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Nutrição e Cirurgia Bariátrica

Prof Maria Cristina A Gaspar

Indicação para bariátrica

1. CFN:
Indivíduos com IMC > 35 kg/m², com comorbidades, que não
responderam ao tratamento clínico longitudinal – incluso a realização
de dieta – por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos
clínicos;
idade mínima de 16 anos, nesse caso que apresente z-escore maior
que +4 na análise do IMC por idade e que tenha consolidação das
epífises de crescimento;
ausência de contra indicações para a cirurgia, como transtorno
psiquiátrico não controlado, incluindo uso de álcool ou drogas ilícitas;

OBJETIVO DA TERAPIA NUTRICIONAL NO PRÉ-OPERATÓRIO


– iniciar reeducação alimentar para a perda de peso antes da cirurgia, pois obesos com IMC > ou = 50 (super
obesos) devem emagrecer 10% do peso antes da cirurgia (redução do risco cirúrgico e anestésico)
– orientar o paciente com relação a alimentação do período pós-operatório a curto e longo prazo

OBJETIVO DA TERAPIA NUTRICIONAL NO PÓS-OPERATÓRIO


- promover perda de peso saudável
– prevenir possíveis deficiências nutricionais com melhora no comportamento alimentar
- melhorar a qualidade de vida

FASES DA ALIMENTAÇÃO
1º fase – fase da alimentação líquida:
compreende as duas primeiras semanas após a cirurgia e caracteriza-se como uma fase de adaptação.

Fase da alimentação líquida de cores claras


Objetivo: repouso gástrico e avaliação da tolerância a dieta
Líquidos de cores claras, temperatura ambiente, sem adição de açúcar e gordura
Exclusão: leite
Fracionamento: 2h
Volume: diminuído: 50ml
Alimentos permitidos:
– água sem gás, água de coco, isotônicos, chás claros
– sucos naturais coados não ácidos
– caldos vegetais coados, sem tempero
- gelatina dietética

Fase da alimentação líquida


Introduzir:
– leite desnatado e derivados líquidos
– sucos naturais coados
– caldos vegetais com carne coados
– temperos: óleo vegetal, sal e temperos naturais
– pudins e flans dietéticos

Transição para a dieta pastosa


Acrescenta-se:
– clara de ovo cozida, 2 unidades/dia
– bolacha cream-cracker, 1 unidade junto ao leite
– frutas raspadas ou na forma de creme
– sopa: adicionar caldo de feijão

A evolução de cada paciente é variável de forma que a escolha de cada alimento deve ser acompanhada
cuidadosamente para evitar desconforto digestivo como dor, náuseas e vômitos,

OBS: Esta fase tem um tempo de duração diferente para cada indivíduo, durando em torno de 02 semanas.

2º fase – ALIMENTAÇÃO PASTOSA: da 2ª a 3ª sem até o 2o mês

Fase da seleção qualitativa e mastigação exaustiva:


Preferência aos alimentos mais nutritivos: fontes diárias de ferro, cálcio e vitaminas.

Conduta:
– excluir açúcar
– evitar líquidos durante as refeições
– ingerir líquidos entre as refeições e em pequenas quantidades
– volume: 1 colher de sopa por preparação, totalizando 4 colheres de sopa
Introduzir:
– queijos tipo ricota e cottage
– pães macios
– feijão liquidificado

3º fase – DIETA BRANDA: 3º semana após a cirurgia (Marchesini)


 Fracionamento: 6 refeições/dia
 Volume: 50ml a 200ml

4º fase – DIETA GERAL : 4a semana pós-cirúrgico (Marchesini)


 Fracionamento: 6 refeições/dia
 Volume: 50ml a 200ml

A partir desta fase, um acompanhamento periódico:


- evolução de peso
- carências nutricionais como, por exemplo, a anemia.

O paciente já tem bastante segurança na escolha dos alimentos e está apto a compreender quais são os
alimentos ricos em proteínas, glicídios e lipídios, cálcio, ferro, vitamina A, vitamina C, folatos além de outras
propriedades nutricionais.

Ingestão calórica
Inicialmente: 300 kcal/dia , chegando a 700 kcal na 3a semana e 1000 kcal no final do 1o ano

A perda de peso é muito intensa principalmente durante as duas primeiras semanas após a cirurgia.
O ritmo acelerado de emagrecimento continua a ser observado até o terceiro mês e , a partir de então, passa a
ser mais lento.

Atividade física regular


O exercício faz com que o organismo gaste mais energia, o que ajuda a perder peso, além de trazer uma
sensação de bem estar e relaxamento.
Entretanto, deve-se procurar orientação médica para a avaliação do momento adequado para iniciar o
exercício e também para a escolha do melhor tipo de atividade a ser realizada.

HIDRATAÇÃO
 Recomendação: 2l/ dia
 No pós-operatório imediato pode haver desidratação, devido pouca ingestão de líquidos, fezes líquidas e
vômitos
Proteína
 Recomendação: normoproteica
 Se desnutrição: hiperproteica, 1,5 a 2,0 g proteína/kg peso corporal corrigido/dia.
 Comum intolerância a carne
 Nas cirurgias disabsortivas pode haver perda proteica nas fezes
 Geralmente no 3o mês de pós-operatório há perda de massa magra, com recuperação até os 12 a 18 meses
pós- cirurgia
 Na prática verifica-se o consumo de 0,5 a 0,6 g proteína/kg peso corporal , num total de 35 a 40g/dia, abaixo
do recomendado : Suplementação proteica

Carboidrato
A INTOLERÂNCIA AO AÇÚCAR.
alimentos açucarados devem ser evitado: valor calórico é elevado
dependendo da técnica cirúrgica (disabsortivas), poderá haver Síndrome de dumping.

A INTOLERÂNCIA à lactose: pode ocorrer, neste caso indicar: leite sem lactose

Lipídios: hipogordurosa
Ácidos Graxos Essências: deficiência há alopecia

Suplementação de polivitamínicos: iniciada no1o mês de pós-operatório e por toda a vida, risco de anemia
ferropriva e perniciosa, deficiência de vitaminas lipossolúveis , zinco, tiamina (B1)
Deficiência: sódio, potássio, fósforo e magnésio (acompanhar níveis séricos)

Fibras : Se necessário pode haver suplementação a partir do 4o mês

Referências
 PARROTT, Julie et al. American Society for Metabolic and Bariatric Surgery Integrated Health Nutritional
Guidelines for the Surgical Weight Loss Patient 2016 Update: Micronutrients. Surgery For Obesity And
Related Diseases, [s.l.], v. 13, n. 5, p.727-741, maio 2017. Elsevier BV.
 Chemin, Alimentação, Nutrição & Dietoterapia
 Nutricionista Renata Valentini; http://www.gastronet.com.br/cirurgia_obesidade.htm
 https://www.sbcbm.org.br

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