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IMÓVEIS E GESTÃO
PATRIMONIAL
Introdução
Desde o Código de Napoleão, o modo de propriedade de condomínio
edilício, à época chamada de copropriedade por andar, foi positivado no
Direito, prevendo que algumas despesas de determinados trabalhados
realizados entre os coproprietários deveriam ser divididas.
Após a Primeira Guerra, contudo, houve o desenvolvimento desse
instituto, em razão da crise de moradia que ocorreu na Europa. O Código
Civil de 1916, por sua vez, não previa qualquer norma sobre o condomínio
edilício, que veio a ser previsto na Lei nº. 4.591, de 16 de dezembro de
1964, que se encontra em vigor até os dias de hoje e contém normas
sobre o condomínio edilício e a incorporação.
Neste capítulo, você vai ler sobre as noções gerais do condomínio
edilício (como instituição e convenção), da incorporação imobiliária e,
ainda, da aplicação do patrimônio de afetação ao condomínio de lotes.
As casas geminadas não configuram condomínio edilício, não sendo possível o registro,
a instituição e a convenção de condomínio.
incorporação de um prédio;
associação de várias pessoas para compra de um edifício;
divisão de imóvel comum;
alienação que o proprietário faça de uma unidade autônoma do edifício;
construção de edifício pelos condôminos do terreno e construção pelo
Poder Público.
Conforme definido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Recurso Especial nº.
830.572/RJ (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2011), cabe dano moral quando o em-
preendimento imobiliário não for construído por negligência da incorporadora, sendo
desta a responsabilidade pelo pagamento da indenização. No caso referido, foi assinado
contrato de promessa de compra e venda de unidade habitacional, mas, após 9 anos
do prazo previsto para a entrega, o imóvel não foi construído.
Para que seja válida contra terceiros, a convenção deve ser registrada no
cartório de registro de imóveis. No entanto, conforme a Súmula nº. 260 do STJ
(SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2011), a convenção de condomínio
aprovada, ainda que sem registro, é eficaz para regular as relações entre os
condôminos (tem pelo menos efeitos inter partes).
Ademais, apenas será possível o registro da convenção após o registro
da instituição e especificação do condomínio (quando passa a ter existência
jurídica). A convenção também deve prever a quota proporcional e o modo de
pagamento das contribuições dos condôminos para atender:
Não pode o condômino tornar privativa área de uso comum. O problema mais
complexo é o que se refere ao terraço de cobertura de edifícios de apartamento.
Trata-se de área de uso comum que, portanto, é insuscetível de uso privativo
(art. 1.331, § 5º, CC). [...] Por outro lado, o proprietário do apartamento de
cobertura não é obrigado a tolerar a passagem de outros proprietários pela
área de sua propriedade exclusiva para que possam chegar até o terraço. Não
há que falar aqui em servidão de passagem.
Art. 1.358-A Pode haver, em terrenos, partes designadas de lotes que são
propriedade exclusiva e partes que são propriedade comum dos condôminos.
§ 1º A fração ideal de cada condômino poderá ser proporcional à área do solo
de cada unidade autônoma, ao respectivo potencial construtivo ou a outros
critérios indicados no ato de instituição.
§ 2º Aplica-se, no que couber, ao condomínio de lotes o disposto sobre con-
domínio edilício neste Capítulo, respeitada a legislação urbanística.
§ 3º Para fins de incorporação imobiliária, a implantação de toda a infraes-
trutura ficará a cargo do empreendedor (BRASIL, 2017, documento on-line).
A Lei nº. 6.766/1979, em seu art. 2º, § 7º, prevê: “Art. 2º [...] § 7º O lote poderá
ser constituído sob a forma de imóvel autônomo ou de unidade imobiliária
integrante de condomínio de lotes” (BRASIL, 1979, documento on-line).
O patrimônio de afetação, por sua vez, é a separação de determinados
bens da empresa para vinculá-los ao empreendimento que será construído,
garantindo-se que os adquirentes tenham segurança e confiabilidade na aqui-
sição de unidades imobiliárias que ainda serão construídas. Para loteamentos,
inclusive, a instituição do patrimônio de afetação não é possível.
Conforme o art. 31-A da Lei nº. 4.591/1964, se o incorporador desejar, a
incorporação poderá ser submetida ao regime da afetação, pelo qual o terreno,
as acessões objeto de incorporação imobiliária e os demais bens e direitos
a ela vinculados manter-se-ão apartados do patrimônio do incorporador e
constituirão patrimônio de afetação, destinado à consecução da incorporação
correspondente e à entrega das unidades imobiliárias aos respectivos adqui-
rentes (BRASIL, 1964).
O patrimônio afetado, assim, só responde por dívidas e obrigações vincu-
ladas à incorporação respectiva, enquanto o incorporador responderá pelos
prejuízos que causar ao patrimônio de afetação. No entanto, excluem-se do
patrimônio de afetação:
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de incorporações imobiliárias, Letra de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário,
Cédula de Crédito Bancário, altera o Decreto-Lei nº 911, de 1º de outubro de 1969, as Leis
nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, nº 4.728, de 14 de julho de 1965, e nº 10.406, de 10
de janeiro de 2002, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 3 ago. 2004.
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Incorporação imobiliária 13
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vele em: https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/714975167/agravo-de-instrumento-
-ai-20716727320198260000-sp-2071672-7320198260000?ref=serp. Acesso em: 19 mar. 2020.
Leitura recomendada
BRASIL. Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos, e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 31 dez. 1973. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6015compilada.htm. Acesso em: 14 mar. 2020.
14 Incorporação imobiliária
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