Educação

para a Vida:
as contribuições
da psicologia
corporal

Karin Luísa Lütkemeier

Bióloga, Professora desde 2016
Estudante de Especialização em Psicologia Corporal- Centro Reichiano desde 2021
https://youtu.be/vc64fbuBq7Q
Início – 2´25
 Sigmund Freud
Austríaco
Final séc XIX- início séc XX
Wilhelm Reich
Austríaco
1897-1957
• Evidência de resistências psíquicas
• Reich passa a olhar para o corpo do paciente
• Percebe que existem tensões musculares que têm
correlação com conteúdos específicos
• Começa a agir sobre o corpo (toque leve)
 • Rompe com a dicotomia corpo e mente
• Concepção integral do ser humano em
todos os seus aspectos:
Corpo * Mente * Energia
Energia Orgone (bioenergia)
Terapia Verbal + Corporal + Energia (sentida)
• Reich vai para EUA trabalhar em um laboratório de fisiologia:
analisa expansão e contração em amebas.
• Mede potencial elétrico da pele (meridianos).
• Autorregulação: característica de todos os sistemas vivos-
expressar demandas e se projetar em relação à satisfação:
a capacidade que todo organismo tem de buscar
reorganização para manter a vida.

• Expressão de questões psíquicas reprimidas e

corporalmente encouraçadas, possibilitando o aumento da
circulação energética corporal e maior maturidade
emocional na relação do indivíduo com o mundo externo [3].

• Uma educação voltada à vida daria suporte para uma

sociedade autorregulada
O fluxo de energia no corpo

Energia: conceito da física

ligado à capacidade de
realizar trabalho

Respiração (corpo):
diversos músculos
envolvidos nesse processo
para haver respiração
completa (ampla);

Respiração celular:
basicamente quebra de
glicose e produção de ATP.
• Neo reichianos (Alexander Lowen Bioenergética)
• Terapias de base corporal (em evolução)
 Bioenergética
Alexander Lowen

• Importância da respiração no seu

potencial;

• Absorção de oxigênio e liberação

de metabólitos, toxinas,
resíduos;

• Relação entre tensões

musculares diversas e a
respiração
 Ciclo Vital
Vida
Intrauterina • Nascemos heterônomos,
Nascimento/
dependentes de outro para
Primeiros anos compreender nossas
de vida
demandas e satisfazê-las;
Infância • Buscamos nossa autonomia
Adolescência ao longo do desenvolvimento
Vida adulta

Vida Madura
A natureza viva é um sistema regulado
por leis bioenergéticas
 Influências
Base

Resultante
Recém nascido
possui uma O princípio
Sem cultura,
herança bioenergético é
religião,
bioenergética, sistematicamente
natural, sem
cidadania ou
anulado e
encouraçamento- um amor inato
destruído pela
esta é a base da por suas mães
sociedade
saúde mental
 Como a sociedade desconecta a criança da sua natureza?
Como os humanos falham em perceber que são parte da natureza e
que deveriam cooperar com ela, de acordo com suas leis?
Começa com o que a criança deveria ser ou
representar, e não o que de fato ela é

Reich, 1987
 Desconexão com a natureza
Conseqüências

Desconexão com seu corpo

Domínio sobre a natureza

Domínio e crueldade (para) com a infância e

adolescência

Reich, 1987, adaptado

 O corpo e a energia
• Crescentes restrições das
expressões espontâneas para
nos adaptarmos ao meio
sociocultural

• Contenção energética que causa

estagnação da energia em certas
regiões do corpo, deixando outras
sem energia

• Forma o nosso caráter: nossa

forma de agir e reagir em
determinadas situações, um
padrão de personalidade
 Segmentos
As couraças 1° Ocular
• As couraças são
armaduras que
2° Oral
protegem o indivíduo
daquilo que não lhe 3° Cervical
agrada, bloqueando suas
emoções, suas reações e 4° Torácico
sua energia
5° Diafragmático
• Podem ser psíquicas ou
musculares e estão 6° Abdominal
relacionadas entre si
7° Pélvico
Período embrionário/nascimento
• Da concepção até os primeiros meses de vida
- Período de estabelecimento do organismo individual
- Referência ao Segmento Ocular (sentidos)
- Perturbações nesta fase geram medo em fazer
contato, esquiva, predominância da razão sobre o
afeto
- Olhos sem energia, pouco expressivos; ou olhos
muito enérgicos, sem foco
- Energia retida no centro, pode apresentar
extremidades do corpo frias

DIREITO DE EXISTIR
Período de amamentaçÃO
• Do nascimento até o desmame
- Nutrição e proteção da mãe
- Referência ao Segmento oral
- Amamentação nula, excessiva ou insuficiente
- Medo de ficar sozinho, do abandono;
- Reclamações, exigências;
- Raiva e/ou depressão;
- Bruxismo, tensão na mandíbula

DIREITO À SEGUrança
 Período de PRODUção
• Do desmame aos primeiros anos:
controle dos esfíncteres
- Relativo a vários segmentos
- Relacionado ao campo familiar
- Educação exigente, severa, punitiva,
moralista
- Em um momento que era importante não
estar sujeito às necessidades dos outros
- Anseia pelo poder
- Medo de perder o controle

DIREITO de ser livre

• Momento de autoafirmação e
oposição ao pai e à mãe;
• Criou uma contenção interna contra
a autoafirmação;
• Aprende a dizer não e é sucumbido
em sua independência;

DIREITO de ser independente

Período de identificação
• De 4 a 6 anos até adolescência
- Relacionado ao Segmento pélvico
- Descoberta dos genitais
- Nesta fase em que se move em direção
à satisfação dos desejos direta e
abertamente
- Se submetida a uma educação
competitiva, sexualizada, ou se a
manifestação de afeto é reprimida
- Gera medo da entrega, de unir
sentimentos com a sexualidade

DIREITO de desejar
• Todo/as nós somos neurótico/as!

Psicótico e Narcisistas
• Comprometimento mais severo: poder, controle,
dominação, negação de sentimentos, opressor,
intimidador

Neuróticos
• Comprometimento usual da sociedade ocidental
capitalista; encouraçado

Genitais
• Praticamente ausente na sociedade atual;
desenvolvimento sem traumas ou restrições;
livre fluidez de sentimentos e expressões
 Reich chama atenção para
o papel da Educação no
desenvolvimento, ao longo
da vida

Resultado do
Ressalta a
encouraçamento
importância em
progressivo de pais,
prevenir a formação
mães e educadores,
de neuroses e
apoiados em
couraças
instituições

A educação- formal, informal

ou doméstica, entre outros
aspectos da sociedade
reproduzem as neuroses e
comportamentos
educadoras e educadores
 Questões relacionadas à docência e saúde mental
* Os professores têm sido apontados como uma das categorias profissionais mais
propensas ao estresse. Sendo que, o excesso de trabalho, salário baixo, pressão da direção,
violência, bombardeio de informações e, principalmente, a falta de reconhecimento de sua
atividade são algumas das causas. [1]

* Um estudo em Erechim-RS encontrou a prevalência de 35% dos professores utilizando

antidepressivos; 75% ISRS (Inibidores Seletivos de Recaptação de Serontonina). [1]

* OMS: O Brasil é um dos países mais depressivos (5,8%) e ansiosos (9,3%) do mundo [2];
porém 50%dos professores brasileiros apresentam sintomas de estresse ou depressão.[1]

* Um estudo com 30 mil professores no Brasil, revelou que 26% dos estudados
apresentavam exaustão emocional. Essa proporção variou de 17% em Minas Gerais e Ceará a
39% no Rio Grande do Sul. [1]

* Conforme o CFF (Conselho Federal de Farmácia) antidepressivos e estabilizadores de

humor disparou no Brasil a partir da pandemia de Covid-19. Comparando as vendas em 2019,
ano anterior à emergência de saúde pública, com as de 2022, o número de unidades
comercializadas desses medicamentos aumentou de 82.667.898 para 112.797.268, ou seja, 36%.
[5]
Limitação das
Educador/a encouraçado
peculiaridades
individuais

Padrão esperado,
tolhimento das liberdades
Individuais
Indivíduos sem expressão
Vida sem sentido
The Wall- Pink Floyd (Roger Waters)
- ‘Campos’ formados na
sala de aula;
- Contenção de corpos;
- Prioridade ao aspecto
cognitivo e do
conhecimento;
- Maneira como lidamos
com o fracasso escolar e
comportamento
inadequados;
-Excesso de frustração
 Educadoras/es devem agir constantemente sobre si
próprios

A agitação ou
desordem entre
O resultado das
Reich se apóia crianças
Não apenas intervenções
no pressuposto normalmente é
teoricamente, educativas
freudiano de que resultado de
mas dependem,
todo educador/a atitudes
experimentando- também, do
deveria se iniciar neuróticas
a em si próprio estado emocional
na psicanálise inconscientes por
do educador/a
parte dos
educadores/as
 Necessidade de frustração
• Frustrações necessárias são aquelas
cujos objetivos são controlar e
canalizar os instintos capazes de
comprometer sua atuação em
sociedade.
- Se permanecesse tal como nasceu, egoísta,
preocupada apenas com a obtenção do
prazer, certamente mais tarde (a criança)
sucumbiria na luta pela vida
• Frustrações desnecessárias:
compulsão em educar, mais se
assemelham à repressão, descontrole
do educador, projeção do
inconsciente;
• Frustração abrupta e excessiva: propícias à formação do caráter
inibido.

• Negligência do papel de educador/frustrador: crianças com

dificuldade de autocontenção, próprias da formação de um
caráter impulsivo.
Matthiesen, 2004, amparada em Reich
Possibilidades
Nossa tarefa é aprender com elas (e com a natureza?) e
não impor-lhes nossas ideias

Reich, 1987, adaptado

 Consigo mesmo:
• Haverá um crescimento em contato com o
outro, na percepção das diferenças, na
aceitação da multiplicidade de pensamento e
avaliação do seu próprio fazer;

• Investir em um permanente processo de

transformação e melhor relacionamento
consigo mesmo e com o outro- atuar com
mais abertura na prática pedagógica;

• Educadores precisam estar libertos de

atitudes inconscientes, a menos que tenham
aprendido a conhecê-las e controlá-las
 • Terapias
complementares

- Aromaterapia
- Acupuntura
- Práticas de expressão do
corpo
- Massagem
- Auriculoterapia
- Respiração consciente
Na prática pedagógica
• Tratar o ser humano em sua
integridade, em todos os aspectos-
emocional, físico e mental;

• Educação (sempre) Ambiental-

contato com o mundo natural;

• Ambiente/cultura como escola;

• Práticas de contato consigo

(grounding) e respiração consciente;
 • Potencialidades da arte
educação;
• Atividades expressivas
(mobilização de couraças)
• Movimento x Inércia;
• Rodas de conversa (escuta e
expressão de emoções)
• Educação antirracista,
respeito às diferenças,
respeito ao corpo do outro
 • Espaços de formação para a família,

Na instituição pais, mães , responsáveis;

• Formação contínua e grupo de
educadores
• Grupos de estudantes para apoio
regular
• Atendimento psicológico específico:
ainda mais evidente no pós
pandemia
• Quantidade de alunos
em sala de aula
• Auxiliares para inclusão
• Possibilidades de
espaço de silêncio
• Aula para área que não
é a sua?
 Possibilidades
de fazer nascer,
a cada dia,
uma nova sociedade,
menos encouraçada
e mais livre.
 “Liberdade: Palavra que o sonho humano
alimenta. Não há ninguém que explique e
ninguém que não entenda.“

Cecília Meireles
https://youtu.be/A2hk9jtL7WA
Abujamra
• [1] Uso de medicamentos antidepressivos por professores de escolas de
diferentes redes de ensino em um município do norte do Rio Grande do
Sul. In: PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.137, p.45-54, março/2013
• [2] Jornal da USP https://jornal.usp.br/atualidades/busca-por-
medicamentos-para-a-saude-mental-cresce-a-cada-ano-no-brasil/
• [3] VIEIRA, Gabriela da Silva; VOLPI, José Henrique. Autorregulação: uma
contribuição da Psicologia Corporal para as vivências terapêuticas grupais.
In: VOLPI, José Henrique; VOLPI, Sandra Mara (Org.) CONGRESSO
BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS, XXI, 2016. Anais. Curitiba:
Centro Reichiano, 2016. [ISBN – 978-85-69218-01-2]. Disponível em:
www.centroreichiano.com.br/artigos_anais_congressos.htm.
• [4] Reich, Wilhelm. Crianças do Futuro. Traduzido de Centro Reichiano,
2013. 1987.
• [5] Conselho Federal de Farmácia. https://site.cff.org.br/noticia/noticias-
do-cff/16/03/2023/vendas-de-medicamentos-psiquiatricos-disparam-na-
pandemia