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Unidade III
5 PRODUTO
O planejamento do mix de marketing começa com a formulação de uma oferta para satisfazer as
necessidades e os desejos do cliente‑alvo. Quando uma pessoa compra um automóvel, por exemplo,
está adquirindo não somente um conjunto de componentes físicos, como: pneus, peças, vidros, entre
outros, mas também uma série de outros benefícios intangíveis, como: conforto, transporte, status,
entre outros.
Os produtos somente serão comercializáveis se possuírem benefícios suficientes que possam motivar
as pessoas a comprá‑los. Eles devem proporcionar algum benefício e, quanto maior for sua utilidade,
maior será seu destaque diante dos outros produtos. Uma compra movimenta vários elementos para
uma pessoa, e no final das contas, ela não está comprando um produto, mas o benefício proporcionado
por ele. Por exemplo, quando eu compro um chuveiro, não estou preocupada com a peça em si. Estou
comprando um banho aquecido, pois é isso que eu almejo. Claro que há outros atributos que não são
levados em conta ao comprar um chuveiro, mas um carro, por exemplo, proporciona outras utilidades
que vão além da simples aquisição de um meio de transporte individual. Ao comprá‑lo, as pessoas
compram prestígio, aceitação, preferência, classe, status etc.
A determinação dos benefícios a serem oferecidos dependerá muito das ofertas da concorrência e
das expectativas dos clientes no mercado de atuação da empresa. É importante, para esclarecer esse
ponto, apresentar os cinco níveis de produto de acordo com os benefícios que poderão proporcionar:
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Unidade III
Potencial
Ampliado
Esperado
Básico
Benefício
central
Figura 9
Se os produtos são escolhidos a partir das necessidades e desejos dos clientes, é correto afirmar que
as pessoas estão à procura do benefício que eles oferecem, o benefício central. A partir dele, delineiam‑se
os outros níveis do produto:
a) Produto básico: é o conjunto de benefícios agregados à versão básica do produto. É o mínimo que se
pode esperar de uma oferta. Por exemplo: a compra de um DVD para assistir a um filme, de uma geladeira
para manter os alimentos conservados, de uma tevê para assistir ao programa preferido, entre outros.
d) Produto potencial: neste nível, o produto tem todas as transformações sugeridas pelo
consumidor e possibilidades para o futuro, e as empresas procuram novas maneiras de satisfazer
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MARKETING
os consumidores e diferenciar sua oferta. No caso da televisão, pode‑se pensar em uma que tenha
acesso à internet; em relação ao computador, busca‑se a personalização com os programas que o
comprador gosta de usar, o acesso a internet por um determinado tempo, entre outros.
No produto potencial, há a diferenciação dos produtos e o esforço para torná‑lo único. O fabricante
deverá analisar as várias ofertas existentes e níveis de expectativas dos compradores para identificar
aqueles pontos que podem ser adicionados para causar a diferenciação, a exclusividade e a unicidade
de seu produto. Isso ocorre principalmente porque cada ampliação do produto agrega um custo e logo
esse produto ampliado passará a ser um produto esperado. Assim, o cliente vai sempre esperar mais da
empresa.
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Unidade III
Veja que essas características tornam os serviços altamente dependentes de quem os elabora,
portanto, há um gerenciamento específico para o treinamento das pessoas.
A classificação por uso separa em grupos os produtos destinados aos mercados de consumo e
mercados organizacionais. Para facilitar as decisões sobre quais estratégias de marketing seguir, os
produtos de consumo são agrupados de acordo com a forma como os consumidores tomam a decisão
de compra.
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MARKETING
Observação
Podemos distinguir três grupos de bens empresariais: materiais e peças, bens de capital e suprimentos
e serviços. Eles são usados na produção de outros bens e podem ser classificados pelo seu processo de
produção e por seu custo relativo:
Bens Empresariais
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Unidade III
Além das características diferenciadas de um produto no seu aspecto básico, existem outros
elementos que o compõem e que são muito importantes no processo de decisão de compra. Quanto
melhor esses elementos forem pensados e desenvolvidos, maior será a chance para sua colocação no
mercado. Os elementos possíveis de diferenciar uma oferta são: forma, características, qualidade de
desempenho e de conformidade, durabilidade, confiabilidade, facilidade de reparo, estilo, embalagem,
rótulo, o serviço de apoio e a marca.
Por exemplo, o guaraná Jesus, refrigerante líder de vendas no Maranhão, pertencente a uma empresa
local por muitos anos, e agora pertence à Coca Cola. Quando tal produto foi lançado, foi preciso ser
pensado a partir de muitos pontos de vista: qual o teor de guaraná que entraria na fórmula? Quanto de
açúcar? Teria versões light e diet? Que cor teria o produto (neste caso, ele é cor‑de‑rosa)? Qual marca
seria usada? etc.
Lembrete
Características
(atributos)
Marca
Figura 10
a) Forma e características
Na forma do produto destacamos o tamanho, o formato ou a estrutura física. Como será a forma
desse produto? De que maneira ele será apresentado ao mercado? Uma aspirina pode ser um comprimido,
uma cápsula ou uma solução, por exemplo.
As características dizem respeito às especificações do produto, que podem variar. Quais são
as características de um refrigerante, qual é a sua fórmula? Um carro, que especificações ele
tem? As montadoras trabalham com vários tipos de acabamento, por exemplo. Veja a figura a
seguir:
Informação nutricional
(Valores médios)
Minerais %DDR*
Ferro 1,9mg
Cálcio 0,3mg
Fósforo 26,9mg
Figura 11
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Unidade III
b) Qualidade de desempenho
c) Durabilidade
d) Confiabilidade
Os consumidores não se importam em pagar mais caro por produtos em que confiam. Confiabilidade
é a avaliação da probabilidade de um produto não quebrar ou apresentar defeitos durante determinado
período. Ela está relacionada às marcas compradas pelos consumidores.
e) Facilidade de reparo
f) Estilo e design
Estilo é o visual do produto e a sensação que ele passa ao comprador. Apresentar um design e um
estilo diferente do da concorrência é uma forma de se diferenciar dela. Várias empresas procuram se
diferenciar não por preço ou atendimento, mas por ter um design inovador ou por meio de um apelo
para um estilo autêntico e original.
O avanço tecnológico proporciona muita facilidade para se copiar produtos, por isso a diferenciação
pode estar na adição de serviços valorizados pelo consumidor e na melhoria da qualidade com que são
prestados. Por exemplo, os serviços de apoio e garantia já foram um diferencial importante. Hoje os
clientes têm certeza de que se trata de uma extensão do produto.
A garantia é utilizada para atribuir maior credibilidade ao produto. Quem duvidaria de uma televisão
que tem garantia até a próxima Copa do Mundo, como já fez uma grande fabricante de televisores há
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MARKETING
alguns anos? Estender essa garantia é um diferencial importante, principalmente para os produtos de
maior valor. Também há outros níveis de diferenciação por meio dos serviços oferecidos:
Outros elementos importantes para motivar compras e definir um produto são: a embalagem, a
rotulagem e as garantias.
A rotulagem, mais do que um elemento de reconhecimento dos produtos, faz parte da embalagem
e cumpre o papel de conter informações importantes que são dirigidas ao consumidor. Há questões
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Unidade III
legais que envolvem o rótulo, como informações sobre composição do produto, no caso dos alimentos,
quantidade de calorias, com orientações corretas e claras, presença de sal, gorduras etc.
A embalagem é dotada de cores fortes e envolve produtos de todos os tipos de design. Ela “enche
os olhos” do consumidor, e há profissionais que a consideram como o 5º P do marketing, dada a sua
importância para vender a mercadoria.
Um meio de comunicação por excelência, a embalagem ganhou muita importância nos últimos
anos, pelo crescimento do autosserviço, pelo aumento do poder aquisitivo do consumidor, pela imagem
da marca e da empresa, e pela própria inovação. Vamos compreender melhor esses fatores:
O desenvolvimento das embalagens conta com áreas específicas, que abrangem marketing, arte,
design, novos materiais, além de empresas especializadas que só se dedicam a isso, proporcionando
visuais e materiais cada vez mais atraentes aos olhos do consumidor.
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MARKETING
Lembrete
A escolha da cor, do tamanho, do formato, de materiais, do texto e da marca deve estar entre as
preocupações dos criadores. Como uma ferramenta de comunicação de apoio ao marketing, a embalagem
precisa representar a empresa e o produto, respeitando o posicionamento adotado pela instituição e
as estratégias de marketing relacionadas a ela. Ela deve ser coerente com a propaganda, o preço e a
distribuição do produto. Os estudos sobre cores em embalagens também devem ser acompanhados para
a escolha de tons que representem o conceito que a empresa quer transmitir.
• ela deve ser desenvolvida para ser usada depois de vazia, quando
possível;
Alterações mínimas são bem‑vindas em períodos de tempo variáveis, pois ajudam a manter a
embalagem atualizada. A maioria dessas mudanças nem é percebida pelos usuários dos produtos, e
sua rejeição pode provocar queda nas vendas. Outro fator importante a se levar em conta hoje são as
questões ambientais. O mundo clama por menos lixo, e, nesse sentido, as embalagens são grandes vilãs
que precisam ser pensadas para resolver essa questão; isso é uma preocupação mundial.
5.3.4 Marcas
As principais decisões que envolvem o marketing e os mais altos investimentos dizem respeito à
marca. Mais importante do que divulgar o produto é pensar em divulgar a marca, pois esta sim será
lembrada pelo consumidor em todas as ocasiões.
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Unidade III
As marcas são os mais importantes fatores para diferenciar os produtos. Geralmente, as pessoas se
lembram da categoria do produto por meio de um nome. Por exemplo, Gilette é sinônimo de lâmina de
barbear; Bombril, sinônimo de palha de aço; chicletes, sinônimo de goma de mascar. Esses são apenas
alguns exemplos para ilustrar a ideia de que ser sinônimo de categoria de produto é o sonho de consumo
de qualquer marca, e, nesse sentido esse é o trabalho de comunicação e de marketing hoje.
Apesar do alto investimento necessário para a criação e gestão de marca, essa é a forma mais
adequada para identificar e proteger os fabricantes e distribuidores, além de criar lealdade, bem como
facilitar a lembrança e a criação de associações positivas. Uma marca é a garantia de fornecimento
de uma série específica de atributos e benefícios ao consumidor, como uma garantia de qualidade
percebida por eles.
• O nome deve ter uma tradução fácil e que não seja ofensiva em outros
idiomas (GIOIA et al., 2006, p.79).
O tratamento dado à marca pela empresa traduz a importância atribuída a esse quesito no
gerenciamento do marketing. Tratá‑la apenas como um nome não é a forma correta para seu
gerenciamento. O desafio é estabelecer uma marca e desenvolver profundas associações positivas em
relação a ela, e criar uma identidade que a torne única e seja percebida por seus consumidores dessa
forma.
“Identidade da marca: refere‑se àquilo que a empresa deseja que a marca transmita ao consumidor”
(Ibidem, p.91). Por exemplo, quando falamos em passagens aéreas de baixo custo, pensamos na
companhia Gol, pois ela assim posicionou o seu produto e fez sua comunicação voltada para que o
público tivesse essa compreensão.
O valor da marca é atribuído não apenas por seus atributos físicos. Há muitas empresas que não
possuem uma única unidade física e detêm as marcas mais valiosas do mundo. O que faz esse valor? O
que forma o valor da marca é o valor percebido pelas pessoas em relação a ela. O que as pessoas pensam
sobre ela, as associações positivas que fazem, o que sentem (sentimentos) em relação a elas. Não só
os consumidores, mas os possíveis consumidores (prospects), os funcionários, parceiros, fornecedores,
distribuidores, a imprensa e a sociedade em geral.
“Brand equity: é o conjunto total de ativos tangíveis que dá à empresa uma vantagem competitiva”
(Ibidem, p.77). Para se alcançar o valor da marca, empresas especializadas realizam pesquisas com os
diversos públicos envolvidos para encontrar parâmetros que possam levá‑los ao valor da marca, ou
brand equity. Este é o resultado do grau de lembrança ou conscientização da marca pelo público (brand
awareness), mais o grau de fidelidade dos seus clientes (brand loyalty) e a força da imagem associada à
marca (brand association).
1. desenvolver propaganda;
Figura 12
A pesquisa indica que cinco das dez empresas que mais cresceram no mundo estão
relacionadas à tecnologia. Entre os estreantes no ranking está o Facebook, que ficou na 285ª
posição, com o valor de marca estimado em US$ 3,7 bilhões.
A Nokia foi a empresa que registrou a maior queda significativa no valor de sua marca,
US$ 9,9 bilhões. Seguindo a mesma linha de queda, a Coca‑Cola saiu das dez maiores
marcas pela primeira vez na pesquisa. Em 2010, o primeiro lugar da lista estava com o
Walmart, que caiu para a terceira posição neste ano, com valor de marca estimado em US$
36,2 bilhões. Entre as marcas brasileiras de maior destaque ficou o banco Bradesco, que
subiu da 43ª posição no ano passado para o 28º lugar em 2011, com o valor de marca de
US$ 18,7 bilhões.
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MARKETING
1º Google.
2º Microsoft.
3º Walmart.
4º IBM.
5º Vodafone.
6º Bank of America.
7º GE.
8º Apple.
9º Wells Fargo.
10º AT&T1.
Observação
A imagem de marca pode ser entendida como o conjunto de percepções e associações, tanto
favoráveis como desfavoráveis, que o consumidor desenvolve com relação a um produto ou a uma
marca. “Imagem da marca: é a percepção de uma marca baseada nas associações que o consumidor
estabelece na memória” (GIOIA et al., 2006, p.91).
Saiba mais
Conheça mais sobre o registro das marcas por meio do Instituto Nacional
de Propriedade Industrial — INIP acessando o site: <http://www.inpi.gov.br>.
Podemos identificar seis níveis da hierarquia de produto. Apresentamos a seguir esses níveis
exemplificados com seguros de vida:
a) Abrangência
b) Extensão
c) Profundidade
A profundidade equivale à quantidade de opções que são oferecidas em cada produto na linha. Por
exemplo, uma das marcas de sabão em pó da P&G pode oferecer dois perfumes, duas fórmulas e duas
opções de aditivos. A profundidade é igual a seis.
d) Consistência
A consistência refere‑se à relação entre as várias linhas de produtos no que se refere a uso
final, exigências de produção, canais de distribuição ou algum outro critério. As linhas da P&G
são consistentes na medida em que são bens de consumo que passam pelos mesmos canais de
distribuição. As linhas são menos consistentes, pois desempenham diferentes funções para os
compradores.
As linhas de produtos tendem a se expandir com o tempo, conforme os objetivos da empresa. Por
exemplo, espera‑se que os usuários de um carro popular comprem um veículo de uma categoria acima
da popular na próxima troca, ou, ainda, poderão querer comprar o mesmo tipo de carro com outros itens
incrementados no mesmo modelo. A adição de linhas de produtos é uma exigência do mercado e dos
canais de distribuição, pois os clientes estão sempre em busca de novidades, mudanças e alterações nos
produtos. O problema é que esses incrementos terão impacto nos custos.
Seja pela obsolescência dos produtos, seja pela necessidade de crescimento da empresa, ou pela
mudança nas necessidades e desejos do consumidor, é preciso estar preparado e trabalhar ativamente para
que o portfólio de produtos da empresa seja sempre atualizado. Esse trabalho é feito no P&D (Pesquisa e
Desenvolvimento) nas empresas que possuem essas áreas, e, para as que não o têm, desenvolvem‑se novos
produtos a partir das sugestões dos clientes, funcionários etc., ou diretamente pelo dono da empresa.
Os novos produtos também podem surgir pelas fusões e compras de empresas concorrentes, compra
de patentes de outras empresas ou ainda oriundas de licenças ou franquias. A Nestlé, por exemplo,
comprou muitas marcas norte‑americanas e por todo o mundo no começo dos anos 2000. A informação
que circulava na época era de que ela comprava cinquenta empresas todos os dias no mundo inteiro.
Observação
Produtos realmente inovadores não chegam a 10% das novidades que chegam ao mercado em
todo o mundo. A maior parte visa aperfeiçoar os produtos existentes. Algumas categorias de produtos
tornam cada vez mais difícil de se conseguir produtos inovadores de verdade, que possam transformar
o mercado. No entanto, a inovação contínua para satisfazer às necessidades dos consumidores força os
concorrentes a competir para alcançar os inovadores.
Segundo Gioia et al. (2006, p.39), “para crescer, a empresa deve aprender a pesquisar inovações e ter
agilidade para lançá‑las de forma pioneira no mercado”. O autor explica que algumas empresas nomeiam
como novos produtos versões com novas embalagens ou com mudanças no processo de produção.
Será que toda inovação é um novo produto? “Um produto é realmente novo quando contém alguma
diferença identificável e comercialmente relevante, seja para a empresa, seja para o consumidor final ou
para o mercado” (Ibidem p.39).
A inovação constante não é comum entre as empresas. Algumas inovam raramente, outras
ocasionalmente e poucas continuamente. Entre estas, podemos citar, entre outras, a Sony, a 3M e a
Oracle.
A maioria das empresas se concentra em inovação incremental, e algumas, mais novas, apostam em
tecnologias que trazem mudanças radicais e são capazes de mudar o mercado. Elas introduzem novas
formas para fazer as coisas geralmente com custos mais baixos. Quando a Gol entrou no mercado,
tinha a perspectiva de passagens de baixo custo para conquistar uma fatia do mercado. Revolucionou
o mercado de passagens aéreas brasileiras e trouxe as classes C, D e E, que antes só viajavam de ônibus,
para andar de avião.
Para inovar, é preciso conhecer as preferências de clientes e de não clientes ao longo do tempo.
Entretanto, interpretar mal as pesquisas e superestimar o tamanho do mercado, aliado aos altos custos
de desenvolvimento de projetos, são algumas das situações que levam os novos produtos ao fracasso.
Estima‑se em 95%, nos Estados Unidos, e em 90% na Europa, o índice de fracasso de novos produtos
(KOTLER, 2006).
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MARKETING
Observação
Agora vamos destacar alguns fatores que dificultam o desenvolvimento de novos produtos:
• mercados fragmentados: os produtos são dirigidos a segmentos cada vez menores, o que
representa lucros inferiores para cada produto.
• custo do processo de desenvolvimento: até emplacar uma ideia, o novo produto precisa gerar e
desenvolver várias ideias, o que provoca altos custos de P&D, fabricação e marketing.
• escassez de capital: apesar de as empresas terem boas ideias, muitas não conseguem os recursos
necessários para pesquisá‑las e lançá‑las.
• necessidade de menor prazo para o desenvolvimento: mudanças rápidas e radicais exigem que as
empresas aprendam a reduzir o tempo de desenvolvimento de novos produtos por meio de novas
técnicas, parceiros, estratégicos, testes antecipados da concepção do produto e planejamento
avançado de marketing.
• menores ciclos de vida dos produtos: a concorrência age de forma rápida e copia o produto, às
vezes, nem dando o tempo suficiente para a recuperação do investimento na inovação.
Segundo alguns pesquisadores, para que um novo produto seja bem‑sucedido, a empresa precisa:
105
Unidade III
Segundo os princípios de William L. McKnight, que dirigiu a empresa entre 1949 e 1966:
Observação
A empresa ainda destaca que pelo menos 15% do tempo livre dos cientistas devem ser utilizados
em situações e projetos pelos quais eles tenham paixão. Isso determinaria atitudes empreendedoras
que trazem benefícios à empresa. Também é interessante para empresas inovadoras traçar avaliações
de desempenho focadas na capacidade de inovação. Deve‑se dar autonomia aos líderes para
proporem projetos; isso é altamente motivador para a criação de inovações. Deve‑se incentivar a
apresentação de ideias.
Os números do Seminário de inovação 3M, realizado em 2011, mostraram que a empresa mantém
mais de 7 mil cientistas e 34 laboratórios no mundo, além de centros técnicos para clientes e uma
estrutura de gestores de projeto de inovação. Segundo seus cálculos, em 2014, cerca de 40% das vendas
serão frutos de produtos novos. Eles pretendem adotar projetos incrementais e radicais, com alto número
de patentes registradas por produtos novos e diferenciados.
Saiba mais
Para desenvolver novos produtos, cada empresa delimita formas diferentes para os investimentos.
Por exemplo, determinada empresa estabeleceu os seguintes critérios para o desenvolvimento de novos
produtos:
• o produto deve estar pronto para ser lançado em até cinco anos;
Novos produtos devem ter equipes dedicadas para tal, de preferência com departamentos
específicos para isso. Esse núcleo vai se firmar como base para o desenvolvimento, desde a pesquisa
até a chegada ao mercado, controlando tempos e analisando retorno de investimentos e sucesso ou
fracasso na área.
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Unidade III
A alta gerência deve decidir quanto reservar do orçamento para o desenvolvimento de produtos.
Os resultados de P&D são tão incertos que é difícil utilizar critérios normais de investimento. Algumas
empresas resolvem esses problemas financiando tantos projetos quanto possível, esperando conseguir
sucesso com alguns. Outras instituições estabelecem seu orçamento aplicando uma porcentagem
convencional sobre os números de vendas ou gastando o mesmo montante que a concorrência. Outras
ainda decidem quantos novos produtos de sucesso precisam e só depois estimam seu investimento
necessário (KOTLER, 2000).
3. Desenvolvimento e teste do conceito: o conceito do produto é bom o suficiente para que leve o
consumidor a experimentá‑lo?
Note que para cada uma dessas fases deve‑se ter uma resposta: sim ou não. Se a resposta for
positiva, haverá o trajeto da ideia; caso contrário, abandona‑se essa ideia.
A geração de ideias é a fase inicial e geralmente elas são obtidas pelas fontes internas (funcionários) ou fontes
externas (clientes, fornecedores e até concorrentes). Elas também podem ser obtidas pelos cientistas, funcionários,
membros de canais e pela alta gerência. Uma pesquisa com os clientes pode funcionar como gatilho para o
desenvolvimento de novos produtos, e pesquisas qualitativas com seus grupos facilitam esse processo.
O importante é que essas ideias de inovação estejam atreladas aos desejos dos clientes. “A orientação
de marketing determina que as necessidades e os desejos dos clientes são o ponto de partida para se
começar a procurar ideias” (Ibidem, p.357). A concorrência também pode ser um vasto campo para a
busca de ideias. É claro que as empresas devem promover alterações, mudanças, engajar funções para
que os produtos sejam diferenciados e elas mantenham suas vantagens competitivas. Também podem
aprender com seus distribuidores, fornecedores e representantes de vendas. Podem descobrir do que os
clientes gostam e o que desaprovam nos produtos de seus concorrentes. As ideias de novos produtos
também podem vir de outras fontes, entre elas “inventores, advogados especializados em patentes,
laboratórios de universidades e comerciais, consultores industriais, agências de propaganda, empresas
de pesquisa de marketing e publicações setoriais” (Ibidem, p.358), ou seja, muito se deve prestar atenção
ao mundo a sua volta, pois as ideias estão em todos os lugares, com muitas pessoas.
Lembrete
Na tabela a seguir, há alguns conselhos que apresentam o pensamento de Robert Cooper sobre
ideias e novos produtos:
Quadro 1
110
MARKETING
Observação
Nesse tópico, as empresas devem envidar esforços em motivar seus funcionários a submeter suas
ideias a um gerente de ideias. Essa pessoa deve ter o nome e o número de telefone amplamente
divulgados. Essas ideias novas serão anotadas e serão semanalmente avaliadas por um comitê de ideias.
Elas deverão ser classificadas em três grupos: ideias promissoras, ideias marginais e ideias rejeitadas.
Se uma ideia deve passar pelo crivo e pela avaliação das equipes, então é possível que em algum
momento aconteçam erros de aprovação; isso ocorre “quando a empresa permite que uma ideia ruim
chegue às etapas de desenvolvimento e comercialização” (KOTLER, 2000, p.357). O autor aponta ainda
três tipos de fracassos de produtos: um fracasso absoluto de produto gera a perda de dinheiro e suas
vendas não cobrem os custos variáveis; um fracasso parcial de produto leva à perda de dinheiro, mas
111
Unidade III
suas vendas cobrem todos os custos variáveis e parte dos custos fixos; e um fracasso relativo de produto,
que gera um lucro inferior à taxa de retorno almejada pela empresa (Ibidem, p.358).
Segundo o autor, a seleção de ideias tem como objetivo principal descartar aquelas que são ruins o
mais rápido possível, uma vez que os custos de desenvolvimento de produtos crescem exponencialmente
a cada uma das etapas do desenvolvimento. Para Gioia et al. (2006), essa fase se chama triagem de
ideias e consiste em escolher sistematicamente os produtos que serão lucrativos. Os autores sugerem
que as ideias rejeitadas devem ser mantidas em um arquivo para revisão periódica.
A partir de uma ideia a empresa desenvolve vários conceitos, e um deles é pensar o que as pessoas
realmente compram. Por exemplo, uma ideia sobre um elemento a ser acrescentado ao leite deve
responder a três perguntas básicas para ser transformada em conceitos:
2. Qual é o benefício primordial que esse produto deve oferecer (sabor, valor nutritivo, saciar a sede,
dar energia)?
3. Quando as pessoas consumirão essa bebida (no café da manhã, no almoço, no lanche da tarde, no
jantar, ou tarde da noite)?
Observação
De posse dessas respostas, segundo Kotler e Keller (2006), a empresa pode construir vários
conceitos: o primeiro é destacar uma bebida instantânea para o café da manhã de adultos que
querem uma refeição rápida e nutritiva sem precisar prepará‑la. O segundo é criar uma bebida
saborosa, que as crianças podem tomar no meio do dia. Por fim, os autores destacam o terceiro
conceito: um suplemento alimentar saudável que os idosos podem tomar no fim da noite, antes
de se deitar.
Teste do conceito
Após a escolha do conceito, deve‑se partir para o teste do conceito, quando se apresenta o produto
ao consumidor‑alvo para conhecer suas reações. Os conceitos podem ser apresentados simbólica ou
fisicamente. “Quanto mais os conceitos testados se assemelharem ao produto ou experiência final, mais
preciso é o teste de conceito” (Ibidem, p.360).
No mundo virtual, a proporção de testes de conceito aumentou muito as possibilidades para esse
tipo de pesquisa. Os programas de realidade virtual usam computadores e dispositivos sensoriais (como
luvas ou óculos) para simular a realidade.
Quadro 2
Partindo‑se das respostas dos entrevistados, poderá haver a indicação se o conceito tem um apelo
forte junto ao consumidor, com quais outros produtos ele deverá concorrer e qual é o seu público‑alvo
mais indicado. A análise conjunta é um método para obter os valores de utilidade que os consumidores
associam a níveis variáveis dos atributos de um produto e que apontam as preferências dos consumidores
por conceitos alternativos de produtos. Segundo Kotler (2000), nesse caso, os entrevistados são
apresentados a diferentes ofertas hipotéticas combinando vários níveis de atributos. Depois eles devem
113
Unidade III
classificá‑las. A gerência pode identificar a oferta mais atrativa, assim como a participação esperada de
mercado e o lucro que a empresa pode obter. Ou seja, a análise conjunta compara diversos atributos e
modelos possíveis.
• avaliação de orçamentos;
No exemplo apresentado pelos autores, o planejamento estratégico para o novo conceito apresentado
anteriormente seria:
Na terceira parte deverão ser traçadas as metas de vendas e lucros de longo prazo e a estratégia de
mix de marketing ao longo do tempo.
Figura 13
As principais análises propostas por Kotler (2000) são: estimativa das vendas totais e estimativa de
custos e lucros.
Deve‑se estimar se as vendas serão altas o suficiente para gerar um lucro satisfatório. Elas são a
soma das vendas iniciais, das vendas de reposição e da repetição de vendas. Os métodos de estimativa
de vendas dependem de o produto ser uma compra única (como um anel de noivado ou uma casa de
campo), ser comprado esporadicamente ou ser comprado com frequência.
Para produtos comprados uma única vez, as vendas crescem no início, atingem um pico e depois
se aproximam de zero à medida que se esgota o número de compradores potenciais. Já os produtos
comprados esporadicamente – como carros, ventiladores e equipamentos industriais – têm seus
períodos e ciclos de reposição ditados pelo desgaste físico ou pela obsolescência associada à mudança
de modelos, especificações e funções. Assim, as vendas iniciais devem ser separadas das vendas de
reposição para conseguir a previsão de vendas. A reposição depende de vários fatores, e a venda de
reposição é difícil de ser estimada, por isso alguns fabricantes lançam o novo produto apenas com
base nas vendas iniciais.
Produtos comprados com frequência devem ter a repetição das vendas estimada da mesma
forma que as vendas iniciais. Uma alta taxa de repetição de compras significa que os clientes
estão satisfeitos com o produto; as vendas provavelmente continuarão altas, mesmo depois de
feitas todas as compras pela primeira vez. A empresa deve observar a porcentagem da repetição de
compras que acontece em cada classe de repetição de compras: aqueles que compram novamente
uma vez, duas, três etc. Alguns produtos e marcas são comprados algumas vezes e então são
abandonados (KOTLER, 2000).
Após as previsões de vendas, a empresa deve analisar minuciosamente sua estimativa de custos
e os lucros esperados para então dar continuidade ao desenvolvimento de novos projetos. Sem essas
informações, isso só ficaria no campo das ideias, porque no final das contas o que interessa às empresas
é a obtenção de lucros. Claro que existem outras preocupações, mas o lucro é a função maior de
qualquer instituição, inclusive porque é ele que desenvolve a sociedade, provê empregos e salários a
outras pessoas etc.
A seguir veremos uma proposta de fluxo de caixa projetado para cinco anos. No exemplo original,
os autores apontam números, mas a opção aqui foi deixá‑lo em branco, para que se possa prever para
qualquer outro produto ou segmento e fazer as análises necessárias para os lançamentos de novos
produtos.
116
MARKETING
Quadro 3
Explicando o quadro
Segunda linha: custos dos produtos vendidos (estimativa de custo médio de mão de obra, ingredientes,
embalagem etc.).
Terceira linha: margem bruta esperada, que é a diferença entre a receita de vendas e o custo dos
produtos vendidos.
Quinta linha: custos estimados de marketing no período de cinco anos (propaganda, promoção de
vendas, pesquisa de marketing, força de vendas e administração de marketing).
Sexta linha: custos indiretos para o desenvolvimento do novo produto (rateio do custo dos salários
dos executivos, aquecimento luz etc.).
Sétima linha: margem de contribuição bruta (encontrada subtraindo‑se os três custos precedentes
da margem bruta).
Oitava linha: margem de contribuição suplementar, que relaciona qualquer mudança nos resultados
de outros produtos da empresa causada pelo lançamento do novo produto. Ela tem dois componentes
(receita adicional – a renda obtida de outros produtos da empresa ao se acrescentar o novo produto à
linha e receita canibalizada – a redução de renda de outros produtos da empresa resultante do acréscimo
do novo produto à linha).
117
Unidade III
Nona linha: margem de contribuição líquida (igual à margem de contribuição bruta, se não houver
margem de contribuição suplementar).
Décima linha: margem de contribuição descontada – ou seja, o valor presente de cada margem de
contribuição futura descontada a 15% ao ano. Se a empresa aplicasse seu dinheiro em qualquer outro
investimento poderia ganhar 15% ao ano. Como não o fez, em cinco anos, o valor presente líquido é
sempre menor do que no futuro.
Décima primeira linha: fluxo de caixa descontado acumulado, que é o valor acumulado das
contribuições anuais da décima linha.
Observação
Outras formas para avaliar a proposta são utilizadas, ente elas, a análise
de ponto de equilíbrio, em que se estima a quantidade de unidades do
produto precisa ser vendida para cobrir os custos prováveis de produção
e colocação no mercado. Se houver uma percepção do empresário de que
esse ponto de equilíbrio será alcançado facilmente, então provavelmente
levará o produto para a etapa de desenvolvimento.
Até o momento do desenvolvimento do produto, este era apenas uma ideia no papel, uma
descrição. Com o seu desenvolvimento real é que se poderá saber se realmente fará sucesso. Os
maiores investimentos são exigidos nessa fase, quando há a decisão sobre a fabricação do protótipo,
são analisados os atributos esperados pelo cliente, bem como os atributos sugeridos pelas áreas de
engenharia, pesquisa e desenvolvimento. Nesse momento também são definidos os padrões para cores,
tamanhos, embalagens etc.
Kotler (2000, p.366) explica que a tradução das exigências do cliente em um protótipo que funcione
se baseia em “um conjunto de métodos conhecidos como desdobramento da função de qualidade (ou
QFD – quality function deployment)”. A metodologia toma a lista dos “desejados atributos do cliente,
gerados pela pesquisa de mercado, e os transforma em uma lista de atributos de engenharia, que os
engenheiros podem utilizar.”
118
MARKETING
Teste alfa: é realizado internamente para verificar como o produto se comporta em diferentes
aplicações.
Teste beta: há o refinamento do protótipo após a primeira avaliação, e leva‑se o produto a um grupo
de clientes, que vai emitir um feedback de suas experiências.
Existem muitos tipos de testes com consumidores. É possível levá‑los ao laboratório para testar o
produto ou fornecer‑lhes amostras para utilizar em suas casas. Nesse campo, o desenvolvimento das
pesquisas e análises é abrangente.
Após a análise do desempenho do protótipo, haverá os testes com consumidores e, após isso,
o produto estará pronto para ganhar uma marca, embalagem e ser testado pelo mercado. Assim, o
novo produto é lançado em um cenário autêntico para identificar o tamanho do mercado e como
os consumidores e revendedores reagem ao seu manuseio, uso e recompra. Alguns setores não
realizam testes de mercado, pois têm marcas críveis, em que a credibilidade é mais importante para
o consumidor. A quantidade de testes depende da pressão do tempo e do risco do tipo de produto.
Quando um produto lança um conceito, por exemplo, o primeiro amaciante de roupas, as pessoas
não o conhecem, então é preciso saber o que os consumidores pensam sobre a ideia para saber se a
campanha vai funcionar.
Nos testes de produtos de consumo no mercado, a empresa deve medir quatro variáveis:
experimentação, primeira repetição, adoção e frequência de compra. Ao ser lançado, um produto pode
ter vários níveis de aceitação. Por exemplo, a propaganda pode gerar muita experimentação e elevar
as vendas, mas após algum tempo, pode‑se observar que não houve a primeira repetição. Os produtos
podem facilmente ser adotados pelo consumidor, mas a frequência de compra não atinge os níveis
desejados pela empresa.
Pesquisa de onda de vendas: são oferecidos produtos gratuitamente para alguns consumidores.
Depois de um tempo, oferta‑se o mesmo produto ou o de um concorrente a um preço um pouco
mais baixo que o normal. Pode ser apresentado entre três e cinco vezes (ondas de vendas), com
a observação de quantos clientes escolheram novamente o produto da empresa e seu nível de
satisfação.
119
Unidade III
Mercado‑teste controlado: nesse modelo, a empresa gerencia um conjunto de lojas que expõe
o produto. Nesses locais, controla‑se a posição do produto na prateleira, o número de exibições
(facings), displays e promoções no ponto de venda bem como os preços. Esse teste permite a avaliação
do impacto de fatores específicos de uma loja e da propaganda limitada no comportamento de
compra.
Da mesma forma que os produtos de consumo, os produtos empresariais podem ser submetidos
a testes alfa (dentro da empresa) e testes beta (com clientes externos). Nesse caso, observa‑se como
os clientes utilizam o produto, e essa prática costuma revelar problemas não previstos de segurança e
suporte técnico e alertar o vendedor para as necessidades de treinamento do cliente e de serviço. Após
o teste, o fornecedor pede que os clientes expressem sua intenção de compra e outras reações.
Feiras comerciais: elas atraem um grande número de compradores, que tem contato com
muitos novos produtos em poucos dias. O vendedor pode observar o interesse dos compradores e
suas reações às várias características e condições de compra, além de quantos expressam intenções
de compra ou fazem pedidos. Novos produtos empresariais podem ser testados em showrooms
de distribuidores e varejistas, onde podem ficar próximos de outros produtos da empresa e até
mesmo de produtos dos concorrentes. Esse método provê informações sobre preferências e preços
em um clima normal de vendas. O problema é que os clientes podem querer fazer pedidos antes
que estes possam ser atendidos. Além disso, aqueles que visitarem o local podem não representar
o mercado‑alvo.
120
MARKETING
5.8.8 Comercialização
Após todas as etapas, se a empresa partir para a comercialização elevará seus custos, pois terá
que adotar infraestrutura para sua fabricação, contratação de pessoal etc. Há também os custos de
marketing, que geralmente possui valores contados em milhões, pois as campanhas combinam várias
ferramentas de comunicação.
a) Quando (timing)
É muito importante tomar decisões sobre os locais de lançamento do produto. Isso implica delimitar
se ele será lançado apenas em uma localidade, em uma única região, em várias regiões, no mercado
nacional ou no mercado internacional. A maioria desenvolve um lançamento planejado de mercado
ao longo de um período de tempo. Os principais critérios de classificação são: potencial de mercado,
reputação local da empresa, custo de cobrir o mercado, custo com meios de comunicação, influência da
área sobre outras áreas e penetração da concorrência.
Deve ser desenvolvido um plano de ação para lançar o produto nos mercados escolhidos a partir da
estimativa de tempo necessário para cada uma das atividades propostas anteriormente.
121
Unidade III
• os adotantes imediatos compartilham alguns traços que os diferenciam dos adotantes posteriores;
• os adotantes imediatos tendem a ser líderes de opinião e fazem a “divulgação” do novo produto
a outros compradores potenciais.
A influência pessoal é o efeito que uma pessoa tem sobre a atitude ou a probabilidade de compra
de outra pessoa. Embora a influência pessoal seja um fator considerável, sua importância é maior em
algumas situações que em outras. “É mais importante na etapa de avaliação do processo de adoção, pois
exerce maior poder sobre os adotantes posteriores do que sobre os adotantes imediatos. É também mais
importante em situações de risco” (Ibidem, p.379).
122
MARKETING
A partir dessa análise, será possível calcular os tempos necessários para o desenvolvimento do
projeto em relação ao alcance de metas propostas.
Gioia et al. (2006) propõe que após a aprovação do novo produto em testes de mercado ele deve
ser lançado para todo o mercado. Nessa etapa, a empresa deve se empenhar para comercializá‑lo,
trabalhando os 4Ps de Marketing (definindo preço, distribuição e promoção em larga escala). A
comercialização pode ser feita “de forma gradativa, sobretudo quando os custos de lançamento são
altos; e a empresa também pode preferir introduzi‑lo gradativamente, cidade por cidade ou região por
região, até que todo o mercado seja atendido” (Ibidem, p.72).
6 PREÇO
O preço é o único elemento do mix de marketing que produz receita, os outros produzem custos. Por
ter uma sensibilidade diretamente ligada ao comportamento de compra do consumidor e pela rapidez
com que se pode alterá‑lo, o preço é um componente que precisa ser gerenciado de perto, pois dele
dependem os resultados da empresa.
O outro P estudado nessa unidade será o de Praça, ou seja, a distribuição propriamente dita. Cada
vez mais estratégica, atingindo grande importância após o aparecimento das vendas pela internet, o
gerenciamento da logística e distribuição dos produtos é fator decisivo na composição do resultado
da empresa. Também serão tratadas das estratégias de distribuição e do trade marketing e do P de
Promoção, Comunicação no nosso caso, uma vez que o inglês promotion não traduz com fidelidade o
que se pretende com comunicação, que é muito mais amplo e abrangente.
O preço, por muito tempo considerado como o definidor da compra, deve levar em conta o elemento
de percepção do consumidor em relação ao produto, que valores ele atribui ao produto, e não só valores
numéricos e em reais, mas também em valores que não se vê, como o carinho que tem com determinada
marca, ou a credibilidade percebida em relação à empresa. Os preços são tratados e gerenciados por
meio dos elementos de marketing. Além disso, o preço é a única variável do composto de marketing que
proporciona receitas à empresa. Os outros três: produto, praça e promoção operam apenas como custos.
A seguir, leia a notícia sobre o consumo de luxo que foi publicada pelo jornal O Globo em fevereiro
desse ano:
Com renda em alta, consumo de luxo no Brasil cresceu 26% ano passado
A alta da renda no país está levando a classe média a se aventurar na compra dos chamados
bens de luxo — imóveis, cosméticos e artigos de grife a carrões importados —, antes privilégio
dos mais ricos. O estudo do instituto alemão GFK em parceria com a MCF Consultoria revela
que, após crescer 12,5% em 2009 e atingir US$ 6,5 bilhões, o consumo de luxo no Brasil
expandiu‑se a uma taxa entre 24% e 26% no ano passado. Por isso, desembarcaram no país
com lojas exclusivas marcas como Chanel, Carolina Herrera, Hermès e Aston Martin.
Essas marcas chegam agora não por acaso. O Brasil hoje demonstra capacidade de
sustentar operações no médio e longo prazo — diz Carlos Ferreirinha, presidente da MCF
Consultores e especialista em mercado de luxo. O Brasil tem pela primeira vez um crescimento
de classe média, que é fundamental para sustentar o segmento de luxo nos próximos anos.
No ano passado, foram vendidas no país 64 Ferraris, o que significa que, a cada mês,
cinco brasileiros adquirem um carro cujo modelo mais barato (Ferrari Califórnia) custa
R$ 1,35 milhão e o mais caro (599 GTB Fiorino) chega a R$ 2,5 milhões. Ainda no segmento
dos carrões, são 17 novas Lamborghini (preço mínimo R$ 1,4 milhão) e 30 Maseratti (a
partir de R$ 800 mil) que hoje circulam no país.
Mais impressionantes são os números das marcas alemãs BMW e Audi. As vendas da
BMW aumentaram mais de 50%: foram 8.517 modelos zero quilômetro da marca, que
custam a partir de R$ 120 mil, além de 3.450 motos e 1.700 unidades do Mini Cooper. A
Audi viu o número de seus carros comercializados aqui saltar 60%, para 3,2 mil unidades
no ano passado.
Como prova do potencial, ele cita a Sephora, maior rede de cosméticos do mundo,
que comprou o controle das lojas virtuais Sacks e que deve abrir pontos de vendas aqui.
Os brasileiros compraram 20% mais perfumes importados ano passado, conta. O mercado
global cresceu 2%.
124
MARKETING
O Brasil já é um dos dez maiores mercados da Sony e é o que mais cresce. Após trazer
linhas de luxo, como notebooks que parecem revestidos de pele de Gioiadilo (R$ 8.999), a
marca vai lançar portáteis em 3D e handcams com a mesma tecnologia. O dólar baixo foi
apenas um dos fatores que impulsionaram o consumo de luxo, segundo especialistas (O
GLOBO, 2011).
Observação
Muitos exemplos são vistos principalmente em lojas de produtos de grife. Então, o empresário
deve fazer que o consumidor perceba que o seu produto é realmente o melhor. Promoções, displays,
descrições técnicas, degustação, amostras, enfim, é necessário mostrar‑se competitivo, de preferência
superior. Apesar desse elevado grau de subjetividade, a formação do preço não deve ser totalmente livre;
é necessário estipular uma faixa de preço (mínimo e máximo) e respeitá‑la. Isso inclui alguns fatores:
• as variáveis microeconômicas;
• a elasticidade da demanda;
• os descontos.
Veja que o preço é a “quantidade de dinheiro necessária para concretizar a venda de um produto.
Por ter uma característica monetária, o preço também influencia os lucros auferidos por uma empresa,
sendo uma variável crítica para a sua sobrevivência” (GIOIA et al., 2006, p.70).
As empresas determinam preços de formas variadas. Nas pequenas instituições, os preços são
determinados pelos seus donos. Nas grandes, gerentes de divisão e de produto têm essa tarefa. De
qualquer forma, há maneiras específicas para determinar preço que não a percepção de quem trabalha
na empresa ou ainda do dono da empresa. Tratar da percepção do consumidor e entender como ele lida
com o preço é fundamental aos departamentos de marketing.
Preços de referência
referência, considerando algo interno, em sua memória, ou uma estrutura de referência externa, como
um preço cobrado no varejo.
Imagine uma calça jeans. Quanto ela custa para você? R$ 30, 40, 50? Ou custa acima de
R$ 100,00? Os possíveis preços de referência para o consumidor são: preço justo (quanto o
produto deveria custar). No caso da calça jeans, cerca de R$ 50,00 seria um valor justo? Preço
padrão, que é o que se encontra geralmente no comércio para o produto; o último preço pago
pelo consumidor pelo produto, limite máximo de preço (preço de reserva ou aquele que a maioria
dos consumidores estaria disposta a pagar), limite mínimo de preço (limite inferior de preço ou o
mínimo que os clientes pagariam), preços do concorrente, preço futuro esperado, preço usual com
desconto. Observe que são muitas possibilidades a serem pensadas pelo consumidor quando se
trata de preço de um produto.
Inferências preço‑qualidade
Muitos consumidores pensam no preço como indicador de qualidade, e quando precisam demonstrar
esse atributo, ao presentear alguém, por exemplo, podem pagar bem mais do que imaginam que seja
justo. No caso dos carros, os mais caros são percebidos como de melhor qualidade.
Algumas marcas alegam escassez de produtos para demonstrar qualidade e justificar preços
Premium (mais caros). Fabricantes de automóveis produzem em número reduzido, usando a demanda
para aumentar o preço de venda. Um produto que custa R$ 299,00 pode ser percebido pelo consumidor
com um valor de R$ 200,00 e não de R$ 300,00. Tendemos a gravar o número da esquerda, essa é a
explicação. Quando se almeja lançar produtos que causem a percepção de um preço menor, é uma
tática que funciona, mas não se deve usar essa artimanha quando se pretender ressaltar a qualidade
dos produtos.
Além dessas formas de se pensar sobre o preço, a internet tem revertido a ideia de que os preços
devem ser sempre fixos. Ferramentas de busca e de comparação rapidamente fazem o consumidor
alcançar o produto mais barato e é comum as empresas customizarem seus preços e suas ofertas.
A determinação dos preços ainda faz parte dos principais fatores de tomada de decisão do consumidor
e também da participação de mercado e da lucratividade das empresas. Consumidores e compradores
têm mais acesso a informações sobre preços e organizações de descontos. “Os consumidores fazem
compras com cautela, forçando varejistas a reduzir seus preços. O resultado é um mercado caracterizado
por muitas liquidações e promoções de vendas” (KOTLER, 2000, p. 476).
Lembrete
As empresas lidam com a determinação de preços de várias formas: as pequenas geralmente têm
seus preços determinados pelo seu diretor ou dono; nas grandes, são restritos aos gerentes de divisão
e de produto. Mesmo assim, é possível que nessas organizações a alta administração determine os
objetivos e as políticas gerais de determinação de preços e que frequentemente seja responsável pela
decisão de preços determinados pelos níveis mais baixos na hierarquia gerencial.
Alguns autores citam que há três mitos sobre estratégias de determinação de preço:
Para a formação de preços, é preciso responder às seguintes questões que tratam de fatores
demográficos:
127
Unidade III
Os autores também citam perguntas referentes aos fatores psicológicos que influenciam na formação
de preços:
A empresa encontrará seu objetivo de determinação de preço se tiver seus propósitos de negócio
bem claros e quando posicionar sua oferta ao mercado. Ou seja, ela precisa saber aonde pretende chegar.
Existem vários objetivos que poderão ser perseguidos pela empresa em relação a preços. Inicialmente,
deverão ser considerados os objetivos mais gerais, e estes deverão ser coerentes com os objetivos da
empresa, que podem ser:
Observação
Conforme o nível do preço, este levará à determinada demanda. Isto significa que se o bolo de
chocolate que a pessoa mais gosta estiver em promoção, ela comprará quantos puder, pois o preço está
baixo. Ou seja, uma modificação no preço altera consideravelmente a demanda. “Cada preço levará a
um nível diferente de demanda e, portanto, terá um impacto diferente nos objetivos de marketing de
uma empresa” (KOTLER, 2000, p.479). A curva de demanda apresenta o volume provável de compra do
mercado ante as alternativas de preço, veja a figura a seguir:
60
50
40
30
20
10
130
MARKETING
O primeiro passo para estimar a demanda é compreender o que afeta a sensibilidade. Depois, é
preciso medir suas curvas de demanda por meio de vários métodos:
• análise estatística de preço: observação de vários fatores, como quantidades vendidas e outros
pontos históricos para estimar a relação ente eles;
• experiências com preços: alterar preços e observar os resultados. Avaliar como essa mudança, seja
entre produtos, seja entre regiões, comporta‑se perante as vendas;
• o produto é exclusivo;
131
Unidade III
Quando a demanda praticamente não se altera com uma pequena mudança no preço, dizemos
que ela é inelástica. Se a demanda muda consideravelmente, quando se mexe nos preços, a demanda
é elástica. Nesse caso, os fornecedores podem estudar uma redução de preço – o preço mais baixo
produzirá maior receita total. “Isso é verdade, desde que os custos de produzir e vender mais unidades
não aumentem desproporcionalmente” (KOTLER, 2000, p.482).
A demanda determina o preço máximo que uma empresa pode cobrar por seu produto, e os custos
indicam o piso. A empresa deve cobrar um preço para cobrir seu custo de produção, distribuição e venda
do produto, e um retorno justo por seu esforço e risco.
Os custos de uma empresa são compostos pelos fixos e variáveis. Os custos fixos, ou indiretos,
são os que não variam conforme a produção ou a receita de vendas. São exemplos deles: o aluguel,
a energia, os juros, a folha de pagamento etc., independente do faturamento e dos valores de
vendas. Os custos variáveis se alteram conforme o nível de produção. Se eu uso 200 folhas de
papel para imprimir um livro, certamente utilizarei 2000 para produzir 10 livros. A quantidade da
matéria‑prima vai variar, logo esses custos são variáveis. Os custos totais são a soma dos custos fixos
com os custos variáveis. Os preços devem pelo menos cobrir esses custos totais em determinado
nível de produção.
Produção acumulada
Conforme a experiência de produção os custos vão se diluindo, e o custo médio cai com a produção
acumulada. Esse declínio no custo médio proporcionado pela experiência de produção acumulada é
chamado de curva de experiência ou curva de aprendizagem.
As negociações com o varejo assumem várias formas. Alguns podem querer entregas diárias, outros,
quinzenais. Logicamente, o custo de produção será diferente para cada um deles. Dessa forma, o
fabricante precisa utilizar a contabilidade de custos baseada em atividade (activity‑based cost – ABC)
em vez da contabilidade de custos padrão.
Determinação de custo‑alvo
Para compreender qual seria o preço pago pelo cliente, ou o preço justo de um produto requer
pesquisas das áreas que cuidam do preço. Os custos mudam com a escala de produção e a experiência,
conforme vimos até aqui. Também mudam em função do esforço para reduzir custos e pela determinação
do custo‑alvo. O objetivo é prever o custo final e trazê‑lo para a faixa de custo‑alvo. Este é formado pela
dedução da margem de lucro desejada desse preço.
Após o estudo desses três Cs — demanda dos clientes, função custo e os preços dos concorrentes, a
empresa poderá selecionar seu preço. Os custos determinam o piso, os concorrentes servem como uma
orientação, e as características diferenciadas estabelecem o teto para o preço. Geralmente, as empresas
selecionam uma ou mais formas levando em conta esses fatores. Apresentamos a seguir seis formas
para determinar preços: preço de markup, preço de retorno‑alvo, preço de valor percebido, preço de
valor, preço de mercado e preço de leilão.
a) Preço de markup: nesse item, basta acrescentar um marcador padrão (markup) ao custo do
produto. Por exemplo, meu custo para confeccionar uma bolsa em couro é de R$ 200,00 e
pretendo ter lucro de 30%. Meu preço será de R$ 260,00.
134
MARKETING
Custos
x y z totais
CF
Custos
fixos
Número de unidades
Figura 15
Custos fixos
PE = _______________________________
Contribuição unitária aos custos fixos
Exemplificando:
c) Preço de valor percebido: cada vez mais empresas baseiam seus preços em valor percebido
pelo cliente. Elas entregam o valor prometido e o cliente deve perceber esse diferencial. Para isso,
é necessário determinar com precisão a percepção do mercado ao valor ofertado, senão há o
risco de determinar um preço alto demais ou subestimá‑lo, cobrando menos do que poderia ser
135
Unidade III
cobrado segundo a percepção do consumidor. Geralmente, esse valor é determinado por pesquisas
de mercado.
Apresenta‑se a formação do preço de um trator Caterpillar pelo método preço percebido, ele custa
US$ 10 mil a mais do que o produto do concorrente. Acompanhe:
Quadro 4
d) Preço com base no valor: as empresas precisam realizar pesquisas para determinar preços dessa
forma. Elas conquistam clientes fiéis cobrando preços relativamente baixos por uma oferta de alta
qualidade. Não se trata simplesmente de baixar os preços. Trata‑se de redesenhar as operações da
empresa, reduzir custos e baixar significativamente os preços para atrair um grande número de
clientes que dão atenção ao seu valor.
f) Preço por leilão: a disseminação da internet tem aumentado o número de empresas que fazem
seus preços dessa forma. A principal utilidade é escoar estoque ou comercializar artigos de
segunda mão. Há três tipos de leilão, veja a seguir:
136
MARKETING
Depois de todas essas análises e formas de determinação de preço, a empresa deve se decidir pelo
melhor método. Ela deve considerar fatores adicionais, incluindo a influência de outros elementos do
mix e marketing sobre o preço, políticas de preço da instituição e o impacto do preço sobre terceiros.
Essa determinação precisa levar em conta elementos, como a qualidade e a propaganda da marca em
comparação com a concorrência. O consumidor nem sempre avalia o preço como quesito importante
para a compra, mas se interessa mais pela forma como será atendido, se o produto será entregue no
prazo, e como fará para utilizá‑lo.
Na determinação do preço, há empresas que consideraram o local em que ele será aplicado,
determinando assim um preço geográfico diferente para cada local, pois geralmente não consegue ter
os mesmos lucros em todos os lugares. O preço geográfico estabelece preços diferentes para diferentes
clientes, em diferentes locais e países.
Fazer negócios em outros países garante o aumento de lucros. As taxas de embarque e de transporte
encarecem a produção e o valor com que a mercadoria chega ao outro país. Alguns compradores
podem não dispor de meios de pagamentos, e então se utiliza a permuta, que representa entre 15 e
25% do comércio mundial e pode se dar por escambo, acordo de compensação, acordo de recompra e
reciprocidade. Vamos entender melhor:
Lembrete
Os preços podem receber descontos e concessões e que podem representar vantagens para o
comprador sob determinadas condições:
138
MARKETING
Figura 16
139
Unidade III
Ocorre quando a empresa ajusta seu preço básico para se adaptar às diferenças de clientes, produtos,
locais e assim por diante, ou seja, um produto ou serviço por dois ou mais preços que não refletem uma
diferença proporcional de custos. Esses preços podem ser de três níveis: o preço discriminatório — há um
preço diferente para cada cliente, conforme seu grau de exigência; preço menor de clientes que compram
um volume maior e valores diferentes para diferentes classes de compradores. Nesse caso, pode ser: preço
por segmento de cliente; pela versão do produto; preço por imagem do produto; por canal de distribuição;
por localização (poltrona para shows) e preço por período (variam conforme a hora ou o dia).
Estratégias de preços
Preços
Alto Médio Baixo
Super-
Alta
Premium Penetração
barganha
Qualidade
Média
Qualidade
Baixa
Figura 17
140
MARKETING
Alterações nos preços podem provocar reações de clientes, concorrentes, distribuidores, fornecedores
e até do governo. No caso da redução de preços, os consumidores certamente acreditarão que a qualidade
do produto é baixa. Além disso, apesar de ganhar participação no mercado, preços baixos não compram
a fidelidade do mercado e do consumidor. A concorrência pode baixar o preço também, e pode ser difícil
manter‑se assim por muito tempo.
141
Unidade III
Quando alteramos preços para valores superiores, pode‑se elevar a margem de lucro. Também é preciso
aumentá‑los quando há inflação de custos. O excesso de demanda também pode acarretar mudanças
nos preços. O ideal é que os aumentos de preço pareçam justos para evitar reações desagradáveis
dos consumidores. Grandes aumentos precisam ser explicados. Algumas alterações menos visíveis são
melhores que grandes aumentos de uma única vez.
Os concorrentes também podem reagir a alterações nos preços. Se tiver fôlego, o concorrente pode
manter seu preço, pois pode ter como objetivo a margem de lucro. Ao contrário, se quiser participação
no mercado, pode aumentar seu preço também.
E quando é o concorrente que altera o preço? A empresa pode adotar algumas estratégias também:
manter o preço, agregar valor (melhorar o produto e oferecer mais serviços, por exemplo). Outra forma
pode ser reduzir o preço, aumentá‑lo, melhorar sua qualidade e lançar uma linha de combate com preço
reduzido.
Saiba mais
Preços e ética
As empresas devem pensar na relação entre valor para os consumidores de seus produtos. Gioia
et al. (2006) propõe valor como uma ideia subjetiva de cada consumidor com relação ao produto, em
que pesam os benefícios e custos percebidos por ele. Será que deveria existir um limite para os preços
e lucros que uma companhia aufere com um determinado produto? Em teoria, quaisquer empresas
podem ganhar quanto imaginarem que possam com suas mercadorias. No entanto, a ética do marketing
sugere que devem ser estabelecidos limites para preços e lucros.
Resumo
142
MARKETING
Exercícios
Questão 1 (Adaptada de UNIP – PSA 2012 – Processos Gerenciais). A Procter & Gamble lançou
fraldas na China em duas cores: azul e rosa. As rosas permaneciam encalhadas nos pontos de venda.
Ao pesquisar o motivo, a empresa descobriu que os chineses valorizam mais o filho homem. Também
identificou que os consumidores se envergonhavam de levar fraldas para meninas.
A) A embalagem deve ser adaptada à cultura local, buscando criar vínculos com os valores e normas
do grupo ao qual o produto se destina.
B) A empresa deve excluir as meninas chinesas como parte do mercado-alvo, já que está lidando
com um obstáculo cultural intransponível.
C) Quando a empresa atua em mercados globais, os rótulos e as embalagens devem atender a uma
diversidade maior do que aquela encontrada no país de origem da organização.
D) Ao lançar um produto globalmente, a empresa deve escolher um nome que não tenha significado
negativo em outro idioma.
E) Ao planejar o lançamento de um produto em vários e diferentes mercados, a empresa deve
pesquisar, localmente, os hábitos e as atitudes do mercado consumidor potencial.
Alternativa A: correta.
Justificativa: a embalagem, como forma de comunicação visual, deve ser adaptada para diferentes
tipos de consumidores em diferentes locais e para diferentes culturas.
Alternativa B: incorreta.
Justificativa: para a empresa, neste caso, seria preferível adaptar embalagem e rótulo aos costumes
de consumo local ao invés de descontinuar a linha de produção de fraldas voltadas para meninas.
Alternativa C: correta.
Justificativa: cada empresa atuando em mercados globais deve adequar a abordagem pelo marketing
conforme as condições apresentadas em cada localidade diferente.
143
Unidade III
Alternativa D: correta.
Justificativa: para que possa atuar globalmente, é de extrema importância que a empresa se preocupe
com o significado de diferentes palavras em diversas localidades.
Alternativa E: correta.
144