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PATOLOGIA DE GLÂNDULA SALIVAR

 Aplasia (agenesia) de glândula salivar


-Pode afetar 1 ou + glândulas salivares maiores
- Mais comum em homens
-Pode estar relacionada a algumas síndromes, como: treacher Collins
(disostose mandibulofacial), microssomia hemi-facial e síndrome
lacrimo-aurículo-dento-facial (LADD)
-Intraoralmente, as saídas dos ductos das glândulas estão ausentes
-Há xerostomia
-medicamentos sialogogos (como a pilocarpina ou a cevimelina) podem
ser usados para aumentar a produção de saliva

 Mucocele
-É o extravassamento de muco
-Não é um cisto verdadeiro, pois não há revestimento epitelial
-Muitos pacientes relatam a história de um aumento de volume
recorrente que se rompe periodicamente e libera seu conteúdo fluido
-Ordem de localização, da + comum para a –
Lábio inferior
Assoalho de boca
Ventre de língua
Mucosa jugal
Palato
região retromolar
-Como observado, o palato e a região retromolar são localizações
incomuns das mucoceles. Entretanto, uma interessante variante, a
mucocele superficial, pode se desenvolver nestas áreas e ao longo da
mucosa jugal posterior
-Também tem sido relatada a ocorrência de mucoceles superficiais em
associação a doenças liquenoides, como o líquen plano, erupções
liquenoides relacionadas com drogas e a doença do enxerto versus
hospedeiro (GVHD)

 Rânula
-É a mucocele que ocorre no assoalho da boca (lateralmente a linha
média)
OBS: Quando em linha média pode se tratar de um cisto dermóide
-Ao contrário da glândula submandibular, a glândula sublingual produz
um fluxo contínuo de muco, mesmo na ausência de estimulação neural,
o que contribui para a sua capacidade de produzir rânula após a ruptura
de um de seus múltiplos ductos
-Comum em crianças e jovens adultos
-a rânula cervical ou mergulhante, ocorre quando a mucina extravasada
disseca através do músculo milo-hioide e produz o aumento de volume
dentro do pescoço
-rânulas mergulhantes originárias da glândula sublingual geralmente
exibem uma discreta extensão da lesão dentro do espaço sublingual,
conhecida como “sinal de cauda”

 Cisto do ducto salivar


-é uma cavidade delimitada por epitélio que surge a partir do tecido da
glândula salivar. Ao contrário das mucoceles, que são mais comuns, é
um cisto de desenvolvimento verdadeiro delimitado por epitélio
-Os cistos das glândulas salivares maiores são mais comuns dentro da
glândula parótida

 Sialolitíase
-surgem pela deposição de sais de cálcio
-. Seu desenvolvimento não está relacionado com nenhum desequilíbrio
sistêmico no metabolismo de cálcio e fósforo
-Comum de afetar o ducto da submandibular (Wharton)
-Os sialólitos também podem se formar dentro das glândulas salivares
menores, mais comumente nas glândulas do lábio superior e da mucosa
jugal
-Relato de dor e edema no momento das refeições
-Os cálculos da porção terminal do ducto submandibular são mais bem
demonstrados nas radiografias oclusais
-A sialoendoscopia diagnóstica também pode ser uma ferramenta
valiosa na avaliação e no diagnóstico de obstruções ductais. Nessa
técnica, um endoscópio em miniatura é inserido dentro do orifício ductal,
permitindo a visualização de quaisquer cálculos, estenoses ou adesões
no sistema ductal
-A litotripsia de ondas de choque extracorpórea e a sialoendoscopia
intervencional com o uso de cestas de recuperação são novas técnicas
que podem ser efetivas na remoção de sialólitos das glândulas salivares
maiores

 Sialodenite
-Uma das causas mais comuns de sialoadenite é uma cirurgia recente
(especialmente a cirurgia abdominal), após a qual pode surgir uma
parotidite (caxumba cirúrgica), pelo fato de o paciente ter sido mantido
sem alimentação e ingestão de fluidos (NPO) e de ter recebido atropina
durante o procedimento cirúrgico
- sialodenite bacteriana aguda gealmente é causada, principalmente
pela staphylococus aureus
- Mas também podem ser causadas por uma variedade de outras
espécies, incluindo Eikenella corrodens, Escherichia coli,
Fusobacterium, Haemophilus influenzae, Klebsiella, Prevotella, Proteus
e s Pseudomonas
-Causas não infecciosas para causar sialodenite: síndrom de sjogre,
sarcoidose e radioterapia
-Na parotidite crônica, o ducto de Stensen pode mostrar um padrão
característico na sialografia conhecido como “em forma de linguiça”, que
reflete a combinação de dilatações ductais com estreitamento ductal
decorrente da formação de cicatrizes
-A sialodenite crônica também pde afetar glândulas menores

OBS: parotidite juvenil recorrente é a doença inflamatória das glândulas


salivares mais comum em crianças dos Estados Unidos da América e a
segunda doença desse tipo mais comum no mundo (a primeira é a
caxumba). É caracterizada por episódios recorrentes de aumento não
supurativo da glândula parótida unilateral ou bilateral, geralmente se
iniciando entre os três e seis anos de idade

A sialoadenite necrotizante subaguda é uma forma de inflamação das


glândulas salivares que ocorre comumente em adolescentes e adultos
jovens. A lesão usualmente envolve as glândulas salivares menores do
palato duro e do palato mole, apresentando-se como um nódulo
doloroso, recoberto por mucosa eritematosa intacta. Ao contrário da
sialometaplasia necrotizante, essa lesão não ulcera ou libera tecido
necrótico. Causas alérgicas ou infecciosas têm sido consideradas para
esta condição

 Queilite glandular
-É uma condição inflamatória rara das glândulas salivares menores
-Comum no vermelhão do lábio inferior
-Há inchaço e eversão do lábio inferior
-A queilite glandular tem sido classificada em três tipos, baseados na
gravidade da doença:
Simples
Superficialsupurativa (síndrome de Baelz)
Supurativa profunda (queilite granulomatosa apostematosa)

 Sialorreia (salivação excessiva)


-Pode ocorrer em pessoas com próteses novas, com refluxo gástrico,
raiva, envenenamento por metais pesados, uso de clozapina
(antipsicótico), alzheimer, miastenia gravis
-Um tipo interessante de hipersalivação de causa desconhecida é
denominado sialorreia idiopática paroxística. Os indivíduos com essa
condição apresentam episódios de salivação excessiva que duram de 2
a 5 minutos. Tais episódios são associados ao um pródromo de náusea
ou dor epigástrica
-A escopolamina transdérmica tem sido testada com algum sucesso,
porém não deve ser usada em crianças mais jovens que 10 anos de
idade. A injeção intraglandular de toxina botulínica tem se mostrado
eficaz na redução das secreções salivares, com duração de ação que
varia de seis semanas a seis meses
-O uso da neurectomia timpânica bilateral e da secção do nervo corda
do tímpano destrói a inervação parassimpática das glândulas salivares

 Xerostomia
-Uma das condutas mais aceitas pelo paciente inclui o uso de produtos
de higiene oral que contenham lactoperoxidase, lisozima e lactoferina (p.ex.,
pasta de dentes e solução para bochecho da Biotène e gel Oralbalance). Se a
secura é secundária à medicação utilizada pelo paciente, pode ser considerada
a suspensão do uso ou a modificação da dose

-A pilocarpina sistêmica é um agonista parassimpaticomimético que


pode ser usado como sialogogo. Em doses de 5 a 10 mg, três a quatro vezes
ao dia. Outro medicamento é o cloridrato de cevimelina

OBS: Tanto a pilocarpina quanto a cevimelina são contraindicados em


pacientes com glaucoma de ângulo agudo

 Síndrome de Sjogren

-Doença autoimune que resulta principalmente em xerostomia e xeroftalmia


(queratoconjuntivite sicca)

OBS: O teste de Schirmer avalia a secura ocular

-Pode haver também secura vaginal e nasal

-Pode ser primária quando não há envolvimento de outra doença autoimune

-Pode ser secundária quando há envolvimento de outra doença autoimune,


geralmente é a artrite reumatóide ou lúpus eritematoso sistêmico
-Mais comum e mulheres

-A língua pode ter fissuras e atrofia papilar

- Maior chance de cáries e candidiase oral

-Pode haver aumento firme e difuso das glandulas salivares bilateralmente

- Sialografia revela “árvore sem galhos carregada de frutos”

-Outros possíveis problemas associados incluem a linfoadenopatia, a


cirrose biliar primária, o fenômeno de Raynaud, a nefrite intersticial, a
fibrose pulmonar intersticial, a vasculite e as neuropatias periféricas

- A velocidade de hemossedimentação é elevada, e os níveis de


imunoglobulinas (Ig) séricas, especialmente IgG, são altos

-O principal achado microscópico da síndrome de Sjögren é uma infiltração


linfocítica nas glândulas salivares, que leva à destruição das unidades
acinares. Lesões mais avançadas resultam em um padrão conhecido como
lesão linfoepitelial benigna (sialoadenite mioepitelial)

- Existe um cálculo que é feito para auxiliar no diagnóstico. Se nesse cálculo


o resultado for = ou maior que 1, então é considerado condizente com a
síndrome

-Esses pacintes tem maior chance de desenvolver linfomas, como o linfoma


não Hodgkin, linfoma MALT e linfoma de células B

 Adenoma Pleomórfico (Tumor benigno misto)

- É a neoplasia benigna mais comum

- Mais comum na parótida

-Aumento de volume firme, indolor e de crescimento lento

-Afeta principalmente pessoas de 30 – 60 anos

-O adenoma pleomórfico é também a neoplasia de glândula salivar menor


primária mais comum na infância

-Há uma discreta predileção pelo sexo feminino

- Dor e paralisia facial são raras

-Geralmente é unilateral

-Quando intraoral afeta mais o palato


- Ocasionalmente, as neoplasias de glândula salivar podem ser compostas
quase que exclusivamente por células mioepiteliais, sem componentes
ductais (mioepiteliomas)

OBS: Uma complicação potencial é a transformação maligna, resultando em


um carcinoma ex-adenoma pleomórfico

 Tumor de Warthin (Cistadenoma papilar linfamatoso)

- Segundo tumor benigno mais comum da parótida

-Maior risco em tabagistas

-Crescimento lento, indolor, podendo ser firme ou flutuante

-Geralmente é bilateral, mas ambos não ocorrem simultaneamente

-Comum em idosos, 60 – 70 anos, homens e em melanodermas

-O tumor de Warthin tem um dos padrões histopatológicos mais distintos


quando comparado a quaisquer outras neoplasias do corpo. Embora o
termo cistadenoma papilífero linfomatoso seja complexo, ele descreve
precisamente as características microscópicas marcantes desta lesão

- Tumores malignos de Warthin (carcinoma ex-cistadenoma papilífero


linfomatoso) têm sido relatados, embora sejam extremamente raros

 Carcinoma mucoepidermoide

-Composto por células mucosas, epidermóides e intermediárias

-Mais comum em mulheres

-Neoplasia maligna salivar mais comum

-Ampla faixa etária, mas raramente é vista na primeira década de vida.


Entretanto, o carcinoma mucoepidermoide é a neoplasia maligna de
glândula salivar mais comum em crianças

- Comum na parótida e quando afetas as menores é no palato

- Há um aumento de volume assintomático, com dor e pode gerar paralisia


facial

- Por razões desconhecidas, carcinomas mucoepidermoides


submandibulares estão associados a piores prognósticos do que os de
parótida. Os carcinomas mucoepidermoides das glândulas salivares
menores geralmente apresentam um bom prognóstico

 Carcinoma adenóide cístico

-Antigamente, era chamado de cilindroma

-Malígno, comum em mulheres, comum no palato, raro em pessoas com


menos de 20 anos

-De crescimento lento e com relato de dor

-Quando afeta a parótida pode gerar paralisia facial

-A positividade das reações imuno-histoquímicas para CD43 e c-kit (CD117)


nos carcinomas adenoide císticos tem sido relatada como uma
característica útil para o diagnóstico, que pode ajudar na distinção entre ele
e o adenocarcinoma polimorfo de baixo grau

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