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ALOPECIAS, DOENÇAS CUTÂNEAS CONGÊNITAS,

AUTOIMUNES E IMUNOMEDIADAS

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SUMÁRIO

1. DOENÇAS AUTOIMUNES ........................................................................................... 3


2. DERMATOLOGIA CANINA .......................................................................................... 9
3. AUTOIMUNIDADES E IMUNOMEDIADAS ................................................................. 13
4. LISTA DAS PRINCIPAIS DOENÇAS AUTOIMUNES ................................................. 20
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 23

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1. DOENÇAS AUTOIMUNES

As dermatoses imunomediadas são doenças raras em cães e gatos e podem


ser subdivididas nas categorias autoimune e imunomediada.
A autoimunidade é considerada o resultado de uma falha do sistema
imunológico em reconhecer a "si mesmo", resultando em uma resposta imune
composta por anticorpos ou linfócitos ativados contra as estruturas e tecidos normais
do corpo, ao passo que as doenças imunomediadas são desencadeadas por um
antígeno estranho, como medicamentos (incluindo vacinas) ouagentes infecciosos.
Há diversas dermatoses autoimunes e imunomediadas, com o prognóstico
variável de acordo com o tipo de doença.
Alguns distúrbios afetam somente a pele e têm envolvimento sistêmico mínimo
ou moderado. Outras doenças, como o lúpus eritematoso e diversas formas de
vasculite, podem afetar outros sistemas de órgãos e provocar impactocsistêmico
grave.
O presente artigo se concentrará na apresentação dos principais sinais clínicos,
opções diagnósticas, modalidades terapêuticas e potenciais desencadeadores de
dermatoses autoimunes.
Com a abordagem correta, o tratamento de muitas dessas doenças pode ser
recompensador.

Sinais clínicos e diagnóstico

Como ocorre com qualquer doença cutânea, o diagnóstico é feito utilizando


uma combinação de histórico, sinais clínicos e diagnóstico dermatológico de rotina,
como raspado de pele, análise citológica e biópsia com histopatologia.
Não é raro que alguns distúrbios, como o pênfigo, apresentem um histórico de
vai e volta. A maioria dos distúrbios autoimunes em animais jovens até a meia idade,
bem como muitas dermatoses autoimunes, demonstram uma predisposição racial que
pode ajudar a determinar um diagnóstico diferencial.
A manifestação clínica pode ser variável e pode se confundir com muitas outras
dermatoses devido ao número limitado de padrões de reação da pele.
Com a ampla diversidade de dermatoses cutâneas autoimunes, mútiplos são
os sinais clínicos; como não há um sinal"patognomônico" singular que permita
identificar uma doença cutânea autoimune, o clínico pode identificar apenas as

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manifestações como alopecia, formação de crostas (p.ex.: pênfigo foliáceo), eritema
e púrpura (p. ex.: vasculite, eritema multiforme), ulcerações (p.ex.: vasculite,
lúpus/variantes lupóides) e vesículas (p.ex.: doenças de pelevesiculosas).
A regra de ouro para o diagnóstico de dermatoses autoimunes é a biópsia com
avaliação histopatológica por um dermatologista. Diversas biópsias por punção devem
ser obtidas das lesões representativas. Se houver, as áreas com formação de crostas
e pústulas também devem passar por biópsia para o exame. Além disso, crostas
individuais podem ser avaliadas para doenças como pênfigo. Os locais escolhidos não
devem ser bruscamente raspados ou esfregados, já que isso pode afetar
negativamente os resultados.
O ideal é que os animais não estejam recebendo tratamento com
corticosteroides quando a biópsia for realizada, e não recomendado enviar somente
do tecido ulcerado, já que o resultado pode ser um diagnóstico obscuro de "dermatite
ulcerativa". Manchas especiais, incluindo Ácido Periódico de Schiff (PAS), podem ser
úteis para avaliar outras patologias com manifestações semelhantes, comoa
dermatofitose.
Outras ferramentas diagnósticas incluem a citologia, cultura de dermatófitos,
teste anticorpo antinuclear (ANA), e tipificadores de carrapatos. A citologia é inútil para
confirmar ou negar um diagnóstico de doença autoimune, p.ex.: a presença de
queratinócitos acantolíticos circunda dos por neutrófilos é altamente sugestiva de
pênfigo foliáceo. Contudo, infecções estafilocócicas e dermatófitos, principalmente
o Trichophyton spp., também podem induzir acantólise.
Portanto, é importante avaliar esses agentes e tratá-los adequadamente, caso
eles existam. Se houver presença de bactérias, deve-se instituir um tratamento de 4 a
6 semanas de antibióticos sistêmicos e, se for observada resolução, então é possível
confirmar um diagnóstico de pioderma mucocutâneo.
É importante ressaltar que, para lúpus eritematoso, os sinais clínicos e as
alterações histopatológicas podem ser bastante parecidos com os de pioderma
mucocutâneo do plano nasal. Os tituladores ANA, bem como análises
histopatológicas, podem ser úteis para confirmar o diagnóstico de lúpus eritematoso.
Entre os exames adicionais estão os de imunofluorescência e o imuno-histoquímico.
Exames de imunofluorescência direta e imuno-histoquímico (geralmente
limitados a laboratórios especializados de imunopatologia veterinária)
frequentemente requerem um manuseio especial do tecido, enquanto que o exame

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de imunofluorescência indireta utilizando o plasma para detectar a presença de
autoanticorpos em circulação recentemente se mostrou ser uma alternativa mais
promissora.

Tratamento

Para dermatoses autoimunes/imunomediadas, existem duas abordagens


terapêuticas que podem ser utilizadas para o tratamento: imunossupressão ou
imunomodulação.
O tipo e a gravidade da doença determinam a abordagem. A maioria dos cães
com lúpus ritematoso discóide, vasculite cutânea induzida por vacina antirrábica,
vasculite na margem da pina e onicodistrofia lupóide simétrica responderá
favoravelmente a medicamentos imunomoduladores, e podem ser mantidos com
estes.
Outras doenças como pênfigo foliáceo, eritema multiforme, lúpus sistêmico e
diversas outras vasculites precisarão de terapias imunossupressoras.
Os medicamentos imunomoduladores podem levar algum tempo para trazer
uma melhoria (geralmente observada dentro de 3 a 4 semanas após o início da
terapia), portanto, se os sinais clínicos forem graves, uma estratégia de atenuação
com altas doses de glicocorticoides pode ser realizada para atingir um controle rápido,
concomitante ao medicamento imunomodulador escolhido.
Quando se obtém remissão, o medicamento imunomodulador pode ser
continuado como manutenção.
Vale lembrar que tanto os glicocorticoides como o medicamento
imunomodulador devem ser administrados no início do tratamento, já que a esta última
categoria de medicamento demora para ter eficácia: isso ajudará a evitar a
reincidência da doença quando os esteroídes forem atenuados. O principal benefício
dos medicamentos imunomoduladores é que eles têm efeitos colaterais adversos
menos graves de menorimpactonasaúde.
Quando a terapia imunossupressora é recomendada, o medicamento utilizado
com mais frequência é o glicocorticoide. Inicialmente, são necessárias altas doses
para se chegar à remissão e, em seguida, o tratamento é atenuado para a menor dose
possível que manterá a remissão com efeitos colaterais sistêmicos mínimos.
Em muitas doenças imunossupressoras, são necessárias terapias adjuvantes
para permitir que a dose de glicocorticoide seja reduzida a um nível que minimize os

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efeitos colaterais adversos.
Em casos mais graves, não é incomum combinar diversos medicamentos
imunossupressores diferentes para obter e manter a remissão. Já que muitos desses
medicamentos podem produzir efeitos colaterais adversos no fígado e na medula
óssea, recomenda-se um monitoramento sanguíneo a cada 2 ou 3 semanas nos
primeiros meses, com monitoramento de manutenção a cada 4 ou 6 meses.
Se forem observadas mudanças significativas nos parâmetros sanguíneos, o
medicamento deve ser descontinuado e substituído por outro. Entre os medicamentos
adjuvantes mais frequentemente utilizados estão a azatioprina, iclosporina,
micofenolato de mofetila, ciclofosfamida e clorambucil.
Em cães afetados mais gravemente, pode ser necessário um tratamento de
apoio para feridas abertas, fluidoterapia e monitoramento dos níveis proteicos do
plasma. O uso de imunoglobulina humana intravenosa (hIVIg) se mostrou promissor
no tratamento de dermatose autoimune severa, quando outros tratamentos estão
falhando.
As terapias tópicas podem ser úteis em lesões mais localizadas ou para crises
esporádicas. Entre as terapias tópicas utilizadas com mais frequência estão o
betametasona ou tacromilo.
O betametasona tem a vantagem de contolar rapidamente a inflamação e os
sintomas da doença, mas pode induzir a atrofia dérmica em caso de uso crônico.
Portanto, a transição para o tacromilo é prudente caso a indicação da terapia tópica
seja prolongada.
Existem quatro fases a considerar no tratamento de dermatose cutânea
autoimune: fase de indução, fase de transição, fase de manutenção e determinação
da cura. Com a fase de indução, o objetivo é deter o componente inflamatório o mais
rapidamente possível e suprimir a resposta imunológica direcionada à pele. Nessa
fase, nor malmente são necessárias altas doses de medicamentos. Se uma resposta
aceitável não for observada em tempo hábil, outro tratamento deve ser considerado,
ou seja, escolha de medicamentos alternativos ou acréscimo de medicamentos ao
tratamento atual. Na fase de transição, as doses dos medicamentos são reduzidas
para minimizar os efeitos colaterais e as reações adversas.
Quando são utilizadas combinações de medicamentos, aqueles com os
maiores efeitos colaterais - como os glicocorticoides - são os primeiros a serem
reduzidos. Os medicamentos são lentamente reduzidos, geralmente ao longo de

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diversas semanas ou meses, até que uma dose de manutenção aceitável seja obtida,
ou até que os sinais recorram.
Se isso ocorrer, as doses dos medicamentos são aumentadas até se obter
novamente a remissão, e, em seguida, reduzidos para a última dose que mantinha os
sintomas do paciente sob controle aceitável (a fase de manutenção). A "cura" é
considerada para casos de dermatoses imunomediadas que alcançaram a remissão
e são controlados com sucesso com terapia de manutenção, mas não recorreram
depois da cessação.
A cessação da terapia de manutenção em um paciente que foi bem controlado
é uma decisão difícil de tomar, principalmente se a doença inicial foi severa. A decisão
deve ser mutuamente acordada entre o clínico e o tutor. É essencial que o cliente
esteja bem informado, entendendo que se o paciente apresentar recorrência, atingir
novamente a remissão pode ser mais difícil.
Quando descontinuar uma terapia de manutenção depende do tipo de doença,
tendo ou não identificado um desencadeador, e o risco ao paciente se a terapia for
descontinuada. Em muitos casos, recomenda-se uma terapia de manutenção de 8 a
12 meses antes da cessação.
Em animais para os quais o risco de recorrência supera o benefício de
descontinuar a terapia, os medicamentos podem ser mantidos por toda a vida com
controle laboratorial adequado.
Em casos de dermatoses autoimunes, geralmente desaconselha-se futuras
vacinações, mesmo quando estas não forem desencadeadores conhecidos.
A preocupação reside na ideia de que a vacinação pode estimular uma resposta
imune ampla e não específica, possivelmente iniciando a intensificação da doença
autoimune.
A literatura recomenda descontinuar vacinas antirrábicas e monitorar os níveis
de titulação paracinomose e parvovírus. Se as titulações não forem suficientes para
manter uma imunidade adequada, uma avaliação de risco-benefício deve ser feita
antes deconsiderara revacinação.
Em conclusão, doenças cutâneas autoimunes e imunomediadas são incomuns
ou raras em cães, mas mesmo assim podem ser encontradas na clínica veterinária
geral. Como muitos distúrbios podem ter aparência semelhante à doença cutânea
autoimune - e vice-versa -, um histórico abrangente e baterias de exames diagnósticos
são fundamentais para se chegar a um diagnóstico e a um tratamento adequado,

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eliminando os desencadeadores identificáveis.
Quando apropriado, deve-se considerar terapia imunomoduladora, em vez de
terapia imunossupressora, já que há menos efeitos colaterais sistêmicos observados,
mas muitos casos podem exigir terapiadurante a vidainteira.

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2. DERMATOLOGIA CANINA

Figura 1

Dando sequência a nossa série de artigos sobre saúde dos pets, hoje vamos
falar sobre mais um tema que muita gente fica com dúvidas: doenças autoimunes.
Os tutores de cães e gatos geralmente ficam confusos quando recebem do
veterinário o diagnóstico. Veja abaixo em detalhes o que é, as causas e o tratamento
desse problema.
AFINAL, O QUE É UMA DOENÇA AUTOIMUNE?
A doença autoimune se caracteriza por uma falha no sistema imunológico que
resulta em respostas imunes contra as próprias células e tecidos do corpo.
Há a produção de anticorpos ou linfócitos autoreativos que atacam
seletivamente determinadas células, gerando uma resposta inflamatória e,
consequentemente, a lesão do tecido alvo.
CAUSAS
Não se sabe exatamente. As causas ainda estão sendo estudadas, mas sabe-
se que existe uma predisposição genética que induz esse distúrbio imunológico. Uma
determinada combinação de genes pode levar a um risco maior de desenvolvimento
da doença.
Postula-se também que fatores externos, como por exemplo, a exposição a

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fatores químicos (medicamentos, substâncias presentes na alimentação e no
ambiente), infecções, vírus, deficiências nutricionais, estresse, entre outros podem
ajudar a desencadear desordens imunológicas.
AS PRINCIPAIS DOENÇAS AUTOIMUNES DE CÃES E GATOS
As doenças autoimunes de cães e gatos são raras se comparadas a outros
problemas de saúde dessas espécies. Vamos explicar abaixo resumidamente
algumas das autoimunes mais comuns em cães e gatos.
Lúpus Eritematoso Discoide: É uma doença que atinge a pele dos cães e gatos,
onde as lesões são usualmente no plano nasal e na face. Diversas feridas na região
são observadas, com despigmentação, eritema (vermelhidão) e descamação,
podendo progredir para crostas e ulcerações.
Lesões semelhantes podem envolver lábios, ponte nasal, tegumento periocular,
pavilhão auricular e menos comumente, parte distal dos membros e genitália. No caso
dos gatos, as lesões nasais são incomuns.
Lúpus Eritematoso Sistêmico: doença imunomediada multissistêmica,
caracterizada pela produção de vários autoanticorpos, podendo atingir órgãos e
tecidos diferentes. Tem caráter crônico e progressivo. Rara em gatos e incomum em
cães. Os sintomas cutâneos são comuns.
Pode haver erosões ou úlceras mucocutâneas ou em mucosas. Lesões
multifocais ou difusas como erosões, eritema, alopecia, crostas, escoriações podem
se instalar em qualquer parte do corpo, porém as mais comuns são face, orelhas e
extremidades distais.
Também é comum notar linfoadenomegalia periférica, febre oscilante,
poliartrite, polimiosite, insuficiência renal, discrasia sanguínea, pleurite, pericardite,
miocardite, neuropatia central ou periférica e linfedema.
Lesões no plano plantar, nasal e pavilhão auricular são únicas e características
de doença cutânea autoimune. Nos gatos, as lesões podem se instalar em qualquer
parte do corpo, porém, face, pavilhão auricular e patas são mais frequentemente
acometidas.
Pênfigo Foliáceo: outra dermatopatia imunomediada, o Pênfigo foliáceo atinge
várias espécies. Ocorre pela produção de autoainticorpos contra um componente das
moléculas de adesão dos ceratinócitos. A deposição deste anticorpo nos espaços
intercelulares faz com que as células se separem uma das outras nas camadas
epidérmicas mais superficiais.

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Das doenças imunomediadas, é a mais comum em cães e gatos, acometendo
os cães com mais frequência. Dos animais mais acometidos, encontram-se os de meia
idade a senil. As raças predispostas são Akita, Bearded Collie, Chow Chow,
Dachshund, Doberman e Terra Nova.
Acomete a pele e as mucosas com a formação de pústulas superficiais como
lesões primárias. Já as secundárias incluem erosões superficiais, crostas, escamas,
colaretes epidérmicos e alopecia. A doença frequentemente tem início na ponte nasal,
ao redor dos olhos e no pavilhão auricular antes de se generalizar.
Despigmentação nasal acompanham as lesões. As lesões podem apresentar
prurido variável. Hiperceratose do coxim plantar é comum e pode ser um dos únicos
sinais da doença.
Os gatos podem apresentar lesões ao redor do leito ungueal e mamilos como
lesões únicas. Nos casos generalizados pode ocorrer febre, edema de membros,
linfoadenomegalia, anorexia e depressão.
Anemia Hemolítica Imunomediada: ocorre por consequência do aumento da
destruição de hemácias, como resultado da ação de anticorpos contra estas.
Descrita com uma frequência muito menor em gatos do que em cães, pode
ocorrer por um evento sem causa definida ou ser secundária a uma variedade de
desordens infecciosas, neoplásicas, entre outras. Os sinais clínicos frequentemente
incluem fraqueza, intolerância ao exercício, apatia, anorexia, taquipnéia, dispnéia,
vômito, diarréia e ocasionalmente poliúria e polidipsia.
O exame físico revela mucosa pálida, taquipnéia, esplenomegalia,
hepatomegalia, febre e linfoadenomegalia. Icterícia, hemoglobinúria e bilirrubinúria
são comuns e facilmente observadas. Mais comum em cães do que em gatos.
Pode ocorrer em qualquer raça de cães, mas o Cocker Spaniel, Poodle,
Sheepdog são os mais. A raça Cocker Spaniel Americano representa
aproximadamente um terço de todos os cães com AHIM. A idade média de
manifestação clínica é de seis anos, mas ela pode se desenvolver em animais de um
a treze anos.
Artrite Reumatoide: também de origem autoimune, onde os anticorpos atacam
a membrana sinovial, tecido que preenche os espaços intra-articulares e promove a
lubrificação para o bom funcionamento das articulações. Quando esse tecido é lesado,
ocorre uma inflamação. Em geral, o tecido consegue se recuperar de uma inflamação
sem maiores problemas.

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Porém, na artrite reumatoide, os anticorpos continuam a atacar essa
membrana, podendo causar danos irreversíveis, como diminuição do espaço articular
e erosões. Raramente acomete cães e afeta animais entre 8 meses a 8 anos de idade.
As articulações do carpo são as mais acometidas, tendo como outros sinais
clínicos rigidez, claudicação, dor, fadiga muscular, perda de peso, apatia e
hipertermia. Radiograficamente, os animais apresentam em suas articulações
acometidas lise e erosão de cartilagem e osso subcondral.
DIAGNÓSTICO
Conforme exposto acima, os sinais clínicos das doenças autoimunes são
inespecíficos, e frequentemente se confundem com outras moléstias mais comuns. O
diagnóstico é obtido a partir de uma boa anamnese, exames físicos e laboratoriais.
Raramente existem exames específicos para essas doenças, tornando o
diagnóstico difícil e demorado. O médico veterinário deve descartar uma série de
outras enfermidades antes de aprofundar a investigação da doença autoimune, visto
que algumas delas são raras.
TRATAMENTO
Infelizmente, não há cura para as doenças autoimunes, e o tratamento baseia-
se na supressão do sistema imunológico, a fim de diminuir o ataque das células de
defesa, reduzindo a intensidade das lesões. Com o objetivo de melhorar a qualidade
de vida do animal, o tratamento de cada sintoma também deve ser realizado como
suporte.
Visto que as doenças autoimunes não possuem cura, o tratamento prevalecerá
durante toda a vida do animal. Entre as drogas imunossupressoras mais utilizadas, os
corticosteroides são as mais indicadas e mais utilizadas.
Dentre as opções de drogas imunossupressoras disponíveis, está
a prednisolona, um corticosteroide que se destaca por ser biologicamente ativo,
diferente da prednisona que necessita de conversão hepática para se transformar em
prednisolona.
É indicada como a melhor opção para os pacientes com doença hepática grave,
que possuem dificuldades para fazer essa conversão. Além disso, certas interações
medicamentosas podem afetar o metabolismo e a biodisponibilidade da prednisona.
Essa característica também permite um início de ação mais rápido do medicamento.
A Syntec do Brasil disponibiliza esse fármaco no mercado veterinário através
do produto PRESOLONA®.

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PRESOLONA®: Indicado para uso oral em cães, nos casos de:
• Eczemas inespecíficos, queimaduras, dermatites, dermatites alérgicas e outras
afecções dermatológicas;
• Irite, iridociclite, uveíte, coriorretinite;
• Afecções do trato respiratório;
• Afecções do trato intestinal;
• Afecções no trato geniturinário;
• Miosite, artrite reumatoide, osteoartrite, bursite e outras afecções
musculoesqueléticas;
• Nos casos de insuficiência adrenal aguda, PRESOLONA® tem seu uso
recomendado por interferir no metabolismo dos carboidratos e melhorar a diurese
característica da insuficiência adrenal.

POSOLOGIA E MODO DE USAR

Figura 2

3. AUTOIMUNIDADES E IMUNOMEDIADAS

Doenças autoimunes em cães e gatos

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Apesar de serem mais conhecidas por afetarem os seres humanos, cachorros
e gatos também podem desenvolver doenças autoimunes, no entanto, pouco se fala
sobre o assunto, o que desperta dúvidas e medos entre tutores.

Figura 3

Atualizado em 30/01/2020
Por comunicação
Pensando nisso, separamos esse artigo para tirá todas as dúvidas sobre o
tema.
O que é uma doença autoimune?
Doença autoimune é uma condição onde ocorre uma reação imunitária
incomum no organismo, o sistema imunológico começa a ter falhas em seu
mecanismo de defesa, passando a atacar células saudáveis do próprio corpo.
Causas da doença autoimune
A doença autoimune é causada pelo mau funcionamento do sistema
imunológico, principal responsável por combater vírus e bactérias causadoras de
doenças e infecções. Por conta disso, as células saudáveis do corpo acabam sendo
atacadas, o que gera muitos problemas.
Principais doenças autoimunes

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Lúpus Eritematoso Discóide
É uma doença que apresenta lesões nas regiões nasal e facial de cães e gatos.
A doença pode causar danos como feridas, vermelhidão e descamação. Diferente dos
cães, que pode desenvolver lesões nasais, nos gatos esse tipo de lesão.
Lúpus Eritematoso Sistêmico
Doença inflamatória crônica de origem autoimune, tem sintomas que podem
surgir em diversos órgãos de forma lenta ou progressiva. Esse tipo de doença pode
causar erosões, úlceras mucocutâneas ou crostas comum na face, orelhas e
extremidades distais.
Pênfigo Foliáceo
Doença mais comum em cães e gatos, Pênfigo Foliáceo pode ser desenvolvida
em pets de meia idade e senil. A doença afeta a pele e as mucosas, causando lesões
primárias e pústulas superficiais. Raças como Collie, Chow Chow e Doberman tem
predisposição a desenvolver despigmentação nasal e hiperceratose, já os gatos
podem apresentar lesões nos mamilos.
Em casos mais avançados, o animal pode sofrer com febres, anorexia,
depressão, edemas e linfoadenomegalia.
Anemia Hemolítica Imunomediada
É uma anemia causada pela destruição dos eritrócitos, o que causa a redução
do volume globular. A doença pode ocorrer como fator idiopático, sendo infecciosas,
neoplásicas e etc. É mais comum em cachorros do que em gatos e pode causar
fraqueza, intolerância, vômitos, diarreia, anorexia e taquipneia. Raças comoCocker
Spaniel, Poodle, Sheepdog são mais propícias a doença.
Artrite Reumatoide
Inflamação de uma ou várias articulações, a artrite reumatoide acontece
quando os anticorpos atacam a membrana sinovial. A Artrite é uma doença crônica
que causa bastante desconforto para os pets, principalmente nos membros
posteriores, já que ocorre a inflamação do tecido.
Alguns dos principais sintomas da doença são rigidez, claudicação, dor, perda
de peso, apatia e fadiga. As articulações de cães e gatos apresentam erosão
na cartilagem e no osso subcondral.
Infelizmente, para esses tipo de doenças não há cura. Alguns tratamentos como
supressão do sistema imunológico podem ser feitos para tentar minimizar os ataques
às células. Porém, por ser uma doença autoimune o tratamento é para toda a vida.

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Alguns medicamentos como o prednisolona e corticosteróide auxilia no
tratamento, mas devemos lembrar que não se deve dar qualquer tipo de medicação
ao seu pet sem antes consultar um médico veterinário.
Os sintomas das doenças imunomediadas, como a psoríase e a artrite
psoriásica, se manifestam quando o sistema de defesa do organismo, chamado de
sistema imune, não reconhece e por isso ataca células saudáveis do próprio corpo.
Idealmente, o sistema imune defende e protege o corpo da invasão de micro-
organismos e agentes agressores, através da chamada resposta imune ou resposta
imunológica.
Doenças inflamatórias
Além de imunomediadas, tanto a psoríase quanto a artrite psoriásica são
também doenças inflamatórias. A inflamação é a forma prática com que o sistema
imune reage contra os agressores externos ou mesmo anormalidades internas. A
inflamação ocorre quando o organismo recruta células que possam ajudar a combater
e isolar os “invasores” e, na sequência, prepara o corpo para a regeneração da região.
Apesar de ser fundamental para o organismo, a inflamação pode ser
prejudicial quando é exageradamente intensa ou prolongada.
As lesões da psoríase que aparecem na pele são o resultado da proliferação
em excesso das células da epiderme. Veja a ilustração abaixo e lembre-se de agendar
uma consulta com dermatologista:
As doenças autoimunes são um grupo de doenças distintas que têm como
origem o fato do sistema imunológico passar a produzir anticorpos contra
componentes do nosso próprio organismo. Por motivos variados e nem sempre
esclarecidos, o nosso corpo começa a confundir suas próprias proteínas com agentes
invasores, passando a atacá-las.
Portanto, uma doença autoimune é uma doença causada pelo nosso sistema
imunológico, que passa a funcionar de forma inapropriada.
O QUE É O SISTEMA IMUNOLÓGICO?
Para entender o que é uma reação autoimune é preciso antes conhecer um
pouco do nosso sistema imunológico. Tentarei ser breve e sucinto nesta explicação,
até porque este assunto é extremamente complexo e extenso, o que o torna de muito
difícil entendimento para a população leiga.
Nosso organismo possui um complexo sistema de defesa contra invasões de
agentes externos, sejam estes bactérias, vírus, fungos, parasitas, proteínas, ou

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qualquer outro ser ou substância que não seja natural do corpo. Este sistema de
defesa é chamado de sistema imunológico.
O processo evolutivo criou um mecanismo de defesa capaz de reconhecer
praticamente qualquer invasão ou agressão ao nosso corpo. A complexidade do
sistema está exatamente em conseguir distinguir entre:
1. O que é danoso ao organismo, como vírus e bactérias;
2. O que faz parte do nosso próprio corpo, como células, tecidos e órgãos;
3. O que não é naturalmente nosso, mas não causa danos, como, por exemplo,
alimentos que entram no corpo pela boca.
Toda vez que o sistema imunológico se depara com alguma substância
estranha, que ele interprete como potencialmente danosa, ele passa a produzir células
de defesa e anticorpos para combatê-la. Toda substância estranha capaz de
desencadear uma resposta imunológica é chamada de antígeno.
Durante a nossa formação enquanto feto, nosso organismo começa a criar o
sistema imunológico. O primeiro trabalho é reconhecer tudo o que é próprio, para mais
tarde poder reconhecer o que é estranho. O útero materno é um ambiente estéril, ou
seja, livre de agentes infecciosos.
Assim que nascemos somos imediatamente expostos a um “mundo hostil” com
uma enormidade de antígenos. Desde o parto, o corpo começa a reconhecer,
catalogar e atacar tudo que não é “original de fábrica”. Esse contato com antígenos
nos primeiros anos de vida é importante para a formação de uma “biblioteca de
anticorpos”.
O corpo consegue montar uma resposta imune muito mais rápida se já houver
dados sobre o invasor. Se o antígeno for completamente novo, é necessário algum
tempo até que o organismo descubra quais os anticorpos são mais indicados para
combater aquela partícula.
Essa é a lógica por trás das vacinas. Expomos o paciente a um antígeno, seja
ele um vírus ou bactéria, mortos ou fracos, de forma a estimular o sistema imunológico
a criar anticorpos contra esses germes. Quando a bactéria de verdade nos invadir, já
temos pronto um arsenal imunológico para eliminá-la rapidamente, antes que a
mesma consiga provocar qualquer doença.
O QUE É UMA DOENÇA AUTOIMUNE?
A doença autoimune ocorre quando o sistema de defesa perde a capacidade
de reconhecer o que é “original de fábrica”, levando à produção de anticorpos contra

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células, tecidos ou órgãos do próprio corpo.
→ Exemplo 1: no diabetes tipo 1 ocorre uma produção inapropriada de anticorpos
contra as células do pâncreas que produzem insulina, levando a sua destruição e ao
aparecimento do diabetes.
→ Exemplo 2: na esclerose múltipla, o sistema imunológico começa a produzir
anticorpos contra componentes dos neurônios, causando destruição dos mesmos e
graves problemas neurológicos.
→ Exemplo 3: na tireoidite de Hashimoto, o corpo passa a produzir anticorpos
contra a nossa própria glândula tireoide, destruindo-a, levando o paciente a
desenvolver hipotireoidismo.
A gravidade de uma doença autoimune depende dos órgãos afetados. Por
exemplo, a tireoidite de Hashimoto é uma doença praticamente restrita à glândula
tireoide, que é um órgão importante, mas não é vital. Os pacientes com essa doença
autoimune conseguem levar uma vida normal apenas tomando um comprimido por dia
de hormônio tireoidiano.
Outras doenças autoimunes, porém, são mais graves, principalmente aquelas
que atacam órgãos e estruturas nobres do corpo, como o sistema nervoso central,
coração, pulmões e/ou os vasos sanguíneos.
No final deste texto fornecemos uma lista com mais de 100 exemplos de
doenças autoimunes.
SINTOMAS
Apesar de os pacientes com doenças autoimunes poderem apresentar alguns
sinais e sintomas inespecíficos, como cansaço, febre baixa, desânimo,
emagrecimento e mal-estar geral, a verdade é que o quadro clínico de cada doença
autoimune é muito diferente.
Doenças como, por exemplo, lúpus, diabetes tipo 1 e psoríase atacam órgãos
diferentes, de formas distintas, e por isso, apresentam sinais e sintomas próprios. Elas
são doenças tão diferentes que são tratadas por especialistas distintos, como
endocrinologista, reumatologista e dermatologista, respectivamente. A única
semelhança entre elas é o fato de terem origem autoimune.
Não existe, portanto, um sintoma que seja específico das doenças autoimunes.
Cada doença tem seu próprio quadro clínico.
O diagnóstico das patologias autoimunes é habitualmente feito com base no
quadro clínico e na pesquisa de auto-anticorpos no sangue. O auto-anticorpo mais

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comum é o FAN (ANA) (leia: EXAME FAN – FATOR ANTINUCLEAR), que pode estar
positivo em várias, mas não todas, doenças autoimunes.
CAUSAS
Não sabemos exatamente por que as doenças autoimunes surgem. A teoria
mais aceita atualmente é de que o sistema imunológico, após ser exposto a um
antígeno, escolhe como alvo para a produção de anticorpos uma proteína semelhante
a outra já existente em nosso organismo.
Por exemplo, sabemos que pacientes com a síndrome de Guillain-Barré
frequentemente apresentam um quadro de diarreia infecciosa causada pela
bactéria Campylobacter jejuni semanas antes da doença se manifestar. Imagina-se
que o sistema imunológico possa criar anticorpos contra algumas das proteínas das
bactérias que sejam parecidas com proteínas existentes nos nossos neurônios. Esta
semelhança pode confundir os anticorpos, fazendo com que os mesmos ataquem
estruturas do sistema nervoso julgando que estão atacando a bactéria Campylobacter
jejuni.
QUAL É O MÉDICO QUE TRATA AS DOENÇAS AUTOIMUNES?
Quando a doença autoimune atinge apenas um órgão, ela costuma ser tratada
pelo médico especialista da área. Por exemplo, a nefropatia membranosa ou a nefrite
lúpica isolada são tratadas pelo nefrologista; a hepatite auto-imune pelo hepatologista
ou pelo gastroenterologista; a psoríase é tratada pelo dermatologista, a esclerose
múltipla pelo neurologista e assim por diante.
Quando a doença autoimune atinge vários tecidos, o seguimento do paciente
costuma ser realizado por reumatologista ou por clínico geral especializado em
autoimunidade. Exemplos: lúpus eritematoso sistêmico, doença de Behçet, artrite
reumatoide e granulomatose de Wegener.
TRATAMENTO
O tratamento da maioria das doenças autoimunes consiste na inibição do
sistema imunológico através de drogas imunossupressoras, como corticoides
(leia: INDICAÇÕES E EFEITOS DA PREDNISONA E CORTICOIDES),
ciclofosfamida, ciclosporina, micofenolato mofetil, rituximab, azatioprina, etc.
O problema do tratamento das doenças autoimunes com drogas
imunossupressoras é o fato de não conseguimos realizar uma imunossupressão
seletiva aos anticorpos indesejáveis. Ou seja, não conseguimos inibir o funcionamento
apenas dos anticorpos danosos e acabamos por criar um estado de imunossupressão

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geral que predispõe esses pacientes a infecções por bactérias, vírus e fungos.
Geralmente cada doença autoimune tem seu esquema próprio de tratamento.
Algumas delas, inclusive, como diabetes tipo 1 e tireoidite de Hashimoto, não são nem
tratadas com drogas imunossupressoras. Não existe um tratamento único que sirva
para qualquer doença autoimune.

4. LISTA DAS PRINCIPAIS DOENÇAS AUTOIMUNES

Abaixo fornecemos uma lista com exemplos de doenças de origem autoimune


confirmada ou suspeita:
A
• Adipose dolorosa

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• Artrite reumatoide
• Alopecia areata
• Artrite reativa
• Artrite juvenil
• Anemia perniciosa
• Anemia aplástica
• Angioedema autoimune
• Anemia hemolítica autoimune
• Arterite celular gigante
• Artrite psoriásica
• Aplasia pura de células vermelhas
C
• Crioglobulinemia mista essencial
• Conjuntivite Lignea
• Colangite esclerosante primária
• Cirrose biliar primária
• Colite microscópica
• Coreia de Sydenham
D
• Doença de Addison
• Dermatite herpetiforme
• Dermatose por IgA linear
• Dermatomiosite
• Diabetes mellitus tipo 1
• Doença autoimune do ouvido interno
• Doença celíaca
• Doença de Crohn
• Doença de Graves
• Doença de Goodpasture
• Doença de Still
• Doença mista do tecido conjuntivo
• Dermatite autoimune por progesterona
• Degeneração cerebelar paraneoplásica
• Doença de Lyme crônica

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• Doença de Mucha-Habermann
• Doença de Behçet
• Doença de Ménière
• Doença de Kawasaki
• Doenças desmielinizantes inflamatórias idiopáticas
• Doença sistêmica relacionada com IgG4
E
• Entesite
• Esclerodermia sistêmica
• Esclerose múltipla
• Esofagite eosinofílica
• Epidermólise bolhosa
• Eritema nodoso
• Encefalomielite disseminada aguda
• Esclerose concêntrica de Balo
• Encefalite de Bickerstaff
• Espondilite anquilosante
• Enteropatia auto-imune
F
• Fasciite eosinofílica
• Fenômeno de Raynaud
• Fibrose retroperitoneal
• Febre reumática.

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REFERÊNCIAS

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