discurso
Monolíngue na Revista Vogue. Gragoatá, Niterói, v. 24, n. 48, p. 177-190, jan.-abr. 2019.
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APÊNDICES

Atividade 01
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Atividade 02
29

Ficha de Frequência 01
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Ficha de Frequência 02
31

Ficha de Frequência 03

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