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Resumo da aula: Tique tem tratamento?

Psiquiatra Maria Fernanda Caliani


(Canal Neurologia e psiquiatria TV)

O QUE SÃO TIQUES?


Controle involuntário dos movimentos -> piscar os olhos, movimentar o pescoço,
franzir a testa, repetir palavras
Comportamentos repetitivos
É comum aparecer na infância – até 20% da população infantil pode apresentar.
O que não é comum: incidência por mais de um ano e prejuízos psicológicos
(constrangimento por exemplo)
Acontecem de forma cíclica: período de tique – sem tique – período de tique
Aumenta: situações de estresse, abalo emocional, ansiedade
Diminui: na realização de atividades que exigem foco e concentração.
Tiques motores: pescoço, face, mãos
Tiques vocais: soluço, uivo, carcarejar, cuspir

- Síndrome de Tourette:
1- Tiques motores múltiplos: piscar + movimentar o pescoço / contrair a face e fungar
o nariz
2- Tique motores + vocais: contrair a face + uivar / piscar + gemer
- Tem que acontecer várias vezes ao dia, quase todos os dias ( + de 3 meses) e antes dos
18 anos.
- Tratamento: Terapia Cognitivo-Comportamental -> Tratamento de reversão de hábitos
(prever o tique e aprender a lidar)
- Em casos + graves: psicofármacos.
Resumo do artigo: Síndrome de Tourette e Terapia Cognitivo-comportamental:
Um Estudo de Caso
https://www.rbtc.org.br/detalhe_artigo.asp?id=288
• Transtorno do neurodesenvolvimento com características psicológicas e neurológicas
na manifestação de tiques. Perturbação emocional que afeta o sistema motor.
Consequências  Sofrimento emocional e social; vergonha e medo de julgamentos.
• É comum surgir: distúrbio do sono, ansiedade, depressão, comportamento agressivo,
transtorno de oposição desafiante e impulsividade.
• Há evidências de base genética  100x + com parentes de 1º grau que possuem tique.
A TCC NO TRATAMENTO DA ST:
•Duas técnicas possíveis:
1º Exposição com prevenção de resposta (EPR) – Serve mais para o TOC.
2º Treinamento de reversão de hábitos (TRH):
O paciente focaliza cada ocorrência do comportamento-problema e o interrompa por
meio de outro comportamento incompatível.
A TRH aumenta a consciência do comportamento disfuncional, mostra alternativas
comportamentais funcionais, mantém a motivação e aumenta as generalizações.
• MÉTODO COM 3 PASSOS:
1- O paciente aprende a descrever e a identificar o comportamento-problema
2- Treino diário com a emissão de um novo comportamento que seja incompatível
ou que ocorra com o comportamento-problema e emite esse novo
comportamento em seguida da emissão do comportamento-problema.
3- Paciente revê os comportamentos constrangedores causados pelo transtorno,
registra-os e faz gráficos do comportamento o que é uma maneira de manter
engajado e reforçar o novo padrão comportamental.
• Solicita-se a um membro da família que forneça o reforçamento, gerando adesão ao
tratamento.
Em resumo: O TRH possibilita o monitoramento das sensações premonitórias e dos
tiques, a fim de que o paciente responda a eles com uma reação voluntária fisicamente
incompatível.
Caso clínico:
Paciente do sexo feminino, 32 anos, casada, mora com o marido e a mãe, apresentava,
desde os 16 anos, sintomas de ST que pareceram surgir sem motivo prévio.
• Nas primeiras sessões foi realizada a formulação de caso clínico e, assim, foram
identificados desencadeadores (sensações premonitórias, focalização sensorial e
pensamentos disfuncionais), crenças e pensamentos (“Eu não consigo suportar esse
desconforto”), emoções (angústia), padrões comportamentais (estereotipia motora e
vocalizações) e consequências que mantinham o problema (o alívio ao realizar o ato).
Também foi solicitado que ela fizesse um registro de pensamentos disfuncionais para
melhor identificação de seus padrões de pensamentos.
Utilizando a TRH:
Após a descrição e a compreensão da paciente em relação ao funcionamento de seu
problema, foi solicitado que ela realizasse outro comportamento concorrente ao
comportamento-problema, para que, assim, o tique diminuísse de intensidade e
frequência.
A paciente treinava diariamente, em frente ao espelho, o comportamento concorrente –
comportamentos que tiram o foco de atenção da sensação premonitória e dos tiques – e
emitia tal comportamento logo após uma emissão do comportamento-problema.
O comportamento concorrente escolhido foi fazer alguma atividade física. As
inconveniências causadas pela ST foram registradas em gráficos, e o novo
comportamento foi reforçado. Por fim, foi solicitado aos familiares que ficassem atentos
à evolução clínica a fim de fornecer o reforçamento necessário, elogiando a conduta
adequada da paciente.

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