Você está na página 1de 23

Vulcabras - VULC3

Início de cobertura 14 de Novembro de 2023.

Destaques da Tese:
● Potencial de crescimento do mercado para calçados esportivos no Brasil.
● Vantagem competitiva no prazo de desenvolvimento e entrega dos calçados contra
os concorrentes.
● Marcas de calçados que atendem todas faixas de renda.

Principais Riscos e Mitigantes:


● Setor competitivo e cíclico.
● Um percentual grande do faturamento da Companhia é proveniente da marca
Olympikus.
● Acabar perdendo o direito de uso das marcas licenciadas.
● A interrupção ou perda de certas plantas industriais.

Analista Responsável
Felipe Majid Hamd, CNPI
felipemajid@outlook.com
Conteúdo

1. O Setor ………………………….………. 3
2. A Companhia ………………………….. 11
3. Pontos de Risco …………………….… 19
4. Análise Financeira e Valuation ….….. 21
1. O Setor

O Brasil é um dos maiores produtores de calçados do mundo

Em 2021 entre os dez maiores produtores mundiais de calçados, as quatro primeiras


colocações são de países localizados na Ásia - China, Índia, Vietnã e Indonésia. Além
disso, verifica-se que o Brasil foi responsável por 3,9% da produção mundial de calçados
no ano de 2021.

Fonte: WSR
Principais Países Consumidores

Em termos de volume, China e Índia se destacam por serem os dois maiores produtores e
consumidores de calçados do mundo, sobretudo, devido ao tamanho de seus mercados
domésticos. Essa característica também é atribuída ao Brasil, quinto maior produtor e
quarto maior consumidor mundial de calçados. Em 2021, o consumo mundial de calçados
aumentou 10,1% em relação ao ano anterior. Essa tendência também se observa nos dez
principais países consumidores, a Alemanha sendo a única exceção.

Fonte: WSR
Produção Brasileira de Calçados

A produção foi fortemente impactada pela pandemia, a queda foi de 16,9% em 2020. Os
anos de 2021 e 2022 foram marcados por uma retomada da produção, com crescimento
em termos de pares, de 9,8% e 3,6%, respectivamente.

Apesar desse crescimento, o volume de produção não alcançou o nível pré-pandemia


(2019). Além disso, a produção não deve retornar ao patamar de 2019 ao final de 2023.

Fonte: IBGE/Abicalçados

Cenário de Projeções

Fonte: Abicalçados

Para projetar a produção eles levaram em conta as exportações brasileiras de calçados


para 2023, leva-se em conta o nível de atividade econômica do Brasil e dos Estados
Unidos, a taxa de câmbio R$/US$, além da tendência de crescimento do setor.
Considerando isso, espera-se que a produção em pares aumente de 1,0% (cenário
pessimista) a 1,7% (cenário otimista), enquanto projeta-se que as exportações em pares
deverão diminuir de 6,7% (cenário otimista) a 9,1% (cenário pessimista).
Os principais polos produtores de calçados
Os principais polos de produção no Brasil estão localizados no Nordeste com 52,4% do
total de calçados produzidos e seguido pelo Sul com 25,3% e Sudeste 21,4%.

Fonte: IBGE/Abicalçados

Classificação da produção por tipo de uso

Em 2022, 48,3% da produção nacional foi composta por chinelos. Esse tipo de calçado
teve uma diminuição na participação de 2,2 pontos percentuais em relação a 2021.
Destaca-se o crescimento na representatividade dos calçados esportivos, que está em
trajetória ascendente, passando de 8,7% da produção brasileira em 2020 para 10,6% em
2022.
A produção de calçados de uso Casual e Social passou de 34,9% do total de pares
produzidos, em 2021, para 36,3% em 2022.

Fonte: IBGE/Abicalçados
Consumo Aparente de Calçados
O consumo aparente é definido como o total da produção do país, adicionado às
importações e descontadas as exportações.

O consumo aparente de calçados no Brasil vem em trajetória crescente desde 2021,


recuperando os impactos da pandemia.

É possível afirmar que as exportações foram o elemento dinamizador da recuperação da


produção em 2022, mais do que o crescimento do mercado interno. A recuperação
significativa do mercado interno, no Brasil, passa pela necessidade de elevação dos
níveis de emprego e renda no País.

Fonte: IBGE/Abicalçados

Emprego e Estabelecimentos
A indústria calçadista foi responsável por 296,4 mil empregos formais em 2022 e,
conforme o último dado da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), há 4,6 mil
empresas fabricantes de calçados, com ao menos um funcionário, no Brasil, em 2021. O
setor registrou a abertura de 24,6 mil postos de trabalho em 2022. O mercado de trabalho
brasileiro demonstra fragilidade, especialmente, a partir de 2016. Depois disso, o número
de pessoas desempregadas não era inferior a 11 milhões, mesmo com a retomada da
economia em 2021. Porém, o mercado de trabalho teve bom desempenho em 2022, com
a taxa de desocupação atingindo 7,9% no último trimestre do ano, e cerca de 8,6 milhões
de pessoas desempregadas.

Fonte: RAIS, Novo Caged.

A indústria calçadista tem como característica uma produção tradicionalmente intensiva


em mão de obra, portanto seu fortalecimento contribui para a geração de empregos e
desenvolvimento regional. No Brasil, destaca-se que as microempresas, aquelas
compostas por até 19 funcionários, representam 71,2% das empresas, porém são
responsáveis por apenas 10,3% do emprego. Por sua vez, as grandes empresas, que são
aquelas com mais de 500 funcionários, apesar de caracterizarem apenas 1,7% das
empresas do país, concentram 50,3% do emprego. Adicionalmente, quando consideradas
apenas as empresas com mais de 20 funcionários, totalizam-se mais de 1,3 mil CNPJs
ativos na fabricação de calçados no Brasil.

Fonte: RAIS, Novo Caged.

Principais Países Exportadores


Além de ser o maior produtor e consumidor mundial de calçados, a China ocupa a
posição de maior exportador de calçados, tanto em dólares quanto em pares. O Vietnã
manteve-se como o segundo maior exportador mundial de calçados e a Indonésia é o
terceiro maior exportador de calçados em volume do mundo.

Fonte: WSR

Exportação Brasileira

As exportações brasileiras de calçados atingiram o segundo ano consecutivo de


crescimento expressivo, tanto em termos de valor (US$) quanto em termos de volume
(pares). Considerando a medida em valor, as exportações totalizaram US$ 1,3 bilhão,
superando os valores pré-pandemia, de modo que a taxa de crescimento verificada em
2022 foi de 45,5% frente ao ano anterior. Nas exportações medidas em pares, o
crescimento foi de 14,8% em 2022, frente a 2021. No último ano, 141,9 milhões de pares
de calçados foram exportados pelo Brasil, cerca de 18 milhões de pares a mais do que no
ano de 2021.

Fonte: Secex l (*) Estimativa Abicalçados em março/2023

Os principais destinos da exportação brasileira de calçados em 2022


Fonte: Secex

Cenário Internacional impacta nas exportações do setor

A coordenadora de inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, destaca que


impactaram no resultado o desaquecimento da economia internacional, que deve crescer
3% em 2023, bem abaixo dos níveis históricos.

E a combinação do cenário internacional de inflação, alta de juros e queda na demanda


dos nossos principais destinos não traz boas expectativas. Para 2023 trabalhamos com
uma projeção de queda entre 6,7% e 9,1% em volumes e de 8,7% a 9,7% em receita na
relação com 2022.

2. A Companhia
Modelo de Negócios
Fundada em julho de 1952 com a constituição da Companhia Industrial Brasileira de
Calçados Vulcanizados S.A.,em São Paulo, a Vulcabras trata-se como a maior indústria
do setor de calçados esportivos do País tornando-se gestora de marcas líderes em seus
respectivos segmentos: Olympikus, Under Armour, Mizuno e Botas Vulcabras.
A atividade da Vulcabras consiste na pesquisa e desenvolvimento (P&D), sourcing,
distribuição e marketing de calçados e vestuários esportivos.
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
A companhia entende que conta com um dos maiores centros de desenvolvimento
tecnológico do setor na América Latina, onde desenvolve seus produtos. Situado na
cidade de Parobé, no estado do Rio Grande do Sul.
Tendo produtos premiados e certificados pelos principais avaliadores do mercado e
institutos avaliadores - Olympikus Corre 1 / Corre Grafeno.
Sourcing
A maior parte dos produtos são manufaturados em suas duas plantas industriais
localizadas no Ceará e Bahia, que possuem flexibilidade de produção, tanto em termos de
volume quanto em variedades de produtos.
Ao aliar o processo de desenvolvimento com produção própria e local, a Companhia tem
buscado reduzir seu time to market¹ em aproximadamente em 4 meses, o que representa
um terço do time to market dos seus principais concorrentes.

F
onte: Vulcabras/RI

¹ tempo entre a análise de um produto e sua disponibilização para a venda.

Distribuição e marketing
A Companhia conquistou, ao longo de 70 anos, um bom relacionamento com nossos mais
de 10 mil clientes, que distribuem nossos produtos por meio de pontos de venda
presentes em todo o território nacional. Nenhum de nossos clientes tem participação
representativa, em 2022 os três maiores clientes representaram menos de 18,6% de
nossa receita total bruta, o que demonstra que há uma base pulverizada de clientes.

No marketing tem 3 equipes exclusivas dedicadas para cada marca, fazem 20


campanhas/ano e patrocínio de grandes eventos, clubes, confederações e atletas
brasileiros.

Marcas líderes e de forte reconhecimento no setor de calçados esportivos

Olympikus

Está entre as principais marcas em vendas de calçados esportivos no Brasil. A


Companhia acredita que a marca Olympikus seja sinônimo de design, qualidade e
performance, e ser reconhecida pelos consumidores como o melhor custo-benefício do
mercado. Além disso, a Companhia tem histórico de atuação como patrocinadores de
importantes, atletas, clubes de futebol, comitês olímpicos e confederação de vôlei com o
intuito de reforçar o posicionamento da marca junto aos consumidores

Under Armour

É uma marca global, referência em inovação e criação de vestuário, calçados e


acessórios voltados para o esporte. Projetados para tornar todos os atletas melhores, os
produtos inovadores da marca são vendidos em todo o mundo para consumidores com
estilos de vida ativos. A marca começou a fazer parte do portfólio da Vulcabras em 2018,
através de licenciamento exclusivo para atuação no Brasil.

Mizuno

É uma marca japonesa que está no mercado desde 1906, oferecendo aos esportistas o
que há de mais avançado em tecnologia, disponibilizando uma linha completa de
produtos em diversas modalidades. A marca tem foco na categoria running performance e
desenvolveu tecnologias exclusivas como a placa Wave, que proporciona maior absorção
de impacto, e o U4ic, EVA desenvolvido com uma composição de polímeros, tornando-o
36% mais leve que um EVA comum. A marca começou a fazer parte do portfólio da
Vulcabras em 2021.

A Companhia possui, ainda, um portfólio de produtos destinado ao mercado de


confecções e artigos esportivos. A percepção de confiança na qualidade dos produtos,
aliada ao reconhecimento das marcas, permite posicionar nossos produtos em faixas de
preço que atendam a todos os segmentos sociais, o que contribui para elevar a
capilaridade, o mercado endereçável e a rentabilidade da Vulcabras. A Companhia avalia
constantemente a aceitação de seus produtos pelos consumidores finais, de forma a
manter o portfólio atualizado às principais tendências da moda e capturar oportunidades
de mercado.
Segmentação da Receita por Categoria

A maior parte da receita da Vulcabras é decorrente da venda de calçados esportivos


representando 82,7%, vestuário e acessórios 9,3% e outros 7,9%.

O resultado da receita dos calçados esportivos se deve ao crescimento das receitas com
as marcas Olympikus, Under Armour e Mizuno, devido ao ganho na participação de
mercado. Os destaques do ano de 2022 foram os tênis Mizuno e Under Armour que
apresentaram ritmo acelerado de crescimento.

A categoria vestuários e acessórios segue apresentando crescimento acima da média das


demais categorias e, assim, ganhando cada vez mais relevância dentro do portfólio de
produtos da Companhia.

Outros calçados se deve a venda de botas e as vendas de chinelos esportivos das


marcas Olympikus, Under Armour e Mizuno, além do crescimento dos calçados femininos
na filial do Peru.

Fonte: Vulcabras/RI e elaboração do autor


Receita Líquida por Mercado

As vendas diretas ao mercado externo apresentaram robusto crescimento mesmo diante


das dificuldades enfrentadas para a comercialização com a Argentina, que é o principal
destino das exportações da Companhia. Para os demais países os embarques seguem
sendo realizados dentro da normalidade. As exportações de calçados esportivos
impulsionada pelas marcas Olympikus e Under Armour foram os destaques do exercício
social encerrado em 31 de dezembro de 2022. Nas vendas da filial do Peru também foi
observado incremento na receita em relação ao mesmo período do ano anterior.

Fonte: Vulcabras/RI e elaboração do autor

Estratégias

A Companhia pretende continuar a ser uma empresa líder no setor calçadista do Brasil.
Os principais elementos de nossa estratégia de negócio se baseiam nos seguintes
pilares:

Contínuo fortalecimento do portfólio de calçados esportivos

As marcas Olympikus, Under Armour e Mizuno estão entre as principais marcas de


calçados esportivos no Brasil. A Companhia pretende ampliar essa relevância por meio
do contínuo investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e
tecnologias que atendam a demanda dos nossos consumidores e sigam as tendências de
mercado. A Companhia pretende, também, continuar fortalecendo as marcas por meio de
investimentos em marketing no posicionamento das marcas Olympikus, Under Armour e
da Mizuno no mercado para lhes agregar valor e visibilidade. A Companhia manterá sua
visibilidade nos pontos de venda, atuando com grande capilaridade em todos os
estabelecimentos que oferecem nossas marcas esportivas, e fornecendo materiais de
merchandising com a capacidade de alavancar as vendas de seus produtos.
Licenciamento da divisão de negócios de calçados femininos

Em linha com o planejamento estratégico da Companhia em concentrar seus esforços no


desenvolvimento, fabricação e comercialização de produtos de artigos esportivos, foi
anunciado, no final do ano de 2020, o licenciamento da marca Azaleia à Grendene S.A.,
para produção e comercialização de calçados femininos no Brasil e em qualquer outro
país do mundo, exceto Peru, Chile e Colômbia pelo prazo de 3 anos, podendo ser
renovado por um período adicional de outros 3 anos. O Licenciamento da marca Azaleia
oferece oportunidade de crescimento e espaço para o aumento da capacidade produtiva
com foco em Artigos Esportivos além da captura de sinergia entre as 3 marcas da
Companhia.

Expandir e desenvolver a presença no Brasil e na América do Sul

Por meio do modelo de negócios verticalmente integrado da Companhia, sustentado por


marcas fortes e produção flexível que garante vantagens competitivas e sinergias não
capturadas pelos concorrentes da Companhia, a Vulcabras pretende manter e consolidar
sua posição de liderança no mercado brasileiro, investindo continuamente na melhoria de
nossos processos operacionais. Em nossa visão, o setor calçadista no Brasil e na
América do Sul é sub- penetrado. Acreditamos que os produtos da Companhia têm o
potencial de serem lançados com sucesso em outros países da América do Sul, por meio
da já consolidada experiência internacional e da expansão de relacionamentos já
existentes com redes de distribuição e fornecedores da Vulcabras.

Diversificar o portfólio de produtos esportivos com as marcas Olympikus, Under


Armour e Mizuno

A Olympikus, por possuir um forte reconhecimento no mercado brasileiro e ser uma das
marcas líderes na divisão de negócios de calçados esportivos, proporciona à Companhia
uma sólida plataforma para atuarmos em divisões de negócio complementares aos
calçados esportivos. Com a Under Armour, reconhecida por sua alta tecnologia e
inovação, a Companhia estabeleceu atuação no segmento Training Premium
Performance no mercado esportivo, aumentando de maneira saudável sua participação
nesse mercado. Com a Mizuno, que é uma marca com presença mundial, com forte
reconhecimento focada em Running Premium Performance, com amplo portfólio de
produtos altamente tecnológicos para todos os níveis de atletas. Dentro da estratégia da
Companhia, os produtos Mizuno complementarão seu portfólio de produtos, se
posicionando no topo da pirâmide de preços e atingindo públicos específicos, não
abrangidos pelas demais marcas da Companhia. Além da grande presença em calçados
esportivos, buscaremos, por meio de desenvolvimento proprietário de produtos, capturar
market share nas divisões de negócios de confecção e acessórios, que devido às
mudanças de hábitos de consumo e estilo de vida cada vez mais saudável da população
brasileira, apresentam alto potencial de crescimento.

Ambiental, Social e Governança (ASG)

Redução de carbono e Energia limpa


Recentemente a empresa assinou o contrato de compra de energia com a Casa do
Ventos, uma das principais companhias de energia eólica do país. Com contrato de R$
150 milhões por um prazo de até 13 anos, a empresa fornecerá a totalidade do consumo
da Vulcabras, que é de 7 megawatts (mW), evitando o lançamento de 15 mil toneladas de
CO2 anualmente na atmosfera, o equivalente ao plantio de 67 mil árvores.

O negócio, que terá início em 2022, envolve o parque Ventos de São Mizael, que faz
parte do complexo Rio dos Ventos, no Rio Grande do Norte. Rio dos Ventos é um dos
maiores do mundo e custou R$ 2,4 bilhões à Casa dos Ventos. Além da redução drástica
no impacto ambiental, ao todo, a empresa ainda terá uma economia de 25% em
comparação ao gasto de 2019 com energia.

Reúso e Economia de Água

Outro grande projeto da companhia é a conclusão do Sistema de Tratamento e Reúso de


Efluentes na planta fabril de Horizonte (Ceará), maior iniciativa de 2019 da área, com
investimento de R$ 2 milhões. Essa etapa constitui uma estação de tratamento focada em
reutilização de 100% do esgoto gerado pela empresa em Horizonte (fábrica e escritório), o
que proporciona para a Vulcabras uma economia de 50 milhões de litros de água por ano.
O esgoto tratado é reaproveitado na própria unidade produtiva em sanitários, irrigação e
serviços de limpeza em geral.

Com o sistema, a Vulcabras atingiu a redução da compra de água tratada em 95% que,
somada à implementação de medidas educativas, resultaram na queda da geração de
efluentes em 25%. Com a ação, a empresa prevê um retorno de R$ 1,2 milhão ao ano. A
meta é que, já em 2021, 100% dos efluentes gerados na matriz produtiva sejam
reaproveitados.

Economia Circular

Em meados de 2016, a empresa iniciou um movimento com o intuito de fomentar a


economia circular e a política dos 3 Rs (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), com o objetivo
de alinhar os conceitos da melhoria dos aspectos de sustentabilidade.

Hoje a empresa possui mais de 20 parceiros estratégicos que utilizam cerca de 70% de
resíduos de sua produção como matéria prima como os EVAs que não são
reincorporados e passam a se tornar matéria prima para a produção de outros produtos
como tapetes e tatames. Outros 10% são absorvidos pela própria companhia, como os
termoplásticos e EVAs. Além destes, óculos de funcionários passam a ser reutilizados e
os uniformes também, que são transformados em panos para limpeza em geral. Os
produtos químicos que a empresa utiliza, passam por processos de reciclagem e os
materiais contaminados são direcionados e viram combustível para empresas de
fabricação de cimento.

A reciclagem é feita com materiais constantes nos produtos até embalagens plásticas
utilizadas em processos indiretos e uniformes, fazendo com que tudo o que passa pelo
processo da empresa (independentemente se for da área produtiva ou administrativa)
tenha uma tratativa ideal antes da decisão de realizar a sua correta disposição final.
Responsabilidade Social e Impacto nas Comunidades

A Vulcabras, em todos os seus anos de história, construiu particular relevância nas


regiões em que possui unidades fabris. O impacto econômico e social nas comunidades
do entorno das fábricas é muito positivo e significativo: o IDH dessas regiões chega a ser
até quatro vezes superior à média nacional. Diante disso, nesses tempos desafiadores, a
companhia direcionou seus esforços para essas localidades e destinou, inicialmente, mais
de 400 mil máscaras de proteção (de TNT e acrílicas) e 3 mil pares de calçados para
profissionais de saúde de 13 cidades, onde suas fábricas estão instaladas.

A Vulcabras esteve e segue comprometida em calçar e equipar técnica e adequadamente


os profissionais da saúde (enfermeiros, auxiliares, agentes de limpeza e médicos) das
comunidades do entorno de suas fábricas no Nordeste e no Sul do país, porque acredita
que, se todos fizerem sua parte no que está ao seu alcance, próximo ao seu grupo e à
sua comunidade, sairemos mais rápido desta situação emergencial e mais fortalecidos.

Governança Corporativa

Conselho de Administração

O Conselho de Administração conta com cinco membros, sendo dois deles


independentes.
Os conselheiros têm formações acadêmicas e experiências profissionais variadas em
segmentos relevantes do negócio, como marketing e governança corporativa, sugerindo
uma potencial complementaridade de ideias benéficas à companhia.

Gestão

Pedro Grendene Bartelle é o Presidente do Conselho de Administração da Vulcabras


S.A. e o Vice-Presidente do Conselho de Administração da Grendene S.A. Em 1971,
juntamente com seu avô, Pedro e o seu irmão Alexandre fundaram a Grendene S.A. No
final da década de 90, após a aquisição da Vulcabras pela Grendene, o Sr. Pedro passou
a controlar os negócios da Companhia, sendo responsável pela expansão da companhia
no setor de calçados esportivos, firmando importantes parcerias comerciais com as
principais marcas esportivas do mundo. Também instalou uma das primeiras fábricas no
nordeste do Brasil que hoje é considerada a maior produtora de calçados esportivos. Foi
durante sua gestão que a Vulcabras atuou como licenciada exclusiva da Adidas, Keds,
Puma, e Le Coq Sportif e Reebok no Brasil.

Estrutura Acionária

Fonte: Vulcabras/Ri

3. Principais Riscos
A indústria calçadista e de vestuários são altamente competitivas.

As indústrias calçadistas e de vestuários são altamente competitivas e possuem baixas


barreiras à entrada de novos competidores. Os principais fatores que influenciam a
competição nestas indústrias incluem o preço, a qualidade do produto, tecnologia na
produção e dos produtos, o design do produto, a imagem e o prestígio da marca e a
capacidade de atender clientes em tempo hábil. A Companhia compete com diversos
concorrentes nacionais e internacionais, alguns deles com acesso a recursos financeiros
significativamente superior aos seus e cujas marcas são dotadas de reconhecimento
mundial, além de enfrentar concorrentes que estão instalados em países com custo de
mão-de-obra muito baixo. Por fim, a Companhia não pode garantir que será bem-
sucedida em competir com seus concorrentes ou que será capaz de reagir
tempestivamente e de forma satisfatória contra a concorrência, o que poderá gerar um
efeito adverso e relevante para seu desenvolvimento.

Um percentual substancial do faturamento da Companhia é proveniente da marca


Olympikus.

A Companhia opera atualmente com quatro marcas (Olympikus, Under Armour, Mizuno e
Vulcabras), sendo que a marca Olympikus representou a maior parte do seu faturamento
no ano de 2022. A Companhia não pode garantir que a marca Olympikus manterá o nível
de prestígio e aceitação pelo consumidor de modo a garantir o nível de faturamento e
margens atuais, o que pode ensejar efeitos adversos relevantes.

Parte representativa das receitas da Companhia e consequentemente seus


resultados são oriundos das vendas com marcas licenciadas.

A Companhia atua com um portfólio de produtos que é composto por marcas próprias,
mas também com a participação de marcas licenciadas. Embora os contratos de
licenciamentos mantidos com essas marcas tenham prazos e condições claramente pré-
definidas, não é possível assegurar que todos os termos serão cumpridos em sua
plenitude ou que a Companhia não venha a perder o direito de uso dessas marcas. Parte
representativa das receitas da Companhia e, consequentemente, de seus resultados são
oriundos das vendas com as marcas licenciadas. Se os direitos de uso dessas marcas
forem perdidos, a Companhia pode ser forçada a interromper essas vendas, o que pode
afetar adversamente os resultados operacionais da Companhia.

A interrupção ou perda de certas plantas industriais e a impossibilidade de se


desenvolver atividade comercial normal poderão afetar a Companhia adversamente.

Eventuais interrupções ou perda de plantas industriais ou do centro de desenvolvimento e


tecnologia ou ainda a queda significativa na atividade de comercialização de produtos em
virtude de acidentes, ações ambientais, epidemias, pandemias, interrupções nos sistemas
de informação ou no fornecimento de energia elétrica, greve de empregados, exigência
de licenças específicas e outros fatores regulatórios, bem como desastres naturais,
mudanças macroeconômicas traumáticas e outros fatores sobre os quais a Companhia
não tem qualquer controle, que venham a paralisar a produção de qualquer uma de suas
unidades e/ou acarretar a queda significativa da atividade comercial, podem causar um
efeito adverso e relevante para suas operações.
4. Análise Financeira e Valuation
A Vulcabras hoje é uma empresa muito bem governada, tem boas vantagens
competitivas em relação aos seus pares no quesito de produção principalmente, e agora
sendo uma empresa apenas focada no segmento esportivo tem conseguido evoluir muito
suas marcas e ano após ano conseguindo elevar sua margem bruta mesmo estando em
um setor altamente competitivo.

Hoje a Vulcabras apenas no segmento de produção de calçados esportivos que é o seu


maior forte tem um market share de 22,07% tendo produzido em 2022 19,91 milhões de
calçados esportivos enquanto a indústria brasileira produziu no total 90,2 milhões de
calçados esportivos apenas, como podemos ver no gráfico abaixo.

Produção brasileira de calçados esportivos em 2022 (em milhões de pares)


Com base nesses dados e partindo das projeções de produção da Abicalçados já citado
na parte do setor, apenas fiz algumas mudanças como o PIB do Brasil vem melhorando e
o câmbio diminuindo em relação a projeção deles na época eu utilizei um crescimento de
2% para produção no ano de 2023 em diante e o ticket médio para os calçados esportivos
utilizei um crescimento de 9,94% de 2023 até 2026 e para 2027 um crescimento de 4%
apenas corrigindo pela inflação, nos outros calçados utilizei um crescimento de ticket
médio de 3% para 2023 e 9,94% entre 2024 à 2026 e para 2027 também 4% e para
vestuários e acessórios um crescimento de 18% em 2023 e para os outros anos de 4%.

Chegando em um Preço teto de R$22,74 o que resulta em um upside de 7% em relação


ao preço de fechamento de 04/12/2023.

Utilizei duas metodologias diferentes de valuation para chegar ao preço alvo:

● Modelo DCF, utilizando o fluxo de caixa da firma e crescimento na perpetuidade.

● Modelo DCF, utilizando o fluxo de caixa da firma e múltiplo de saída EV/EBITDA.

Seguindo as minhas premissas na modelagem e utilizando uma taxa de desconto WACC


de 12,64% e um taxa de crescimento na perpetuidade de 6%.
Análise de sensibilidade
Conclusão:

É uma empresa que está em um setor que o crescimento é baixo/moderado bem


dependente de como anda a economia do país, mas consegue gerar bastante caixa e tem
pouca dívida tendo um múltiplo Dívida Líquida/EBITDA de 0,45x em 2022 bem saudável
financeiramente e no futuro tem um potencial e capacidade de pagar altos dividendos.
E nesta data acredito que ela esteja negociando bem perto do seu valor potencial.

Minha recomendação é de aguardar.

Você também pode gostar