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Resoluções das atividades LITERATURA

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D 8 Segunda fase do Modernismo (Geração de 30) – Poesia » 2
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L Atividades discursivas » 5
O
S

Módulo 7
Segunda fase do Modernismo
(Geração de 30) – Prosa
ATIVIDADES
PROPOSTAS
ATIVIDADES
PARA SALA 01 E
Nas narrativas da velha Totonha, misturam-se elementos
da literatura e da cultura europeia universalizada, como a
01 C
personagem Barba-Azul, e marcas da realidade local, como
A temática central de A bagaceira, de José Américo de engenhos, rios e florestas do Brasil. Essa junção caracteriza
Almeida, publicado em 1928, iniciando o romance regio- a cultura brasileira, que, na sua formação, foi influenciada
nalista moderno, é a seca e suas consequências, apresen- tanto por aspectos eruditos quanto populares.
tando os problemas e a triste realidade das personagens
na estiagem, que também enrudece as relações humanas.
02 C

02 C O romance escrito no contexto do Nordeste brasileiro, na


década de 1930, caracterizou-se pela denúncia social das
A personagem Conceição transita entre dois universos
condições dos menos favorecidos, daqueles cujas necessida-
na narrativa. No seu contexto primeiro, que é a vida na
capital, e na realidade dos moradores e trabalhadores da des não encontravam alcance diante dos setores políticos.
propriedade da avó, em Quixadá, relacionando esses con-
textos e suas personagens. 03 E
Chico Bento, em O Quinze, de Rachel de Queiroz, é um
03 A vaqueiro que, com sua família, migra para a capital em
A obra de José Lins do Rego é dividida em três ciclos, busca de sobrevivência da grande seca, problema que
sendo o primeiro chamado de ciclo da cana-de-açúcar, ao realmente assolou o Sertão do Ceará no ano de 1915,
qual pertencem obras como Menino de engenho e Fogo ocasionando mortes e deslocamentos de grupos de indi-
morto. Essas obras, repletas de expressões regionais e víduos para as diversas regiões do país.
influenciadas pela cultura popular, são marcadas por um
tom memorialista que apresenta a estrutura social dos
04 B
antigos engenhos de açúcar.
Desenvolvido durante os anos de 1930 pela segunda fase
04 E do Modernismo, o romance regionalista nordestino apre-
senta, por meio de uma linguagem sem artifícios, os proble-
Nota-se, no texto, a tentativa de rememorar, sem ideali-
zação ou nostalgia, pelo uso expressivo de detalhes e mas sociais que assolam a região, entre os quais o grande
pormenores, a dor que marcou a infância do ficcionista, tema é a existência das personagens no cenário da seca.
acometido desde cedo por uma doença nos olhos que o
impedia de viver plenamente sua meninice.
05 D
05 B A música, nos romances Clara dos Anjos, de Lima Barreto,
e Fogo morto, de José Lins do Rego, adquire papel cen-
Os dois textos apresentam o comportamento da mulher,
em seu contexto doméstico, marcado pelas convenções tral na descrição da cultura popular, funcionando como
de papéis sociais, nos quais cabe somente ao homem um elemento de aproximação e de apresentação de senti-
experimentar de modo mais livre sua sexualidade, atitude mentos das personagens.
característica de sociedades machistas, patriarcais.
06 B
06 A As obras Menino de engenho, de José Lins do Rego, e São
Na alternativa A, está transcrito um trecho caracterizado Bernardo, de Graciliano Ramos, foram escritas em 1932 e
por linguagem culta, ao passo que nas demais alternati- 1934, respectivamente, durante a chamada Geração de 30
vas se verifica uma linguagem coloquial – alguns trechos do Modernismo brasileiro, que se caracterizou pela esco-
são expressões de Fabiano, e outros são do narrador, que lha de temas que se vinculavam às situações sociais e polí-
incorporou a linguagem regional à sua narração. ticas da realidade brasileira.

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07 E Segunda fase do Modernismo


Módulo 8 (Geração de 30) – Poesia
A composição do livro, considerado um “romance des-

PARA SALA
montável”, formado por partes, pode se relacionar com a
ATIVIDADES
existência fragmentada das personagens, que são marca-
das pela desigualdade social e pela seca.
01 C
08 A Por meio do recurso da intertextualidade, que é a citação
Pedro Bala, protagonista do romance, assim como outras direta ou indireta de um texto em outro, Orides Fontela recria
personagens de Jorge Amado, ao longo da narrativa, o “Poema de sete faces”, de Carlos Drummond de Andrade,
adquire consciência social. Ele lidera um bando de mole- mostrando, como no texto primeiro, a relação entre a poesia
ques nas areias de Salvador, que depois, na juventude, entra e a vida, principalmente a incapacidade da linguagem poé-
na luta política armada. No trecho selecionado, ele reflete, tica de solucionar os problemas da realidade. A poeta, em
na prisão, sobre o valor da liberdade individual e social. seus versos, diz o mesmo que Drummond (“Se eu me cha-
masse Raimundo/ seria uma rima, não seria uma solução”),
09 D apontando para a questão da falta, da ausência que ocorre
A saga da família de Fabiano é cheia de adversidades e pri- na representação literária. A literatura parte do real, mas não
vações, marcada por acontecimentos que ora desanimam é o real propriamente, por isso não pode oferecer resolução
os retirantes, ora dão novo vigor em seu empreendimento. imediata para os dilemas da vida.

10 C 02 D

O trecho evidencia a aproximação de Fabiano com o Os versos de “Teresa”, de Manuel Bandeira, apresentam a
mundo animal, como se vê na identificação com o cavalo figura feminina sem nenhuma idealização, distanciando-se
(“Montado, confundia-se com o cavalo, guardava-se a da visão da mulher impassível apresentada no poema de
ele”) e na utilização de sons onomatopaicos, geralmente Vinicius de Moraes. O eu lírico vê Teresa de modo dispara-
empregados para se dirigir aos bichos: “Às vezes utilizava tado, com a cara que parecia uma perna.
nas relações com as pessoas a mesma língua com que se
dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias”. 03 A

No poema modernista “A mulher que passa”, o uso da


11 A antítese (“Dentro das noites, dentro dos dias!”), apresen-
I. (V) Publicado em 1971, o romance Incidente em Antares tação de duas palavras ou dois pensamentos de sentido
pertence à fase política da obra de Erico Verissimo, na contrário, pode ser compreendido como um traço de
qual o cenário político é criticado e descrito. herança do Barroco. A utilização da antítese serve para
causar efeitos de contrastes de ideias ou sensações, por
II. (F) Incidente em Antares é um romance político, como
exemplo, na construção poética.
O senhor embaixador (1965), e não um romance
regionalista, categoria na qual se insere a trilogia 04 A
O tempo e o vento, composta por O continente
A resistência da personagem Maria Diamba nota-se pelo
(1949), O retrato (1951) e O arquipélago (1961).
uso da fala, que mostra seu desejo de escolher seu destino,
III. (F) Incidente em Antares é um romance político bas-
ser dona da sua própria vida. Como uma saída “para não
tante diverso dos romances históricos que compõem
apanhar mais”, Maria Diamba disse que “sabia fazer bolos”;
O tempo e o vento, produzidos entre 1949 e 1961.
essa atitude, porém, faz com que a escravizada, no âmbito
IV. (F) Incidente em Antares é um romance da terceira da Casa-Grande, sofra outros tipos de violência, inclusive
fase da obra de Erico Verissimo. Clarissa (1933) e o estupro, como se lê nos versos “Viram que sabia fazer
Olhai os lírios do campo (1938) são obras da pri- tudo/ até molecas para a Casa-Grande”, por isso ela opta
meira fase do escritor. pelo silêncio, falando somente quando se encontra sozinha,
“diante da ventania”, e diz que deseja fugir “dos senhores
12 D e das judiarias do mundo”, evidenciando seu sentimento
Observa-se, nos trechos, a denúncia da exclusão social sofrida de revolta, seu descontentamento em relação à opressão
pelas personagens, sobretudo pelos lugares à margem que sofrida. Os versos de Jorge de Lima, presentes no livro Poe-
ocupam em suas cidades, os primeiros em um trapiche pró- mas negros, publicado em 1947, ampliam a compreensão e
ximo ao mar da Bahia de Todos os Santos, e os segundos, à o senso crítico do leitor sobre a triste e desigual formação
margem do Rio Belém, em Curitiba. da sociedade brasileira.

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LI TERATURA

05 A 04 C
As afirmações corretas são I e III, pois o poema é uma paró- O uso da conjunção e, que funciona como uma conjunção
dia de “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias. O poema adversativa, oferece às frases um sentido de oposição, visto
da questão faz uma crítica sutil ao estado cultural atrasado que confronta duas informações. Desse modo, a grandeza
e alienado do Brasil, que copiava manifestações culturais do mundo, do mar e do amor se contrapõe à pequeneza da
do estrangeiro. janela, da cama e do “breve espaço de beijar”.

06 B 05 B
A primeira afirmação é verdadeira, pois este é um recurso No poema de Vinicius de Moraes, o nacionalismo, tema
oriundo da poesia modernista que rompe com a poesia tra- constante na literatura brasileira principalmente após o
dicional, que era apegada às regras gramaticais e não rompia Romantismo, particulariza-se por apresentar uma pers-
pectiva intimista, subjetiva sobre o país, que se singulariza
com a linearidade da disposição das palavras no espaço do
não mais por suas belezas ou riquezas naturais, como mos-
papel. Os poetas das “torres de ametista” são uma referên-
tram o segundo e o terceiro versos (“Não à pátria amada
cia aos poetas parnasianos e simbolistas que pregavam a
de verdes mares bravios, a mirar em/ berço esplêndido o
ideia da arte pela arte, que procuravam lidar somente com a
esplendor do Cruzeiro do Sul;”), mas sim pelas lembranças
poesia e que não se engajavam muito em relação às questões
e pelos acontecimentos da vida cotidiana.
sociais de seu contexto. Por fim, mesmo o eu lírico afirmando
que está sufocado no exílio, ele não aponta problemas do
06 B
país, ele elenca características não romantizadas.
A canção “Carta ao Tom 74”, de Vinicius de Moraes e

PROPOSTAS
Toquinho, apresenta marcas do gênero textual carta, pos-
ATIVIDADES sibilitando que a voz poética e seu interlocutor, no caso
Tom Jobim, compartilhem, com nostalgia, informações
sobre o passado e sobre as mudanças ocorridas no Rio de
01 A Janeiro, transformações que dificultaram a permanência
O verbo beber é metaforizado no conto “Aquele bêbado”, do amor pela cidade.
de Carlos Drummond de Andrade. Uma das acepções
do verbo recuperada logo no início do texto, que é a de 07 B
ingerir bebida alcoólica, é modificada pelo narrador, assu- Por meio da valorização da palavra, que dá “todo o sen-
mindo o sentido de aproveitar, absorver. Esse novo signi- tido da vida”, a voz poética discorre sobre o poder da lin-
ficado gera um efeito irônico na narrativa, visto que a per- guagem, que pode exprimir tanto o amor quanto servir
sonagem ainda cultivava o excesso, não pelo álcool, mas para matar, sendo assim mais poderosa que o aço. A pala-
pela “ingestão” sem limites de obras de arte e de beleza, vra, no poema, é, de modo ambíguo, um dos “venenos
sendo sua morte ocasionada por uma bebedeira de pôr humanos”, visto que traz em si a perdição e a salvação.
do Sol no bairro do Leblon.
08 B
O contexto social evidenciado pela voz poética é marcado
02 A pela preservação, pela permanência da ancestralidade
No poema, a voz poética apresenta, de modo crítico, a africana. As novas gerações podem tentar apagar essa
variação linguística em situações formais e informais. A for- memória, simbolizada na cor da pele, mas não consegui-
malidade é apresentada nas aulas de português, nas quais rão extinguir sua “alma”, como diz o poema, evidente na
o uso anterior das palavras, apresentadas e compreen- resistência da cultura negra na sociedade branca.
didas no contexto de informalidade, cede lugar para as
“figuras de gramática”, levando o eu poético a afirmar que 09 A
já não conhece mais sua língua cotidiana por causa das Nota-se em “A terra é mui graciosa” a utilização do
regras e normas ensinadas pelo professor Carlos Góis. arcaísmo, que consiste em uma palavra ou expressão
fora de uso, antiquada, por meio do emprego da forma
apocopada do advérbio muito (mui), utilizada nos textos
03 E
quinhentistas, como a Carta de Pero Vaz de Caminha. Já
O trecho de “Procura da poesia” apresenta uma das prin- em “Tem macaco até demais” percebe-se o emprego da
cipais características dos poetas modernistas, que é o cará- expressão coloquial “até demais” para exprimir a ideia de
ter metalinguístico, no qual o tema dos versos é a própria excesso, que na terra tem muito macaco. O uso da expres-
criação do texto literário. Nele, a busca pelas palavras são, além de evitar a repetição do advérbio, exprime o
“em estado de dicionário” evidencia o trabalho de pluris- propósito modernista de rever a história nacional, dando-
significação do texto, “cada uma das mil faces secretas” -lhe traços mais brasileiros, como a valorização da língua
dos vocábulos, propondo, desse modo, diferentes leituras. falada nas ruas.

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10 A 04 E
Os versos de Murilo Mendes associam o ideário místico- Os poetas da chamada Geração de 45 procuraram res-
-religioso e o imaginário lírico-amoroso, como se nota já taurar valores e formas tradicionais de expressão, como
no emprego do vocábulo “espírito” e na apresentação da o soneto, buscando, contudo, novos significados para a
ideia da Igreja como a esposa esperada pela voz poética. poesia. Essa atitude estética, marcada pela ordem, disci-
plina e estudo das palavras, foi uma resposta à liberdade,
à transgressão da Geração de 22.
11 A
A poesia de Murilo Mendes retoma o ideário da primeira 05 B
geração do Modernismo na medida em que revisita e
No poema em questão, Mario Quintana diferencia o poeta,
apresenta de modo irônico alguns dos fatos da história
o leitor e o crítico. O leitor é mais propício à imagem criada
brasileira, como a Proclamação da República. pelo poeta, enquanto o crítico “ajusta o nasóculos” (palavra
arcaica e formal para óculos) e olha o mesmo fenômeno
12 A por um ponto de vista prosaico, comum e, ainda, cientí-
O poema constrói-se com base na oposição dificuldade fico. O crítico tira o lirismo da poesia com o qual o leitor se
versus aceitação da dificuldade, como modo de não se encantou no texto.
fazer esquecer e de contentar-se com os momentos difí-
ceis que marcam a existência humana. Essa oposição pode 06 C
ser identificada logo no início do poema, quando o eu No poema, o tédio desperta nos alunos a capacidade ima-
lírico diz que “qualquer que seja a chuva desses campos/ ginativa, fantasiosa, como se vê no pensamento de Mar-
devemos esperar pelos estios”, ou seja, apesar das dificul- garida, que deseja um acontecimento de difícil ocorrência
dades, deve-se esperar pelos momentos de calmaria que na realidade, a entrada e a saída de um avião por janelas.
vêm adiante. A busca por diferentes possibilidades do real, inclusive a
criação do que poderia acontecer, como modo de desau-
Terceira fase do Modernismo tomatizar o olhar, é uma das principais características da
Módulo 9 (Geração de 45) – Prosa e poesia poesia de Mario Quintana.

ATIVIDADES
PARA SALA
ATIVIDADES
PROPOSTAS
01 B
01 D
Desde o início do período em destaque, há assonâncias:
Um dos aspectos centrais de A hora da estrela é a falta a repetição ritmada das mesmas vogais. A repetição do
de lugar, a exclusão que se estende das personagens, vocábulo rio também colabora para o dinamismo provo-
sobretudo Macabéa, ao narrador, “na verdade Clarice cado ao se ler o trecho.
Lispector”, e, por conseguinte, ao discurso literário. No
trecho apresentado, a privação da palavra, da fala denota 02 B
a exclusão sofrida por grande parcela da sociedade bra- A língua, como mostra Clarice Lispector, é um patrimônio,
sileira, personificada nas figuras de Macabéa e Olímpico, um bem em renovação, tanto pela fala quanto, como mos-
que partiram, em busca de melhores oportunidades, de tra o trecho da crônica, pela escrita, por meio do estilo dos
suas cidades natais para uma cidade toda feita contra eles escritores, do trabalho com a linguagem que cria outra lín-
(parafraseando o narrador da novela), uma vez que lá não gua a partir de uma já existente. Essa ideia é evidente em
encontram o espaço desejado. “Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar
para sempre uma herança de língua já feita”.
02 B
A obra Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, destaca 03 D
problemas humanos vinculados à subjetividade, valendo-se, O trecho mostra a dificuldade enfrentada pelo sertanejo,
para isso, da mescla de fala regional, neologismos, termos que é um homem livre, que “pouco se apega” por não
arcaicos e cultos. possuir quase nada, mas que, por outro lado, depende
dos proprietários de terra, como afirma Riobaldo, por
03 A causa da relação de serventia característica das zonas
A locução adverbial “cá bem junto” mostra que o narra- rurais brasileiras.
dor apresenta o desenrolar dos acontecimentos a partir
da perspectiva de Miguilim. O trecho se inicia com “De 04 E
repente lá vinha um homem a cavalo” e, posteriormente, Na obra de Clarice Lispector, as personagens, por meio
é dito “O homem trouxe o cavalo cá bem junto”. O uso do recurso da epifania, que é um momento de revelação,
dos advérbios em destaque mostra a referência espacial experimentam com clareza a existência em meio a uma
da personagem. situação cotidiana, voltando modificadas à realidade. No

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LI TERATURA

trecho apresentado, por exemplo, mostram-se a solidão 11 B


e o desamparo de Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas
A regra geral do poema está presente em “Tudo será per-
Souza Melo por meio do contato inusitado com Angela mitido”, podendo o homem, por exemplo, “caminhar pelas
Pralini. Desacostumada a receber atenção, “uma velha tardes / com uma imensa begônia na lapela”, ação que
não pode comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua poderia ser mal vista ou mesmo considerada loucura, mas
filha que foi embora antes do trem partir.”, diz o narrador, que, na nova sociedade, livre de julgamentos e preconcei-
a senhora se surpreende com o gesto atencioso da outra tos, será uma atitude normal, realizada no claro do dia.
passageira do vagão, alterando sua relação consigo e com
os outros. A presença de Dona Maria Rita também per- 12 E
turba Angela Pralini, que passa a refletir sobre sua vida.
A voz do texto propõe a ressignificação de uma palavra
comum, bastante utilizada no discurso poético, com o obje-
05 A
tivo de fazê-la assumir significados diferentes do esperado.
O sertão de Guimarães Rosa “está em toda parte”, mos- No poema, o vocábulo flor associa-se a elementos como
trando-se, muitas vezes, como uma compreensão que vai ave, tecido, máquina, evidenciando a ruptura da percep-
além do espaço físico, adquirindo, desse modo, um cará- ção, do entendimento proporcionado pela poesia.
ter mítico e metafísico.

06 E ATIVIDADES
Uma das principais características da prosa roseana, além
de sua linguagem singular, é a valorização da cultura popu-
lar, sobretudo a presente no sertão, com sua riqueza e par-
ticularidades. O trecho proposto mostra esse aspecto ao
registar exemplos de superstições que marcam o dia a dia Módulo 7
dos habitantes dessas localidades.

07 D 01 A prosa modernista da década de 1930 reflete as preocu-


pações dos autores em denunciar o contexto de misé-
No poema narrativo Morte e vida severina, a personagem
ria e exploração em que vivia grande parte da população
Severino representa, por metonímia, grande parte da popu-
brasileira. José Américo de Almeida, José Lins do Rego e
lação brasileira que sofre com a miséria. As características
Gilberto Freyre cumpriram as diretivas do Congresso Regio-
de Severino físicas ou mesmo biográficas não servem para
nal do Recife de 1926 para denunciar a violência social e a
particularizá-lo, mas sim para dar uma identidade a todos
exploração da mão de obra na região do Semiárido, con-
que sofrem com os mesmos problemas, denunciando essa
sequência das contingências climáticas e do sistema de lati-
desigualdade, como se vê nos seguintes versos: “Somos
fúndio em que imperavam o jaguncismo, o coronelismo e o
muitos Severinos / iguais em tudo na vida”.
misticismo. Em O Quinze, Rachel de Queiroz debruçou-se
sobre a questão social dos nordestinos, analisou o compor-
08 A
tamento deste e transportou para as narrativas os dramas
Para João Cabral de Melo Neto, a linguagem utilizada no psicológicos de quem, sob pressão de forças atávicas, via-se
texto literário deve se assemelhar ao tema apresentado, impelido a aceitar aquilo que era considerado seu destino.
justificando, desse modo, o estilo enxuto, objetivo do
poeta, que não possibilita excessos, visto que evidencia e 02 a) Ao descobrir que seu pai tinha sido assassinado em
denuncia a triste realidade do sertanejo, a falta, a miséria uma manifestação em defesa dos direitos dos estiva-
que assolam a região. dores e que sempre se referiam a ele com admiração
e respeito, Pedro Bala começa a adquirir consciência
09 A ideológica e manifesta o desejo de seguir os passos do
João Cabral de Melo Neto escreveu poemas engajados, pai, ou seja, tornar-se um líder revolucionário que luta-
isto é, que tratam de temáticas sociais, especificamente do ria contra as injustiças sociais.
Sertão nordestino. No poema em questão, assim como os b) Capitães da areia foi publicado em 1937, momento em
modernistas da Geração de 30, ele trata do tema com uma que o Brasil vivia a ditadura de Vargas, governo que
racionalidade típica de quem tem consciência do que está reprimia ideias comunistas a que eram associadas as
falando e anseia por mudanças na realidade circundante. lutas reivindicatórias de diversas classes sociais.

10 C 03 a) Espera-se que o aluno seja capaz de argumentar que


Publicado em 1986, após o período de forte recessão o problema da seca não se restringe à questão da
política no Brasil, iniciado em 1964 e finalizado em 1985, ausência das chuvas, a uma fatalidade da natureza,
o poema de Thiago de Mello visa, por meio de um esta- portanto, mas diz respeito ao modo de organização
tuto (texto que regulamenta, organiza uma sociedade ou social e política da sociedade brasileira, que priva seus
instituição, por exemplo) marcadamente libertário, instau- cidadãos dos meios necessários, no caso, a educação
rar uma nova ordem, na qual o homem reaprenda a viver, formal, para lidar com os imensos desafios postos pelo
volte a confiar no homem. ambiente físico e pela vida social.

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b) Espera-se que o aluno explicite situações narrativas 03 Entre os aspectos, pode-se citar o emprego da rima, do
do romance nas quais a falta de instrução de Fabiano soneto e de versos metrificados. Como característica e exem-
condena-o à opressão social e à situação de humilha- plo, tem-se o uso da linguagem coloquial (como em “pra”)
ção. Uma cena paradigmática, que vincula a opressão e marca de oralidade (como em “mi-nu-ci-o-sa-men-te”).
social à falta de educação formal, encontra-se, por
exemplo, no capítulo “Contas”, no qual Fabiano não
consegue negociar com o patrão os valores calculados
por sinhá Vitória, justamente por não dominar os códi-
gos da escrita e leitura.

Módulo 8
01 a) Devem-se associar as imagens predominantes no
poema “Balada feroz” às ideias de violência, doença
e morte, reconhecendo elementos que fazem referên-
cia, por exemplo, à putrefação (“a podridão das latri-
nas e das fossas”, “a decomposição dos campos de
guerra te ferir as narinas”, “apodreçam como corpos”)
e à sujeira ou escatologia (“cores que comem as fezes
verdes das estradas”). Também se deve mostrar que
essas imagens se referem a um cenário de guerras ou,
ao menos, de miséria e devastação.
b) Em relação ao papel da poesia e do poeta, deve-se
abordar o misto de pureza e contundência: a poesia
é caracterizada não apenas pela pureza, em contraste
com o mundo degradado, pelo qual não se deixa cor-
romper ou contaminar, mas também pela contundência
com que arremete violentamente contra esse mundo,
no sentido de denunciá-lo criticamente.

02 No poema de Cecília Meireles, algumas imagens ligadas


ao ar são “linha alada” e “pássaro da água”; já no texto
de Joaquim Cardozo, podem-se destacar “curvas aéreas”,
“voo abandonado” e “asas de um pássaro”.

03 O eu lírico de Cecília se coloca como um admirador do(a)


atleta que faz o salto, indicando que ela observa a cena
que retrata (com intensa subjetividade). Já o eu lírico de
Cardozo (que observa um salto triplo do atletismo) está
um tanto mais distante, como um observador que narra a
cena ao leitor, de forma mais objetiva.

Módulo 9
01 a) A personagem Ana passa por um momento de tomada
de consciência motivada pela visão do cego mascando
chicletes, um acontecimento banal, mas que passa a ter
significado dentro da lógica de mundo em que ela vivia.
b) Ana passa a olhar não somente a cena, mas pensar em
tudo aquilo que significa a mulher que ela se tornou
(estereotipada). O mergulho naquela visão na verdade
indica um movimento de olhar para dentro (aquilo que
não se vê).

02 Das características percebidas no poema, pode-se citar a


liberdade formal, preferindo a rima consoante. Além disso,
percebe-se objetividade, evitando o sentimentalismo.

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