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Tecnologia de Alimentos
Histórico
No início dos tempos os homens sobreviviam da caça, pesca e coleta de
alimentos, obtendo seu sustento diretamente da natureza. O domínio do fogo foi uma
revolução na forma de preparo dos alimentos, deixando-os mais macios, com melhor
sabor e digestibilidade, além de eliminar micro-organismos potencialmente perigosos e
aumentar seu período de conservação. Mais tarde, evoluiu-se ao emprego do calor e
provavelmente os habitantes pré-históricos da Europa foram os primeiros a conservar o
alimento com defumação. Posteriormente desenvolveu-se a agricultura e a colheita se
dava em períodos fixos. Entretanto, nos períodos entressafras a escassez de alimento era
muito grande e o homem precisou desenvolver formas de conservação desses alimentos
para que pudessem ser usados por longos períodos de tempo e, assim, garantir seu
sustento e sobrevivência. A secagem e a salga foram os primeiros métodos de
conservação desenvolvidos e a fermentação foi utilizada pela primeira vez no Egito na
fabricação de pães e bebidas alcoólicas. Com o surgimento das cidades e do comércio,
novos alimentos são introduzidos na dieta do homem e há um grande impulso nas
técnicas de prolongamento da vida útil de seus alimentos. Em 1810, o francês Nicolas
Appert recebeu um prêmio de Napoleão Bonaparte por desenvolver um processo de
conservação que empregava calor combinado com o fechamento hermético. Napoleão
sabia que a alimentação era fundamental para seus exércitos e, consequentemente, para
o sucesso de suas táticas de guerra. Então, uso do processamento desenvolvido por
Appert permitiu aos exércitos do imperador francês conservar seus alimentos por
períodos mais longos e melhor qualidade sanitária. Surgia então o processo de
apertização. Desde então, as guerras trouxeram grandes avanços no desenvolvimento de
tecnologia de alimentos. Exemplos são a premiação por Napoleão III, no século XIX, a
quem descobrisse um substituto para a manteiga, e a criação do leite condensado, por
Gail Borden, que só foi valorizada quatro anos depois, durante a guerra civil americana,
em que o leite condensado era usado como ração de campo, por seu alto valor
energético e volume reduzido. Borden, ao tentar desidratar o leite comum, descobriu
que antes que este se transformasse em pó, passaria por um estágio intermediário que
seria então o leite condensado. Em relação à margarina, Napoleão III recompensou o
químico Hippolyte Mège-Mouriés pela sua invenção que iria então substituir a manteiga
de forma satisfatória e mais barata para o exército do imperador e para as classes sociais
mais baixas. Em 1813, latas contendo alimentos foram testadas pela marinha e exército
britânicos e cinco anos depois grandes quantidades de sopas, carnes e legumes estavam
sendo utilizados pelas forças armadas britânicas. Entretanto, o crescimento do uso e
popularidade dos enlatados foi devido, principalmente, à Guerra de Secessão e à
Primeira Guerra Mundial.
No século XIX começaram a surgir fábricas que incrementaram a produção de
alimentos básicos como amido, açúcar, manteiga e produtos de panificação.
Desde este período até o momento atual, o incremento científico permitiu a
evolução do alimento artesanal para a indústria de alimentos que se conhece hoje.
1.3. pH
Todo micro-organismo possui um valor de pH abaixo do qual ele não consegue
se multiplicar e outro valor acima do qual também não consegue crescer. Tal fato pode
ser facilmente visualizado através do gráfico da curva hipotética de crescimento
microbiano em função do pH.
As bactérias são mais exigentes em relação ao pH do que mofos e leveduras,
sendo as bactérias patogênicas ainda mais exigentes e a maioria dos micro-organismos
se multiplica com maior velocidade com valores de pH em torno de 7,0 (pH ótimo),
embora também possam crescer sem muitas dificuldades no intervalo de pH entre 5,0 e
8,0. Abaixo de 5,0 o crescimento microbiano é claramente inibido e raramente acontece
em pH 4,5.
O crescimento de micro-organismos fora de sua faixa ótima de pH de
crescimento culmina em uma fase lag maior, ou seja, esse micro-organismo necessita de
um tempo maior para se adaptar ao meio que não está lhe oferecendo condições ideais
para sua multiplicação. Alimentos classificados como pouco ácido são aqueles com pH
maior que 4,5 (carnes, pescados, leite, alguns vegetais). Alimentos com pH entre 4,0 e
4,5 são considerados alimentos ácidos e nesta classe incluem-se as frutas e hortaliças.
Alimentos muito ácidos são aqueles que apresentam pH inferior a 4,0, como é o caso
dos refrigerantes e dos sucos de frutas.
O Clostridium botulinum é um micro-organismo patógeno produtor de uma
toxina que pode ser letal para o ser humano. Algumas de suas características é ser
resistente aos tratamentos térmicos e ser o micro-organismo patogênico que suporta o
menor pH, no valor de 4,6. Portanto, abaixo de pH 4,5 nenhum patógeno de alimentos é
capaz de se desenvolver, e este valor de pH se tornou limitante para a classificação de
alimentos ácidos e de baixa acidez.