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Capítulo 4

Masturbação

Em todo o nosso exame das fases do


desenvolvimento adolescente foram feitas repetidas referências
masturbação, O papel significativo de masturbação durante adolescência
como um todo não foi, porém, exposto ern detalhe, A importância dessa
forme típica de atividade sexual adolescente exige uma investigação
abrangente sobre sua meda, idade fase-especifica, sues vicissitudes
emocionais e sua fenomenologia ou quadro clínico.
A masturbação adolescente — ou, para sermos exatos. a satisfação
genital auto-erótica — torna-se a reguladora da tensão e criadora de
fantasias que acompanham, em seu conteúdo e padrão mutáveis várias
fases do desenvolvimento adolescente. A masturbação adolescente está
inserida numa longe história de sensações e experiências autoeróticas que
remontam ao passado impreciso de primeira infância. A masturbação
compreende uma grande variedade de sensações, estendendo-se da
sensação calmante e embaladora até o "tipo orgástico. no qual há um
crescimento gradua, em geral ritmado, de urna excitação e uma tensão cada
vez maiores," (Greenacre, 1954).
A masturbação é ato psicofísico complexo,
associado no curso da evolução, com as zonas erógenas, e levando
tendências pulsionais mais ou menos fixas, Além disso, a masturbação
deixa aos poucos de ser uma atividade agradável simples, passando e
relacionar-se estreitamente cornos objetos de amor primários da criança
em termos de desejos instintuais específicos. A fantasia, inclusive imagem
mental
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fase-adequado na pré-adolescência. Olhar e ser olhado faz com que o


objeto se tome mais próximo. Mas a masturbação na qual o sexo oposto é
tomado como objeto na fantasia só gradualmente se estabelece na fase
subsequente e atinge seu pleno florescimento durante a adolescência
propriamente dita.
Quando a posição bissexual se torna
intolerável para o ego, ocorre com frequência que o componente pulsional
egodistônico, sexo-inade- quado, será contra atuado ou neutralizado pela
masturbação genital, Essa tentativa de transcender a posição falhará; o
resultado será urna supressão total da masturbação, ou uma passagem
precoce e defensiva para um objeto heterossexual. A consequência dessas
duas acomodações de pulsões para o desenvolvimento do ego e para a
formação da personalidade em geral foi mencionada em outros capítulos;
da mesma forma, as vicissitudes de busca de objeto nos ocuparam em
outras passagens e não precisam ser repetidas aqui,
Como masturbação, pela sua própria
natureza, é destituída de jogos preliminares, ela contraria ou impede a
disposição hierárquica das componentes das pulsões; esse aspecto adverso
retarda. ou bloqueia, o avanço para a maturidade psicossexual, parece que
abandonar totalmente a masturbação, antes da fase heterossexual da
adolescência propriamente dita, resulte numa forma de imaturidade
psicossexual. A masturbação adolescente, portanto, dá início e promove o
movimento de avanço da libido, pela quase- ação experimental na fantasia.
Esse interlúdio acaba par levar à experimentação heterossexual e às
modificações concomitantes que encontrem seu reflexo mais claro na
consolidação definitiva do eu. A natureza regressiva ou infantilizante da
masturbação deve ser constantemente contra-atuado pela articulação de
organização das pulsões adolescentes recém-conquistada com o mundo

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