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Advayasiddhi

Tradução para o Português

Om, Saudações a - Vajrasattva. (o Senhor adamantino).

1. Inclinando minha cabeça diante de Vajra, que é naturalmente


brilhante, onisciente e que dá origem ao mundo tríplice e é o doador do
fruto desejado, descreverei brevemente a melhor maneira de atingir
(Sadhanam param) a natureza Vajrasattva, sem referência a local,
tempo, data (tithi), dia específico da semana (vara), constelação ou aos
mandalas (representações figurativas sagradas).

2. Regras, votos, jejuns, murmuração de palavras e meditar sobre elas


não ajudam aquele desprovido de Tattrayoga a alcançar o siddhi,
mesmo que ele tente por centenas de crores de Kalpas.

3. O Mantrin (aquele que pratica Mantracarya) deve sempre glorificar a


si com a contemplação do Tattva, por meio de excrementos, urina,
semente, etc. e o corrimento nasal.

4. O conhecedor de Yoga deve sempre adorar de acordo com a


prescrição de Prajna e Upaya, sua mãe, irmã, filha, sobrinha.

5. O Yogin deve adorar com contemplação do conhecimento e Vajra,


qualquer mulher, que seja de casta baixa, fisicamente defeituosa ou
artesã.

6. Pelas mesmas ações terríveis, que criam a servidão para os seres,


pode-se ser libertado da servidão deste mundo, se estas forem
acompanhadas pelo Upaya.

7. Ele deve, dia após dia, observar os votos (samaya), originados das
cinco Famílias Divinas e adorar com lamparinas etc, com o
acompanhamento de leite etc, coletados de várias fontes.

8. O Mantrin, com os olhos brilhando de deleite e com o rosto sempre


sorridente, tendo fixado sua mente na iluminação, deve meditar sobre o
oceano do conhecimento.
9. Quaisquer objetos, estacionários ou em movimento, que estejam nos
três mundos, devem ser percebidos com atitude Tattrayogica, como
possuindo a essência de vajra.

10. Aqueles que têm visões diferentes e possuem várias insígnias não
devem ser menosprezados nessas questões de transformação
Vajrasattvica.

11. Tendo encontrado harmonia entre todos os objetos no mundo que


surgiram da Ausência de Alma, o Mantrin deve sempre contemplar o
corpo naturalmente puro.

12. O Senhor (o própiro Sadhaka?) fica aprazido por meio de perfume,


flores, vestimentas, incenso, oferendas, canções, música instrumental e
dança.

13. Ele não deve recorrer a práticas ascéticas, ações como jejum nem a
banhos e lavagens; também o Gramadharma (ou seja, práticas
observadas por pessoas de pouca inteligência e como práticas tribais –
interpretação de acordo com a tradução tibetana) deve ser abandonado.

14. Ele não deve se curvar diante de Deuses feitos de madeira, pedra ou
argila. Ele deve sempre adorar seu próprio corpo com a mente
concentrada.

15. Ele deve adorar a Vajradharin com mel e as cinco pradipas


misturadas com excrementos e urina.

16. Ele deve adorar a deidade que reside no corpo com a contemplação
do Tattva (Sunyata), com leite obtido de todas as fontes e com a flor
autocriada da mulher.

17. Ele deve roubar a riqueza alheia e seduzir as esposas alheias; ele
deve falar mentiras e matar todos os Budas.

18. Ele não deve erguer Caityas de pedra ou argila, nem deve se deleitar
em ler livros. Mesmo nos sonhos, ele não deve desenhar mandalas por
ações físicas, vocais ou mentais.
19. O conhecedor do mantra não deve sentir aversão por nada e deve
pensar que o próprio Vajrasattva está fisicamente presente em todas as
formas. O possuidor do mantra não deve se preocupar com o que é
acessível ou inacessível, nem com comestíveis e não comestíveis, nem
com bebíveis ou não bebíveis.

20. O conhecedor da realidade, tendo se apoderado de todos os seres


vivos nascidos em Vairocana (= excremento) e aqueles que surgiram do
corpo de todos os seres vivos, deve comê-los com o propósito de atingir
a perfeição.

21. Ele não deve sentir aversão por uma mulher nascida em qualquer
casta, pois ela é Bhagavati Prajna (Gnose Abençoada), que assumiu um
corpo físico neste mundo convencional.

22. Nem a data nem a constelação nem o jejum são necessários. Uma
pessoa dotada do conhecimento da não-realidade alcançará a perfeição
da Budicidade (Saugati).

23. Qual é a utilidade de muita conversa? Tudo o que é perceptível deve


ser visto pelo conhecedor de Tattva (Sunyata) com a atitude
Tattvayogica (ou seja, tudo é vazio, ilusório).

24. O conhecedor de Yoga deve sempre comer o pradipa (carne) de


elefante, cavalo, lebre, camelo e vaca misturada com o mahapradipa
(carne humana).

25. O conhecedor de Yoga não deve se apegar a nada. Ele deve meditar
no oceano da existência com o Yoga da equanimidade mental.

26. Origem, existência contínua e cessação estão misturadas para as


pessoas comuns. Se estas existem, então o mundo fenomenal também
existe; caso contrário, não haverá destruição e nascimento em nenhum
lugar.

27. Diz-se que o Senhor Adamantino é o dia, e a sabedoria (prajna), a


noite. Se o Yogin meditar desta maneira, ele alcançará rapidamente a
perfeição.
28. Essa forma não manifesta que reside em todas as criaturas, essa
essência última (Tattva = sunyata) pode ser obtida sem dúvida da boca
do Guru (ou seja, pelo ensinamento direto do Guru).

29. A iluminação é o estado final - um Nirvana não estabelecido em


nenhuma parte (com respeito ao tempo ou lugar), desprovido de
características, descansando em nenhum lugar e permeando todos os
seres.

30. Se o Yogin, dotado de inteligência, meditar assim, ele sem dúvida


alcançará a perfeição, mesmo que seja uma pessoa de pouco mérito.

31. Nos três mundos de coisas estacionárias e em movimento, não há


ninguém maior do que o preceptor, por cujo favor os sábios alcançam
várias perfeições.

32. O professor deve ser considerado como Vajrasattva e é respeitado


por todos os Budas como o Deus Supremo, que deve ser adorado com
todo esforço.

33. Sua forma é talidade. Para obrigar os seres vivos, tendo assumido a
forma física de maneira convencional, ele reside no assento do Yoga.

34. A ausência de essência em todas as coisas é um equívoco fatal. Mata-


se a si por tal equívoco, que é apenas uma manifestação de pensamento
vulgar.

Colofão: Aqui termina a Sadhanopayika chamada Advayasiddhi,


originada no Svadhisthanakrama, proveniente da boca de Sri Laksmi,
que vem do pitha Mahayoga de Oddiyana e é o receptáculo de todas as
teorias filosóficas do Yogatantra.

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