Você está na página 1de 5

jusbrasil.com.

br
12 de Setembro de 2018

Protesto de dívida com mais de 5 anos é ilegal e dá direito a


indenização por danos morais

Várias empresas, por todo o Brasil, estão adotando a tática ilegal


de fazer o protesto de títulos fora do prazo legal ou já prescritos,
prejudicando milhões de brasileiros que, por desconhecerem os
seus direitos, no desespero, acabam fazendo qualquer coisa para
pagar a dívida e ter seu nome ‘limpo’ novamente.

Elas costumam gerar uma Letra de Câmbio da dívida com uma


data bem mais recente para então protesta-la no Cartório.

Por exemplo: um cheque de 2009, vira uma letra de câmbio do


ano de 2016.

 
Com esta artimanha acabam enganando o consumidor e os órgãos
de restrição ao crédito (SPC e SERASA), que só podem manter
cadastros pelo prazo máximo de 5 anos e então não poderiam
fazer constar um protesto de um cheque de 2009, mas um
protesto de uma letra de câmbio do ano de 2016 sim.

Ressalta-se que o simples protesto cambial (em cartório) não


renova, muito menos interrompe o prazo de prescrição do
direito de cobrar a dívida, conforme a Súmula 153 do Supremo
Tribunal Federal (STF).

Portanto, o protesto extra-judicial não muda em nada a situação


da dívida e a contagem do prazo de prescrição e da retirada do
nome dos cadastros de restrição como SPC e SERASA, que
continua a ser de 5 anos contados da data de vencimento da
dívida.

Assim, se a dívida, mesmo protestada, já tem mais de 5 anos da


data do seu vencimento, não importa a data em que foi
protestado ou se virou uma letra de câmbio", não pode mais
constar mais em cartórios de protestos ou nos cadastros do SPC e
SERASA.

Os cartórios de protestos preferidos são os do interior dos Estados


do Rio de Janeiro e São Paulo.

Por que os protestos são ilegais?

Primeiro, porque não pode haver protesto de dívida prescrita


(veja alguns julgamentos transcritos no final deste texto).

No caso de títulos de crédito (cheques, notas promissórias, letra


de câmbio e duplicata), a lei, através do Artigo 206, § 3º, VIII do
Novo Código Civil estipula que prescrevem em 3 anos:
 
“VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de
crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de
lei especial;”

Portanto, se houver o protesto após o prazo de prescrição (neste


caso, de 3 anos), o consumidor tem todo o direito de exigir na
justiça a sua imediata sustação (exclusão) e indenização por
danos morais contra quem efetuou o protesto.

Prazo para protestar cheque é ainda menor: varia de 30 a 60


dias, no máximo

No caso do cheque, que tem lei especial (Lei nº 7.357/85) o prazo


de prescrição do direito de cobrança é de 6 meses e segundo os
artigos 33 e 48 da referida lei o prazo legal para o protesto é de
30 (trinta dias) quando emitido no lugar onde deverá ocorrer
o pagamento e, de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro
lugar do País ou no exterior e o protesto deve ser feito no lugar
de pagamento ou do domicílio do emitente.

Atenção: o protesto de cheque fora destes prazos ou em outra


cidade que não aquela que for o do lugar de pagamento ou do
domicilio do emitente, é ilegal e o consumidor tem todo o direito
de exigir na justiça a sua imediata sustação (exclusão) e
indenização por danos morais contra quem efetuou o protesto.

Embora, pela lei dos protestos, os cartórios de protestos de títulos


não estejam obrigados a negar o protesto de títulos de crédito
prescritos (notas promissórias, letra de câmbio e duplicata com
mais de 3 anos e cheque com mais de 30 ou 60 dias, dependendo
do caso, da data em que venceu sem pagamento), o que,
particularmente, entendemos ser um absurdo, quem efetuou o
protesto é totalmente responsável pelo mesmo e por isto pode ser
processado por danos morais.
 
Detalhe: Vale ressaltar que, embora os prazos de prescrição dos
títulos de crédito sejam inferiores a 5 anos, para efeitos do tempo
de cadastro em SPC e SERASA continua valendo o prazo de 5 anos
a contar da data de vencimento da dívida (data em que deveria
mas não foi paga) e o simples protesto em cartório não renova a
dívida.

Súmula 504 do STJ

O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente


de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do
dia seguinte ao vencimento do título.

Súmula 503 do STJ

O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente


de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia
seguinte à data de emissão estampada na cártula.

Fonte: SOS Consumidor

Veja também:

Kit advogado Cível: otimize seu tempo e atue em nichos


lucrativos

Multa de trânsito: teoria completa e modelos editáveis

Tenha acesso a mais de 1300 modelos de recursos de


multas

Teoria e prática: como recorrer de juros bancários

 
Disponível em: http://atualizacaodireito.jusbrasil.com.br/artigos/623632928/protesto-de-divida-
com-mais-de-5-anos-e-ilegal-e-da-direito-a-indenizacao-por-danos-morais

Você também pode gostar