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INTRODUÇÃO
O que o homem perdeu pode lhe ser restituído; o que nele entrou,
pode sair. Mesmo se a doença é sortilégio, encantamento, possessão
demoníaca, pode-se ter a esperança de vencê-la. Basta pensar que a doença
atinge o homem para que nem toda esperança esteja perdida.
Assim sendo, conforme elucidado por quando Canguilhem (2009), toda ideia
de patologia deve sustentar-se em uma sapiência antecedente do estado normal
equivalente, mas, ao contrário, o estudo científico dos casos patológicos torna-se uma
fase imprescindível de toda análise das leis da condição normal. As investigações das
ocorrências patológicas exteriorizam ganhos vigentes e múltiplos, em relação à
sondagem experimental explicita. O processo de passagem do normal ao anormal é
mais e vagaroso e mais corriqueiro quando diz respeito á uma doença, e a volta da
condição normal, quando ocorre, abastece automaticamente uma contraprova
investigadora.
JUSTIFICATIVA
OBJETIVO GERAL
METODOLOGIA
Esse projeto será de natureza qualitativa que segundo José Luiz Neves em seu
artigo intitulado: pesquisa qualitativa - características, usos e possibilidades, diz que
consiste em (...) “a obtenção de dados descritivo diante o contato direto interativo do
pesquisador com a situação objeto de estudo”. e para o desenvolvimento dele será
utilizado como metodologia a revisão bibliográfica que segundo a pesquisadora
Beatriz Coelho cita em seu site, compõe-se (...)“na revisão das pesquisas e
discussões de outros autores sobre o tema que será abordado (...)” e seus subsídios
teóricos que serão relacionados ao tema e utilizados como base para a discussão e
argumentação.
Espera-se desenvolver como produto final deste trabalho uma cartilha digital,
que será divulgada em formato de post nas redes sociais e disponibilizada para o
público com o intuito de conscientizar a população acerca da patologização nas
escolas e seus efeitos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A alta dose de medicalização nas escolas tem sido um dos motivos que
contribuem para o fracasso escolar, visto que o ato de medicalizar os alunos e
encontrar neles problemas de cunho patológico tiram os alunos das escolas e ainda
conforme Moyses e Collares (1994) “o processo de ensino-aprendizagem iria muito
bem, não fossem os problemas existentes nos que aprendem”. Na tentativa de
patologizar uma criança, dando um diagnostico que seria para ajudá-lo no seu
desenvolvimento escolar, é ignorado todos os outros fatores que contribuem para o
fracasso escolar, como o fator socioeconômico, relações familiares e a própria escola.
É preciso voltar nossos olhos para outros aspectos além do fracasso escolar,
eliminando de forma gradativa aquilo que vem trazendo dificuldades para a vida
escolar do aluno, e assim, por consequência, diminuir o número de diagnósticos
errôneos em crianças em idade escolar. É notório o quanto a patologização é um
problema e atrapalha o desenvolvimento da criança e adolescente. Segundo Garrido
e Moysés (2011, p. 150), “Medicalizar significa definir, em termos médicos, problemas
sociais e buscar sua origem na biologia. “Dando continuidade ao sentido do termo, o
processo de medicalização individualiza, biologiza e naturaliza os problemas
coletivos. Assim, quando um problema social se transforma em problema médico, a
dimensão da ação desaparece e o foco passa a ser problema internos em seus
organismos buscando explicações das manifestações individuais na matriz biológica.
Podemos apontar também o cenário atual das escolas no Brasil como uma das
razões que levam o aluno a perder o interesse pelos estudos, pois percebemos uma
certa defasagem com relação a infraestrutura. Podemos notar uma falta de recursos
em muitas escolas brasileiras, e de acordo com o Censo Escolar de 2022, do
Ministério da educação, uma pesquisa realizada mostra como a falta de estrutura
física adequada, de materiais e de profissionais é mais um desafio enfrentado pelos
professores das redes municipais e estaduais para dar aula. Segundo eles, as
dificuldades atrapalham atividades pedagógicas e desmotivam os alunos. Para 67%
dos profissionais da educação, os recursos financeiros recebidos foram considerados
insuficientes para as necessidades da escola. Além disso, para 50%, os recursos
pedagógicos ficaram aquém do necessário. No viés socioeconômico, existem alguns
apontamentos que também são pertinentes a serem feitos. Muitos alunos vivem em
locais distantes de suas escolas, e a locomoção se torna dificultada. O recurso que o
governo disponibiliza, que são os ônibus escolares, muitas vezes não conseguem
atingir todo o público necessário, o que acaba prejudicando a parcela que não é
atendida. Muitas famílias também vivem em situação de extrema pobreza, e a fome é
um dos fatores que mais influenciam no desempenho escolar dos alunos. Grande
parte das escolas não recebem recursos suficientes para oferecerem uma merenda
de qualidade, o que dificulta ainda mais a vida escolar dos alunos. Ainda sobre as
dificuldades de aprendizagem relacionadas com questões estruturais, voltado para as
escolas, segundo Cord, Gesser, Nunes, & Storti (2015), percebemos uma
inobservância com as classes, entre elas a ausência de um programa de reforço
extraclasse, um estudo de qualidade, uma estrutura que possa receber e acolher os
seus alunos dentre outros. Contudo, dos fatores geradores das dificuldades de
aprendizagem, se destaca que nas escolas as crianças necessitam de reforço e
visibilidade. Todavia, esse serviço não é oferecido. Portanto, evidencia-se que as
dificuldades de aprendizagem das crianças é responsabilidade de sua família, e
eventualmente, dos docentes e das escolas. Além dos fatores já apresentados para a
não aprendizagem e contribuintes para o fracasso escolar, temos como maior
destaque a patologização que está sendo um fenômeno tão exacerbado, que faz com
que os envolvidos não analisem outro contexto a não ser a criança e a família.
Segundo Collares (1994), a patologização nas escolas é utilizada como meio para
justificar a não aprendizagem. Como saber se uma criança foi mal alfabetizada ou tem
um transtorno? O fracasso escolar está muito além do aluno, mas o que importa é
rotular uma criança totalmente normal para tirar a responsabilidade dos docentes, da
sociedade e não apontar um problema político. Ao patologizar uma criança, ela se
apropria desse diagnóstico errôneo trazendo assim inúmeros problemas relacionados
à autoestima, a própria aprendizagem e trazendo assim um real transtorno para a
criança, proveniente do fracasso escolar. Sendo assim, fica evidente que existe uma
necessidade grande de se compreender todo o contexto de escolarização, ao invés
de focar somente no aluno e suas possíveis dificuldades de aprendizagem, conforme
abordado por Scarin e Souza (2020).
A cartilha a seguir, foi feita com base nos resultados e discussões e diz um
pouco sobre a patologização nas escolas de maneira mais geral e informativa:
CONCLUSÃO
Por fim, diante de todo exposto, conclui-se que diante do baixo rendimento
escolar, deve-se analisar todos os aspectos que envolvem a criança, como condição
socioeconômica e contexto familiar, dessa forma é possível minimizar os efeitos da
patologização e da medicalização precoce e consequentemente do fracasso escolar.
Referências
SCARIN, Ana Carla Cividanes Furlan; SOUZA, Marilene Proença Rebello de.
Medicalização e patologização da educação: desafios à psicologia escolar e
educacional. Psicologia Escolar e Educacional, v. 24, 2020.