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NELSON CARVALHO MARCELLINO

Capacitação de Animadores
Socioculturais

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS


FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DO LAZER

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO


SECRETARIA DE DESPORTOS
DEPARTAMENTO DE DESPORTO SÓCIO-EDUCACIONAL
PROGRAMA DE FOMENTO DESPORTIVO NA COMUNIDADE

Primeira edição 1994


Edição atual – São Paulo 2013
Comunidade:

“Nada mais abstrato do que a comunidade, e


nada mais concreto quando nos declararmos
seus representantes.”
Drummond de Andrade, Carlos. O avesso das coisas:
Aforismos, Rio de Janeiro, 1987, p.34

301.15 Marcellino, Nelson Carvalho, 1950 -


M331C Capacitação de animadores sócio-
culturais / Nelson Carvalho Mar-
celino. - Campinas: UNICAMP, FEF,
DEL; Brasília, D.F.: MED, SEED,
PFDC, 1994.
48p.
1. Dinâmica de grupo; 2. Lazer
Filosofia; 3. Relações Humanas. I.
Título.
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
(Favor PREENCHER, DESTACAR e ENTREGAR ao Coordenador do Curso).

1. Nome:
2. Endereço:
Número: Complemento:
Bairro: CEP:
Cidade: Estado:
Fone: e-mail:
3. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
4. Idade: anos
5. Escolaridade: ( ) primeiro grau incompleto ( ) primeiro grau
( ) segundo grau incompleto ( ) segundo grau
( ) superior incompleto ( ) superior
curso:
6. Cargo/Função:
7. Já colaborou na programação ou realização de atividades de Lazer Comunitário,
ou não?
( ) sim - tipo de atividade:

( ) não
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
(Favor PREENCHER, DESTACAR e ENTREGAR ao Coordenador do Curso).

1. Nome:
2. Endereço:
Número: Complemento:
Bairro: CEP:
Cidade: Estado:
Fone: e-mail:
3. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
4. Idade: anos
5. Escolaridade: ( ) primeiro grau incompleto ( ) primeiro grau
( ) segundo grau incompleto ( ) segundo grau
( ) superior incompleto ( ) superior
curso:
6. Cargo/Função:
7. Já colaborou na programação ou realização de atividades de Lazer Comunitário,
ou não?
( ) sim - tipo de atividade:

( ) não
SUMÁRIO

1o DIA

Apresentação do Curso Papéis


Apresentação Pessoal Tempo e Atitude
“Quebra Gelo” Ainda sobre Tempo e Atitude
Normas do Grupo Avaliação
Regras de Trânsito

2o DIA

Desempenho de Papéis Clínica do Rumor


O Conteúdo do Lazer As Barreiras para o Lazer
Novos Usos Para... Um Duplo Processo Educativo
Atividade e Passividade Avaliação

3o DIA

Desempenho de papéis Ação comunitária


Equipamentos não específicos Quebra cabeças
Equipamentos específicos Detalhamento de Comissões
Ataque e defesa Avaliação

4o DIA

Desempenho de papéis Conhecendo a situação de sua região


Tomada de Decisões Projeto - elaboração - explicação
Levantamento da situação – confronto detalhada
de valores e estabelecimento de Reuniões - explicações detalhadas
objetivos Avaliação

5o DIA

Desempenho de Papéis Preparação da primeira reunião com a


Elaboração de projetos – exercício comunidade
Apresentação de projetos Avaliação final
APRESENTAÇÃO DO CURSO

Este curso faz parte de um processo de Capacitação de Animadores


Sócio-Culturais, interessados no desenvolvimento de programas de Lazer,
baseados na estratégia da “Ação Comunitária”.

O curso é composto de três eixos em termos de conteúdo,


diretamente interligados, e trabalhados concomitantemente: “Teoria do Lazer”,
“Trabalho em Grupos” e “Ação Comunitária”, e é desenvolvido através de
técnicas de “Dinâmica de Grupo”, adaptadas.

Os textos e a forma de trabalhá-los são o que pude reunir de mais


simples, propositadamente, através do trabalho desenvolvido durante mais de oito
anos, como “orientador social” do SESC - Serviço Social do Comércio; mais de
seis anos, como docente da PUCCAMP - Pontifícia Universidade Católica de
Campinas; e mais de seis anos, como docente da UNICAMP - Universidade
Estadual de Campinas, uma vez que, a pretensão é atingir o maior número de
pessoas possível, interessadas em atuar neste campo, e inclusive a serem “agentes
multiplicadores”, a partir da vivência das experiências do processo, do qual este
curso é parte.

Não posso deixar de registrar meus agradecimentos a todas as


pessoas que vivenciaram comigo, ao longo de quase vinte anos de trabalho, essa
troca de experiências, para mim muito rica, que possibilitou a elaboração deste
material.

Ficamos no aguardo de críticas e sugestões. Consulte nosso site:


Grupo de Pesquisa em Lazer - GPL - www.unimep.br/gpl.

NELSON CARVALHO MARCELLINO


Agosto de 2013
APRESENTAÇÃO PESSOAL

Preencha e coloque o seu “crachá” de identificação, usando o


nome ou “apelido” pelo qual gosta de ser chamado, em letra grande e legível,
usando para isso os “pincéis atômicos”.

Você terá três minutos para entrevistar o(a) colega que está
sentado(a) ao seu lado.

Faça as perguntas que julgar mais significativas para conhecê-lo(a)


e escreva no espaço abaixo:

Agora o(a) colega fará o mesmo com você; procure responder do


modo mais adequado possível, não ultrapassando, também aqui, o tempo de três
minutos.

Finalmente, cada um de vocês apresentará o outro ao grande grupo.

OBS: a apresentação poderá ser feita também pessoalmente, ao grande grupo,


individualmente, como forma opcional.
VOCÊ SABE SEGUIR INSTRUÇÕES?

A)
B)

1. Leia tudo antes de executar qualquer tarefa indicada;


2. Escreva seu nome na linha A, acima;
3. Escreva a data de hoje na linha B, acima;
4. Faça um círculo em volta da palavra “nome” da frase dois;
5. Desenhe cinco quadradinhos no canto esquerdo superior desta folha;
6. Ponha um “X” dentro de cada quadradinho;
7. A seguir ao título, escreva: “SIM, SIM, SIM”;
8. Faça um “X” no canto direito desta folha;
9. Desenhe um retângulo em torno da palavra “folha” da frase n° 5;
10. Desenhe um triângulo em torno do “X” que foi feito no canto direito desta
folha;
11. Ao chegar a esta parte do teste, diga seu primeiro nome em voz alta;
12. Conte em tom de voz normal, de dez até um;
13. Se você for o primeiro a chegar até este ponto, diga em voz alta: “FUI O
PRIMEIRO A CHEGAR ATÉ ESTE PONTO, DE MODO QUE SOU UM
CAMPEÃO EM SEGUIR INSTRUÇÕES”;
14. Sublinhe todos os números pares ao lado;
15. Agora que acabou de ler tudo com atenção, execute apenas a instrução número
2.

OBS.: Anote no espaço abaixo, as conclusões que você chegou após o uso desta
técnica.

FINALIDADES:
1.

2.

OUTRAS TÉCNICAS DE “QUEBRA-GELO”:


1.
NORMAS DO GRUPO

Todo jogo tem regras que devem ser seguidas pelos participantes:
o cumprimento de regras não implica em perda de espontaneidade. A ausência de
regras não configura uma situação de liberdade, mas de desordem. O que
caracteriza um grupo autônomo é o livre estabelecimento de regras.

Exemplos de Normas do Grupo:

1. Dispor as cadeiras em círculo de modo que todos se vejam. No círculo não existe
destaque ou dominação;
2. Não forme subgrupos: o subgrupo é uma agressão ao grupo. Sente-se ao lado de
pessoas que você não conhece. Não se sente duas vezes ao lado da mesma pessoa;
3. Não se alheie dos fatos que ocorrem durante as sessões. Não se prepare mentalmente
para falar: ouça tudo;
4. 4.Ao intervir, sempre que possível, refira-se sempre à última afirmação formulada.
Encadeie a verbalização. Não dê saltos;
5. Conclua suas intervenções com uma pergunta: deixe o assunto em aberto. Provoque
dúvidas;
6. Duvide de tudo: não aceite nada sem provas;
7. Todas as contribuições merecem atenção de sua parte: insignificante para você não se
confunde com insignificante:
8. Não deixe para criticar após a reunião: seja leal e autêntico. Intervenha na hora em que
achar conveniente;
9. Quem não sabe o assunto é extremamente útil ao grupo por que faz perguntas. Talvez
seja ele o criativo;
10.Permita que todos falem. Estimule os tímidos. Bloqueie os dominadores. Seja breve:
discurso é chato;
11.Se não puder cumprir suas tarefas, solicite colaboração dos demais. Mobilize todos
para auxiliá-lo;
12.Não use títulos de tratamento. Embora diferentes, no grupo todos são equivalentes.
Chame pelo nome;
13.Evite falar baixo com alguém ao seu lado: tudo que é formulado no curso interessa a
todos ou a ninguém. Se interessa, fale para todos. Se não interessa, não fale;
14.Se não compreendeu algo, interrompa na hora e peça esclarecimentos. Pergunte o
significado de palavras que não conhece. Não permita equívocos;
15.Não espere ser convidado à participação: exija seu lugar no grupo. Reivindique.

OBS.: Cada uma das normas deverá ser discutida e aceita, ou não, pelo grupo. O
grupo poderá propor novas regras, que também serão submetidas à discussão.
REGRAS DE TRÂNSITO
A construção das regras de trânsito constitui uma forma de estabelecer um ponto
de partida para o funcionamento do grupo, criando novos hábitos, por meio da
definição de normas cujo não cumprimento, no interior do grupo, acarreta uma
pequena multa que é cumulativa.

É interessante que essa dinâmica faça parte do primeiro dia de curso e que possa,
no último dia, ser retirada, para que seja possível perceber a mudança no
comportamento do grupo.

Resumo das normas do grupo a serem seguidas pelos participantes do curso:

1. Faltar sem motivo justificado;


2. Chegar atrasado;
3. Deixar de cumprir tarefas;
4. Conversar paralelamente;
5. Chamar alguém por título ou qualquer tratamento cerimonioso;
6. Deixar de usar o crachá;
7.
8.
9.
10.

Caberá ao grupo determinar a multa que será imposta aos


infratores das “Regras de Trânsito”.

O grupo poderá resumir outras normas, baseadas nas “normas do


grupo”, estabelecidas à página anterior.
PAPÉIS

A cada participante caberá um papel específico, que deverá ser desempenhado


durante todo o curso.
Se você julgar que não tem aptidão para desempenhar o papel que lhe foi
atribuído, encare isto como um desafio para o desenvolvimento de mais esta
capacidade.
Cada papel faz parte de uma equipe. O Grupo funcionará com três equipes:

A) EQUIPE DE ANIMAÇÃO: responsável pelo “aquecimento”:


1. Animador: promove atividades recreativas breves; leva o grupo a espontaneidade;
elimina as tensões, quebra o formalismo;
2. Repórter: encarregado do jornal mural; noticia os principais acontecimentos
envolvendo o grupo;
3. Fotógrafo: Caricatura o perfil dos participantes; fotografa as distrações; destaca as
reações dos participantes;
4. Decorador: cuida da decoração do local do curso;
5. Fofoqueiro: descobre o inventa fofocas; imagina o que cada participante pensou,
mas não disse.

B) EQUIPE DE ORGANIZAÇÃO: responsável pela ordenação e bom andamento dos


trabalhos:
6. Recapitulador: relembra ao grupo as etapas percorridas; destaca pensamentos e
ações do dia anterior;
7. Controlador: controla as regras de trânsito;
8. Tesoureiro: cobra as multas das infrações de trânsito;
9. Programador: cuida da formação do grupo nas diversas ativida- des; controla o
horário, a freqüência e os atrasos; acelera a execução dos trabalhos, evitando a perda
de tempo;
10. Dicionarista: explica ao grupo o significado dos termos empregados no curso;
11. Merendeiro: cuida do lanche do grupo;
12. Provedor: providencia o material necessário e cuida da arrumação da sala;
13. Relações públicas: entrevista, diariamente, algum participante sobre o curso, ou
presta informações extra-cursos, como filmes, teatro, cinema, TV, etc.

C. EQUIPE DE AVALIAÇÃO: responsável pela verificação dos eventos do curso:


14.Superego do grupo: analisa o desempenho do grupo como um todo;
15.Incentivador: aplica ao grupo a didática do elogio; descobre ações elogiáveis;
16.Superego do coordenador: analisa o desempenho do coordenador;
17.Relações humanas: faz o grupo conhecer cada um: entrevista pública, leva todos a
ajudarem a todos; dá conjunto ao grupo.

OBS.: a cada componente do grupo caberá desempenhar o papel correspondente


ao _________ colocado no seu “crachá”.
TEMPO E ATITUDE *
Nelson Carvalho Marcellino

Nas reivindicações das associações de moradores, nos luminosos das


lojas, nos anúncios de imobiliárias, nas propostas dos candidatos a cargos
públicos, nos títulos de revistas, nas seções dos jornais, e em muitas outras
situações da vida quotidiana, a palavra “lazer” vem aparecendo com uma
frequência cada vez maior, que não se verificava até bem pouco tempo atrás, pelo
menos com tanto destaque. Isso faz com que seja quase inevitável, quando se
aborda de maneira específica a temática do lazer, iniciar-se destacando os vários
entendimentos que a palavra comporta na nossa sociedade, motivados pela
incorporação relativamente recente do termo ao vocabulário comum. Além disso,
não se pode deixar de considerar, ainda, que se trata de um termo carregado de
preconceitos, motivados por um pretenso caráter supérfluo dessas atividades,
contrapondo-se a nossa situação socioeconômica e pela sua utilização como
instrumento ideológico, contribuindo para o mascaramento das condições de
dominação nas relações de classes (“Pão e Circo”).
Com relação à utilização da palavra “lazer” o que se verifica, com
maior frequência, é a simples associação com experiências individuais
vivenciadas, dentro de um contexto mais abrangente que caracteriza a sociedade
de consumo, o que, muitas vezes, implica na redução do conceito à visões parciais,
restritas aos conteúdos de determinadas atividades. Dessa forma, para algumas
pessoas, lazer é futebol, para outras é pescaria, ou jardinagem, etc, etc. O uso
indiscriminado e impreciso da palavra, englobando conceitos diferentes e até
mesmo conflitantes, fundamenta a necessidade de tentar precisá-lo no sentido de
orientar discussões que contribuam para o seu entendimento e significado na vida
quotidiana de todos nós. Na intervenção na comunidade, considerando que se
trabalha com equipes de voluntários, é fundamental que seja estreitada a relação
do povo com a equipe técnica envolvida no projeto.
Apenas pelo exemplo citado percebe-se que o entendimento do
lazer não pode ser estabelecido somente a partir do conteúdo da ação, ou pelo
menos que ele não constitui condição suficiente para a conceituação. Se para
algumas pessoas o futebol, a pescaria, a jardinagem constituem atividades de lazer,
certamente isso não se verifica, em todas as oportunidades, para o jogador
profissional, o pescador que depende da sua produção ou para o jardineiro. Além
disso, aquilo que pode ser altamente atraente e prazeroso para determinada pessoa,
não raro significa tédio ou desconforto para outro indivíduo. Assim, as
circunstâncias que cercam o desenvolvimento dos vários conteúdos são
básicas para a concretização das atividades.
Nesse particular, podem ser destacados como fundamentais os
aspectos tempo/espaço e atitude. O lazer considerado como atitude será
caracterizado pelo tipo de relação verificada entre o sujeito e a experiência
vivida, basicamente a satisfação provocada pela atividade. O lazer ligado ao
aspecto tempo, considera as atividades desenvolvidas no tempo liberado do
trabalho, ou no “tempo livre”, não só das obrigações profissionais, mas também
das familiares, sociais e religiosas. Apesar da polêmica sobre o conceito, a
tendência que se verifica, na atualidade, entre os estudiosos do lazer, é no sentido
de considerá-lo tendo em vista os dois aspectos - tempo e atitude.
A consideração do aspecto tempo na caracterização do lazer tem
provocado uma série de mal entendidos. Um deles diz respeito ao conceito “livre”
adicionado a esse tempo. Na realidade, considerado do ponto de vista histórico,
tempo algum pode ser visto como livre de coações ou normas de conduta social.
Talvez, fosse mais correto se falar em tempo disponível. Mesmo assim,
permanece a questão da consideração do lazer como esfera permitida e controlada
da vida social, o que provocaria a morte do lúdico, e a ocorrência do lazer marcada
pelas mesmas características alienantes verificadas em outras áreas de atividade
humana.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.

Técnica: leitura e discussão em grande grupo.

OBS: procure ler pausadamente o texto para facilitar seu entendimento e o do


restante do grupo.

Anote o funcionamento:
Figuras representativas do texto:

Figura 1 - Relação tempo/espaço e atitude no lazer – natureza das obrigações

TEMPO ESPAÇO
Obrigações familiares
Público
Privado
Obrigações políticas

Não-Atividade
LAZER
Atividade Desinteressada
Descompromissada
Obrigações sociais Prazer
Livre Adesão
Descanso
Divertimento
Obrigações religiosas Desenvolvimento
Obrigações profissionais

ATITUDE

Figura 2 – O lúdico como elemento da cultura

CULTURA ESPORTE
Religião
Escola
Família
Trabalho TURISMO LAZER
Partido
Político
Obrigações ARTE
LÚDICO Sociais
AINDA SOBRE TEMPO E ATITUDE*

Nelson Carvalho Marcellino

Conforme já verificamos neste espaço, a consideração dos


aspectos tempo e atitude é fundamental para o entendimento do âmbito do lazer.
Já colocamos, inclusive, que essa consideração não deve ficar isolada num único
desses aspectos, mas sim combiná-los, uma vez que o simples isolamento de cada
um pode provocar uma série de equívocos, decorrentes de situações nebulosas na
sua consideração.
Dessa forma, o lazer encarado apenas como atitude, como um
estilo de vida, independente de um tempo determinado, fica na dependência
exclusiva da relação da pessoa envolvida com a atividade. E, assim, qualquer
atividade poderia ser considerada lazer, até mesmo o trabalho, desde que atendesse
determinada características, como a escolha individual, e um nível de satisfação e
de prazer elevados. Ora, sabemos que para a maioria da população o trabalho não
pode ser assim considerado, e mesmo para a minoria privilegiada em termos de
escolha e satisfação profissional, o componente de obrigação é marcante,
principalmente em nossa sociedade que valoriza, sobretudo, a produtividade. Esse
componente forte de obrigação está presente em uma série de outras atividades,
como as familiares, os compromissos sociais, religiosos, etc. Talvez, o ideal seria
caminhar em busca da gradativa eliminação do componente obrigação em todas
essas atividades, mas a história tem demonstrado que ele é uma constante,
variando em suas formas.
Por outro lado, a consideração isolada do aspecto tempo, traz uma
série de interrogações. Por exemplo: como poderiam ser consideradas as
atividades desenvolvidas no tempo em que o trabalhador se desloca do local de
trabalho para o local de moradia, ou vice versa? Como considerar as ações
prazerosas desenvolvidas no âmbito de tempo dedicado às obrigações familiares?
Não seria o lazer, nesse sentido um elemento desagregador, uma vez que os
interesses na família são bem diversificados?
Por tudo isso, e conforme já colocamos a tendência atual, entre os
estudiosos do lazer, é considerá-lo tendo em vista a combinação dos dois aspectos
– tempo/espaço e atitude.
Outras questões se colocam quando o lazer é examinado levando
em conta o aspecto tempo. Que tempo é esse? Quais as suas características?
Antes de mais nada, o tempo do lazer encontra-se não em
oposição, mas em relação com o tempo das obrigações. Sobretudo com as
obrigações profissionais - com o trabalho. E aqui algumas questões podem ser
colocadas. Apenas a título de exemplo: o tempo do desempregado poderia ser
considerado como lazer? A questão que pode, a primeira vista, parecer fora de
propósito, na realidade é bastante atual, quando se analisa programas de lazer
desenvolvidos por determinados organismos, tentando preencher o tempo do
desempregado com atividades “sadias”. Na condição de desemprego seria mais
pertinente considerarmos a ociosidade do trabalhador dentro do sistema produtivo
e não a dimensão do ócio que é uma das possibilidades do lazer.
Considerando apenas a esfera das atividades profissionais - do
trabalho, o tempo do lazer situa-se no “tempo liberado” do trabalho, portanto,
supõe a sua existência. Dessa forma, o tempo gerado pelo desemprego nunca pode
ser considerado tempo liberado, mas sim tempo desocupado que reflete a
ociosidade do trabalhador decorrente da incapacidade do sistema econômico gerar
trabalho. Além disso, pelas próprias características da situação de desempregado, a
pessoa nessa circunstância não tem condições de desenvolver atitudes adequadas
para o desenvolvimento do lazer, vivenciando as possibilidades de descanso
(ócio), desenvolvimento e divertimento.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.

Técnica: leitura e discussão em grande grupo.

Anote o funcionamento:
O CONTEÚDO DO LAZER *

Nelson Carvalho Marcellino

A realização de qualquer atividade de lazer envolve a satisfação de


aspirações dos seus praticantes. Há alguma coisa de comum entre o que se busca
indo ao cinema ou ao teatro, e que difere das razões que motivam o
desenvolvimento de esportes, por exemplo. Enquanto, no primeiro caso, a
satisfação estética pode ser considerada como critério orientador, no segundo caso,
via de regra, prevalece o movimento - o exercício físico.
É exatamente a distinção entre o que se busca de forma
preponderante no desenvolvimento das várias atividades, que abre a
possibilidade para a classificação dos seus conteúdos. Embora os campos
abrangidos sejam de difícil demarcação, a separação pode ser estabelecida em
termos de predominância. Dessa forma, ainda com referencia ao exemplo citado
acima, pode-se argumentar que o domínio do movimento ou do exercício físico
também é um campo para a manifestação estética, mas não de modo tão específico
como ocorre no terreno das artes. Os vários interesses que as aspirações pela
prática do lazer envolvem formam um todo interligado e não constituído por
partes estanques. A distinção só pode ser estabelecida em termos de
predominância, representando escolhas subjetivas, o que evidencia uma das
características das atividades de lazer - a opção.
Não há dúvidas de que as atividades de lazer devem procurar
atender as pessoas no seu todo. Mas, para tanto, é necessário que essas mesmas
pessoas conheçam as atividades que satisfaçam os vários interesses, sejam
estimuladas a participar e recebam um mínimo de orientação que lhes permita a
opção entre várias possibilidades. Em outras palavras, a escolha, a opção, em
termos de conteúdo, está diretamente ligada ao conhecimento das alternativas que
o lazer oferece. Por esse motivo, é importante a distinção das áreas abrangidas pelo
conteúdo do lazer.
A classificação mais aceita é a que distingue seis áreas
fundamentais: os interesses artísticos, os intelectuais, os físicos, os manuais, os
sociais e os turísticos.
O campo de domínio dos interesses artísticos é o imaginário - as
imagens, emoções e sentimentos; seu conteúdo é estético e configura a beleza do
encantamento. Abrange todas as manifestações artísticas.
Já nos interesses intelectuais, o que se busca é o contato com o
real, as informações objetivas e explicações racionais. A ênfase é dada ao
conhecimento vivido, experimentado. A participação em cursos ou a leitura são
exemplos.
Por sua vez, as práticas esportivas, os passeios, a pesca, a ginástica
e todas as atividades onde prevalece o movimento, ou o exercício físico, incluindo
as diversas modalidades esportivas - constituem o campo dos interesses físicos
esportivos.
O que delimita os interesses manuais é a capacidade de
manipulação, quer para transformar objetos ou materiais - por exemplo, o
artesanato e o “bricolagem” - quer para lidar com a natureza, por exemplo, a
jardinagem e o cuidado com os animais.
Quando se procura fundamentalmente o relacionamento, os
contatos face a face, a predominância deixa de ser cultural e passa a ser social,
manifestando-se os interesses sociais no lazer. Exemplos específicos são os bailes,
os bares e cafés, servindo de pontos de encontro, a frequência à associações, etc.
Já o que caracteriza a satisfação dos interesses turísticos é a busca
da quebra da rotina temporal ou espacial e o contato com novas situações,
paisagens e culturas. Os passeios e as viagens constituem exemplos.
Tendo em vista os conteúdos do lazer, o ideal seria com que cada
pessoa praticasse atividades que abrangessem os vários grupos de interesses ,
procurando, dessa forma, exercitar, no tempo disponível, o corpo, a imaginação, o
raciocínio, a habilidade manual, o relacionamento social, o intercâmbio cultural e a
quebra da rotina, quando, onde, com quem e da maneira que quisesse. No entanto,
o que se verifica é que as pessoas geralmente restringem suas atividades de lazer a
um campo específico de interesses. E geralmente o fazem não por opção, mas por
não terem tomado contato com outros conteúdos.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.


(classificação baseada em Joffre Dumazedier)

Técnica: leitura e exposição em grande grupo.

Anote o funcionamento:
Figura representativa do texto:

ATIVIDADES LAZER MANIFESTAÇÕES HUMANAS


Cultura do povo
Cultura erudita
Cultura de massa

TEMPO/ CONTEÚDOS Cada um desses


ESPAÇO CULTURAIS conteúdos pode ser
desenvolvido em
três níveis de
Físico-Esportivo participação:
Atividades são
Social Inferior
baseadas nos
interesses Artístico caracterizado pelo
predominantes das conformismo
Manual
pessoas ao fazê-las, e Intelectual
que consubstanciam Médio
em 6 conteúdos Turístico caracterizado pela
culturais: criticidade
Superior
caracterizado pela
Gêneros da participação → Praticar ------ Conhecer ------- Assistir
criatividade
“NOVOS USOS PARA”

No espaço abaixo, enumere novos usos, diferentes daquele para o


qual ele já foi concebido, para o objeto colocado no centro do grupo; para isso
você terá três minutos. A tarefa é individual. Esgotado o tempo, não escreva mais
nada.

Novos usos para

1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.

Verifique quantos itens você conseguiu enumerar; anote aqui .

Verifique quantos itens o membro do grupo que produzir mais conseguiu


enumerar; anote aqui .

Verifique quantos itens o grupo conseguiu enumerar; anote aqui .

OBS.:
1. Superioridade do trabalho em grupo sobre o individual, mesmo quando o grupo
ainda não está funcionando como tal, mas como uma simples somatória de
pessoas;
2.
3.
ATIVIDADE E PASSIVIDADE *

Nelson Carvalho Marcellino

Um dos temas sempre presente nas discussões que envolvem o lazer, diz
respeito à distinção entre a prática e o consumo. É comum o alerta sobre os riscos do
consumismo e, por outro lado, a lamentação pela perda de oportunidades, sempre
crescente, pelo desenvolvimento “prático” de atividades culturais.
Não podemos negar que as condições sociais são bem mais favoráveis
ao consumo do que a criação cultural. Porém, a questão precisa ser examinada com
cuidado para que não se reduza a constatações simplistas.
A distinção entre a prática e o consumo é acompanhada, via de regras,
por juízos de valor. À apologia da prática, frequentemente colocada, opõe-se os perigos
da passividade do consumo. No entanto, em se considerando as atividades de lazer, o que
seriam atividade e a passividade? Todo o “assistir”, todo o consumo, pertenceria ao
campo da passividade? Então seria preferível executar uma harmonia primária a tomar
contato com obras musicais mais elaboradas, indo a um concerto ou ouvindo uma
gravação? Ou jogar uma “pelada”, ao invés de ir a uma sessão de cinema de arte? O
sociólogo francês Joffre Dumazedier procura estabelecer que, em si mesmo, a atividade
de lazer não é ativa ou passiva, e que esta distinção é dependente da atitude que o
indivíduo assume. Assim, tanto a prática como o consumo, poderão ser ativos ou
passivos, dependendo de níveis de participação da pessoa envolvida, níveis esses que
Dumazedier classifica em elementar ou conformista, médio ou crítico e superior ou
inventivo. Na tentativa de definir o espectador ativo, o sociólogo arrola como
características a seletividade, a sensibilidade, a compreensão, a apreciação e a explicação
- é preciso reunir todas as suas possibilidades racionais e da sensibilidade para interpretar
e recriar o objeto “do consumo”, trabalho esse que deve ser desenvolvido junto a
comunidade.
Concordo com as ponderações do estudioso francês, mas também não
posso deixar de considerar que as barreiras socioeconômicas e o baixo nível educacional
cria todo um clima favorável para a indústria cultural. As poucas pesquisas de que
dispomos na área do lazer dão conta que a maioria do tempo disponível é usufruído nos
próprios locais de moradia, dentro das casas, o que propicia a formação de um “público
cativo” da televisão. É notadamente através desse veículo que os padrões dos grandes
centros, em especial do eixo Rio-São Paulo, vêm sendo impostos a todo o país, em
virtude do surgimento das redes, alternativas econômicas para produção. Esse fato, aliado
a outros, como o crescente processo de urbanização, vem contribuindo para o
desaparecimento de manifestações culturais autênticas, nos vários gêneros, notadamente
das festas, tanto lúdico religiosas como lúdico-folclóricas.
A necessidade do estímulo para o consumo rápido faz com que o nível
da maioria das obras veiculadas seja elementar e fragmentário. A pobreza de conteúdo é
uma constante da produção oferecida ao grande público, nos vários gêneros culturais,
notadamente naqueles mais consumidos, caso dos filmes feitos pela televisão, das
fotonovelas, da música “pop” e dos “best-sellers”. É uma enfadonha repetição de estilos,
de ritmos, de temas, de estrutura.
Contudo, não podemos negar a importância dos meios de comunicação
de massa na difusão nas atividades de lazer, levando-as até mesmo à casa das pessoas. O
que se questiona é o baixo nível dessas programações. Se por um lado é certo que as
manifestações da indústria cultural poderiam cumprir pelo menos alguns requisitos que
contribuíssem para o desenvolvimento cultural, é também verdadeiro que, na prática, as
decisões são tomadas em termos de rentabilidade financeira, evidenciando a
homogeneização do consumo.
Não podemos deixar de considerar as questões colocadas quanto ao
consumo puro e simples de bens culturais. Por outro lado, é importante reconhecer que o
valor cultural de uma atividade está ligado, fundamentalmente ao nível alcançado, seja na
prática, seja no consumo. Isso não significa negar a importância ao estímulo para a
prática do lazer como criação cultural. Esse aspecto não pode deixar de ser considerado,
principalmente se levarmos em conta o caráter de desenvolvimento do lazer. Entretanto,
a simples prática não significa participação, assim como nem todo “consumo”
corresponde necessariamente à passividade.
A partir dessas considerações vamos perceber que o valor de uma atividade,
depende do como você a realiza e não exatamente do que você faz! Nem toda atividade
prática é passividade está relacionada a uma atitude consumista dos conteúdos no lazer,
por isso ela pode ser trabalhada de maneira equilibrada com a comunidade a partir dos
gêneros de participação no lazer: praticar, conhecer e assistir, estabelecendo outras
possibilidades para interesses antes vivenciados apenas na dimensão prática.
A exceção é feita as crianças, categoria social, em que as atividades devem
priorizar a prática visando à construção de seu repertório pessoal. Uma vez que ainda
não possui um repertório consolidado, as crianças perdem a possibilidade de decodificar
as informações culturais e, assim, desenvolver seu lado espectador e conhece seus
interesses no campo do lazer.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.

Técnica: leitura e discussão em pequenos grupos e debate a partir de questão geradora.

Questão geradora:

Anote o funcionamento:
“CLÍNICA DO RUMOR”

O coordenador pedirá a cinco pessoas que saiam da sala. Em seguida, contará um


fato que deverá ser anotado, por todos os presentes no espaço abaixo:

O coordenador escolherá um membro do grupo, que relatará, sem consultar o


escrito, o fato, ao primeiro componente do grupo, que será convidado a retornar a
sala; este, por sua vez, relatará ao segundo, e assim sucessivamente. O último dos
cinco que retornar, contará o fato ao grupo, que escreverá no espaço abaixo:

Compare os dois relatos.


Anote as conclusões:

1. A importância da comunicação no grupo


2.
3.
AS BARREIRAS PARA O LAZER *

Nelson Carvalho Marcellino

Embora possa ser discutida a qualidade das ocupações


desenvolvidas pelas pessoas em seu tempo de lazer, não se pode negar que, em
grande parte ele é preenchido com atividades culturais. No entanto, quando se
observa a realidade concreta, verifica-se um rompimento do quadro ideal do
desenvolvimento do lazer pela população em geral, podendo ser observado que,
mesmo em cidades de “tradição”, no que se refere a essa esfera de atividade, como
o Rio de Janeiro, grande parcela dos habitantes trabalha nos finais de semana e,
mesmo as pessoas que não exercem atividades profissionais, restringem suas
programações, à grande maioria ficando presa ao ambiente doméstico.
O fato de que alguns gêneros de atividades são bastante difundidos
entre a população em geral, nos dá apenas uma visão muito particularizada da
apropriação do lazer. É preciso que sejam considerados aspectos importantes,
verificados na situação, que restringem quantitativa e, sobretudo, qualitativamente,
o acesso à produção cultural.
As pesquisas de que dispomos nessa área, no Brasil, são poucas e
restritas ao uso de determinados equipamentos, como cinemas, teatros, bibliotecas,
parques, etc., e não fornecem muitos indicadores que permitam caracterizar, com
precisão, os participantes. A despeito disso, podemos distinguir, em linhas gerais,
um público marcadamente jovem, com instrução secundária ou superior,
pertencente aos estratos mais elevados da população. Nesse sentido, é fundamental
compreendermos quais são as barreiras existentes para a prática do lazer, essas
podem ocorrer interclasses sociais (decorrem das diferenças de classe) ou
intraclasse social (independem da classe social) conforme vamos observar pelos
exemplos a seguir.
O fator econômico é determinante desde a distribuição do tempo
disponível entre as classes sociais, até as oportunidades de acesso à escola, e
contribui para uma apropriação desigual do lazer. Sempre tendo como pano de
fundo esse fator econômico, podemos distinguir uma série de aspectos que inibem
e dificultam a prática do lazer, fazendo com que se constitua em privilégio.
Um deles é o sexo e nesse aspecto, as mulheres são desfavorecidas
comparativamente aos homens, ou pela rotina do trabalho doméstico, ou pela
dupla jornada de trabalho e, principalmente pelas obrigações familiares
decorrentes do casamento, numa sociedade que, apesar dos avanços nesse sentido,
continua machista.
Outro deles é a faixa etária. Aqui as crianças e os idosos são os
esquecidos. A criança, por não ter ainda entrado no “mercado produtivo”, não é
considerada como a faixa etária que deve ser vivenciada, mas apenas como uma
etapa de preparação para o futuro. O idoso, por já ter saído do mesmo “mercado”,
também tem dificuldades de participação nas atividades de lazer. Na atualidade, as
os fatores econômicos tem contribuído para que o idoso prolongue sua
permanecia no mercado de trabalho em partes para compor a renda da familiar e,
em alguns casos se tornando arrimo de família.
Ainda no plano social é possível identificarmos barreiras
relacionadas à violência, ao avanço científico e tecnológico – com a constituição
do espaço virtual e a exigência do domínio das máquinas, além do
desenvolvimento de linguagens específicas que em si já configuram a seletividade.
Além disso, no plano cultural, uma série de preconceitos restringe
a prática do lazer aos mais habilitados, aos mais jovens e aos que se enquadram
dentro dos padrões estabelecidos de “normalidade”.
Dessa forma, a classe social, o nível de instrução, a faixa etária, o
sexo, entre outros fatores, limitam o lazer a uma minoria da população. São
indicadores indesejáveis e necessitam ser atacados por uma política que objetive a
democratização do lazer.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.

Técnica: Discussão em pequenos grupos e painel.


Anote o funcionamento:
UM DUPLO PROCESSO EDUCATIVO *

Nelson Carvalho Marcellino

Praticamente todos os autores, ligados ao estudo do lazer,


reconhecem seu duplo aspecto educativo. Trata-se de um posicionamento baseado
em duas constatações: a primeira, que o lazer é um veículo privilegiado de
educação; a segunda, que para a prática das atividades de lazer é necessário o
aprendizado, o estímulo, a iniciação, que possibilitem a passagem de níveis
menos elaborados, para níveis mais elaborados, complexos, com o enriquecimento
do espírito crítico, na prática ou na observação. As possibilidades de vivência do
lazer como descanso, desenvolvimento e divertimento (3D’s) constituem em si
dimensões educativas. Verifica-se, assim, um duplo processo educativo - o lazer
como veículo e como objeto de educação.
Apesar disso, a baixa ressonância do lazer leva a sua aproximação
com a escola, acarretando entendimentos restritos que lhe consideram apenas na
perspectiva recreativa por meio do desenvolvimento de atividades dirigidas. Ao
mesmo tempo essa aproximação com a escola, permite o despertar de outro
entendimento do lazer: (1) como veículo de educação, capaz de contribuir com o
processo educativo, especialmente por guardar sua ligação com a dimensão lúdica
da cultura; e (2) como objeto de educação, perpassando as várias disciplinas e os
tempos de contraturno escolar, mas para tal é necessário que exista o estímulo e a
iniciação aos vários conteúdos.
Tratando-se do lazer como veículo de educação, é necessário
considerar suas potencialidades para o desenvolvimento pessoal e social dos
indivíduos. Tanto cumprindo objetivos consumatórios, como o relaxamento e o
prazer propiciados pela prática ou pela contemplação, quanto objetivos
instrumentais, no sentido de contribuir para a compreensão da realidade, as
atividades de lazer favorecem, a par do desenvolvimento pessoal, também o
desenvolvimento social, pelo reconhecimento das responsabilidades sociais, a
partir do aguçamento da sensibilidade ao nível pessoal, pelo incentivo ao auto-
aperfeiçoamento, pelas oportunidades de contatos primários e de desenvolvimento
de sentimentos de solidariedade.
Por outro lado, para o desenvolvimento de atividades no “tempo
disponível”, de atividades de lazer, quer no plano da produção, quer no plano do
consumo não conformista e crítico, é necessário aprendizado. Entretanto, quando
a análise é dirigida ao lazer como objeto de educação - o que implica na
consideração da necessidade de difundir seu significado, esclarecer a importância,
incentivar a participação e transmitir informações que tornem possível seu
desenvolvimento, ou contribuam para aperfeiçoá-lo, entra-se numa área polêmica
e marcada por muitas interrogações.
A principal delas talvez seja: como educar para o lazer conciliando
a transmissão do que é desejável em termos de valores, funções, conteúdos, etc.,
com suas características de livre escolha e expressão? Creio que a escolha será
tão mais autêntica quanto maior for o grau de conhecimento que permita o
exercício da opção entre alternativas variadas.
Além disso, as barreiras impostas pelos preconceitos e pelas várias
correntes ideológicas, verificadas no plano cultural, poderão ser relativizadas com
mais facilidade, à medida que o lazer vá sendo convenientemente entendido em
termos dos seus valores e funções. E tal fato contribuiria para que a expressão
através das atividades de lazer adquirisse uma extensão muito maior. A própria
passagem de níveis elementares para superiores teria condições de se concretizar
mais rapidamente, através da ação educativa para o lazer somada à sua vivência,
do que se dependesse unicamente da participação nas atividades, ou seja, se se
restringisse à educação pelo lazer.
A educação para o lazer pode ser entendida também como um
instrumento de defesa contra a homogeneização e internacionalização dos
conteúdos veiculados pelos meios de comunicação de massa, atenuando seus
efeitos, através do desenvolvimento do espírito crítico. Além do mais, a ação
conscientizadora da prática educativa, inculcando a ideia e fornecendo meios para
que as pessoas vivenciem um lazer criativo e gratificante, torna possível o
desenvolvimento de atividades até com um mínimo de recursos, ou contribui para
que os recursos necessários sejam reivindicados, pelos grupos interessados, junto
ao poder público.
Nesse sentido a atuação em comunidade exige o esclarecimento
sobre como as formas e visões ideológicas que se tem da sociedade podem
influenciar o trato do lazer. A figura complementar procura elucidar o
entendimento da visão funcionalista do lazer e da visão materialista.

* Estudos do Lazer – uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996.

Técnica: leitura e discussão em grande grupo

Anote o funcionamento:
FIGURA COMPLEMENTAR

VISÕES IDEOLÓGICAS DO LAZER

“FUNCIONALISTA” “CRÍTICA”
Visão idealista de ser humano, Visão materialista de ser humano,
Sociedade e Mundo de sociedade e de mundo

A idéia precede a matéria A matéria precede a idéia

Baseada no positivismo, e Baseado no Materialismo


Funcionalismo, que vê a Histórico e Dialético, que vê a
Sociedade, como um sistema, sociedade composta por infra-
composto de sub-sistemas estrutura, estrutura e
superestrutura

Ideologia Liberal e Neo-liberal


Ideologias Críticas

O que impera no sistema é a


harmonia, a ordem, que leva O que impera na estrutura social é
necessariamente ao progresso. o conflito entre interesses
opostos, o que leva ao movimento
da sociedade- (dialética), de
Harmonia,
O lazer é um subsistema, que acordo com o processo histórico.
mantem a “ordem
a ordem, quee progresso”
leva
necessariamente, ao é
é pois, se supõe
estática. que a sociedade
progresso.
estática O lazer faz parte da super-
estrutura da sociedade – cultura –
e varia de acordo com o modo de
Como o indivíduo é posterior à produção - economia.
sociedade, cabe a ele
conformar-se com a ordem
estabelecida
Exige-se um indivíduo crítico e
criativo, para a construção da
história
Acredita-se que o lazer seja um
subsistema, que ajude o sistema
a funcionar como está, levando
o ser humano, a conformar-se à Acredita-se que o lazer é
sociedade, sem questioná-la, determinado pelo modo produção,
atuando como válvula de mas pode influir sobre ele, de
escape. modo dialético, preparando
mudanças de ordem cultural e
“moral”.

em
busca da sua
“FUNCIONALISTA”
Visão idealista de ser humano,
Sociedade e Mundo
“CRÍTICA”
São verificadas 4 nuanças Visão materialista de ser humano,
de sociedade e de mundo

São verificadas 2 nuanças


Moralista

Compensatória
Romântica
Crítica:
Utilitarista que só vê possibilidade de
mudança a partir do movimento:
infra-estrutura x super-estrutura.
Crítico-criativa:
que crê na importância da infra-
estrutura, mas também crê na
possibilidade de mudança
ça a partir do movimen-
to:infra-estrutura x
super-estrutura x estru-

turaCrítica:
LAZER
que só vê possibilidade de
mudança a partir do movimento:
infra-estrutura x super-estrutura.
LAZER
Sub-sistemas SUPER ESTRUTURA

ESTRUTURA
INFRA-ESTRUTURA

Visão Crítico-Criativa

SUPER-ESTRUTURA
Visão Crítica (fechada e cínica) Cultura - Lazer
ESTRUTURA
SUPER-ESTRUTURA
Cultura - Lazer INFRA-ESTRUTURA
Escravagista – Feudal –
ESTRUTURA Capitalista (3 pelo menos)
INFRA-ESTRUTURA
Escravagista – Feudal –
Capitalista (3 pelo menos)
A CASA, O BAR, A RUA... EQUIPAMENTOS NÃO
ESPECÍFICOS *

Nelson Carvalho Marcellino

Ponha-se no seu lugar! Uma simples frase, mas carregada de


significados. Entre outros o de “sugerir” que a pessoa ocupe o espaço que lhe é
“próprio” tendo em vista critérios os mais variados, mas todos de natureza política.
O nosso espaço, que já não é mais o natural, mas o espaço social, é de natureza
política. E o espaço onde o lazer é desenvolvido, não foge à regra. Hoje
começaremos a falar sobre os equipamentos para o lazer que fazem parte da
cidade.
Todas as pesquisas dão conta de que a grande maioria da
população desenvolve suas atividades de lazer, prioritariamente, no ambiente
doméstico. O lar é o principal equipamento não específico de lazer, ou seja, um
espaço não construído de modo particular para essa função, mas que
eventualmente pode cumpri-la. Nessa mesma categoria figuram os bares, as ruas,
as escolas etc.
Quanto ao lar, ainda que possa oferecer condições satisfatórias
para uma minoria de privilegiados, constitui um dos poucos equipamentos,
disponíveis para grandes parcelas da população, “empurradas” para dentro de suas
casas, no tempo disponível para o lazer. Exatamente essas pessoas são as que
menos têm condições para o desenvolvimento de lazer nas suas habitações. O
espaço é exíguo, quer se considere as áreas construídas, ou os quintais e áreas
abertas coletivas, quando existem. Na maioria de nossas cidades há favelados em
barracos e também nas favelas de alvenaria, formadas pelas autoconstruções de
fins de semana, ou pelos cubículos dos programas de habitação popular.
No que diz respeito aos bares, muito preconceito ainda existe,
ligado ao consumo de bebidas alcoólicas. Via de regra, o bar vem perdendo a sua
característica de ponto de encontro, muito embora algumas iniciativas ocorram, no
sentido de sua transformação em espaço alternativo para outras atividades, como
exposições, lançamentos de livros, músicas ao vivo, etc.. A maioria dessas
iniciativas fica restrita aos chamados “barzinhos” e cafés freqüentados por jovens,
quase que na totalidade estudantes. Os tradicionais “botequins”, onde se “jogava
conversa fora”, são substituídos, nas áreas “nobres” pelas lanchonetes, onde o
consumo rápido desistimula a convivência.
As escolas contam com grandes possibilidades para o lazer, em
termos de espaço, nos vários campos de interesse: quadras, pátios, auditórios,
salas, etc.. Deve-se considerar, ainda, seus períodos de ociosidade, em férias e fins
de semana, e a existência de vínculos com a comunidade próxima. No entanto, a
tão propalada “abertura comunitária” desses equipamentos não vem se
verificando, talvez pelo temor dos riscos de depredação. Já tive oportunidade de
desenvolver atividades de lazer em escolas, em trabalhos comunitários e, ao
contrário do que se possa imaginar à primeira vista, uma ação bem realizada
nesse sentido, só contribui para aumentar o respeito das pessoas pelo equipamento,
uma vez que, à medida que o utilizam, vão desenvolvendo sentimentos positivos,
passando a colaborar na sua conservação. No entanto, o que se verifica, na maioria
das vezes, é a “abertura” desses equipamentos apenas para “festas”, cujo objetivo
principal é a arrecadação de fundos para a sua manutenção.
Com relação às ruas, e mesmo que se considere as praças, quase
sempre são concebidas como locais de acesso, de passagem. Transitá-las é uma
aventura. Algumas iniciativas são tomadas por grupos de moradores “fechando”
espaços para “festas juninas” ou “ruas de lazer”. Mas são atitudes raras e efêmeras.
A precariedade na utilização dos equipamentos não específicos
coloca-nos três questões igualmente importantes: 1- a necessidade de
desenvolvimento de uma política habitacional, que considere, entre outros
aspectos, também o espaço para o lazer - o que não é fácil num País como o nosso,
com alto déficit habitacional, e que deve estimular alternativas criativas em termos
de áreas coletivas; 2- a consideração da necessidade da utilização dos
equipamentos para o lazer, através de uma política de animação; 3- a preservação
de espaços urbanizados “vazios”.

* Suplemento Lazer & Turismo, Correio Popular, Campinas, 10/07/87, p.2.

Técnica: leitura e discussão em grande grupo.


EQUIPAMENTOS ESPECÍFICOS DE LAZER *

“Como se caracterizam esses equipamentos? Preferimos uma


classificação sob um triplo critério: população, interesses e dimensão física
que, no nosso modo de ver, melhor completa os eventuais dados colhidos junto á
população e aos líderes culturais.

a) microequipamentos especializados - são equipamentos importantes na


escala da pequena cidade ou do bairro da grande cidade: de dimensões reduzidas,
são voltados para um único campo do lazer, seja físico (quadras, piscinas, parques
infantis, jardins), manual (clube de jardinagem, de artesanato), intelectual
(biblioteca, auditório), artístico (cineclube, ateliês de arte) ou associativo ( clubes,
associações). Estas atividades tendem a ser desenvolvidas para uma população
restrita e com interesse bem definido. Uma política urbana de lazer deve criar
todas as condições para a sua efetivação, o que, num plano ideal, iria até à
concessão de espaço e subsídio financeiro. São equipamentos importantes para a
difusão cultural;

b) equipamentos médios de polivalência dirigida - quando se prevê o


atendimento a uma grande população, com interesses diversificados, a melhor
solução, ainda, é a dos chamados centros culturais, equipamentos que abrangem
instalações para os diferentes interesses no lazer (físico-esportivos, manuais,
intelectuais, artísticos e sociais); esta solução é preferível à implantação de
equipamentos isolados, na medida em que permite ao indivíduo despertar para
outros interesses que não o seu próprio; esta modalidade é indicada, sobretudo,
para a cidade média ou polos populacionais de metrópoles, onde os riscos de
isolamento sócio-cultural são maiores;

c) macro-equipamentos polivalentes - trata-se, no caso, de equipamentos


suficientemente amplos, de forma a permitirem que a população deles se aproprie
segundo os mais diferentes interesses; sua característica principal é o verde e a
natureza, colocados à disposição de uma população urbana carente desse aspecto;
é o caso dos clubes de campo, dos grandes parques e jardins; são equipamentos
que se tornam importantes na razão direta do crescimento da cidade, quando a
opressão do cimento gera a nostalgia; para as metrópoles, portanto;

d) equipamentos de turismo social - sejam urbanos (de recepção e


hospedagem de turistas sem recursos, em visita à cidade), sejam não-urbanos
(campings, colônias de férias, pousadas).”
* CAMARGO, Luís Octávio de Lima. Recreação Pública. Cadernos de Lazer,
4, São Paulo, SESC: 29-36, maio de 1979.

Técnica: leitura e discussão em pequenos grupos e debate a partir de questão


geradora.

Questão geradora:
ATAQUE E DEFESA

1. O grupo é dividido em dois subgrupos, colocados junto, frente à frente;

2. À escolha do coordenador, um grupo defenderá posições atacando e outro


defendendo, determinada problemática, colocada pelo coordenador, independente
de sua posição sobre o assunto;

3. A palavra é dada, por inscrição, alternadamente a cada um dos subgrupos;

4. Variação:
(anotar após a realização)

5. Tema para discussão

6. Grupo direito - ataca

7. Grupo esquerdo - defende

Conclusão:

1. mostrar que cada assunto comporta, pelo menos, dois pontos de vista; é
necessário levar em conta os diversos pontos de vista, as diversas
possibilidades, antes de tomar decisões;
2. ouvir antes de sugerir;
3. quebrar valores preconceituosos;
4.
5.
6.
7.
PRESSUPOSTOS DE AÇÃO COMUNITÁRIA - ESTRUTURAS
E CANAIS DE PARTICIPAÇÃO *

Nelson Carvalho Marcellino

A ação comunitária pode ser considerada como uma alternativa


operacional dentro de políticas de ação social, de modo geral, e em especial e de
forma privilegiada, no campo do lazer, quando a Organização que formula a
política não quer ver sua ação confundida ou reduzida à chamada “indústria
cultural”, devendo, portanto, revesti-la de características próprias.
Essa alternativa, em qualquer área do social onde seja
desenvolvida, leva em conta a necessidade do conhecimento da situação, ou seja,
da realidade, interesses e aspirações de determinada clientela; sua participação
efetiva no planejamento, organização e avaliação das ações; e a integração com
órgãos e instituições locais, quer em busca de apoio político, ou de recursos para
manutenção e/ou ampliação da ação.
Tudo isso é fundamental quando se atua com o lazer, visto como
componente da cultura historicamente situada, atendendo a valores não apenas de
descanso e de divertimento, mas também de desenvolvimento pessoal e social, o
que significa levar em conta seu duplo aspecto educativo; assim, a alternativa
operacional caracteriza-se como ação sócio-educativa.
Situa-se, ainda, como uma tentativa de minimizar os riscos da
atuação de “especialistas”, como o direcionamento de programações, o
oferecimento dos chamados “pacotes de lazer”, sua ação como “censores” e a
tendência de valorização de suas preferências.
Outros riscos que podem ser minimizados pela Ação Comunitária
são aqueles decorrentes da ação institucionalizada. Nesse caso, disfarçada na idéia
de participação, pode estar camuflado o cumprimento dos objetivos não dos
grupos envolvidos, mas tão somente da instituição orientadora da ação. Não são
apresentadas alternativas, e a “participação” se dá pela persuasão, em atividades ou
projetos de interesse institucional.
A ação comunitária é entendida, operacionalmente, como “um
trabalho sócio-educativo que consiste numa intervenção deliberada em
determinada comunidade, através de atividades programadas em conjunto com
pessoas e instituições locais, objetivando despertar e ampliar sua consciência para
os problemas da comunidade, sensibilizá-las para a mobilização e coordenação de
lideranças e predispô-las para a ação que vise o encaminhamento de soluções
daqueles problemas, ou a tentativa de realização de aspirações relacionadas com a
comunidade como um todo” (Renato REQUIXA, Lazer e ação comunitária, São
Paulo, SESC, 1973).
Podemos distinguir, nesse processo de intervenção, um plano
geral de ação composto por três fases interligadas, consideradas em separado
apenas para efeito de análise:
Primeira Fase:
- é a da deflagração propriamente dita, caracterizando-se pela ação
sensibilizadora, levantamento de necessidades e possibilidades de intervenção,
definição de objetivos condutores da ação, seleção de instrumentos de intervenção
e realização de atividades-impacto.

- a ação dos técnicos está presente com muita intensidade, no planejamento, na


organização e na execução, buscando estimular e coordenar as iniciativas
detectadas na análise da situação.

Segunda Fase:
- é marcada pela avaliação dos resultados da ação, geralmente ocorridos, no que
pode ser denominado de período de carência;

- aqui, a intensidade da ação dos técnicos já é menor, mas continua presente,


através, por exemplo, de contatos, buscando a efetivação de resultados latentes;

- podem ser considerados dois grupos de resultados:


respostas, que estão intrinsecamente ligados aos objetivos da ação, geralmente
necessitando de acompanhamento técnico para a continuidade do processo;
reflexos, que independem de acompanhamento, uma vez que são assumidos por
grupos ou pessoas, ou podem não estar previstos no planejamento da ação.

Terceira Fase:
- caracteriza-se como continuidade da ação, com a retomada dos resultados
dependentes, num período de sedimentação, onde é exigido acompanhamento
direto, necessário à consolidação do processo, tendo em vista o estágio de
autonomia, onde o acompanhamento será levado a efeito a título de reciclagem.

Observa-se, portanto, que o acompanhamento técnico está presente em todas as


fases do processo, variando em intensidade.

(*) Publicado nos “Anais do I Encontro Nacional de Grêmios de Empresas e


Associações de Funcionários”- Salvador/BA - 15 e 16/04/93.

Técnica: leitura e discussão em grande grupo, com exposição do coordenador.


“QUEBRA-CABEÇAS”

O objetivo do grupo é a montagem de três quebra-cabeças.


Para facilitar o trabalho, assim como no desempenho de papéis, o
grupo será subdividido em três equipes, ou comissões, cada uma encarregada de
montar um quebra-cabeças.

Divisão das 3 equipes em comissões


Divisão e montagem dos quebra-cabeças

Anote aqui o observado:

Conclusões:

1) importância da observação do objetivo comum;


2) importância da comunicação entre as 3 equipes, ou comissões;
3) assim como fizemos para montagem dos quebra-cabeças, o grupo será
subdividido em 3 equipes ou comissões para planejamento, execução e
avaliação da “atividade-impacto”;
4) é importante que a comunicação esteja sempre presente entre as
comissões, pois o objetivo é único - o mesmo - a realização da
atividade, da melhor maneira possível, procurando atingir o objetivo
geral e os específicos previstos.
COMISSÃO DE COORDENAÇÃO - ROL DE TAREFAS

 Levantamento de dados sobre a comunidade: locais em que os programas


podem ser realizados; recursos comunitários a serem mobilizados; lideranças
existentes nas diversas áreas culturais; datas mais adequadas para a realização
de programas.

 Execução do plano geral de atividades, estabelecimento dos objetivos


específicos de cada atividade, estabelecimento dos critérios de avaliação,
contato com profissionais que possam orientar atividades especificas.
 Reuniões de orientação para a formação das demais comissões, detalhamento
das tarefas de cada comissão.

 Recrutamento e realização de reuniões com os voluntários para “monitoria”


das atividades.

 Supervisão do andamento das atividades, execução dos ajustes necessários,


adaptações de local, obtenção de alvarás, solicitação de policiamento, obtenção
de transporte, providencias para socorro de eventuais casos graves
(ambulância-hospital).

 Recepção dos monitores, entrega de crachás e encaminhamento para comissão


de material - para isso pode ser montada uma equipe especifica.

 Obtenção de recursos financeiros, se necessários e fiscalização de sua


utilização.

 Supervisão do desenvolvimento das atividades, verificando seu andamento,


providenciando alterações de urgência, observando o desempenho dos
monitores. Para isso pode ser montada equipe específica.

 Coordenação da avaliação geral ao fim do programa, elaboração de relatório


de avaliação e de projeto de continuidade das atividades.
COMISSÃO DE MATERIAL - ROL DE TAREFAS

 Coleta de material junto a comunidade, através de doação ou empréstimo;

 Obtenção de som e palco, quando necessário;

 Compra do material necessário, não obtido por doação ou empréstimo;

 Obtenção de caixa de primeiros socorros;

 Confecção de materiais e de equipamentos necessários;

 Separação do material por atividade;

 Guarda do material durante o período de preparação da atividade;

 Providenciar os crachás dos monitores e da coordenação;

 Transporte do material até o local do evento e distribuição do mesmo pelas

várias atividades;

 Recolhimento do material, no horário previsto, feito junto com monitores de

atividades;

 Devolução do material obtido por empréstimo, no final da atividade, e

destinação do material adquirido ou doado;

 Balanço, após a recreação, do material utilizado, anotando eventuais excessos

ou faltas.
COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO - ROL DE TAREFAS

 Elaboração de informes sobre a atividade, bem como do material de


divulgação (circulares, cartazes, folhetos, faixas);

 Contatos com autoridade locais, lideranças culturais, empresários, dirigentes


de entidades, para informação e solicitação de apoio (incluindo patrocínio para
confecção do material de divulgação);

 Contatos com meios de divulgação locais (jornais, revistas, rádio) preparar


material próprio para essa finalidade;

 Contatos com moradores das proximidades do local da atividade, para


esclarecê-los e convida-los;

 Visitas a escolas, para divulgação entre os alunos;

 Distribuição do material de divulgação, principalmente em locais de grande


concentração pública;

 Elaboração do “croquis” do evento; (vide dois exemplos anexo)

 Sinalização do local e decoração do ambiente;

 Recepção às autoridades e imprensa - preparar material próprio para essa


finalidade;

 Elaboração e envio de ofícios de agradecimento, após a realização da


atividade;

 Elaboração e entrega dos certificados dos participantes;

 Coleta das notícias publicadas sobre a atividade.


PREPARAÇÃO DAS REUNIÕES DE ORIENTAÇÃO PARA
“MONITORIA” DE ATIVIDADES

1) Auto-apresentação de cada um dos presentes;

2) Explicação do plano geral e do evento em si;

3) Explicação do que é ser monitor;

a) ensinar a atividade - não fazer para as pessoas; fazer com as pessoas;


b) tomar conta do material;
c) qualquer problema dirigir-se aos coordenadores;
d) no horário marcado, encerrar a atividade, avisando aos participantes, com
cuidado, e ajudando a recolher o material até o almoxarifado;
e) em caso de acidentes - chamar os primeiros socorros.

Importante:

1) chegar de 15 a 30 minutos de antecedência antes do horário previsto


para a atividade;
2) ao chegar, dirigir-se à sala da coordenação para pegar o crachá, o
material e saber onde se localiza sua atividade;
3) ao ir embora, no encerramento da atividade, devolver o crachá, no
mesmo local.

Explicar cada uma das atividades programadas.

Anotar o nome completo dos interessados na monitoria de cada uma delas,


em folhas próprias para cada atividade - recomenda-se o uso de pranchetas.
Marcar o dia da reunião de avaliação e entrega de certificados de
participação.
TOMADA DE DECISÕES

VALORES 2 SITUAÇÃO 1
(critérios de melhoria) (conhecimento do meio e das
necessidades)

OBJETIVOS E MEIOS 3 RESULTADOS 4


(programas e recursos) (respostas às necessidades)

(baseado em DUMAZEDIER, Jofre. Planejamento do Lazer, No Brasil: a


teoria sociológica da decisão - SESC - São Paulo, 1980)

SITUAÇÃO (levantamento detalhado incluindo)

1. Lideranças (formais e não-formais)


2. Grupos para monitoria
3. Atrações para apresentações
4. Artistas e artesãos
5. Escolas
6. Recursos Humanos do local onde será realizada a atividade (de apoio e
técnicos)
7. Material disponível no local onde será realizada a atividade
8. “Croquis” do local onde será realizada a atividade
9. Perfil dos freqüentadores do local
10. Perfil da utilização do local

VALORES (democratização cultural)

Leva em conta as limitações estruturais, mas crê na especificidade da ação


no plano cultural, como um dos instrumentos de mudança.

1. participação popular;
2. minimização das barreiras (socioeconômicas, sexo, faixa etária, estereótipos,
equipamentos, etc.);
3. otimização do uso dos equipamentos específicos e utilização de equipamentos
não específicos, devidamente adaptados;
4. diversificação de conteúdos - procurando atender aos seis “interesses” culturais
do lazer;
5. elevação de níveis, tanto no gênero da prática, como no da fruição ou consumo,
quanto no do conhecimento.
PROPOSTA DE ATIVIDADE-IMPACTO PARA O “CENTRO
ESPORTIVO DOS TRABALHADORES”

A análise de situação do local onde se situa o Centro, revelou a


existência de poucos “equipamentos específicos de lazer” mantidos pelo Poder
Público, mas também detectou uma série de “equipamentos não-específicos”- com
possibilidades de adaptação.
Uma primeira análise dos recursos humanos, em termos de
possibilidades de atuação como “voluntários gerais’ e mesmo para “atividades
específicas”, revelou abundância de pessoal e de alternativas.
Apesar disso, e a despeito de já contar o Centro com um “Conselho
de usuários” embrionário, a participação popular na gestão da programação não
pode ser caracterizada como atuante.
Por outro lado, o Centro continua atendendo apenas a população da
área mais próxima e o uso do equipamento não é otimizado em todos os horários,
e principalmente na relação semana/fins de semana.
Percebe-se, na programação das atividades, a quase exclusividade
dos “interesses físicos no lazer” e não existe uma política específica e
sistematizada para minorar os efeitos das “barreiras” que se verificam no plano
social (econômica, educacional, de sexo, de faixa-etária) e no plano cultural
(estereótipos).

Objetivo Geral:
Tudo isso aponta a necessidade de se deflagrar um processo de participação
popular, orientado pelos valores da democratização cultural, através de uma
atividade impacto,a ser realizada, no dia 29 de abril de 1990.

Objetivos específicos:
1. Buscar mecanismos de participação cultural na gestão das atividades do
Centro, rediscutindo e/ou redimensionando e/ou dinamizando a ação do
conselho de usuários;
2. Formar um grupo de voluntários gerais e específicos;
3. Dar inicio a um processo de minimização das barreiras sociais e culturais
para a prática do lazer, no Centro;
4. Dar inicio a um processo de otimização do uso do equipamento do Centro;
5. Dar inicio às discussões para a extensão da atividades de recreação/lazer do
Centro para outros equipamentos não específicos da região;
6. Dar inicio à diversificação dos conteúdos, procurando contem plar os 6 (seis)
conteúdos culturais do lazer;
7. Dar inicio ao processo de elevação dos níveis, de conformistas, para críticos e
criativos, tanto nos gêneros da prática, como do consumo ou fruição, quanto
no do “conhecimento”.
EXERCÍCIO:

CONHECENDO A SITUAÇÃO DE SUA REGIÃO


(PREENCHA e DEVOLVA ao Coordenador do Curso)

Proceda o levantamento da situação e descreva abaixo:


EXERCÍCIO:

CONHECENDO A SITUAÇÃO DE SUA REGIÃO

Proceda o levantamento da situação e descreva abaixo:


PROJETO - ELABORAÇÃO - EXPLICAÇÃO DETALHADA:

Projeto (nome da
atividade)

Data das às horas

Local

Promoção

Colaboração
I - Objetivos:

II - Descrição da atividade (incluindo a programação)

Programação

Atividades fixas ou permanentes

Atividades específicas
Horário Atividades

Atividades paralelas
III - Objeto (Tipo de público a ser atingido)

IV - Metas (Quantificação do público a ser atingido)

V - Recursos

Físicos:

Materiais:
Consumo:

Permanentes:

Humanos:
VI - Cronograma

Período Procedimentos
(passos para a execução da Atividade)

VII - Avaliação
REUNIÃO:

Providências anteriores:

1. determinação da data, local e horário


2. preparação da pauta da reunião
3. discussão preliminar da pauta pelos coordenadores
4. estabelecimento das técnicas a utilizar
5. elaboração dos convites e expedição

Providências no ato de realização:

1. recepção dos convidados - preenchimento das fichas de inscrição


2. explicação dos objetivos
3. colocação da pauta e abertura da palavra para inserção de outros itens
4. desenvolvimento da pauta através das técnicas escolhidas
5. avaliação
6. resumo dos pontos mais importantes

Providências posteriores:

1. distribuição do resultado das discussões aos presentes e aos que não


compareceram
2. encaminhamento de soluções para os problemas levantados: pelos
organizadores, pelos participantes ou comissões conjuntas.
ELABORAÇÃO DE PROJETOS - EXERCÍCIOS
(PREENCHA e DEVOLVA ao Coordenador do Curso)

Projeto: (nome da atividade)

Data: das ás horas

Local:

Promoção:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Colaboração:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
I - Objetivos:

II - Descrição da atividade (incluindo a programação)

Programação

Atividades fixas ou permanentes

Atividades específicas
Horário Atividades

Atividades paralelas
III - Objeto (Tipo de público a ser atingido)

IV - Metas (Quantificação do público a ser atingido)

V - Recursos

Físicos:

Materiais:

Humanos:
VI - Cronograma

Período Procedimentos
(passos para a execução da Atividade)

VII - Avaliação
PREPARAÇÃO DA PRIMEIRA REUNIÃO COM A
COMUNIDADE
PREPARAÇÃO DA PRIMEIRA REUNIÃO COM A
COMUNIDADE
(PREENCHA e DEVOLVA ao Coordenador do Curso)
FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO CURSO
(PREENCHA e DEVOLVA ao Coordenador do Curso)

FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO CURSO *

Você está recebendo um formulário de avaliação do curso que acaba de participar.


Para facilitar nossa tabulação, siga corretamente as instruções, classificando cada
tópico de acordo com a escala abaixo, considerando sempre a contribuição dada
por este curso para a alteração de sua concepção e Capacitação profissional na área
do lazer

PÉSSIMO NÃO CONTRIBUIU EM NADA

RUIM CONTRIBUIU MUITO POUCO

REGULAR SE ALTEROU DE ALGUMA FORMA

BOM SE ALTEROU MAIS FORTEMENTE

ÓTIMO SE ALTEROU DE FORMA SIGNIFICATIVA

ASSINALE A ALTERNATIVA DESEJADA

01. Teoria do lazer

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO


CONTEÚDO
FORMA

02. Abordagem comunitária

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO


CONTEÚDO
FORMA

03. Trabalho em Grupo

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO


CONTEÚDO
FORMA
04. Já participou como monitor de atividades de lazer?
( ) SIM ( ) NÃO

Durante quanto tempo?

05. Já participou no processo de planejamento, execução e avaliação de atividades


de lazer?

( ) SIM ( ) NÃO

Durante quanto tempo?

06. Se quiser, coloque seu nome.

CASO SINTA NECESSIDADE, DEIXE NO ESPAÇO ABAIXO SUAS


SUGESTÕES PARA FUTUROS CURSOS
FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO CURSO
(PREENCHA e DEVOLVA ao Coordenador do Curso)

FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO CURSO *

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Para facilitar nossa tabulação, siga corretamente as instruções, classificando cada
tópico de acordo com a escala abaixo, considerando sempre a contribuição dada
por este curso para a alteração de sua concepção e Capacitação profissional na área
do lazer

PÉSSIMO NÃO CONTRIBUIU EM NADA

RUIM CONTRIBUIU MUITO POUCO

REGULAR SE ALTEROU DE ALGUMA FORMA

BOM SE ALTEROU MAIS FORTEMENTE

ÓTIMO SE ALTEROU DE FORMA SIGNIFICATIVA

ASSINALE A ALTERNATIVA DESEJADA

01. Teoria do lazer

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO


CONTEÚDO
FORMA

02. Abordagem comunitária

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO


CONTEÚDO
FORMA

03. Trabalho em Grupo

PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO


CONTEÚDO
FORMA
04. Já participou como monitor de atividades de lazer?

( ) SIM ( ) NÃO

Durante quanto tempo?

05. Já participou no processo de planejamento, execução e avaliação de atividades


de lazer?

( ) SIM ( ) NÃO

Durante quanto tempo?

06. Se quiser, coloque seu nome.

CASO SINTA NECESSIDADE, DEIXE NO ESPAÇO ABAIXO SUAS


SUGESTÕES PARA FUTUROS CURSOS

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