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3- Citogenética clínica

Anomalias cromossômicas
Distúrbios dos autossomos e dos cromossomos sexuais
Deficiência intelectual

Disciplina: Bases biológicas do


comportamento
Prof. Rívia Mara Morais e Silva
Distúrbio dos autossomos relacionados
às alterações de comportamento
■ Causas, características, aspectos clínicos e expectativa de
vida das alterações autossômicas, numéricas ou estruturais
RELEMBRANDO...

Anomalias Cromossômicas
Numéricas: Estruturais:
•Não-disjunção cromossômica •DELEÇÃO, INVERSÃO, DUPLICAÇÃO,
ocorrida na meiose ou na mitose e TRANSLOCAÇÃO (não alteram
geram indivíduos com o número de n°dos cromossomas  altera
cromossomos alterados (a mais ou sequência de bases nitrogenadas
a menos) do DNA)
•Euploidias (n, 3n, ...) •EX. Deleção 5p (braço curto do
•Aneuploidias (2n+1, 2n-1), ex. cromossoma 5) - Síndrome do
trissomias Miado de Gato ou Cri Du Chat
Aneuploidias:
3 ANOMALIAS AUTOSSÔMICAS - indistintamente em homens e mulheres
– Trissomia do 13, a síndrome de Patau
– Trissomia do 18, a síndrome de Edwards
– Trissomia do 21, a síndrome de Down

4 ANOMALIAS CROMOSSOMOS SEXUAIS: distintos em homens e mulheres


■ FEMININAS
– Trissomia do X/ síndrome triplo X (evite "síndrome da superfêmea") - XXX
– Monossomia do X/ Síndrome de Turner – X0

■ MASCULINAS
– Dissomia do X, trissomia sexual, Síndrome de Klinefelter - XXY
– Dissomia do Y, trissomia sexual, Síndrome do duplo Y (evite o termo
"síndrome do supermacho") - XYY
Síndrome de Down
■ Trissomia mais frequente (1 a 2 :1.000 crianças nascidas vivas)
■ 70% de todas as gestações de embriões com Síndrome de Down sofrem
aborto espontâneo. A expectativa de vida média ~50 anos
■ Comprometimento mental grave, mas conseguem ser alfabetizados e
realizar tarefas manuais. São, de maneira geral, muito afetuosos e
cooperativos. Suscetíveis a infecções respiratórias e cerca de 40%
apresentam cardiopatia congênita
Mandíbula e a cavidade
Orelhas pequenas e bucal pequenas, mas língua
Baixo peso ao nascer, baixa
implantação baixa, pescoço crescimento normal e
estatura;
curto e largo. fissuras grosseiras; dentes
erupção tardia e irregular;

Mãos e dedos curtos, única


prega palmar transversa;
Musculatura é hipotônica.

Microcefalia, com occipital


e face achatados, nariz
pequeno com ponte nasal
baixa, olhos com pregas
epicânticas internas e
fendas palpebrais oblíquas
com os ângulos externos
elevados;

Homens geralmente
estéreis e mulheres
hipogonadismo
Síndrome de Edwards
■ Trissomia do cromossomo 18
■ Incidência 1:5.000 nascidos vivos (↑↑ com aumento idade materna)
■ Malformações congênitas graves
– Frequente nos casos de abortos espontâneos
– Expectativa de vida é baixa; 50% dos afetados morrem na primeira
semana de vida; a sobrevida além de um ano é incomum

• Retardo mental e do
desenvolvimento
• Sérios defeitos em órgãos internos:
anomalias cardíacas congênitas,
anomalias renais, ausência do
aparelho reprodutor; pode haver
hérnia umbilical e inguinal
Síndrome de Edwards
Baixo peso ao nascer, cabeça pequena, alongada
e estreita com o occipital proeminente,
Microftalmia, fendas palpebrais pequenas,
hipertelorismo, mandíbula pequena, lábio
leporino, fenda palatina, orelhas de implantação
baixa e malformadas, pescoço curto,
Pés com proeminência do calcâneo, planta
arredondada e convexa e mãos fechadas com
dedos superpostos.
Síndrome de Patau
■ Trissomia do cromossomo 13
■ incidência 1:10.000 nascidos vivos
■ Graves malformações múltiplas e graves, que geralmente estão
associadas a um prognóstico ruim:
– Frequência de abortamentos espontâneos é muito elevada
– Sobrevida média de 3 meses; 50% das crianças morrem na primeira
semana de vida; 95% evoluem a óbito antes dos 3 anos de idade
Síndrome de Patau
■ Microcefalia
■ Microftalmia ou anoftalmia (olhos pequenos ou ciclopes)
■ Deformação face, nariz grande e achatado, implantação baixa das orelhas,
boca pequena, lábio leporino, fenda palatina, polidactilia
■ Malformações renais, digestivas, cardíacas, fusão dos hemisférios cerebrais
■ Surdez, desenvolvimento anormal
Síndrome Do Miado De Gato (cri du chat)
■ Deleção na região terminal do 5p
■ Deleção + frequente na espécie humana:
1:20.000 a 1:50.000 nascidos vivos
■ Apresentam um choro característico,
agudo, semelhante a um miado de gato,
em consequência de alterações no
desenvolvimento da laringe.
■ Taxa de sobrevida elevada, mas grave
retardo mental e neuromotor, em geral 8 meses de idade (A), aos 2 anos (B)

associado a um comportamento difícil.


Microcefalia, fendas palpebrais com
obliquidade antimongoloide, pregas
epicânticas internas, prega palmar
transversa completa, orelhas
malformadas com implantação
baixa, baixo peso ao nascer,
hipotonia muscular, estrabismo,
micrognatia e defeitos cardíacos. Aos 4 anos (C) e aos 9 anos e meio (D)
Comportamento
■ Definido como o conjunto de reações e atitudes do indivíduo
determinadas por fatores internos* variáveis e influenciadas por diversas
situações ambientais
■ Influência dos genes coordenada por diversos genes, cada um deles
com um pequeno efeito, mas qualquer mutação que afete um desses
genes pode influenciar no comportamento
Deficiência intelectual
■ Doenças monogênicas com alto grau de complexidade
Deficiência Intelectual (Retardo Mental)
•Incapacidade cognitiva, evidenciada antes dos 18 anos
de idade, que resulta em limitações significativas nas
funções intelectuais e no comportamento adaptativo do
indivíduo.
•Afeta ~2,5% da população mundial.

•2/3 de todos os casos de retardo mental grave tem


origem genética
•diversos genes – locus diferentes: alelos autossômicos
recessivos em homozigose, não ligado a síndromes, nem a
anomalias físicas ou neurológicas.
•Genes ligados ao X: + de 70 que causam a deficiência
intelectual ligada a síndromes e + de 20 não ligada a síndromes.

•Causas não genéticas: exposição substâncias tóxicas, no


1°trimestre de gestação; infecções congênitas;
prematuridade do parto, anoxia, traumatismos com lesão
no SNC, envenenamentos.
Deficiência Intelectual (Retardo Mental)
•Incapacidade cognitiva, evidenciada antes dos 18 anos
de idade, que resulta em limitações significativas nas
funções intelectuais e no comportamento adaptativo do
indivíduo.
•Afeta ~2,5% da população mundial.

•2/3 de todos os casos de retardo mental grave tem


origem genética
•diversos genes – locus diferentes: alelos autossômicos
recessivos em homozigose, não ligado a síndromes, nem a
anomalias físicas ou neurológicas.
•Genes ligados ao X: + de 70 que causam a deficiência
intelectual ligada a síndromes e + de 20 não ligada a síndromes.

•Causas não genéticas: exposição substâncias tóxicas, no


1°trimestre de gestação; infecções congênitas;
prematuridade do parto, anoxia, traumatismos com lesão
no SNC, envenenamentos.
As origens da deficiência intelectual podem ser genéticas (anomalias
cromossômicas, monogênicas, dominantes, recessivas, ligadas ao X,
poligênicas) ou ambientais (pré-natais, perinatais e pós-natais).

Intercorrências no parto com hipóxia

Falta de assistência médica adequada à


gestante, ao parto e ao recém-nascido
A deficiência intelectual é
classificada, basicamente, em
função do afastamento daquilo que
se entende como inteligência
média normal da população.
Testes padronizados (ex. QI) -
Avaliam a capacidade de raciocínio
prático e abstrato dos indivíduos
submetidos.
Normal
pela média
da
população

■ Maioria dos casos: a deficiência intelectual é caracterizada como leve, de


origem multifatorial e com poucas chances de recorrência na família.
■ Mas quando considerados todos os casos de deficiência intelectual: ~25%
deles são graves ~1% da população mundial com deficiência intelectual
grave (totalmente dependentes de outras pessoas e resistentes aos meios
comuns de educação)
Causas Não Genéticas da Deficiência Intelectual

■ Problema de saúde pública nos


países subdesenvolvidos (↑%):
– Miséria, desnutrição, serviços médico-
hospitalares e condições sanitárias
precários e despreparo dos
profissionais de saúde;
■ Ingestão de substâncias tóxicas /
medicamentos/ álcool má
formação, deficiência intelectual MICROGNATIA

do embrião/feto (princ. 1°
trimestre gestação) ■ Infecções congênitas
– Ex. síndrome fetal alcoólica: atraso (rubéola, CMV, zikavírus e
do crescimento, discreta Toxoplasma): compromete
microcefalia, comprometimento desenvolvimento fetal,
motor fino, irritabilidade, problemas de saúde e atraso no
hiperatividade, QI da criança 50-80. desenvolvimento, DI
Causas Genéticas da Deficiência Intelectual
■ Países desenvolvidos: 2/3 dos casos de DI tem origem genética
■ Herança monogênica dominante ou recessiva/ autossômica ou ligada ao X DI
intelectual faixa de moderada ou grave
■ Alterações numéricas do X: DI é rara e, quando ocorre, é leve
■ Alterações numéricas de autossomos: Down + frequente
■ 2° mais frequente: Síndrome do X frágil
– expansão de trinucleotídeos em um gene específico do cromossomo X.
– Incidência 1 :4.000 ou 6.000 homens e 1:9.000 mulheres; ~1 a 5% dos meninos com DI
nas escolas são portadores desta deficiência.
– DI, macrorquidia (aumento do volume dos testículos), face alongada e estreita,
orelhas grandes e em abano, palato alto, queixo proeminente
– Pode ocorrer autismo, TDAH, epilepsia
■ Doenças metabólicas
– (ex. fenilcetonúria)
Esquizofrenia

• +de 51 milhões de pessoas em todo o mundo.


• Delírios, alucinações, redução do interesse e motivação,
reatividade emocional alterada e comportamento desorganizado
• Anormalidades cerebrais estruturais, redução da substância
cinzenta;
• Manifestações clínicas - final da segunda década de vida ou
início da terceira. Sinais cognitivos presentes
• Há um forte componente genético (risco > em parentes do que
p/ população geral)
•Risco p/ filho de um genitor esquizofrênico é 13%; ambos os genitores
são esquizofrênicos: 46%.; irmãos de uma pessoa afetada: 9%,
• Mecanismo de herança complexo: suspeita-se de um grupo de
distúrbios que resultam da alteração em vários genes.
Doença de Alzheimer

•Acomete idosos – mas manifestação precoce (~40 anos).


•Afeta ~10% das pessoas com 65 anos - incidência ↑ com a idade.
•35,6 milhões de pessoas no mundo; Brasil 1,2 milhão de casos.

•Nas famílias com início precoce: herança autossômica dominante, mas


a maioria dos casos parece ser esporádica ou multifatorial.

•Genes relacionados à doença nos cromossomos 1, 14, 19 e 21


(alteração cromossoma 14 em famílias com início precoce ; no
cromossomo 19- relacionadas à manifestação tardia)
Doença de Alzheimer
•Áreas + atingidas: responsáveis pela memória e funções de
planejamento e de realização de funções complexas com a
progressão das perdas, outras áreas atingidas.
•Sinais clínicos: alteração da memória recente, desorientação
espaço-temporal, incapacidade de reconhecer e identificar objetos
e deterioração do pensamento, da fala e habilidades motoras;
comportamento agressivo e antissocial. Doença avançada: não
consegue mais cuidar de si mesma, não reconhece familiares e
nem o ambiente. A doença não reduz o tempo de vida do paciente.

Placas senis - depósitos extracelulares de,


proteínas beta-amiloides produzidas
anormalmente (se depositam em áreas de
degeneração neuronal), e um emaranhado
neurofibrilar intracelular de uma proteína
do citoesqueleto (TAU) diminuição da
quantidade de neurônios e das sinapses,
 atrofia e redução do volume do cérebro
https://www.youtube.com/watch?v=6ZP3FxPgAhU

Distúrbios dos cromossomas sexuais


■ Determinação sexual: cromossomos
■ Diferenciação sexual: hormonal
Ocorre pela expressividade de genes
Diferenciação Sexual: dos cromossomos sexuais: gônada do
embrião irá se desenvolver em
testículo ou ovário, depende do gene

Embrião até 7ª semana: morfologicamente XX e


XY são sexualmente neutros - sexo
indistinguível desenvolvimento das gônadas
após 12-14ª sem.

Fenótipo masculino depende da presença do


gene SRY no cromossomo Y: síntese de uma
proteína responsável pela diferenciação da
gônada em testículo  não havendo a
expressividade do SRY, gônada diferencia-se em
ovário (fenótipo feminino)

Desenvolvimento da genitália externa só ocorre


depois de todo o desenvolvimento das estruturas
sexuais internas
•Se houver testículos produzindo testosterona 
desenvolvimento da próstata e diferenciação da
genitália masculina
•Se não houver testosterona genitália feminina
se desenvolve
Intersexualidade ou estado intersexual
Presença de traços masculinos e femininos no mesmo indivíduo. A maioria dos
apresenta ambiguidade genital, que pode ser determinado ao nascimento;
São, geralmente, estéreis.

Hermafroditismo verdadeiro: tecido testicular e


Caracterização de sexo leva em conta ovariano em um mesmo indivíduo,
diversas características morfológicas: independente do n° de cromossomos e do
• Citogenético: XY = sexo masculino fenótipo
e XX = sexo feminino
• Histológico: tecido testicular = Pseudo-hermafroditismo: gônadas de apenas
sexo masculino e tecido ovariano= um dos sexos (testículo ou ovário)
sexo feminino independente do grau de ambiguidade
• Anatômico genital: pênis e bolsa fenotípica
escrotal=masculino; clitóris,
grandes e pequenos lábios e
porção inferior da
vagina=feminino Obs. traços psicológicos (ex transexuais e travestis)
são caracterizados pela discordância entre a
morfologia sexual e a psicologia do indivíduo, não
constituem estados de intersexualidade.
Síndrome de Turner (45, X)
■ Monossomia; Não disjunção do X
■ 1:2.500 meninas nascidas vivas; 99% aborto
espontâneo
■ Mulheres ovários rudimentares, ausência das
células germinativas e produtoras de
hormônios  pouco desenvolvimento mamas
e genitália externa (permanece infantilizada)

■ Diagnosticadas ao nascimento:
– Pescoço alado, excesso de pele
– Peso e estatura muito baixos ao nascimento
– Micrognatia, implantação baixa de cabelos na nuca
– Tórax em escudo, mamilos amplamente espaçados
– Defeitos renais.
Síndrome de Turner (45, X)
■ Comportamento normal na
infância na idade da puberdade
começam a apresentar:
– atraso na maturação psicológica
(leve DI)
– não desenvolvem as características
sexuais secundárias (útero infantil,
ausência de menstruação)
– solitárias e podendo desenvolver
depressão, ansiedade e distúrbios do
comportamento.
Síndrome de Klinefelter (47, XXY)
■ 1: 800 meninos nascidos vivos (↑frequência);
dificilmente diagnosticada antes da puberdade
■ Relacionada com a idade materna avançada
■ Na maioria dos casos a inteligência é normal, mas
em 10% há deficiência intelectual
■ São comuns distúrbios de comportamento e
personalidade (delinquência alcoolismo e psicose),
principalmente nos casos de QI baixo.
Síndrome de Klinefelter (47, XXY)
■ Alterações decorrentes do hipogonadismo puberal
– Estatura elevada, com membros inferiores
desproporcionalmente longos
– Genitália externa pequena, ausência de
desenvolvimento das características sexuais
secundárias masculinas
– Ginecomastia (aumento do volume das mamas)
– Escassez de barba/ pouco pêlo
– Adultos: testículos pequenos; não há produção de
espermatozoides. Pode haver impotência e diminuição
ou ausência de libido.
– Geralmente apresentam orientação heterossexual, mas,
em diversos casos, o ajustamento sexual é
insatisfatório.
Deleção do cromossomo 17p13.3
https://slideplayer.com.br/slide/3627143/release/woothee

Classificação de níveis sexuais

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