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Genética médica
Síndrome de Down
● É o distúrbio cromossômico mais prevalente;
● A idade materna avançada é um fator de risco para a ocorrência da síndrome,
nos casos de trissomia livre;
○ Os ovócitos senescentes apresentam fusos mitóticos mais propensos a
falhas - eventos de não disjunção de cromátides irmãs são mais comuns.
● Trissomia do cromossomo 21 - Trissomia livre (95%);
● Pode ser uma translocação robertsoniana de um dos cromossomos 21 para o par
de cromossomos 14, em caso de compor um trio (3-4%);
○ Há casos de translocação e ligação do cromossomo 21 a um cromossomo
14, havendo manutenção de um par de 14 e um cromossomo 21 isolado.
Assim, há 45 cromossomos, mas a função é normal pois não houve perda
nem ganho de material genético;
○ No caso de translocação, não há relação com a idade materna. Contudo,
genitores portadores de translocação apresentam maior risco de terem
filhos com síndrome de Down.
● Pode haver mosaicismo (1-2%);
● Características clínicas:
● Fácies típica: prega epicântica bilateral (cobre o canto interno do olho),
fenda palpebral oblíqua, manchas de Brushfield na íris do olho (pontos
brancos), nariz pequeno e achatado, ponte nasal deprimida/plana, raiz
nasal baixa, estrabismo convergente;
● Aumento da vascularização retiniana;
● Microcefalia, braquicefalia com occipito plano;
● Pescoço curto e excesso de pele e tecido adiposo na nuca (pele
redundante – translucência nucal)
● Perfil facial achatado;
● Cabelos finos, lisos e escassos;
● Palato ogival;
● Boca pequena e língua fissurada (língua escrotal) e protrusa;
● Microdontia;
● Orelhas displásicas e com implantação baixa;
● Hérnia umbilical;
● Diástase dos retos abdominais (distanciamento entre os músculos retos
abdominais);
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● Hipotonia;
● Baixa estatura;
● Tendência à obesidade;
● Mãos pequenas e largas, com dedos curtos e grossos (braquidactilia). No
quinto quirodáctilo, pode haver prega única;
● Prega palmar transversal única/simiesca (40%) e braquidactilia (dedos
grossos e curtos);
● Afastamento entre o hálux e o segundo pododáctilo, bem como a presença
de sulco plantar entre eles;
● Hiperflexibilidade articular;
● Instabilidade rótulo-femoral e atlanto-axial;
● Retardo mental.
○ O déficit cognitivo varia em um espectro de leve a severo;
● Diagnóstico
○ Amniocentese para realização de cariótipo (invasivo);
○ Translucência nucal durante a USG (entre a 11° e a 14° semana de
gestação) - valores aumentados sugerem a ocorrência da síndrome;
○ Características clínicas.
● Primeira manifestação clínica da criança com Down: hipotonia neonatal;
● Cardiopatia congênita associada à síndrome de Down;
○ Risco aumentado para comunicação interventricular - falha na
integridade do septo interventricular, causando fluxo sanguíneo de acordo
com um gradiente de pressão, logo, o sangue flui do ventrículo esquerdo
para o direito. Consequentemente, a CIV causa cianose.
● Risco aumentado para:
○ Atresia duodenal;
○ Fístulas traqueoesofágicas;
○ Disfunções tireoidianas;
○ Imunossupressão;
○ Demência;
○ Otites de repetição e perda da audição;
○ Megacólon congênito (Doença de Hirschsprug);
○ Distúrbios oftalmológicos.
● Maior prevalência de leucemia em indivíduos com Down;
● Ocorrência precoce de alterações anatomofisiológicas típicas de um quadro
clínico de Alzheimer: atrofia cortical, aumento dos ventrículos e, a nível
histológico, presença de emaranhados neurofibrilares;
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Resumo do artigo “Clinical report - Health supervision for children with down syndrome”
Introdução
Crianças com síndrome de Down possuem múltiplas malformações, condições
clínicas e déficits cognitivos devido à presença de material genético extra do
cromossomo 21. Ainda que o fenótipo seja variável, há diversas características típicas
que permitem ao clínico experiente levantar a hipótese diagnóstica. Dentre os achados
mais comuns, tem-se hipotonia, braquicefalia, prega epicântica, ponte nasal deprimida,
fendas palpebrais oblíquas, manchas de Brushfield, boca e orelhas pequenas, pele
redundante na nuca, prega palmar transversal única, quinto quirodáctilo encurtado com
clinodactilia, afastamento entre o hálux e o segundo pododáctilo, comumente com um
sulco plantar entre eles. O grau de déficit cognitivo é variável e pode ser leve (QI de
50-70), moderado (QI de 35-50) ou eventualmente severo (QI de 20-35). Há risco
significativo de perda auditiva (75%); apneia obstrutiva do sono (50-79%); otite média
(50
-70%); doenças oculares (60%), como catarata (15%) e erros refrativos severos
(50%); defeitos cardíacos congênitos (50%); disfunções neurológicas (1-13%); atresias
gastrointestinais (12%); deslocação do quadril (6%); doenças da tireoide (4-18%); menos
comumente,doença mieloproliferativa transitória (4-10%), leucemia tardia (1%) e doença
de Hirschsprung (<1%). O componente social pode ser aperfeiçoado com intervenções
precoces, embora o nível funcional seja extremamente variável. Crianças com síndrome
de Down comumente têm melhor desempenho em situações sociais que requerem
habilidades cognitivas básicas.
Em aproximadamente 95% das crianças com síndrome de Down, a condição é
esporádica e resultante de trissomia do 21 não familiar, na qual há 47 cromossomos com
um cromossomo 21 extra livre. Em aproximadamente 3% a 4% das pessoas com fenótipo
da síndrome de Down, o material cromossômico extra resulta de uma translocação não
balanceada entre um cromossomo 21 e um outro cromossomo acrocêntrico, geralmente
o cromossomo 14. Aproximadamente 75% dessas translocações são de novo; os outros
25% advém de translocações hereditárias. Se a criança tem uma translocação, deve-se
descartar uma translocação balanceada nos genitores. Quando este evento genético
está presente em um dos pais, recomenda-se realizar estudos adicionais e
aconselhamento genético para a família. Nos 1% a 2% restantes de pessoas com
fenótipo Down, há uma mistura de células normais com células com a trissomia do 21,
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constituindo um mosaicismo. Estas pessoas podem ser menos afetadas que aquelas
com a trissomia ou translocação completas, mas isso não ocorre sempre e sua condição
pode incluir quaisquer implicações supracitadas. Risco recorrente para as famílias com
uma criança acometida depende de diversos fatores, assim, essas famílias se
beneficiam de aconselhamento genético.
Manejo clínico, ambiente familiar, intervenção precoce, educação e treinamento
vocacional podem influenciar significativamente o grau funcional de crianças e
adolescentes com Down e facilitar sua transição para a fase adulta. As áreas de
assistência incluem:
● Suporte pessoal para a família;
● Participação em um centro familiar de assistência médica;
● Acompanhamento de condições clínicas e aspectos de desenvolvimento
específicos para cada faixa etária;
● Programas de financiamento e suporte médico para os quais as famílias sejam
elegíveis;
● Prevenção de abusos e lesões com considerações especiais acerca do
desenvolvimento de habilidades;
● Nutrição e atividades físicas para a manutenção de peso adequado.
A consulta pré-natal
● A Universidade Americana de Ginecologistas e Obstetras recomenda que todas
as mulheres, independentemente da idade, sejam oferecidas a opção de testes
diagnósticos para a síndrome de Down, considerando opções menos invasivas;
● No primeiro trimestre, pode-se avaliar a idade materna e a translucência nucal
na ultrassonografia, quantificar o beta-hCG e a proteína plasmática A associada
à gestação (PAPP-A);
● A avaliação do segundo trimestre é feita quando a gestante reside em locais
onde não há disponibilidade do serviço durante o primeiro trimestre de
gestação;
● No terceiro trimestre, avalia-se a idade materna, quantidade de beta hCG, estriol
não conjugado, alfa fetoproteína (AFP) e níveis de inibina;
● Durante a consulta, o médico deve discutir aspectos como:
○ Quais exames e métodos foram utilizados para o diagnóstico e quais
serão executados adiante;
○ O mecanismo que desencadeou a síndrome e a potencial recorrência na
família;
○ O prognóstico e as manifestações fenotípicas, ressaltando as várias
apresentações possíveis;
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Síndrome de Turner
● É a síndrome genética mais comum em indivíduos do sexo feminino;
● Trata-se de uma anomalia cromossômica numérica, do tipo aneuploidia: há
deleção de um cromossomo X, na alteração predominante;
● Acomete 1 a cada 4000 nativivos femininos;
● Cerca de 99% dos casos de Turner resultam em abortos espontâneos;
● O genótipo pode ser, principalmente:
○ 45, X - deleção completa de um cromossomo X, causando uma
monossomia: é a constituição cromossômica mais comum;
■ Resulta de um erro na meiose II por uma não disjunção do par de
cromossomos X.
○ 46, X, iso - formação de um isocromossomo a partir da duplicação de dois
braços longos (q) e deleção do braço curto (p);
○ 45, X/ 46, XX - Mosaicismo.
■ Obs: há outras representações possíveis para o mosaicismo;
■ O cromossomo X pode formar um anel (perda dos telômeros e
subsequente fusão da estrutura cromossômica restante);
■ Pode haver presença de cromossomos marcadores não
diferenciados (representados por “mar” no cariótipo). Tratam-se de
cromossomos adicionais, mas que não foram identificados, isto é,
não se sabe qual sua numeração;
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são menos frequentes nestas pacientes. Isto talvez tenha relação com o
fato de estes indivíduos apresentarem uma constituição cromossômica
com uma linhagem adicional de células normais (46,XX);
● Mosaicismo 45,X/46,XY: Podem ter gônadas em fita bilateralmente ou uma
gônada em fita unilateral e um testículo disgenético contralateral associados a
uma genitália externa ambígua;
○ Possuem um risco aumentado de malignização gonadal, o qual aumenta
com o avanço da idade. Logo, é necessário realizar ooforectomia.
● Anormalidades estruturais do cromossomo X, por outro lado, são variáveis e
menos frequentes em pacientes com amenorreia. Elas estão presentes em cerca
de 10 a 20% dos indivíduos com síndrome de Turner;
● Pacientes com isocromossomo do braço longo do X quase sempre apresentam
um quadro com gônadas em fita, amenorreia primária e baixa estatura. Sua
altura média final parece ser menor do que a descrita em indivíduos 45, X. Estes
indivíduos têm também uma frequência de anomalias maiores, similar à
observada em indivíduos 45,X;
● O cromossomo X em anel pode variar associa-se a um quadro clínico atípico ou
mesmo mais severo de síndrome de Turner;
○ Deleção do gene XIST: esse gene é responsável pela inativação de parte
do cromossomo X. Assim, quando deletado, não há inativação gênica, o
que pode provocar intensificação do fenótipo de Turner.
● Casos de isocromossomo com deleção do braço curto e duplicação do braço
longo ou em casos de deleção do braço curto: fenótipo de Turner;
○ Deleção do gene SHOX, presente no braço curto do cromossomo X.
■ O gene SHOX está relacionado à baixa estatura e a deformidades
esqueléticas, como deformidade de Madelung, palato ogival,
cúbito valgo e quarto metacarpiano curto.
● Casos de deleção de deleção do braço longo: dificilmente têm fenótipo de Turner;
● Pacientes com trissomia do X (47, XXX) também têm sido constantemente
descritas com um quadro isolado de falência ovariana precoce;
○ Anormalidades auto-imunes, como doenças da tireoide, parecem ser mais
frequentes em casos de trissomia do X. Além disso, outras alterações são:
alta estatura, déficit cognitivo, problemas de linguagem e alterações
comportamentais.
● Pacientes com deleções do braço longo do cromossomo X e trissomia do X,
frequentemente, apresentam a alteração menstrual como seu único achado
clínico.
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● Contexto
○ A deficiência intelectual é um dos principais fatores de redução da
qualidade de vida, e sua constatação afeta de forma definitiva a vida do
indivíduo e a de sua família, que passa a enfrentar questões relacionadas
a causa, prognóstico e tratamento, em geral acompanhadas por
sentimentos como culpa, incerteza e desesperança;
○ Pela prevalência e impacto em diferentes áreas, como relações sociais,
produtividade e demanda por serviços médicos e educacionais
especializados, a DI merece particular atenção no âmbito da saúde
pública e da sociedade em geral;
○ Estima-se que um terço dos casos de DI se associe a causas genéticas,
porém, mesmo com o refinamento dos métodos de investigação, 50 a 60%
deles não são esclarecidos. Estabelecer a causa da DI pode ser um
processo longo e, por vezes, inconclusivo. Contudo, é um esforço
necessário, pois o diagnóstico é um instrumento clínico e legal, pois
possibilita orientação fundamentada sobre evolução e prognóstico, risco
de recorrência, estratégias de tratamento e prevenção, suporte
educacional, assistência a transtornos subjacentes, apoio familiar
específico e obtenção de benefícios sociais, o que proporciona atenção
integral à saúde e facilita a inclusão social da pessoa com deficiência
intelectual;
○ A Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras
(Portaria GM/MS n° 199, de 30 de janeiro de 2014), que inclui as Diretrizes
para Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS) e as Normas para Habilitação de Serviços
de Atenção Especializada e Serviços de Referência em Doenças Raras no
SUS, trata-se de uma estratégia de políticas públicas que articulam ações
e serviços de promoção, detecção precoce, diagnóstico, tratamento e
cuidados paliativos, visando reduzir a mortalidade e a incapacidade
relacionada a essas condições;
○ É recente no Brasil a adoção da nomenclatura “doenças raras”, uma
denominação que representa um grupo de condições graves de baixa
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■ Idade avançada;
■ Multiparidade,
■ Comorbidades (hipertensão arterial sistêmica, tabagismo,
epilepsia e diabetes);
■ Exposição a substâncias teratogênicas (como o álcool);
■ Doenças infecciosas e parasitárias (rubéola, toxoplasmose, sífilis,
citomegalovirose e Zika vírus);
○ A exposição fetal ao álcool, que é o principal fator evitável de DI, expõe o
feto a distúrbios de comportamento diversos, como hiperatividade e
agressividade, além da síndrome alcoólica fetal.
● Fatores perinatais:
○ Idade gestacional inferior a 37 semanas;
○ Trabalho de parto prolongado;
○ Apresentação não cefálica do feto;
○ Evidências de isquemia cerebral/encefalopatia hipóxico-isquêmica;
○ Baixo peso ao nascimento;
○ Icterícia significativa (pois a bilirrubina é neurotóxica);
○ Convulsões neonatais.
● Fatores pós-natais:
○ Infecções do sistema nervoso central: meningite e encefalite;
○ Traumatismo craniano;
○ Convulsões;
○ Quaisquer condições que causem perturbações cerebrais vasculares ou
degenerativas;
○ Desnutrição proteico-calórica;
○ Hospitalizações precoces, múltiplas ou prolongadas;
○ Negligência e assistência inadequada à criança por parte de seus pais
ou responsáveis e privação sociocultural.
● Transtornos do espectro do álcool fetal (TEAF):
○ Síndrome alcoólica fetal:
■ DI em geral moderada e alterações comportamentais;
■ Estrabismo e comprometimentos de audição (processamento e
acuidade);
■ Microcefalia e dismorfismos faciais (fendas palpebrais encurtadas,
pregas epicânticas internas, hipoplasia malar, filtro longo e
apagado, lábio superior fino, etc);
■ Cardiopatias, como defeitos do septo cardíaco;
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● Prevenção
○ Primária: pré-concepcional;
○ Secundária: pré-natal;
○ Terciária: neonatal (por meio do teste do pezinho, por exemplo).
7. Premissas fundamentais no aconselhamento genético
● Utilização voluntária dos serviços;
● Tomada de decisão informada;
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- Introdução
● Estima-se que as anomalias cromossômicas sejam responsáveis por mais de 70
síndromes identificáveis, sendo mais comuns que todos os distúrbios
monogênicos juntos;
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● Uso de medicamentos:
○ Analgésicos (24%) e anti-inflamatórios (21%) foram as principais classes;
○ Antibióticos (19%) para o tratamento de otite média e pneumonia, por
exemplo;
○ Medicamentos para tratar doenças obstrutivas das vias aéreas (14%).
● Os achados mais comuns no eletrocardiograma:
○ Taquicardia sinusal (n=14);
○ Arritmia sinusal (n=11);
○ Bloqueio do ramo esquerdo ou direito (n=11);
○ Anormalidades da onda T (n=7);
○ Dilatação atrial esquerda ou direita (n=7);
○ Hipertrofia ventricular esquerda ou direita (n=4).
● No ecocardiograma:
○ Regurgitação de valvas cardíacas: na tricúspide (34%), ba mitral (25%),
aórtica (19%) e pulmonar (14%);
○ Estenose da valva aórtica foi relativamente incomum nos grupos, contudo,
sua incidência aumentou com o avançar da idade, relatada em 16% dos
pacientes maiores de 18 anos;
○ Estenose mitral (5%), pulmonar (1%) e tricúspide (1%) são ainda menos
frequentes.
● Prejuízos de mobilidade:
○ Uso de cadeiras de rodas (45%);
○ Andadores (24%);
○ Destes, 27% e 28% sempre necessitam de cadeiras de rodas e andadores,
respectivamente.
● Níveis de keratan sulfato:
○ Foram medidos em amostras de urina e plasma;
○ Mais elevado em pacientes menores de 18 anos. A redução de keratan
sulfato pode ser reflexo da diminuição da formação de cartilagem quando
os pacientes atingem a puberdade e há maturação óssea;
○ Em geral, indivíduos com keratan sulfato mais elevado apresentam
complicações clínicas mais graves.
- Discussão
● A apresentação clínica da MPS IVA é heterogênea, contudo, há constância na
manifestação de comprometimentos na estatura, resistência e mobilidade,
função respiratória, bem como o impacto da doença na qualidade de vida;
● Prejuízos sistêmicos são mais severos em idades mais avançadas, o que sugere
evolução sintomática com a idade;
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- Introdução
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● Portadores de mutações nos BRCA 1 e 2 têm risco elevado para outras condições
também, como câncer de ovário, câncer de pâncreas (principalmente no caso de
BRCA2) e câncer de próstata (cerca de 20 vezes maior no caso de BRCA2,
principalmente em homens menores de 65 anos. Contudo, a frequência de
pacientes de fato acometidos pela doença é de 0.1%);
● O câncer de mama relacionado a mutações em BRCA1 são predominantemente
triplo negativos (receptores negativos para estrógeno, progesterona e fator de
crescimento epidérmico humano 2 (HER2);
● Idealmente, a análise de mutações em uma família deveria começar a partir de
um indivíduo diagnosticado com câncer de mama ou de ovário, a fim de
maximizar as chances de identificar uma mutação familiar e interpretar mais
precisamente os resultados dos testes de outros membros familiares.
Avaliação de risco e aconselhamento pré-teste
● A avaliação individual de risco envolve tanto o cálculo de risco absoluto pessoal
quanto a estimativa de probabilidade da presença da mutação na família;
● A informação coletada deve incluir história clínica pessoal e de 3 a 4 gerações
da família. A história pessoal deve incluir a frequência de “vigilância de câncer”
(consultas de rotina para investigação da saúde), diagnóstico de tumores
benignos e malignos, informações reprodutivas (idade da menarca e do primeiro
parto, uso de contraceptivo oral, tratamento para infertilidade, terapia de
reposição hormonal e idade da menopausa) e hábitos de vida (álcool, cigarro,
dieta e ocupação);
● A história familiar deve conter os graus de parentesco, a idade e o local do
câncer quando houver, com características patológicas (estágio do tumor e
características biológicas) e o tratamento empregado (cirurgia, quimioterapia,
radioterapia ou terapia hormonal);
● Famílias maternas e paternas devem ser investigadas isoladamente e levando
em consideração a etnicidade e possíveis casos de consanguinidade;
● A Sociedade Americana de Clínica Oncológica recomenda os testes genéticos
com as seguintes condições:
○ Há histórico familiar sugestivo de susceptibilidade para câncer;
○ Os testes podem ser adequadamente interpretados;
○ Os testes vão influenciar a conduta médica para com o paciente e
familiares;
○ Os benefícios são maiores que os potenciais riscos;
○ A testagem é voluntária.
● Os testes genéticos não são recomendados para indivíduos menores de 18 anos.
- Aconselhamento pós-teste
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● A investigação para câncer de ovário deve iniciar aos 30-35 anos de idade ou
5-10 anos antes da idade de diagnóstico mais precoce na família.
Cirurgia de redução de risco
● Para mulheres com alto risco de câncer de mama hereditário ou com mutações
em BRCA1/BRCA2, a estratégia mais efetiva de redução de risco é a mastectomia
bilateral profilática;
● Salpingo-ooforectomia é altamente efetiva na redução de risco de cânceres
ginecológicos em mulheres com mutações em BRCA1/BRCA2. A cirurgia é
recomendada para mulheres com mutação conhecida e maiores de 35 anos;
○ Um decréscimo de exposição hormonal em mulheres que fizeram a
cirurgia pode explicar a redução de risco de câncer de mama em 50%.
● A redução de risco foi mais considerável em pacientes com mutações em BRCA2.
- Prevenção farmacológica e mudanças de estilo de vida
● Terapia com tamoxifeno reduziu o risco de desenvolvimento de câncer em
pacientes com mutação em BRCA2, ma não em BRCA1;
● Contudo, o uso de tamoxifeno reduziu o risco de câncer de mama contralateral
em mutações em ambos os genes;
● Outras drogas anti-estrogênicas (raloxifeno e inibidores de aromatase) e agentes
(AINEs, inibidores da COX-2, retinóides, metformina, etc) são efetivos e estão
sendo investigados, mas ainda não há informações específicas;
● O uso de contraceptivos orais em portadores da mutação em BRCA1/BRCA2 não
aumentou o risco de câncer de mama e ainda reduziu significativamente o risco
de câncer de ovário;
● Dados acerca do impacto das mudanças de estilo de vida ainda são muito
limitados.
- Tratamento local
● A mastectomia bilateral e a salpingo-ooforectomia bilateral reduzem o risco de
recidiva do câncer de mama, bem como aumentam a expectativa de vida;
● Deve-se discutir questões relativas a:
○ Impactos psicossociais - auto imagem e função sexual;
○ Desejo de amamentar;
○ Opções de cirurgias de reconstrução de mama.