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Alterações cromossômicas

Caracterizar geneticamente e fenotipicamente as seguintes síndromes:

1. Síndrome do cri-du-chat

Esta síndrome é uma anomalia cromossômica, causada pela deleção parcial (quebra) do braço
curto do cromossomo 5, apresentando um cariótipo 46, XX, 5p- e 46, XY, 5p-. Por isso é também
chamada de síndrome 5 p - (menos). A estimativa é que esta síndrome afeta cerca de 1 em 50.000
casos de crianças nascidas no mundo, e 1% dos indivíduos com retardamento mental. Esta
síndrome na maioria das vezes, não é herdada dos pais, aproximadamente em 85% dos casos
resultam de novas deleções esporádicas, enquanto que 5% dos casos se originam secundariamente
a uma segregação desigual de uma tranlocação parental. Esses casos são causados pela
translocação equilibrada nos cromossomas de um dos pais ( material genético de um cromossoma
que se uniu a outro). As pessoas com translocações equilibradas são perfeitamente normais porque
nenhum material genético foi perdido, assim sendo, provavelmente não saberão que são portadores
até que tenham uma criança afetada com CDC na família.
Os afetados se caracterizam por apresentar assimetria facial, com microcefalia (cabeça
pequena), má formação da laringe (daí o choro lamentoso parecido com miado de gato),
hipertelorismo ocular (aumento da distância entre os olhos), hipotonia (tônus muscular deficiente),
fenda palpebral antimongolóide (canto interno dos olhos mais altos do que o externo), pregas
epicânticas, orelhas mal formadas e de implantação baixa , dedos longos, prega única na palma das
mãos, atrofia dos membros que ocasiona retardamento neuromotor e retardamento mental
acentuado. As crianças do CDC freqüentemente têm um caminhar desajeitado e parecem inábeis.
Com a educação especial precoce e um ambiente de apoio familiar , algumas crianças atingem um
nível social e psicomotor de uma criança normal de cerca de 6 anos de idade. As habilidades
motoras finas são atrasadas também, embora algumas crianças estejam conseguindo aprender a
escrever. As crianças com CDC têm dificuldade no treinamento do controle de suas necessidades
fisiológicas. Muitos bebês e crianças com CDC têm um sono agitado, mas isto melhora com idade.
Muitas crianças com CDC podem ter problemas de comportamento. Eles podem ser hiperativos,
balançam muito a cabeça , podem até dar mordidas ou se beliscarem. Alguns desenvolvem
obsessões com determinados objetos. Muitos têm um fascínio por cabelo e não podem resistir a
puxá-lo.

2. Síndrome de Down por trissomia do cromossomo 21


O cromossomo 21, o menor dos autossomos humanos, contém cerca de 255 genes, de acordo
com dados recentes do Projeto Genoma Humano. A trissomia da banda cromossômica 21q22,
referente a 1/3 desse cromossomo, tem sido relacionada às características da síndrome. O referido
segmento cromossômico apresenta, nos indivíduos afetados, as bandas características da
eucromatina correspondente a genes estruturais produtos em dose tripla. Conforme o site ghente, há
uma inclinação lateral dos olhos para cima (olhos puxadinhos) e prega epicântica (pálpebra superior
é deslocada para o canto interno), semelhante ao dos orientais. As pálpebras são estreitas e
levemente oblíquas. A parte posterior da cabeça é levemente achatada (braquicefalia), podendo dar
uma aparência arredondada à cabeça. As moleiras (fontanela) são, na maioria das vezes, maiores e
demoram mais para se fechar. Na linha média onde os ossos do crânio se encontram (linha de
sutura), há muitas vezes, uma moleira adicional (fontanela falsa). Cabelo liso e fino, em algumas
crianças, podendo haver áreas com falhas de cabelo (alopecia parcial), ou, em casos raros, todo o
cabelo pode ter caído (alopecia total).
As orelhas são pequenas e de implantação mais baixa, a borda superior da orelha (hélix) é na
maioria das vezes dobrada. A estrutura da orelha é alterada e os canais do ouvido são estreitos. O
pescoço é largo e grosso, com excesso de pele na nuca. No bebê, sobras soltas de pele são
observadas, podendo desaparecer à medida que a criança cresce.O abdômen é saliente, com tecido
adiposo abundante. O tórax tem formato irregular, em virtude de o osso peitoral apresentar-se
afunilado ou projetado. As mãos e os pés tendem a ser pequenos e grossos com os dedos dos pés
geralmente curtos e o quinto dedo muitas vezes levemente curvado para dentro; prega única nas
palmas das mãos - prega simiesca havendo também uma separação entre o hálux (“dedão do pé”)
e o segundo dedo, com uma dobra entre eles na sola do pé, e enfraquecimento geral dos
ligamentos articulares.

3. Síndrome de Down por translocação robertsoniana

Cerca de 4% dos pacientes com síndrome de Down têm 46 cromossomos,com uma


translocação robertsoniana envolvendo o cromossomo 21q e o braço longo de um outro
cromossomo acrocêntrico (geralmente o cromossomo 14 ou 22). O portador de translocação
robertsoniana envolvendo os cromossomos 14 e 21 tem apenas 45 cromossomos, um cromossomo
14 e um cromossomo 21 são perdidos e substituídos pelo cromossomo translocado.
Diferentemente da trissomia do 21 padrão, a síndrome de Down com translocação não evidencia
relação coma idade materna, mais há uma recorrência relativamente alta com as famílias nas quais
um dos pais, especialmente a mãe é um portador de translocação. Por esta razão, o cariótipo dos
pais e, possivelmente, dos irmãos, é essencial antes de fornecer uma informação genética acurada.
Geralmente as consequências orgânicas da translocação costumam ser similares às da trissomia
simples e aparece a síndrome de Down com todas as suas manifestações (a menos que o pedaço
translocado seja muito pequeno e de uma região do cromossomo pouco rica em genes).

4. Síndrome de Patau

A Síndrome de Patau é uma anomalia cromossômica causada pela presença de uma cópia
extra do cromossomo 13 com prevalência de 1:20000 nascidos vivos. Apresenta malformações
congênitas, incluindo comprometimento do sistema nervoso central, cardíaco, circulatório e
urogenital, além de defeitos estruturais faciais e déficit intelectual. O tempo médio de sobrevida é
de 7-10 dias, sendo complicações pulmonares a causa mais comum de morte. Dos pacientes
nascidos vivos, 86% a 91% não sobrevivem além do primeiro ano de vida. Normalmente é
reconhecida pela presença de uma tríade clínica de sinais: microftalmia, polidactilia e fissura
palatina. A causa genética pode estar ligada a três formas distintas: mosaicismo da trissomia do 13,
translocação do 13 ou a trissomia completa do 13.

5. Síndrome de Edwards

A trissomia do cromossomo 18 foi descrita pela primeira vez em 1960 pelo professor John
Edwards. Esta corresponde à segunda trissomia mais freqüente nos seres humanos e sua incidência
está estimada em 1: 60001,2 e 1: 80003 nascidos vivos.
Os indivíduos portadores da trissomia do 18 têm, entre 90 e 94% dos casos, uma trissomia
livre. Em 5 a 10% dos indivíduos acometidos verifica-se mosaicismo. E um número muito inferior
de alterações deve-se a trissomias parciais. A síndrome de Edwards compreende um distúrbio
multissistêmico, com fenótipo complexo, que tem como principais características retardo no
crescimento fetal, polidrâmnio, sobreposição dos dedos da mão, anormalidades cardíacas e crâneo-
faciais. São essas anomalias que dão a base para o diagnóstico clínico. Existe uma predominância
de indivíduos afetados do sexo feminino na razão de 3:1. Isto se deve ao fato de que há um
número maior de indivíduos masculinos que morrem nas primeiras semanas de gestação.
Anormalidade encontradas em mais de 50% dos pacientes: Choro fraco; atividade fetal fraca;
Tempo gestacional alterado (1/3 pré-maturo, 1/3 pós-maturo); Polidrâmnio; Placenta pequena;
Artéria umbilical pequena; Déficit no crescimento; Baixo peso ao nascer (média=2.300g);
Hipoplasia da musculatura esquelética, do tecido subcutâneo e do tecido adiposo; Deficiência
mental depois do período neonatal; Resposta diminuída ao som; Cranio-faciais: occipital
proeminente; diâmentro bifrontal estreito; pavilhões auriculares malformados e com implantação
baixa; fissuras palpebrais pequenas; micrognatia; arco do palato curto e microstomia; Mãos e pés:
mãos cerradas, com sobreposição do 2° dedo sobre o 3° e do 5° sobre o 4° dedo; hipoplasia das
unhas; hálux curto e freqüentemente dorsifletido; calcâneos proeminentes; e convexidade da planta
do pé; Tórax: esterno curto com redução no número de centros de ossificação; mamilos pequenos;
Abdome: hérnias inguinais ou umbilicais; diástases do músculo reto; Pelve: pequena, com
limitação da abdução das coxas; Pele: hirsutismo leve, principalmente na testa e nas costas;
Cardíaca: defeito nos septos interventricular e interauricular; persistência do ducto arterial.
Anormalidades encontradas em 10-50% dos casos: Cranio-facial: microcefalia; fontanelas
amplas; ptose palpebral; opacificidade da córnea; fenda labial e/ou palatina; Mãos e pés: desvio
ulnar ou radial das mãos; polegar hipoplásico ou ausente; pés em taco de hóquei; eqüinovaro;
sindactilia do 2° e 3° pododáctilos; Tórax: largo, com ou sem espaçamento dos mamilos;
Genitália: hipoplasia dos grandes lábios com clitóris proeminente; Ânus: afunilado ou em posição
anormal; Cardíaco: valva aórtica bicúspide; nodularidade dos folhetos valvares; estenose da artéria
pulmonar; coarctação da aorta;

6. Síndrome de Turner

A síndrome de Turner é a anormalidade dos cromossomos sexuais mais comum nas mulheres,
ocorrendo em 1 a cada 1.500-2.500 crianças do sexo feminino nascidas vivas. A constituição
cromossômica pode ser ausência de um cromossomo X (cariótipo 45,X), mosaicismo
cromossômico (cariótipo 45,X/46,XX), além de outras anomalias estruturais do cromossomo X.
As anormalidades típicas da síndrome de Turner incluem baixa estatura, disgenesia gonadal que
leva a um quadro de falha do desenvolvimento puberal e infertilidade, além de uma série de outras
alterações fenotípicas como pescoço alado, linha posterior de implantação dos cabelos baixa,
fácies típica, tórax alargado com aumento da distância entre os mamilos, linfedema e cúbito valgo.
Associa- se frequentemente a quadros de tireoidite autoimune com ou sem hipotireoidismo,
anormalidades renais e cardiovasculares que variam de malformações graves como coarctação de
aorta, com grande morbimortalidade, até quadros mais leves como válvula aórtica bicúspide.
Alterações auditivas e deficiência cognitiva em algumas atividades, especialmente cálculos e
inteligência espacial, são observadas nessa população, embora a inteligência média seja
considerada normal (2-5). Baixa estatura é o achado mais consistente da síndrome de Turner.
Caracteristicamente, há retardo leve do crescimento na fase intrauterina, redução progressiva da
velocidade de crescimento durante a infância e uma marcada ausência de crescimento na fase
puberal. Pacientes com síndrome de Turner não tratada apresentam alturas médias muito inferiores
ao limite da normalidade (136 a 147 cm), resultados que variam de acordo com a origem genética
familiar.
7. Síndrome de Klinefelter

A síndrome de Klinefelter (SK) é a anomalia de cromossomos sexuais mais comum em


homens, com uma prevalência estimada de um em cada 600 homens nascidos vivos1. Caracteriza-
se citogeneticamente pela presença de um cromossomo X extra (47,XXY), que ocorre em cerca
de 90% dos casos; porém, variantes da SK, como o mosaicismo (46,XY/47,XXY) e outras
aneuploidias mais raras (48,XXXY, 48,XXYY, 49,XXXXY) já foram descritas2.
Os achados clínicos principais, presentes em quase todos os indivíduos com SK, são os
testículos pequenos, a azoospermia e o aumento das gonadotrofinas, em especial do follicle
stimulating hormone (FSH); porém, outros achados, como ginecomastia, atraso puberal,
pilificação pubiana e corporal diminuídas, micropênis, alta estatura, aumento da envergadura em
relação à estatura, distúrbios de aprendizado, doenças psiquiátricas, doença venosa periférica,
obesidade abdominal, síndrome metabólica, maior risco de doenças autoimunes e câncer, podem
ser observados com diferentes frequências de acordo com a população avaliada, a faixa etária
incluída e o cariótipo encontrado.

8. Trissomia do X
Como sugere o nome, a anomalia confere ao portador um ou mais cromossomos X extra.
Existem três tipos principais de ocorrência desta anomalia:
- 47,XXX. é a mais comum (1:1000-2000);
- 48;XXX, possuem um retardamento mental mais acentuado;
- 49,XXXXX, possuem as mesmas características dos triplo e tetra X. Porém como são penta X,
possuem um retardamento mental mais acentuado ,pois quanto maior o numero de X maior será o
retardamento mental. Nas células 47, XXX, dois dos cromossomos X são inativados e de replicação
tardia. Quase todos os casos resultam de erros na meiose materna. A trissomia do X e as síndromes
mais raras de tetrassomias do X (48,XXXX) e pentassomia do X (49,XXXXX) são os equivalentes
na mulher da síndrome de Klinefelter masculina. Os estudos de acompanhamento mostraram que as
mulheres XXX sofrem as alterações da puberdade numa idade apropriada, mas há relatos de
puberdade precoce em certas pacientes. Algumas deram à luz crianças, e estas são praticamente
todas cromossomicamente normais. Há déficit significativo do desempenho em testes de QI, e cerca
de 70% dos pacientes têm problemas do aprendizado graves. A síndrome de tetrassomia do X está
associada a atraso mais grave do desenvolvimento físico e mental, e a síndrome de pentassomia do
X, assim como o XXXXY, geralmente inclui grande retardo do desenvolvimento com múltiplos
defeitos físicos que lembram a síndrome de Down. As mulheres com trissomia do X, embora de
estatura geralmente acima da média, não são fenotipicamente anormais. Apresentam genitália e
mama subdesenvolvidas; certo retardamento mental (algumas são normais, outras retardadas e ou
anomalias de caráter sexual secundário); são férteis.

9. Síndrome XYY

O síndrome 47, XYY é uma aneuploidia dos cromossomas sexuais que afeta indivíduos do
sexo masculino que apresentam uma cópia extra do cromossoma Y. Na literatura científica tem
sido referido por várias designações, entre as quais síndrome de Jacobs, cariótipo XYY, síndrome
XYY, síndrome YY ou síndrome do duplo Y.
A maioria dos casos do síndrome 47, XYY não é herdada de nenhum dos progenitores,
ocorrendo de novo. Nestas circunstâncias a alteração cromossômica ocorre durante a formação das
células do esperma de modo aleatório: verifica-se uma não-disjunção aquando da segunda divisão
meiótica que resulta em células espermáticas com uma cópia extra do cromossoma Y. Caso
alguma dessas células espermáticas atípicas seja responsável pela fecundação, a criança em causa
nascerá com um cromossoma Y extra em todas as suas células. Existe ainda a possibilidade de
mosaicismo 46, XY/ 47, XYY. Esta situação também não é herdada e ocorre durante a divisão
celular aquando do desenvolvimento embrionário. Neste caso os indivíduos afetados apresentam
células com cariótipo 46, XY e células com cariótipo 47, XYY em percentagens e localizações
variáveis, de acordo com o momento e o local onde a alteração da divisão celular teve lugar. Os
indivíduos com Síndrome 47, XYY apresentam habitualmente uma estatura elevada sendo o
desenvolvimento pubertário normal. A maioria não exibe problemas de fertilidade. A nível
neurodesenvolvimental, é frequente a ocorrência de atraso motor e de perturbações da linguagem e
da fala. Ainda que inicialmente descrito como associado a importante agressividade e a
comportamentos delinquentes, estudos posteriores não confirmam essa associação, reportando
contudo uma maior prevalência de Perturbação de défice de atenção e hiperatividade (PDAH), de
Perturbação do espectro do autismo (PEA), de dificuldades de aprendizagem e de algumas
alterações do comportamento, nomeadamente oposição e desafio.
A esperança média de vida dos homens com cariótipo 47, XYY parece ser aproximadamente
10,4 anos inferior. Algumas das causas apontadas como explicação para este facto incluem o risco
aumento para o desenvolvimento de neoplasias, bem como de patologia respiratória (mormente
asma) ou neurológica (epilepsia). Os comportamentos de risco, bem como os casos de
traumatismos associados a esses atos poderão também contribuir para esta menor esperança de
vida média.

Referências:
http://www.ghente.org/ciencia/genetica/cri-du-chat.htm
https://www.scielo.br/pdf/rbp/v22n2/a11v22n2
https://www.educaretransformar.net.br/wp- content/uploads/2017/03/S
%C3%8DNDROME-DE-DOWN-E-ETIOLOGIA.pdf
http://www.movimentodown.org.br/2012/12/as-diferentes-formas-da-trissomia-21/
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminabio/article/download/29497/22548
http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2011/04/sindrome-de-edwards- uma
revisao.pdf
http://conitec.gov.br/images/Protocolos/PCDT_Sindrome_de_Turner.pdf
https://www.scielo.br/pdf/jped/v88n4/a08v88n4.pdf
https://sigarra.up.pt/fep/pt/pub_geral.show_file?pi_doc_id=127027

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